The Offspring

Abertura: Rancore

Domingo, 15 de outubro de 2013
no Credicard Hall em São Paulo/SP

 

    Vindo direto do Rio de Janeiro para Sampa, os caras do The Offspring não apenas fizeram um show animal, mas também fizeram a mim e tantos outros voltarmos no tempo. Chego por volta das 19h no Credicard Hall e me aguardam as filas enormes e rostos cheios de expectativa... essa será uma noite e tanto. Essa casa é ótima, bonita e espaçosa, o único porém, fica com o banheiro que é muito do longe do palco, mas por dentro é bem funcional.

 

    Encontro finalmente o meu fotografo Marcos César pessoalmente, gente fina. ( N.E.: por incrível que pareça caro leitor(a), nem todos os membros do Rock On Stage ainda se conhecem pessoalmente, preciso organizar um churrasco para dar um jeito nisso ).

Rancore

 

    A banda de abertura sobe ao palco às 19h40, Rancore é uma banda de Rock com várias influências brasileiras misturadas em suas músicas, além de todas suas composições serem em português ( sim acho super difícil combinar ritmos e o nosso idioma ). O Rancore é uma banda formada em 2002 na cidade de São Paulo por Caggegi no baixo, Ale Iafelice na bateria, Candinho Uba e Gustavo Teixeira nas guitarras e Teco Martins nos vocais. Entretanto, todos tem cara de novinhos, porém, o vocalista Teco Martins tem toda uma atitude Rocker e visual clássico de Jesus, chegam com a música Planto do último trabalho Seiva de 2011 ( tirando apenas uma música todas as outras são desse último cd ). O som está muito alto, de um jeito que distorce o som que os músicos tocam, mas a grande maioria recebe bem a banda.

 

    A próxima do set é a Ritual e o vocalista Teco Martins toca maracas ( sério, nada mais 'cool' que maracas ), ele ainda aproveita para inaugurar a disputa dessa noite das melhores 'dancinhas', ele nos mostra todo um gingado com suas maracas, infelizmente, o som fica estourando em algumas partes, mas todos veem o potencial dos garotos, logo no fim da música tem muitas palmas.

 

    A Respeito É A Lei ( do Liberta de 2008 ) é a única do set que não faz parte do último cd, no meio de nós, alguns fãs 'teen' soltam uns 'uouuu' aleatórios, enquanto o baixista Caggegi toca e dança no ritmo do swing, Teco Martins pede roda para galera, mas ali na frente são pouquíssimas pessoas atendem, ao final, ele nos conta que ninguém nunca quer ver as bandas de abertura, ele não deveria se preocupar já que tem um pequeno público cativo essa noite. Inocentes, tem uma levada mais envolvente, alguns arriscam uns passinhos, rola um pouco de microfonia, mas com o som embolado do jeito que está nem se torna um grande problema.

 

    Teco Martins começa a imitar um gringo típico: "Obrigado Brasil, caipirinha, futebol" e Samba, que também é do último cd segue o show e os riffs dessa música são lindos, alguns fãs cantam junto e até arriscam uns pulos.  O batera Ale Iafelice começa a introdução da Seleção Natural, hora que aproveito para passear pela casa, para ver se em outro lugar consigo escutar melhor, mas não deu certo, pelo menos na pista em qualquer lugar o som soava do mesmo jeito. Teco Martins avisa que só faltam mais duas músicas ( os mais ansiosos comemoram a notícia... não tem como não rir ). Agora sim a coisa ficou séria, ele tirou o casaco. Para começar a Mãe ( também do álbum Seiva ), uma música mais groove, mais funkeada, com um bom trabalho de baixo, uma pena que está tudo tão alto, chega a irritar.

 

    Observo dois irmãos, que realmente curtem a banda, são novinhos e não param de cantar, pular e claro postar tudo no Facebook, tudo ao mesmo tempo ( como eles conseguem? ). Para a última, muitos aplausos, alguns gritos de finalmente ( gente má! ).

