The Winery Dogs
Sexta, 26 de julho de 2013

no Carioca Club em São Paulo/SP

    Antes de mais nada um breve histórico a respeito de três ícones do Rock, seja do Hard ou do Progressivo. O trio que se apresentou no Carioca Club é composto por Richie Kotzen no vocal, guitarra, violão e teclado, Billy Sheehan no baixo e Mike Portnoy na bateria, e antes de contar do show, quero contar-lhes um pouco de suas histórias.

    O baixista Billy Sheehan começou sua carreira tocando numa banda americana de Heavy Metal chamada Talas no final dos anos 70 ( onde permaneceu até 1998 ), depois o cara passou também a fazer parte do line-up da banda solo de David Lee Roth ( substituído pelo Sammy Hagar no Van Halen ) nos álbuns Eat 'Em And Smile de 1986 ( o melhor álbum de David Lee Roth, o qual trazia os clássicos Yankee Rose e Goin' Crazy! ), Skyscraper de 1988 e o The Best de 97.

    Sem contar que no final dos anos 80 ele formou a banda que o levou ao auge de sua carreira, que é o Mr. Big, ao lado do vocalista Eric Martin, o guitarrista Paul Gilbert e o baterista Pat Torpey. Daí em diante ele já tocou num projeto instrumental de Fusion chamado Niancin ( formado em 1996 ) e também em outras tantas bandas e artistas como baixista convidado, entre eles os lendários Greg Howe, Cozy Powell, e Glenn Hughes. Ele também chegou a se aventurar em carreira solo e fez algumas participações em turnês do U.F.O. dos veteranos Phil Mogg e Andy Parker, e foi o músico de apoio em vários shows do projeto de guitarras G3 junto a Yngwie Malmsteen, Joe Satriani ( Chikenfoot ) e Steve Vai.

    O guitarrista Richie Kotzen começou a sua trajetória como músico/guitarrista/artista solo aos 17 anos, fez parte da banda de Glam Rock Poison onde gravou apenas o álbum Native Tongue de 1993, o qual traz o classicão Stand, responsável pelo disco de platina conquistado pelos caras na época. Após romper essa parceria ele voltou a cair na estrada em sua carreira solo, e veio a integrar o Mr. Big em 1999 ( substituindo Paul Gilbert, que foi para a banda Racer X ), onde participou das gravações dos álbuns Get Over It de 1999 e Actual Size de 2001. No ano seguinte, a banda de Eric Martin encerrou suas atividades e o guitarrista mais uma vez resolveu apostar em seus projetos solo até pouco tempo atrás.

    O batera Mike Portnoy formou o Dream Theater ao lado do guitarrista John Petrucci e do baixista John Myung na metade dos anos 80 e o mesmo deixou a banda de Metal Progressivo em 2010. Daí em diante o cara tocou em inúmeros outros projetos musicais, e entre os quais estão o Avenged Sevenfold ( no álbum Nightmare de 2010 ), o Liquid Tension Experiment, o Transatlantic, o Adrenaline Mob ( no álbum "Omertá" de 2012 ) e outros.

    Estes três caras, atualmente fazem parte do mais novo Power Trio do Hard Rock denominado The Winery Dogs, que começou com força total tendo lançado um cd autointitulado no começo deste ano e com turnê mundial agendada. O guitarrista Richie Kotzen acabou substituindo o grande John Sykes ( ex-Thin Lizzy, Whitesnake e Blue Murder ). Aqui no Brasil o trio passaria por Rio de Janeiro no dia 24, São Paulo no dia 26 e 28 de julho no Bar Opinião em Porto Alegre/RS. As condições para assistir ao show destas feras: uma sexta-feira com muita chuva e muito trânsito, com apresentação marcada p/ às 19 horas e sem banda de abertura.

    Imaginem o caos que foi para o pessoal se locomover até o local do show, que foi escolhido de forma certeira. É claro que estou falando do Carioca Club, que próximo do horário do show estava com vários espaços a serem preenchidos, porém, quando começou o mesmo, o Carioca ficou pequeno.

    E finalmente às 19 horas as cortinas se abrem e os músicos dão o ar da graça mandando logo de cara a excelente música Elevate, que é a melhor faixa do álbum de estreia e também foi a melhor e mais empolgante música do show na minha opinião, pois todos os presentes no Carioca Club já a conheciam de cor e salteado e a cantaram em uníssono a plenos pulmões no momento em que ela foi executada. Ponto para a banda! Não é a toa que ela é a faixa de abertura do cd e que também funcionou muito bem p/ iniciar o show daquela noite.

    As também empolgantes e ótimas We Are One e Criminal vieram logo em seguida, sem deixar a peteca cair. Estas três primeiras músicas são praticamente o 'carro-chefe' da banda, ainda mais acompanhadas pelo carisma único dos músicos, e, também cada um deles usando e abusando de toda a técnica e virtuosismo ( o Richie Kotzen que o diga ) à frente de seus instrumentos após décadas de experiência e intimidade com os palcos com as bandas as quais eles tocaram ( ou ainda tocam ).

    A ótima e uma das mais cadenciadas One More Time deu continuidade ao show, com uma pequena amostra de como se faz um belo e criativo solo de guitarra e também de como montar um set list sem deixar o bom nível do show cair, no quesito empolgação.

