Anathema - Satellites Over South America Tour 2015
Domingo, 08 de Fevereiro de 2015
no Clash Club em São Paulo/SP

    Sem medo de crescer e se transformar, a banda de Liverpool na Inglaterra Anathema está celebrando suas mais de duas décadas de existência e nos traz a turnê Satellites Over South America Tour 2015 para a Clash Club, com um som classificado como Rock/Experimental/Alternativo. Esta é a quarta vez que eles tocam no Brasil e a terceira em São Paulo ( a primeira foi em 1994, depois em 2006 e em 2013 ). No show desta noite, a maioria das composições vem de seu aclamado álbum Distant Satellites.

     Havia muita gente na fila e assim que cheguei em frente a Clash Club, lá pelas 19h, notei que não tínhamos apenas paulistas por aqui, já que este show é o único que eles realizaram no Brasil, temos pessoas do Rio de Janeiro/RJ e de outras cidades. Uma hora depois entramos na casa, entretanto, do lado de fora, ainda havia muita fila na porta, arrisco dizer que deu 'sold out' nos ingressos. Para melhor observar aproveitei para subir em cima de um sofá no mezanino e assim não perder nenhum detalhe do show, coisa que logo muitos fizeram também.

    Às 21h15 começa uma intro, a casa está toda escura e logo vemos as sombras dos músicos Vincent Cavanagh na guitarra e backing vocals, Danny Cavanagh na guitarra, teclados e backing vocals, Jamie Cavanagh no baixo e Daniel Cardoso na bateria, que sobem no palco. Um adendo: quando Vincent Cavanagh assume o microfone com seus cabelos ao vento, constato junto com outras pessoas que ele é a cara do ator Orlando Bloom ( do Senhor dos Anéis, O Hobbit, Piratas do Caribe e tantos outros filmes ).

    Muitas palmas, enquanto todos os músicos aparecem e já mandam a Anathema, do último álbum Distant Satellites lançado em 2014, essa é a minha favorita do último álbum. Não tem como não se emocionar nos versos: "But we laughed, And we cried... And we fought, And we tried, And we failed..." E nessas duas últimas frases gritamos a plenos pulmões: "But I loved you, I loved you!!!". Enquanto isso, Danny Cavanagh pede 'hey', todos cantamos e acompanhamos os músicos nas palmas. Essa noite é uma prova de fogo para os fotógrafos: casa escura + fumaça + luz vermelha = os fotógrafos perdem a linha!

    Quando a música acaba, Danny Cavanagh vira o seu microfone para nós, enquanto gritamos e batemos mais palmas, logo as luzes se acedem e sobe ao palco a última integrante da banda: a bela cantora Lee Douglas - irmã do percursionista John Douglas ( que não consegui ver nem se tinha subido no palco nessa noite ) - todos a aplaudem e vamos sincronizados com as palmas de Danny Cavanagh para a melancólica The Lost Song, Part 1 ( outra do Distant Satellites ), enquanto o corajoso Jamie Cavanagh toca seu baixo trajando um terno que parece bem quente, e mesmo que no cd tenha uma cara mais 'deprê', ao vivo essa música fica grandiosa, emendada com a The Lost Song, Part 2 ( também do Distant Satellites ) e aí é que a coisa fica louca, a pista responde a altura, seja com gritos de 'uhul', cantando junto com Lee Douglas ou simplesmente com reações emocionadas.

    Vincent Cavanagh nos pergunta: "tudo legal Brasil?" ( isso em português... ) e já viu né, a galera enlouquece, depois, fazendo pose eles começam a cativante Untouchable, Part 1 do cd Weather Systems de 2012, sim... não basta ser a banda mais em família que já vi, tem que ter várias músicas com partes 1 e 2... porque eles são foda!!! E é com a Untouchable, Part 2 ( também do Weather Systems ), que eles emendam e os presentes enlouquecem nas músicas, haja gritos de todos os tipos de palavrão, elogios, pedidos de música e pasmem... Pulos! Sim... não é um show é uma celebração! Animados, os músicos interagem bastante com o pessoal em frente ao palco, Vincent Cavanagh aproveita e puxa o coro: "Sing Brazil!!" e o acompanhamos.

