Destruction - Latin America Under Attack!
Sábado, 28 de maio de 2016 no Bar da Montanha em Limeira/SP

    Considerado como um dos membros do chamado Big Four do Thrash Metal Teutônico ao lado do Kreator, Sodom e Tankard, o Power Trio Destruction teve sua origem em 1982 na pequena cidade Weil am Rhein na Alemanha e desde então vem contribuindo com vários álbuns, que são verdadeiras pedradas sonoras forjadas no melhor do estilo e contribuíram para que eles fossem aclamados com um dos pilares do Thrash no mundo.

    Esta nova passagem pelo Brasil, que faz parte da Latin America Under Attack! serviu para a divulgação do décimo terceiro álbum de estúdio da banda, o recém lançado Under Attack de 2016, que no Brasil contou com shows em Brasília/DF, Teresina/PI e em Limeira/SP - no único show realizado no estado de São Paulo tornando a data no Bar da Montanha mais especial para os fãs da região, que compareceram em massa.

    O horário programado para que o Destruction começasse seu show era às 22:30, mas, a apresentação começou um pouco depois, tempo para que todos os fãs pudessem adentrar ao Bar da Montanha com tranquilidade e também pudessem 'dar aquela tradicional olhada' nos cd´s e camisetas disponíveis para a venda, além é claro, de rever e conversar com os amigos. E quando finalmente chegou o momento para que o grandalhão Marcel "Schmier" Schirmer no baixo e vocais, o baixinho - mas sempre eficiente - Mike Sifringer na guitarra e o 'metralhador' Vaaver ( Wawrzyniec Dramowicz ) na bateria adentrassem ao palco, o público - que praticamente ocupou todos os espaços da casa - estava sedento pelo início do show. 

    Os alemães começaram deixando claro o grau da aniquilação que desejavam nos mostrar com a nova Under Attack, com Vaaver na bateria tocando com força e a galera saudando cada um dos três membros da banda. Inclusive esta primeira canção da noite elucidou - com seu poder de fogo ao vivo - porque foi escolhida como título do cd e a de abertura do set, como também obviamente já fez muitos pescoços balançarem diante dos solos de guitarra do baixinho Mike Sifringer ( que torna-se um gigante das seis cordas pela rifflerama que tocou ) e da agressividade dos vocais de Schmier.

    Aos vários "hey...hey..." dos presentes somados à palmas, eles emendam a clássica Cursed Of Gods do segundo de estúdio da banda, o Eternal Devastation de 1986, que acelerou ainda mais o ritmo e contou com a galera completando o refrão junto com Schmier, que cantava cada estrofe das músicas em cada um dos três microfones dispostos no palco. E por várias vezes ele alternou sua posição com Mike Sifringer e em outras juntou-se à ele para solar e inflamarem a todos.

    Aos gritos dos fãs de "Destruction... Destruction..." acompanhados na bateria por Vaaver, Schmier conversa com o público perguntando se estamos prontos para uma noite de muito Thrash Metal e a avalanche sonora prosseguiu com a implacável Nailed To The Cross ( do The Antichrist de 2001 ), que era bastante aguardada pelos fãs pela tamanha participação que fizeram ao longo da execução da música. Sem pestanejar como é comum em shows de Thrash Metal, a próxima do set foi a clássica Mad Butcher do Sentence Of Death, EP de 1984 que revelou o Destruction ao mundo e martelou muito na cabeça dos fãs, que numa altura dessas já estavam abrindo várias rodas no Bar da Montanha.

    Três pontos merecem serem mencionados antes de prosseguir esta resenha: o som da casa, que em todas as vezes que estive lá, sempre esteve muito bem regulado, a decoração do palco com dois banners inspirados na capa do disco ( um de cada lado ) e o painel digital ao fundo exibindo o logotipo da banda. Depois, quase sem que percebêssemos, o trio ataca com a violenta e mais cadenciada Armageddonizer do Day Of Reckoning ( de 2011 ), cujas evoluções nos riffs de guitarra de Mike Sifringer e nas porradas do baterista Vaaver convocavam os fãs para gritarem vários "hey...hey..." no ritmo e sacudirem seus pescoços, porém, algo que surpreendeu foi o curto solo de baixo de Schmier.

    O vocalista conversa rapidamente com a plateia dizendo que não fala português, que fala Heavy Metal e entre vários 'fucking' pronunciados, ele mostrou que estava literalmente 'com sangue no zóio' e que descarregaria toda essa fúria no seu baixo e nos seus vocais durante a apresentação, que teve logo depois a Eternal Ban do Eternal Devastation, uma verdadeira 'saraivada de cacetadas' na galera, que vibrou bastante a cada nota. Nos trechos onde a bateria de Vaaver comandou o show, Schmier solicitou para que gritássemos com mais força e ligou na crua Life Without Sense ( outra do Eternal Devastation ), que ao seu término provocou outra leva de gritos do nome da banda.

    Logo após uma rápida pausa, que serviu para que alguns ajustes fossem realizados, a introdução de Beyond Eternity - mais clássica - ecoou nos P.A.s da casa para dar lugar a espancadora Release From Agony ( título do terceiro álbum da banda de 1988 ), que avançou sobre nós como um rolo compressor sonoro com toda a cólera dos vocais de Schmier e todos os solos do guitarrista Mike Sifringer elevados à enésima potência. No término desta, o vocalista solta um "obrigado" e mantém o caos com Elegant Pigs do novo Under Attack e a Hate Is My Fuel do Days Of Reckoning, que mostrou ser bem conhecida dos fãs, que gritaram seu título no refrão entre diversos solos.