    Time Machine trouxe um clima meio denso, porém melódico à apresentação. O show seguiu com a balada romântica do tipo AOR Damaged e logo após os caras executaram uma das mais legais e mais cheias de energia do set que é Six Feet Deeper, que para mim deveria ter sido deixada para o final ou para o bis.

    E então já na metade do show o Richie Kotzen e o Billy Sheehan deixam o palco e dão espaço para o também veterano Mike Portnoy executar um "Senhor" solo de bateria, que mexeu com as emoções de todos os presentes, pois, o cara tem uma baita técnica e ele toca como se estivesse brincando, ou seja, o cara se divertiu o show inteiro ( percebe-se isso pela fisionomia dele ). Ele sorria o tempo todo a exemplo de dois grandes mestres do instrumento que serviram de influência ao próprio Mike Portnoy, que foram o Keith Moon do The Who e o John "Bonzo" Bonham do Led Zeppelin. The Other Side veio para trazer de volta a empolgação do início e também a atmosfera de baladas, também para se tocar nas rádios.

    O próximo a solar e mostrar em apenas alguns minutos toda a técnica e trabalho de uma vida inteira foi o baixista Billy Sheehan, que pra mim figura entre os três melhores e mais brilhantes baixistas do mundo juntamente com o John Entwistle do The Who e o Chris Squire do Yes, pois todos eles têm um estilo ímpar de tocar baixo e são daqueles tipos de caras que solam as faixas inteiras, mas servindo de base com perfeição como acompanhamento da guitarra e da bateria, durante a melodia.

    A reflexiva You Saved Me com uns pequenos traços sonoros de Mr. Big e a orgânica Not Hopeless, que é outra música que deveria ser tocada no final do show ( ou no bis ) pelo seu feeling foram as próximas a sacudirem o Carioca Club, seguida por um clássico, ou, melhor dizendo, um classicão do Poison, que é Stand, onde o Richie Kotzen a cantou e tocou de forma brilhante levando o público a se emocionar e a cantar em uníssono novamente! Belíssima música, praticamente o hino do Poison da época que o guitarrista integrava a banda. Ponto para o guitarrista por tê-la incluído no set list.

    Outro momento marcante chegou às primeiras notas e aos primeiros riffs de guitarra de um também super clássico, de sua carreira solo, que é o conhecido e excelente AOR Hard Rock You Can’t Save Me do álbum Into The Black de 2006, onde mais uma vez todos cantaram numa só voz, sendo o ápice do show quanto à empolgação e interação entre banda e público, pois nos próximos momentos fomos brindados com a versão The Winery Dogs para a balada Shine do Mr. Big, a qual eu confesso ter curtido mais, pois a música ficou melhor na voz de Richie Kotzen.

    Daqui em diante a banda executou outra candidata a clássico, que é a balada intimista e funkeada I’m No Angel, que também é uma ótima música deste cd de estreia, e a jazzística e suave como uma seda The Dying ( mas nem por isso deixa de ser uma bela música ). A primeira parte do show foi encerrada com a "lenta" e romântica Regret.

    Após uma pequena pausa a banda retornara para encerrar essa apresentação histórica com um cover para a clássica Fooled Around And Fell In Love do cantor e guitarrista norte americano Elvin Bishop, e extraído do álbum Struttin' My Stuff de 1976, e a eletrizante Desire, que mudou completamente a atmosfera do show após várias baladas românticas, fechando o set em grande estilo, mesmo sendo uma canção um tanto curta.

    Os músicos deixavam o palco, sendo mega aplaudidos e satisfeitos naquela noite no Carioca Club, onde tivemos mais do que simplesmente um show de Rock, pois tivemos um espetáculo com o melhor da boa música, pois quem esteve presente pode curtir boas doses de Blues, Jazz, Funk, Fusion e é claro, o bom e velho Hard Rock executado pelo Power Trio. E o mais importante é saber que os caras estão se divertindo tocando juntos, pelo que eu pude perceber através do olhar e da fisionomia de cada um deles.

    O único ponto negativo do show foi ter que aguentar o empurra-empurra e o passa-passa do pessoal, pois muitos ali naquela noite não sabiam ao certo se assistiam ao show ou iam comprar as bebidas durante os melhores momentos, atrapalhando aqueles que queriam acompanhar o mesmo do início ao fim.

 Agora ficam algumas perguntas! O The Winery Dogs é apenas uma banda para se divertir? Seria apenas um projeto paralelo do tipo "de vez em quando"? Ou o negócio como banda é pra valer? Bom, isso só o tempo é quem pode nos dizer. Minhas últimas palavras: "Um puta show"!
 

Texto: Fábio Xavier
Fotos: Marcos César de Almeida
Agradecimentos a Helóisa Vidal ( Brasil Music Press )
e a Free Pass Entretenimento pela atenção e credenciamento.
Agosto/2013

Set List:

1. Elevate
2. We Are One
3. Criminal
4. One More Time
5. Time Machine
6. Damaged
7. Six Feet Deeper
8. Mike Portnoy’s Drum solo
9. The Otherside
10. Billy Sheehan’s Bass solo
11. You Saved Me
12. Not Hopeless
13. Stand (Poison)
14. You Can’t Save Me
15. Shine
16. I’m No Angel
17. The Dying
18. Regret 

Encore:
19. Fooled Around And Fell In Love
20. Desire

Clique aqui e confira mais fotos do show do
The Winery Dogs no Carioca Club em São Paulo/SP

Voltar para Shows