    Em seguida, Danny Cavanagh diz: "Thank you guys!" E Vincent Cavanagh completa: "Mutcho obrigado querem dançar Brasil? É a vez da poderosa Thin Air", canção do cd We're Here Because We're Here de 2010, que já inicia nas nossas palmas e vem em um crescente, com fãs cantando apaixonadamente e se movimentando ao som das notas compostas pelos irmãos Cavanagh.

    Antes de começar a próxima, alguns fãs pedem a Danny Cavanagh água para uma garota que esta lá no meio, ele não apenas escuta como entrega em mãos uma garrafa de água para ela, Vincent Cavanagh aproveita para perguntar: "O Carioca é melhor não é?" E também comenta que eles estão fazendo o melhor que podem, principalmente o baixista Jamie Cavanagh, que a propósito é um ótimo dançarino e aproveitando a deixa da zoeira Danny Cavanagh avisa que Vincent Cavanagh dança também! Não sei não, mas pelo andar da carruagem podem aparecer vídeos dos integrantes fazendo suas dancinhas!

    O guitarrista Danny Cavanagh avisa que São Paulo é um lugar muito especial para ele e que esta data é muito especial por vários motivos, e então toca a Ariel ( outra do novo cd ), que acalma de leve a empolgação dos presentes, que cantam do início ao fim esta bela balada da banda, que mesmo com esse álbum tão recente tem os fãs cantando como se as músicas do Distant Satellites os acompanhassem desde sempre.

    Agora é a vez da The Lost Song, Part 3 do Distant Satellites, e esta das três partes é a que eu mais gosto, um sonho de música, Vincent Cavanagh parece o “cara que sente as músicas”, enquanto o baixista Jamie Cavanagh continua 'divando' com seu ventilador, Danny Cavanagh canta essa com vontade conosco, ficando bem próximo de nós, sempre que assume a guitarra.

    "Obrigado", diz Danny Cavanagh, que continua: "vocês gostariam de algo do Weather Systems?" E pelos gritos da galera é lógico que sim, ele prossegue: "Como vocês dizem Cheers? Salute?" Nisso, o solicito multi-instrumentista e baterista da banda Daniel Cardoso responde: "Saúde!" ( ele é português ) e Vincent Cavanagh  tenta: "Saul? De? Saul!", e o pessoal tenta corrigir: "é saúde!" Fanfarrão ele responde: "é vocês que estão errados!" E com essa descontração toda começa a apaixonante The Beginning And The End, que acalma a galera.

   Logo emendam a Universal do We're Here Because We're Here, que com seu belo instrumental hipnotiza os presentes, que se balançam ao som da bela voz de Orlando Bloom... quer dizer Vincent Cavanagh, que pede palmas e o guitarrista Danny Cavanagh vira seu microfone novamente em nossa direção. No palco, uma bandeira cobre todo o fundo que exibia a capa do último álbum, e neste momento, o baixista Jamie Cavanagh arrisca derreter em seu terno e vem para frente do palco 'banguear' e faz a galera 'banguear' junto do meio para o fim da música.

    Uma pausa rápida às 22h30 e já voltam com a dançante Closer do álbum A Natural Disaster de 2003, nessa introdução parece que estou escutando alguma música do Daft Punk, a vocalista Lee Douglas improvisa alguns passos tímidos, enquanto todos a minha volta ( eu inclusa ) arriscamos uns passinhos desconexos. Sem delongas eles trazem a doce Distant Satellites, canção que intitula o novo trabalho, que também é animada e feita com pulos e palmas.

    Nesta pausa Daniel Cardoso toca uma bossa nova em sua bateria, e logo é zuado por Danny Cavanagh claro, que nos pergunta: "vocês sabem sobre o que é a próxima? A Natural Disaster" e para essa música título do álbum, ele pede para apagar as luzes da casa e para que levantemos o celular para acompanhar essa triste e bela canção. Lee Douglas canta lindamente, enquanto fazemos o backing vocal e o coral, mas é quase no fim da música que acontece algo hilário, a vocalista Lee Douglas está finalizando a canção, com todos a acompanhando e cantando bem alto, logo Danny Cavanagh pede silêncio para nós, umas duas vezes mais, até que vai e faz um sonoro "Shhh!" Mas, não adianta, o que queremos é colocar nossas emoções para fora.

