Valhala Metal Fest
Com: Pagan Throne, Barbaria,
Sigfadhir
e Krieg Music Medieval
Sábado, 11 de janeiro de 2014
no Vip Bar em Itapira/SP

    O primeiro evento que o Rock On Stage teve a oportunidade de cobrir em 2014 foi justamente um de um estilo que está cada vez mais ganhando mais seguidores pelo Brasil, uma festa com a temática medieval. Pois, além das bandas presentes, muitos foram fantasiados a caráter, as bebidas não eram apenas cervejas, mas também hidromel e a decoração externa com tochas simbolizando uma verdadeira taberna. Tudo isso muito bem organizado pelo Francisco Júnior da Loja do Metal em parceria com o Ricardo Sartoreto do Vip Bar, que é um excelente espaço para eventos em Itapira.

    E as bandas escolhidas para participarem do festival variavam em estilos muito interessantes e um tanto que diferentes do que costumamos ouvir no dia-a-dia, pois Medieval Music, Pagan Folk Metal, Pirate Metal e Pagan Black Metal são ( de certo ponto de vista ) destoantes do Heavy Metal Tradicional, do Hard Rock, do Thrash Metal e do Progressive Metal, tão comuns aos frequentadores de shows. E aí reside um grande acerto da organização, trazer para a cidade um festival com a temática voltada para a linha Medieval/Pirate.

Krieg Music Medieval

    A proposta do Krieg Music Medieval era de exibir músicas medievais de raiz e óbvio que isso gerou uma curiosidade nos presentes, afinal, como seria o estilo adotado por Fábio Marques ( flautas e gaita de fole ), Gabriel Barros ( violino / celo ) e Vander Maciel ( percussão ) e como eles passariam a emoção aos presentes? Essa pergunta teve sua resposta pouco depois que chegamos ao Vip Bar, pois, enquanto o pessoal estava adentrando, no telão da área do quiosque, vários vídeos de bandas como Eluveitie eram exibidos preparando ao que teríamos em seguida.

    Eram por volta das 22:10, quando o trio citado acima entrou no palco principal devidamente pintado para o combate, tais como os Vikings ou quaisquer povos nórdicos antes de uma batalha. E a sonoridade dos três instrumentos foi aos poucos trazendo os fãs para junto da banda. Et Sanguis In Timpanis abriu o set do Krieg Music Festival com muita gaita de fole de Fábio Marcos em meio a percussão feita por Vander Maciel e o celo de Gabriel Barros, que de cara já me lembrou a atitude e um pouco da performance do Apocalyptica ( entretanto, estes são mais Heavy/Thrash Metal ).

    E tal como um comandante, o vocalista gritava vários "ei..ei..ei..." convocando a participação dos fãs. E deu certo, pois na segunda, a Krieg, algumas mulheres começaram a dançar com seus longos vestidos e a banda transformou o Vip Bar em uma festa folclórica europeia, com o Gabriel Barros extraindo notas pesadas de seu celo.

    Com a guerra, digo plateia ganha, no término desta segunda canção, todos gritaram com a banda e após pedirem para que todos dançassem... tocaram a Aivis Lo Lop / Taufanae com paradas exatas para que todos gritassem os "ei...ei...ei" junto ao vocalista Fábio Marques, mas para empolgar mais, Gabriel Barros desceu do palco e veio no meio da galera tocando seu surdo de lá.

    Na quarta, a Chou Chou Sheng, que conta com muita percussão e pela interação da banda no palco, nos fez bater palmas no ritmo proposto feito Gabriel Barros em seu celo. Passada a 'timidez' inicial dos fãs, vários começaram a dançar com o trio. E o vocalista chama o seu orc - na verdade Gabriel Barros  - de volta ao palco enquanto brincava com a plateia e então anuncia que a seguinte, a Ick Kenne Ales / Hear Magneling, e então outra dose de "ei...ei...ei" além de muitos solos de celo e gaita de fole daquela maneira quase que enfeitiçante.

    Em seguida, exibiram Totus Floreo e pedem para a galera fazer bagunça, com isso, Vander Maciel traz seu surdo no meio dos fãs para aumentar a vibração de cada um. Então, o vocalista avisa que para encerrar a banda e se engana, alguns percebem e riem, mas a ideia era para encerrar o show e Tourdion foi tocada em um grande robustez com os fãs. Antes de Elven Woods, o vocalista avisa que todos nós presentes temos um pé na Europa, pois praticamente todos somos descendentes de europeus ( o que é bem verdade ) e portanto, temos um pé no continente e que essas músicas fazem partes de nossa história. Para terminar a excelente apresentação do Krieg Music Medieval tivemos a Trolls Danze.