 

    Ale arrasa fazendo a intro de 5:20, a galera aplaude muito, alguns mais para ver se os caras acabam logo... Ah e sempre tem quem grite: "Ok foi bom agora sai!" Mas eles não contavam com a astúcia dos garotos, que deixaram a distorção final da música rolando por vários minutos, enquanto Teco Martins todo teatral finaliza o show, os músicos agradecem e deixam o palco... A galera explode de alegria ( ok, novamente foi bem engraçado ) gritando "The Offspring, The Offspring", mas a minoria cativa que curtiu muito esse show tem um sorriso de orelha a orelha, quem curte Rock in Roll ( ou Indie ) e não tem medo de misturas, pode apostar nesse grupo. Cada vez mais chegam pessoas esperando a grande atração dessa noite.

 

Set List do Rancore

1 - Planto

2 - Ritual

3 - Respeito é a lei

4 - Inocentes

5 - Samba

6 - Seleção Natural

7 - Mãe

The Offspring

 

    Depois de muita conversa com a galera, pentelhar fotógrafos e tomar umas águas, às 21h05 começam riffs de guitarra, sobe o pano sobre o logo da banda e lá estão no palco os músicos de uma das bandas que mais marcou a minha adolescência: The Offspring! Com seus nove álbum lançados, seus quase 30 anos de carreira, seu Punk Rock e pela quinta vez no Brasil, Dexter Holland nos vocais e guitarra, Kevin "Noodles" Wasserman na guitarra, Greg Kriesel no baixo e  Pete Parada na bateria, acrescidos do guitarrista de apoio Todd Morse chegam sem delongas eles mandam a All I Want ( Ixnay On The Hombre de 1997 ) para um Credicard Hall lotado, todos cantamos junto ( gritamos seria uma palavra melhor ).

 

    Sem conversa a próxima é Bad Habit ( presente no cd Smash de 1994 ), agora só imagine, todos estamos animados, empolgados, pulando e o comentário dos amigos do lado… "é o Dexter Holland está gordo…" Sim, gordo mas arrasando sempre. A música dá uma parada e eles são ovacionados pelo público e então “You guys are crazy!” diz um Dexter Holland gordinho, que até se movimenta bastante pelo palco ( ok chega de bullyng ).

     Com uma intro inconfundível, que todos acompanhamos no 'oooh', Come Out and Play ( outra do Smash ) chega para abalar o Credicard, nessa música Dexter Hollad pega sua guitarra e agora temos três guitarristas no palco, gente sério essa música é uma viagem no tempo total, tocava na TV, rádio e além de eu tocar na minha antiga banda, então sabe como é… Me acabei na pista. Impossível escrever muito quando o assunto é uma das suas músicas favoritas ao vivo e você só quer curtir cada segundo disso.

 

    A próxima é um cover que os caras tocam nessa turnê, originalmente escrita por Henry Glover e Morris Levy e gravada pelo cantos Joe Jones, é uma música que desde 1961, faz tanto sucesso que sempre é regravada por artistas diferentes. O seu cover mais famoso vem da banda Ramones, com vocês a California Su , eles chegaram a tocar essa música com Marky Ramone no Rock In Rio, na participação mais que especial da lenda do Punk no show dos americanos.

    Dexter Holland fala que somos ótimos, o que sempre rende muitas palmas envaidecidas do público, a próxima é uma que toca na rádio Days Go By do último álbum Days Go By de 2012 é uma letra que fala de lembranças ( um tema recorrente nas letras da banda ) e ela é mais lenta, mas todos temos na ponta língua. No meio da multidão uma bandeira do Brasil usada como uma capa... esse é brazuca até de baixo d’agua.

 

    Sem nenhum intervalo vem a Original Prankster, do cd Conspiracy Of One de 2000, o guitarrista tiozinho do cabelo de duas cores Kevin "Noodles" Wasserman vem até nós e ele está sempre andando, ou volta e meia pulando com a gente, todos acompanhamos essa nas palmas, tem um pessoal que levanta um papel escrito LAPD ( claro que na minha mente de gamer eu penso no S.T.A.R.S. do Residente Evil, mas não, é uma música do cd Ignition 1992, a iniciativa é ótima, só precisava estar mais perto e com um cartaz para os músicos pelo menos lerem ), do meu lado a galera faz uma roda super tranquila e quando dei por mim já estava lá no meio da galera, a última que eu participei deve só ter sido há uns 10 anos atrás, relembrar essa época foi o máximo.

