Death DTA - Death To All Tour 2014
Abertura: D.E.R.
e Test
Domingo, 7 de Setembro de 2014
no Via Marquês em São Paulo/SP

    A turnê Death To All Tour 2014 veio repetir no Brasil, o sucesso que tem feito em todo o mundo, o objetivo é relembrar os clássicos da banda, também ajudar a Sweet Relief Musicians Fund, organização sem fins lucrativos, que ampara financeiramente músicos deficientes, doentes ou que sofrem de problemas relacionados à idade, mas, principalmente homenagear a memória de um músico ímpar: Chuck Schuldiner, um verdadeiro guerreiro do Metal Extremo. Para aquecer o público nesta noite única, foram convocados os paulistanos do Test e do D.E.R..

    Para recepcionar os músicos, nada melhor que uma fila enorme às 18h em frente o Via Marquês, aqui fora vemos músicos do Torture Squad, Nervosa, entre outros, já dentro da casa, quem vai entrando sempre dá uma conferida pelo estande com camisetas das bandas, cd´s e vinis, destaque para a arte usada na bandas Test e D.E.R., que são lindas.

Test e D.E.R.

    Depois vamos buscando o melhor lugar possível em frente ao palco, nos telões temos clipes do Mastodon, Kind Dimond, Korzus etc. Finalmente, às 19h40 abrem as cortinas e lá estão as duas bandas de abertura juntas no mesmo palco: Test, a eterna "banda da Kombi", que vem conquistando público na raça e levando Death/Grind por onde passam e a também paulistana, com seus mais de quinze anos de estrada, álbuns lançados na 'gringa' e shows por todo Brasil: o D.E.R.. Os dois possuem o mesmo baterista: Thiago Barata.

    E o D.E.R., que além do citado baterista é composto por Mauricio no baixo, Renato na guitarra e Thiago nos vocais, enquanto que o Test é um duo completado pelo vocalista e guitarrista João Kombi. Mas, foi o D.E.R. que começou a testar seus equipamentos primeiro. Muitos à minha volta, fazem cara de "ah tem banda de abertura?". Tem sim e são ótimas! Na primeira parte do set eles se revezam, tocam uma música de cada banda.  Nas primeiras músicas a reação do público é bem fria, mas também ainda nem entrou metade das pessoas.

    No palco apenas uma bandeira enorme escrito Death, as luzes da casa sincronizam com o som das músicas. Conforme vão chegando as pessoas temos mais palmas e mais bangues.

    É a primeira vez que vejo duas apresentações em uma e está sendo bem divertido, as bandas possuem estilos diferentes, mas com os músicos concentrados e bem técnicos, quando um está tocando o outro espera a sua vez curtindo a música. E se eu achei legal essas duas bandas no palco, quando João Kombi do Test avisa: "Galera agora vamos tocar duas músicas diferentes, mas, com a mesma bateria, quem estiver na esquerda vai ouvir Test e na direita D.E.R., quem ficar no meio vai ouvir o som embolado". Fico ansiosa para ver como isso funciona, e quando vejo Thiago Barata colocando os óculos é porque a 'porra ficou séria!'.

    Curti muito a experiência, eles tem um split chamado Otomanos lançado em 2013, onde eles reproduzem essa experiência, quem ouvir só o fone esquerdo escuta D.E.R. e no direito Test e esse é o link pra você conferir como isso funciona www.youtube.com/watch?v=LDpXPWPzVdQ#t=. Eles tocaram as músicas desse trabalho em meio a gritos e muitas palmas, sério eles merecem; em algumas, até parece que os vocalistas estão cantando juntos. Na minha empolgação risco com a minha caneta a única pessoa de blusa branca. Do meu lado, alguns gritam mais rápido.

    O guitarrista Renato toca com sangue nos olhos esmerilhando a guitarra, enquanto o Thiago bate o microfone na cabeça, para finalizar a última música. Ele nos agradece e aos organizadores, e avisa: "Agora é o Death!". Batemos palmas, os mais empolgados gritam "D.E.R. é do caralho", entre outras palavras de incentivo. Foi um show divertido e curioso, acaba às 20h10 com a casa cheia e certeza de que as duas bandas conquistaram mais alguns fãs.