Set List Krieg Music Medieval

1 - Et Sanguis In Timpanis
2 - Krieg
3 - Aivis Lo Lop / Taufanae
4 - Chou Chou Sheng
5 - Ick Kenne Ales / Her Magneling
6 - Totus Floreo
7 - Tourdion
8 - Elven Woods
9 - Trolls Danze

Sigfadhir

    A troca de palco para o Sigfadhir foi bem rápida e minutos depois do final do show do Krieg Music Medieval, eis que André Frekihugr ( vocais, gaita de fole, harpa de boca, tambor, flauta ), Victor Maldonado e Fenris Fenrir ( guitarras ), Felipe Malavazzi ( baixo ) e Dubh Vandræðaskáld ( bateria ), estavam no palco para darem inicio ao seu Pagan Folk Metal tendendo mais para o lado dos Vikings.

    Sem delongas, a instrumental Galdra trouxe o mesmo tipo de clima medieval da anterior, mas agora com guitarras, baixo e bateria tocadas com muito ímpeto pela banda, cuja sequencia inicial foi idêntica ao primeiro disco, o demo Galdra Smidr de 2011, pois a segunda foi a feroz Dawn Of Death, onde o vocalista alternou vocais guturais e normais com muita categoria.

    André Frekihugr agradece a energia recebida dos fãs, avisa que para quem apreciar as canções, o cd o mesmo está sendo vendido no evento e com uma flauta deu início a Blood Of Glory, também deste disco, que passou um clima de começo ameno que explode em ritmo destruidor, que caiu muito bem no Vip Bar, o mais interessante é a modificação de extremo para Folk, o que comprova a qualidade da banda.

   Em seguida anunciam o cover de Villievandring do Otyg, um misto de canção folclórica com agressividade, que agradou bem. Em seguida, outra composição própria com Into The North, cujos trechos de "ôôôôôô" foram sendo acompanhados pelos fãs, que sentiram a melodia e o peso, pois o vocal berrou muito, lembrando até um Black Metal pelos seus guturais durante os riffs de guitarras, mas, o que é interessante mesmo é a quebrada que a flauta do vocalista causou na canção.

    Continuam com o set com Words Of A Man, que é mais cadenciada e depois disparam uma verdadeira pedrada com o cover de Nordland do Bathory. Na parte final do show do Sigfadhir eles aproveitaram para tocar duas músicas que estarão no próximo cd deles, mas a grande novidade é que ambas foram em português e na primeira, a Lobos, deu para perceber como as linhas medievais estão mais evidentes, com um destaque para o solo de baixo de Felipe Malavazzi em meio as competentes atuações dos demais instrumentos combinados com a gaita de folio de André Frekihugr.

    A segunda, e infelizmente, a última do show foi Que Meu Povo Retorne, cuja melodia encantou e nos fez querer que o show continuasse. No prolongamento da música o vocalista apresentou seus companheiros de palco e deu números finais ao excelente show da banda paulistana.

Set List Sigfadhir

1 - Galdra (Intro)
2 - Dawn Of Death
3 - Blood Of Glory
4 - Villievandring (Otyg Cover)
5 - Into The North
6 - Words Of A Man
7 - Nordland (Bathory cover)
8 - Lobos (nova - novo álbum)
9 - Que meu Povo Retorne (nova - novo álbum)

 

Barbaria

    Draco Louback nos vocais, Fernando Piaseck na bateria, Marcelo Louback na guitarra e ( os de certa forma ) novos integrantes ( e amigos de longa data deste redator ) Renan Toniette na guitarra e Murilo Barim no baixo entraram no palco pouco depois da meia noite para mostrar um pouco do seu Pirate Metal para uma galera totalmente aquecida, que enquanto eles terminavam de entrar no palco, durante a introdução Farewell To Cheyenne do Ennio Moricone, gritavam incessantemente "Barbaria...Barbaria" e com essa pulsação no ar, eles começaram o show com a explosiva Merciless, que foi tocada com muito primor e gerou os "ei..ei...ei.." dos fãs.

     No final, Draco Louback apresenta os membros pinhalenses da banda, exibe também a cachaça exclusiva que estão lançando e avisa que o show é especial, pois é a despedida do Fernando Piaseck das baquetas.  E com os bumbos dele sendo exigidos e tocados com competência, Watery Grave foi a próxima com muitos solos de guitarras e toda a agressividade do emblemático vocalista da banda ( veja um show deles e entenda porque ).

    Instantes depois eles executam a Buccaneers e durante os solos, Draco Louback rege os fãs que gritam os "ôôôôôôô", seguem com Cuthroat Island e o show que já estava muito bom, garantindo uma enorme adrenalina nos fãs, ficou ainda melhor com a presença do convidado Daniel Macedo, que dividiu os vocais com Draco Louback na ótima versão de Rebellion do Grave Digger, aliás, foi muito bacana a dupla dos vocais deixarem os fãs completarem alguns versos do refrão.

    De volta às composições de Watery Grave, o Barbaria executou a cadenciada The Piper, e tome mais participação dos fãs, que agitam freneticamente e intensamente a cada solo de guitarra, baixo ou pancada na bateria. Durante a The Piper foi muito bacana ver Draco Louback fazendo o Renan completar o refrão cravando o entrosamento e a alegria da banda no show.