    Ao final, como não poderia deixar de ser, gritamos mais e mais nomes de músicas, mas Danny Cavanagh bem humorado brinca dizendo: "não importa o que vocês digam... a próxima é a que está na lista!" E assim, Deep do quinto cd Judgement de 1999 foi tocada e essa é outra que coloca a galera para dançar. Danny Cavanagh feliz finaliza: "é eu falei que ia ser boa!" Realmente, foi bem animada e fez todos da casa agitarem, ninguém ficou parado quando acende a luz da plateia e Danny Cavanagh nos pede para pular.

    Vincent Cavanagh complementa: "Obrigado São Paulo!" E depois de confabular com Danny Cavanagh pergunta: "Do you wanna sing?" E começam a One Last Goodbye ( do álbum Judgement ) onde fazemos um coral tão lindo, que durante o refrão eles acendem a luz da plateia e ficam apenas nossas vozes e os instrumentos: "You took my heart away and my being", essa novamente acalma os presentes, que nem por isso deixam de participar, seja cantando ou se emocionando com as músicas.

    Com todos batendo palmas, eles saem, mas logo dois minutos depois eles voltam conosco gritando "olêêêê, olêêê, olêêê, Anaaa..Theeemaaa!". Danny Cavanagh nos conta que no show de ontem, no Teatro Vorterix, Buenos Aires na Argentina, que jogaram essa camisa para eles ( nela está escrito Danny Cavanagh em rosa ) e ele não usaria, porém, o baixista Jamie Cavanagh veste a camiseta e a exibe feliz para nós, Danny Cavanagh brinca dizendo que Jamie Cavanagh não tem problemas com sua masculinidade e aposto que é mais fácil usar essa camiseta que o terno.

    Vincent Cavanagh pergunta: "Que tal se da próxima vez tocarmos no Rio?" E muitos gritos são ouvidos...."E em são Paulo também?" Aí tivemos o dobro de gritos e ele conclui: "Ok? Mas não nesse clube!", se referindo aos problemas que tiveram durante o show.

     Vicent Cavanagh e Jamie Cavanagh se juntam e tocam a música do Pink Floyd Shine On You Crazy Diamond 6-9 e dela emendam a Fragile Dreams do cd Alternative 4 de 1998, essa é a última dos caras que põe a casa abaixo, essa música me lembra um pouco as músicas da banda Tool. E pendurado no sofá junto com várias pessoas, um cara desaba atrás de mim de tanta emoção ( mas ele só feriu o orgulho na queda e passa bem ).

    Ao final da música tocam a Twist And Shout dos Beatles e os músicos vêm até perto dos fãs, pegar em suas mãos, Jamie Cavanagh já está com uma cerveja 'marota' em mãos, e todos juntos batem palmas para nós, enquanto o Daniel Cavanagh tira nossas fotos, e enquanto a música vai rolando, os roadies desmontam equipamentos e os músicos improvisam uma dancinha ou cantam, mas o sortudo da noite foi quem conseguiu pegar a jaqueta que o próprio Vincent Cavanagh jogou para a pista, antes se despedir do palco. 

    Eles vieram para divulgar seu ótimo trabalho do último cd, mas, minha grata surpresa é ver que mesmo essas pultimas músicas são cantadas e festejadas pelos fãs como se estivessem sempre presentes em sua vida, acredito que a música seja nossa companheira em vários momentos bons e ruins, e apesar de contratempos, atrasos, problemas de som e da casa, para os fãs esse foi mais um show inesquecível e emocionante para guardar em seus corações.

 

Texto: Erika Alves de Almeida
Fotos: cortesia de Ronaldo Chavenco do Coredump
e Marcelo Colmenero ( foto abaixo da Erika  )
Agradecimentos a Costábile Salzano Jr. da The Ultimate Music
 e a Sob Controle pela atenção e credenciamento
Março/2015

Setlist do Anathema

1 - Anathema
2 - The Lost Song, Part 1
3 - The Lost Song, Part 2
4 - Untouchable, Part 1
5 - Untouchable, Part 2
6 - Thin Air
7 - Ariel
8 - The Lost Song, Part 3
9 - The Beginning and the End
10 - Universal
11 - Closer
12 - Distant Satellites
13 - A Natural Disaster
14 - Deep
15 - One Last Goodbye
16 - Shine On You Crazy Diamond 6-9
16 - Fragile Dreams

Links: http://www.anathema.ws/; www.facebook.com/anathemamusic
e www.myspace.com/weareanathema

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