Death

    Às 20h40, com o pessoal gritando "começa logo! Death! Death!" são ligados os telões da casa, que exibem fotos dos integrantes, todas as capas dos trabalhos da banda Death, das gravações de várias situações cotidianas com Chuck Schuldiner e nós... aplaudimos, vibramos com as imagens e também gritamos "Chuck, Chuck!", desta forma o espetáculo teve seu início.

     Chamada de Death: DTA ( Death To All ), a banda formada pelos ex-membros do grupo considerado como o fundador do Metal Extremo: Death. E o line-up do Death DTA é o seguinte: Max Phelps ( do Cynic ) nos vocais e guitarra, Steffen Kummerer ( do Obscura ) também nos vocais e guitarra, Bobby Koelble ( que tocou no cd  Symbolic ) na guitarra, Steve DiGiorgio ( ex-Sadus, Autopsy, Testament, Iced Earth e que no Death tocou nos cd´s Human e Individual Thought Patterns ) no baixo e Gene Hoglan ( ex-Testament e Dark Angel, que tocou nos cd´s Individual Thought Patterns e Symbolic ) na bateria. Esse grupo foi criado após a morte do fundador e vocalista Chuck Schuldiner, falecido em decorrência de um câncer cerebral em 2001 e a banda original teve sua formação em 1983 na cidade de Orlando ( EUA ).

    Foram eles que formaram os moldes do Death Metal que conhecemos atualmente, além de atingirem a expressiva marca de três milhões de discos vendidos em todo planeta, algo inédito para um grupo da música extrema. Em 30 anos de carreira essa é a primeira vez por aqui e a data não poderia ser mais simbólica que o dia da Independência do Brasil. Como diria o Costábile Salzáno Jr.: "Independência ou Death!".

    Às 21h em ponto abrem as cortinas e Bobby Koelble, que participou do álbum Symbolic do ano de 1995, vem cumprimentar o povo e todos os demais músicos de costas para nós, enquanto continuamos no "Death, Death!". Um ruído e o suspense é quebrado com os primeiros riffs da complexa Out Of Touch ( do Individual Thought Patterns de 1993 ).

    O pessoal enlouquece e Bobby Koelble pede mais barulho, que fez nós cantarmos juntos com o vocalista Max Phelps da banda Cynic, e este pronuncia: "Who are you to question my sincerityyy!", que resultou em muitos bangues violentos e todos no "hey". O incrível baixista Steve DiGiorgio agita muito com seu baixo de seis cordas e sem trastes, já Max Phelps é o mais 'sussa' de todos. Ao final do caos, Bobby Koelble bate palmas para a plateia empolgado com a nossa animação.

    Na sequência eles mandam The Philosopher ( a última do Individual Though Patterns ), Leprosy / Left To Die ( ambas do Leprosy de 1988 )  e fecham a trinca com Living Monstrosity ( a primeira do Spiritual Healing de 1990 ). Nas pausas sempre gritamos "Deaaath, Deaaath!" junto com muitas palmas. De onde estou, não consigo ver o resto da pista, mas vejo que devem fazer roda em alguns lugares, já que aparece sempre um pouco de empurra, empurra por aqui ( estou quase colada no pit e de frente para o vocalista Bobby Koelble ).

    Destaque para a provocativa Suicide Machine, do álbum Human de 1991, com seus riffs espetaculares e para a plateia que responde a tudo, que fez o baixista Steve DiGiorgio vir até perto de nós e pedir mais barulho. No mezanino, notei que as pessoas curtem mais tranquilamente, já onde eu estou, quase não dá para escrever de tão apertado e o calor então... ufa!!!

    Mas, vale muito a pena, principalmente quando chega a hora da dupla In Human Form ( outra do Individual Though Patterns ) e Lack Of Comprehension ( também do Human ), a galera banguea muito, Steve DiGiorgio só nas caras e bocas, provocando o pessoal da pista, enquanto o Bobby Koelble se concentra para executar esses riffs, Max Phelps manda muito bem nos vocais e alguns comentam que ele é Chuck reencarnado... Calma gente olha o coração! ( para mim Max Phelps lembra Leonard do The Big Bang Theory ).