   O próximo trio de músicas seguintes fazem a casa enlouquecer: Mota ( do Ixnay On The Hombre ), Have You Ever e a Staring At The Sun ( ambas do cd Americana de 1999 ). Minha garganta arde de tanto cantar… ( ok estava mais para gritando como uma louca... ), entro em mais rodas, algumas vezes a galera espreme do meu lado e 'bora' todos pularem juntos, mesmo quem não quer, não houve tempo nem para um respiro nessas últimas músicas, então no fim eu já estava pedindo pernas novas ( sedentarismo mandou um oi... ).

 

    What Happened To You? ( do álbum Smash ) é bem mais calma, tem uma levada Ska ( só que tocada mais rápido ), não sei os outros, mas aproveito essa para recuperar o fôlego, a minha frente algo cada vez mais difícil de acontecer, haviam poucas câmeras no ar, logo acima dos músicos, luzes fortes que acompanham o ritmo das músicas e o logo dos caras trocava de cor ( mas, sinceramente eu realmente percebi o logo quando eu estava indo embora ), ao meu lado um fã maravilhado não parava de repetir: "eles tocam igual ao cd".

    Continuando com calmaria Kristy, Are You Doing Okay? ( do Rise & Fall, Rage & Grace de 2008 ), os amigos se abraçam e conversam, outros só sorriem, nos telões ao lado do palco noto que o cinegrafista e editor que fazem as imagens desse show são ótimos ( planos detalhes, transições mudanças de um músico para o outro… um luxo! ). Para voltarmos ao nosso ritmo mais animado um pouco de Want You Bad ( do Conspiracy Of One ) e as nossas palmas são espontâneas, Kevin "Noodles" Wasserman é o mais animado da noite, os outros músicos até balançam um pouco, mas são mais na deles, mas pelo menos temos sorrisos largos no palco para compensar toda essa timidez.

 

Na Hit That do álbum Splinter de 2003, todos no ritmo cantando 'ooooh' enquanto o guitarrista Todd  Morse curtiu e começou a pular com a gente, sim... estamos trazendo eles para o nosso lado, mais umas 20 músicas e tenho certeza que os músicos ficarão mais soltos. E como é bom notar que esse sentimento de nostalgia e as lágrimas não são apenas minhas, pois mais algumas mulheres que vejo também estão com seus olhos marejados.

    Pelo jeito que os dois guitarristas pulam, a próxima é a preferida deles: Why Don't You Get a Job? ( do Americana ), não deixamos por menos e com pulos, palmas e roda agitamos muito ( alguns mais fortes, talvez queiram mandar algum conhecido arranjar um emprego ) e bem... o que tinha sobrado da minha garganta se foi... e olha que são apenas 21h55.

 

    Dexter Holland sai do palco, o vocalista sai do palco, mas o batera Pete Parada não dá descanso e começa a intro de Americana ( título do cd Americana ) e Kevin "Noodles" Wasserman o acompanha com os riffs mais legais dessa noite, que favorecem para mais rodas surgirem… Bom está mais para um empurra-empurra sem fim, pelo menos aqui na frente.

 

    You're Gonna Go Far, Kid ( gravada no Rise & Fall, Rage & Grace ) é bem dançante e Dexter Holland sem sua guitarra, anda bastante pelo palco e vem até bem perto da ponta, mas quem tem mais empolgação mesmo é Kevin "Noodles" Wasserman, continuando a saga da noite das 'dancinhas', olho para trás e tem um fã com a dança do bebum de olhos fechados, forte candidata a melhor 'dancinha' da noite, é bem fácil se mexer por ali, ninguém está espremido na frente do palco, pois é possível ver bem o palco de qualquer lugar dali, além dos telões ajudarem bastante e também temos alguma boa distância entre grupos de pessoas.

 

    Kevin "Noodles" Wasserman provoca e pergunta para Dexter Holland se já estão acabando, ele responde quem nem estamos perto de terminar ( Uhuu! ). Educado ele pergunta como estamos e Noodles nos conta que está muito empolgado esta noite, o Dexter Holland completa dizendo que somos os melhores com certeza, uma breve discussão e nos perguntam se queremos cerveja, aí nosso solicito guitarrista entrega uma cerveja para galera e pede deixarmos um pouco para os outros e irmos passando a cerveja para galera… Fanfarrão!