    Infelizmente, quando o show é bom o tempo passa rápido e com os fãs berrando sem parar, a destruidora Blackbeard vem ao tombadilho, digo ao palco, mais frenesi dos fãs, e vale um comentário, os conterrâneos de Pinhal ficaram brincando com o Murilo e o Renan. Para encerrar, a caráter de bis tivemos a Under The Black Flag, título da primeira demo da banda que é sempre muito bem aceita e foi tocada com todo o seu 'Metalzão' característico, que confere ao Barbaria a força que eles possuem e mostra porque estão cada vez mais afiados no palco.

Set List do Barbaria

1- Merciless
2- Watery Grave
3 - Buccaneers
4 - Cuthroat Island
5 - Rebellion (Grave Digger com um solo meu)
6 - The Piper
7 - Blackbeard
8 - Under The Black Flag

Pagan Throne

    Com origem no ano de 2004, os cariocas do Pagan Throne se apresentaram pela primeira vez em Itapira e uma de suas ( ainda ) poucas incursões no estado de São Paulo. A horda formada por Rodrigo Garm ( vocal ), Raphael Casotto ( guitarra ), Eddie Torres ( baixo ), Hage ( teclados ) e Alexandre Absalão ( bateria ) ficou com a honra de fechar o primeiro Valhala Metal Fest e por volta das 2:00hs da manhã, eles entraram no palco com pinturas e trajes, que lembravam um centuriões romanos prontos para a guerra.

    O vocalista Rodrigo Garm saúda os fãs com sua espada durante a introdução For The Battle do álbum The Way To The Northern Gates, que com a presença do tecladista no palco ficou ainda mais idêntica ao cd. Aliás, o título desta canção instrumental é mais que apropriado para o que veríamos a seguir: uma destruição total e sem piedade dos cariocas.

    Assim como no primeiro cd, a canção seguinte é a Black Hordes e com a potência do Pagan Black Metal praticado pela banda, muitos presentes realizaram mais rodas. A matadora e pesadíssima The Trial Of The Gods ( do Pagan Heart ) contou com os 'martelantes' solos de guitarra de Raphael Casotto, que embora cadenciados transmitiram muita força a cada nota.


 

  Rodrigo Garm fala da honra de estar se apresentando no festival e elogia os organizadores, as bandas e aos headbangers presentes e então executam a candidata a clássico da banda, a Pagan Heart, título do novo EP, que exibe uma pegada mais Folk, porém, devidamente soturna e torna-se cadenciada e épica pelos dedilhados que possui em alguns trechos.

    Aos gritos de "Pagan Throne...Pagan Throne" ecoando pelo Vip Bar, a raivosa e cheia de guturais Disease Of The New World ( outra do Pagan Heart ) aplicou mais anda da atmosfera extrema e obscura do Pagan Throne. Mais uma vez a técnica do guitarrista Raphael Casotto se sobressai a pancadaria oriunda do baixo de Eddie Torres e da bateria de Alexandre Absalão.

    Para a parte final do show eles retornam ao cd The Way To The Northern Gates com arrebentadora Ritual em uma linha que vai do cadenciado ao acelerado totalmente voraz e que cravou todo o ímpeto nesta versão ao vivo. E o Pagan Throne não se importou com o horário, com o fato de muitos já terem ido embora ( e perdido um show memorável ) e continuou a 'matar a pauladas' com a cadência devoradora da longa Northern Forests. Encerrando o show do Pagan Throne e o Valhala Metal Fest o quinteto tocou com muita categoria a Course Of The Old Domain, que certamente angariou mais fãs e deixou saudades em quem não conhecia esta potente banda brasileira.

  

  O primeiro Valhala Metal Fest pode ser considerado um sucesso, afinal, recebeu um número significativo de headbangers, contou com uma ótima estrutura de som, telão, e como sempre acontece em Itapira, serviu para uma reunião de muitos headbangers da região, inclusive alguns amigos mais distantes de cidades como São Paulo e de Santos. Que Francisco Júnior da Loja do Metal nos brinde com mais eventos deste nível que presenciamos neste sábado.

 

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Fernando R. R. Júnior e Marcos César de Almeida
Agradecimentos à Francisco Júnior da Loja do Metal
pela atenção e credenciamento
Janeiro/2014

Set List Pagan Throne

1 - For The Battle [Intro]
2 - Black Hordes
3 - The Trial Of The Gods
4 - Pagan Heart
5 - Disease Of The New World
6 - Ritual
7 - Northern Forests
8 - Course Of The Old Domain

Ao lado: Renata ( Simplesmente Rock ), Fernando ( Rock On Stage ) Rafael ( Simplesmente Rock ), Diego ( Whiplash ) e Vanessa ( Simplesmente Rock )

 

Clique nos links abaixo e confira
duas galerias de fotos dos shows do
Valhala Metal Fest no Vip Bar em Itapira/SP

Fotos do Fernando R. R. Júnior - 179 fotos

Fotos do Marcos César de Almeida - 80 fotos

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