    Steve DiGiorgio, um verdadeiro showman, sola seu baixo, agita, vai até ao vocalista/guitarrista Max Phelps para fazê-lo rir, e não contente assume o microfone e diz: "WTF São Paulo! Como vocês estão? Obrigado por virem e nos ajudar a manter viva a chama do legado de Chuck", bom dá para imaginar o tanto de barulho que nós fizemos e ele continua: "essa noite trazemos na guitarra Bobby!". E tome mais porradas com um medley do Spiritual Healing, primeiro a canção título e depois a Within The Mind, é eles vieram para quebrar tudo mesmo.

    E chamar de líder é um pouco demais, mas ele fala: "na bateria Gene Hoglan!" e um grande "Roarrr" foi ouvido no Via Marquês. Sim, foi esse o som que fizemos na pista, além dos incessantes gritos de "Gene, Gene!". Finalmente ele conclui e anuncia: "Essa é do álbum Human, essa é a primeira faixa Flattening Of Emotions!", enquanto ele fala Bobby Koelble balança a cabeça como dissesse 'é galera, é essa mesma que vamos tocar'. Então na execução da música tivemos muitos bangues, pulos e punhos ao ar, no palco o clima é de festa. Steve DiGiorgio e Bobby Koelble só nas caras e bocas em um belo duelo de riffs. Nos telões, uma animação com o logo do Death em vermelho e branco. Quando terminaram e fizeram uma rápida pausa, sempre muitos gritos de "Steve, Steve!".

    Agora eles fazem a troca de vocalista e entra Steffen Kummerer ( da banda Obscura ) e para deixar ainda melhor, ele já começa a intro cadenciada, mas com riffs poderosos de Symbolic, do álbum Symbolic de 1995, e nós fazemos coro no início da música, mas na parte mais rápida é bangues pra todo lado, até no mezanino, punhos ao ar e cantamos junto com os músicos cada verso.

    Aqui na frente está tão apertado, que quando a galera pula... eu vou junto. Bobby Koelble quer mais barulho ainda e então tivemos vários gritos de "fudido!", afinal, essa música é linda, alguns morreram do coração com certeza! O vocalista Bobby Koelble canta, banguea, pede roda e bate palmas para a nossa atuação.

    Nos intervalos gritamos mais músicas, eles continuam a destruição com as Zero Tolerance ( outra do Symbolic ) e Bite The Pain ( do The Sound Of Perseverance de 1998 ) e o baixista Steve DiGiorgio pergunta se estamos cansados e complementa: "sabe viemos de muito longe para tocar aqui, para ouvir vocês fazerem barulho" e anuncia a Overactive Imagination ( também do disco Individual Thought Patterns ) que fez todos no palco, pista e mezanino agitarem significativamente. Essa música mostra todo o potencial de Gene Hoglan na bateria, o cara é espetacular!

    Steve DiGiorgio brinca com o povo da pista enquanto toca e vejo alguns nos 'air drums' à minha volta, enquanto muitos gritam "Obscura!". Atrás de mim alguém grita: "aumenta a guitarra de Chuck!". No meio do caos da pista, tem um cara agarrado ao pit com cara de paisagem, enquanto é empurrado pela galera de trás, bem... esse encontrou o nirvana!!!

    Steve DiGiorgio foi quem anuncia "Gene Fucking Hoglan!". E o batera começa uma pequeno solo, que acompanhamos animados gritando "Gene, Gene!". Eles saem do palco às 21h10 e nós insistentes berrando "Death, Death!" e o pessoal vai arriscando o nomes das próximas músicas, mas logo ouvimos notas no baixo de Steve DiGiorgio, e acompanhamos as notas com "heys!". Nesta hora Gene Hoglan vem até a frente do palco, nos cumprimenta e gritamos mais "Geneeee!". Logo, Steve DiGiorgio aparece e diz: "WTF! Thank you" e em português: "Obrigado!". Ele também comenta sobre este tributo a Chuck Schuldiner, avisa que tem que ter colhões para cantar e tocar como Chuck e apresenta Max Phelps.