 

    Bom chega de papear e vamos para as próximas do cd Americana: os sucessos Pretty Fly ( For a White Guy ) e The Kids Aren't Alright, que são cantadas tão alto que volta e meia cobrem as vozes do palco, está última com seu refrão “Chances thrown, Nothing's free, Longing for used to be” é tão real hoje em dia, eu mais velha penso exatamente desse jeito quando comparo meu bairro antes e agora ( detalhe a minha banda tocava quase metade do set desta noite ).

 

    A minha volta alguns não continham as lágrimas, deviam estar na mesma vibe que a minha, os mais próximos de Noodles é que estavam bem, pois ele não apenas jogou uma palheta, mas várias durante essas músicas.

 

    Os músicos mal se despedem e já gritamos "The Offspring, The Offspring" incessantemente. Vejo abraços entre amigos, lágrimas e sorrisos, tudo junto, misturado e ao mesmo tempo ( o pleonasmo me agradece ), pois a grande maioria do público tem a idade parecida com a minha.  Eles voltam para o 'encore' tocando de leve "ole, ole, olê", que nós completamos com um The Offspring no final e vão acelerando cada vez mais até ficar um Punk Rock, Noodles termina com um "Yeah!".

 

    Ele pergunta como estamos, ele teve uma noite ótima, que ontem esteve no Rock In Rio, mas Rock mesmo é São Paulo( chupaaa!!! ), termina com um "Obrigado são Paulo, obrigado Brasil".  Então tocam a fofa (Can't Get My) Head Around You ( do Splinter ) que fez o Credicard Hall ferver, pois, todos estavam acompanhando seja com palmas, mãos para o alto pulando, e meus amigos(as) até tirar a camisa e ficar girando vale, afinal, o show está quase no fim.

 

    Só o tempo de trocar as guitarras para começar o clássico "lá, lá, lálá, láááá" de Self Esteem ( outra do Smash ), mais 'dancinhas' para nossa noite, Noodles sobe até onde Todd Morse está e eles fazem riffs sincronizados, além do clássico apontar a guitarra para o público, enquanto Greg Kriesel faz sua parte no baixo e os guitarristas aproveitam para se cumprimentar, sim foi uma noite ótima.

No fim Dexter Holland diz que nos veremos novamente e nos agradece até em português, os músicos saem do palco, não sem antes jogar palhetas, crachá, toalha, mais um pouco e tudo mais que os roadies acham pelo chão, só não voa pedestal e um pouco mais para não machucar ninguém! A minha volta uns com a cara triste pois não tocaram a Gone Away  ( do Ixnay On The Hombre ), bom eu acharia ruim se eles tocassem essa e mais pelo menos umas 2h a mais, mas, o nosso show acaba as 10h20. Curioso para saber quem ganhou a melhor 'dancinha' da noite? O baterista Peter  Parada e seu jeito de tocar enquanto faz os passos do Ara Ketu...

 

    Lá fora do Credicard Hall encontro gente feliz, exausta e alguns quase sem voz nenhuma, assim como eu, uns comentaram que na pista, eles não pararam de entrar em roda, da primeira a última música e que outros que chegaram a fazer pirâmide humana e tudo mais. Não duvido de nada, afinal essa noite fez uma multidão por volta de seus 30 anos, se sentirem com menos de 20, essa noite podia de tudo… Amanhã a gente toma um relaxante muscular para as dores e vai encarar a segunda muito melhor.

 

Texto: Erika Alves de Almeida
Fotos: Marcos César de Almeida
Agradecimentos à Tatiana Ito e equipe da T4F
pela atenção e credenciamento

Outubro/2013

 

Set List The Offspring

1 - All I Want

2 - Bad Habit

3 - Come Out and Play

4 - California Sun

5 - Days Go By

6 - Original Prankster

7 - Mota

8 - Have You Ever

9 - Staring at the Sun

10 - What Happened to You?

11 - Kristy, Are You Doing Okay?

12 - Want You Bad

13 - Hit That

14 - Why Don't You Get a Job?

15 - Americana

16 - You're Gonna Go Far, Kid

17 - Pretty Fly (For a White Guy)

18 - The Kids Aren't Alright

 

Encore:

19 - (Can't Get My) Head Around You

20 - Self Esteem

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