    Na sequencia, Schmier perguntou: "Are you ready for Thrash Metal" e disparou a Thrash Attack do primeiro álbum, o Infernal Overkill de 1985, que obviamente aumentou o nível das rodas por se tratar de um dos clássicos da carreira da banda, que é tão contagiosa, que levou a todos que não entraram nas rodas a 'banguearem' com o trio e no final a gritarem "Destruction... Destruction..." sucessivamente. E se na anterior a cólera estava no topo, o que dizer então quando a Death Trap deste mesmo álbum foi tocada? Literalmente, caro leitor(a) eram bordoadas sônicas desferidas por todos os lados.

    Schmier perguntou quais músicas queremos ouvir com sua voz deveras irada e entre vários pedidos, ele comenta se tem fãs de São Paulo na plateia para que então destroce ainda mais com a avassaladora Invincible Force, a terceira do Infernal Overkill tocada em série, que posso exclamar: foi simplesmente matadora!!! E enquanto o trio dilacera à toda velocidade sua guitarra, de sua bateria e de seu baixo, os headbangers no Bar da Montanha abriram outra roda bastante forte e os demais, ou socavam o ar ou sacudiam seus pescoços.

    Antes de tocar a D.E.V.O.L.U.T.I.O.N., título do cd de 2008, Schmier comentou sobre os políticos brasileiros, que mereciam um tiro na cabeça e que na Alemanha eles também são ruins ( que coisa não? ) e assim, a 'paulada' foi exibida no seu insano e alucinante ritmo. O praticamente incansável show do Destruction em Limeira contou ainda com a Total Desaster do Sentence Of Death cravando o potencial de seu vigoroso Thrash Metal em nossas mentes e terminando a primeira parte do show levando à plateia a gritar incessantemente o nome da banda clamando pelo seu retorno, que não demorou para acontecer.

    E quando voltaram ao palco não tiveram dúvidas ao engatilharem a impetuosa Thrash Till Death do The Antichrist e que ao vivo torna-se bastante demolidora levando a galera a vibrar sem parar, seja nas rodas ou sacudindo o pescoço, tanto que acredito que esta pode e deve ser inclusa como um futuro clássico da banda. Schmier agradece a energia dos fãs e avisa: "a próxima música é para as pessoas que estão aqui..." e do All Hell Breaks Loose ( de 2000 ) aos muitos "hey... hey... hey..." dos fãs solicitados por Schmier tivemos a explosiva The Butcher Strikes Back, uma verdadeira canção 'martelante', que quebrou tudo nesta versão ao vivo.

    E os presentes não deixaram por menos gritando o nome da banda, mais uma vez ao ritmo do baterista Vaaver, que levaram o vocalista berrar: "Destruction Fucking Loves Brasil!!!" e depois: "uma revista me perguntou qual o país que tem os fãs de Heavy Metal mais loucos? E você sabe é o Braaaziiiil!!!!", que multiplicou a empolgação dos fãs para concluir: "Ok... one more song..." pedindo para que nós completássemos seu título, pois, ele gritava: "Bestial...." e nós "Invasion...." desejando que nossos gritos fossem mais fortes, até que se satisfez e a explosiva Bestial Invasion do Infernal Overkill veio toda esmagadora com seu andamento frenético e pesado característico dos Thrashers alemães para que as últimas rodas da noite, os últimos socos no ar e as últimas 'bangueadas' ocorressem no Bar da Montanha solidificando a apresentação do Destruction, que aliás - a título de curiosidade - neste show percorreu oito de seus álbuns.

    No tempo que durou a sinistra sonorização de encerramento ( conhecido como 'Outro' ) Schmier, Mike Sifringer e Vaaver vão ao centro do palco para nos agradecer e também jogar suas palhetas e baquetas, antes de se dirigirem até o camarim. Foram pouco mais de uma hora e meia do mais puro e visceral Thrash Metal Germânico, que garantiu pleno contentamento do público estimado em 500 pessoas que compareceram no Bar da Montanha neste sábado, que mais uma vez comprova a força dos headbangers do interior de São Paulo.

    Ainda teríamos o show da banda Circle Of Infinity de Limeira/SP, porém, esta cancelou sua participação para que os fãs pudessem conversar, fotografar e ter seus cd´s autografados pelos membros do Destruction em um costumeiro Meet & Greet, que quase sempre acontece no Bar da Montanha. Infelizmente, não peguei este importante momento, porém, fica para a próxima vez quando o Destruction retornar.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Edson Moraes da Circle Of Infinity Produções,
 Claudia e à JeanCarlo da PressRTV pela atenção e credenciamento
Junho/2016

Set List do Destruction

1 - Under Attack
2 - Curse The Gods
3 - Nailed To The Cross
4 - Mad Butcher
5 - Armageddonizer
6 - Second To None
7 - Eternal Ban
8 - Beyond Eternity/Release From Agony
9 - Elegant Pigs
10 - Hate Is My Fuel
11 - Thrash Attack
12 - Death Trap
13 - Invincible Force
14 - D.E.V.O.L.U.T.I.O.N.
15 - Total Desaster

Bis:
16 - Thrash Till Death
17 - The Butcher Strikes Back
18 - Bestial Invasion

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