    Eles começam a outra que derrete corações a épica, a Zombie Ritual, que foi tocada junto com a Baptized In Blood, ambas são do primeiro cd, o Scream Bloody Gore ( de 1987 ), que é o embrião do Death Metal nos moldes que conhecemos. Nesse momento enquanto Steve DiGiorgio toca... Bobby Koelble dá um jeito de apertar as cordas do baixo dele, isso sem os dois pararem de tocar... incrível! Nessas músicas todos tocam mais concentrados, menos claro... Steve DiGiorgio, o super baixista, que continua dançando, cantando, além de ser fanfarrão de marca maior, aparecendo do nada para cantar no mesmo microfone que Max Phelps, Bobby Koelble aponta para o mezanino, ele quer barulho lá também.

    Ao fim todos os músicos se viram e esperam as instruções de Gene Hoglan, enquanto isso, percebi muitos sorrisos à minha volta e no palco também. Max Phelps pergunta: "Vocês querem mais uma?". E soltam a pérola Crystal Mountain ( do Symbolic ), que enlouquece a todos.

    Quase nenhuma câmera erguida, apenas fãs fervorosos, Bobby Koelble que ver nossos punhos, entre ele e Max Phelps, afinal, essa música tem um momento groove. E então... estava demorando para 'as fumaças do mal' aparecem, mas vieram com tanta força que encobrem Steve DiGiorgio. Mas, tudo bem, a energia da pista é incrível e todos cantam todas as músicas como se não houvesse amanhã.

    Max Phelps com uma voz surpreendente grave, avisa que essa é a última da noite, levanta uma camiseta da turnê avisa que quem quiser tem que subir para pegar e começam a clássica Pull The Plug, do cd Leprosy ( essa foi pedida antes, por várias pessoas à minha volta ) e galera se entrega nesse hino. Na minha frente vejo bangues de quebrar o pescoço e no meio da música, um cara sobe e pega a camiseta e Max Phelps anuncia: "We have a Winner!!!". Steve DiGiorgio, fanfarrão que é, se apoia nas costas de Max Phelps para tocar e Bobby Koelble pede mais barulho, para nosso delírio.

    Entretanto e infelizmente, a música chega ao fim e os músicos vem a frente do palco para se despedirem. Gene Hoglan faz um sinal com as duas mãos, enquanto gritamos freneticamente "One more, song, one more song!" e o baterista fala: "Is all we got!".Bobby Koelble faz um avião com o set list, mas não vai muito longe, enquanto Steve DiGiorgio tira fotos nossas. Por fim, todos se juntam e nos cumprimentam, tiram foto conosco ao fundo e saem, não sem antes do baixista nos dizer: "Obrigado!".

    Por volta das 21h45, o Death DTA terminou sua magnífica apresentação, já apontada como um dos melhores shows do ano, e já do lado de fora, muitos fãs comentam sobre as músicas perfeitas, músicos incríveis e quem seria o outro vocalista que apareceu no meio do show, é gente aqui é tudo junto e misturado desde as bandas de abertura. Para mim, foi uma noite mágica, pois melhor que isso, só quando inventarem uma máquina do tempo!

 

Texto: Érika Alves de Almeida
Fotos: cortesia de Costábile Salzano Jr. e Kennedy Silva
Agradecimentos à Costábile Salzano Jr.
 e a Agência Sob Controle pela atenção e credenciamento
Setembro/2014

Set List do Death DTA

1 - Out Of Touch
2 - The Philosopher
3 - Leprosy / Left To Die
4 - Living Monstrosity
5 - Suicide Machine
6 - In Human Form
7 - Lack Of Comprehension
8 - Spiritual Healing / Within The Mind
9 - Flattening Of Emotions
10 - Symbolic
11 - Zero Tolerance
12 - Bite The Pain
13 - Overactive Imagination
Encore:
14 - Zombie Ritual / Baptized In Blood
15 - Crystal Mountain
16 - Pull The Plug

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