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Os
Mutantes Sábado,
14 de maio de 2016 Palco da Estação na Virada Cultural Paulista
em São João da Boa Vista/SP
Formada no já distante ano
de 1966, Os Mutantes são uma banda de Rock Psicodélico, que
mergulharam fundo no Rock Progressivo nos anos 70, onde passaram
os músicos Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias Baptista,
Liminha e Dinho Leme, entre vários outros notáveis. A primeira fase da
banda durou até 1978 com o lançamento de álbuns que renderam
alguns verdadeiros clássicos do Rock Brasileiro. O retorno aconteceu em 2006
e de lá para cá, já lançaram mais dois álbuns de estúdio com
vários shows pelo país, cujo último recebeu o título de Fool
Metal Jack ( 2013 ) e teve algumas de suas músicas neste show na
Virada Cultural Paulista em São João da Boa Vista/SP no
Palco da
Estação.
Junto ao vocalista e
guitarrista Sérgio Dias Baptista ( um dos fundadores da banda
) estão os excelentes músicos Henrique Peters ( vocais e teclados
), Vinicius
Junqueira ( baixo ), Cláudio Tchernev ( bateria
) e Esméria Bulgari ( vocais e backing vocals ) e poucos minutos depois do horário programado para começar
o show, eles entraram no palco e podíamos ver uma excelente
iluminação diante cada um deles. Antes iniciar o show,
Sérgio Dias Baptista nos informou que este era sua primeira
apresentação após uma complicada cirurgia de catarata realizada em janeiro deste ano nos Estados Unidos e
que não deu muito certo, inclusive mostrando todo o seu
descontentamento com a médica, que não fez um trabalho correto.
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Ele pediu-nos desculpas
e que tenhamos paciência caso o som não saísse perfeito ou
precisasse sentar, pois, segundo ele, com um olho ele via de perto e
o outro de longe ( culpa da lente da citada cirurgia
). E
como desgraça pouca é besteira, logo na primeira nota, uma
indesejável microfonia apareceu deixando o vocalista mais
estressado,
porém, ele no decorrer do show esteve muito calmo e animado,
claro sinal do seu imenso profissionalismo. Ainda
bem que o defeito foi rapidamente resolvido pela produção e
contrariando o que Sérgio Dias Baptista se preocupou no início,
o show foi sensacional e ele não precisou sentar por nenhum
momento.
Mago
Trajando uma
longa capa preta que
enaltecia a sua característica do mago que é na guitarra, após a
resolução do problema, Sérgio Dias Baptista começou o show com
acordes psicodélicos, que foram nos conduzindo para uma
atmosfera puramente setentista e provocando as primeiras viagens
desta noite com a canção Fuga Nº 2 do álbum Mutantes de 1969 (
o segundo da carreira ) e foi
brilhantemente cantada por Esméria Bulgari, que se direcionou
mais à frente do palco e mostrou com seu carisma porque foi escolhida para
vocalista da banda.
Em seguida,
Sérgio Dias Baptista anuncia:
"eu
vou cantar uma música que compus há um bom tempo atrás, em 1990, eu
acho e que vai cair como uma luva aos dias de hoje... Filhos do
Silêncio" ( música solo do álbum Estação da
Luz de 2000 ), que trouxe uma pegada mais Rock´n´Roll e
no
refrão cheio de "ôôôôôôô...ôôôôôôôwww...", a vocalista
Esméria
Bulgari conclamou nossa participação, sendo que muitos
prontamente atenderam.
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Muito calmo e educado, o líder dos
Mutantes informou que a próxima era do último álbum de estúdio o
Fool Metal Jack, e aí caro leitor(a) recebemos um Rock
Progressivo nos moldes do Pink Floyd dos anos 70 com The Dream
Is Gone, que alegrou bastante o público presente no Palco da
Estação.
E ainda no novo trabalho,
Sérgio
Dias Baptista anuncia a canção título, a Fool Metal Jack, que possui uma
mistura mais moderna, um andamento mais voltado à um Jazz de cabaré e
pitadas de Blues evidenciando uma excelente atuação do tecladista Henrique Peters
com um ritmo que basicamente solicitou a participação dos fãs e
de certa forma, foi o que fizemos socando o ar durante sua exibição.
Na sequencia,
Sérgio Dias Baptista dedilha sua guitarra para a execução de Time And Space,
também do
novo álbum com um ar nostálgico, viajante e que trouxe boas sensações aos
presentes com ouvidos mais apurados ( meu caso ) com uma gostosa linha
cheia de energia, que foi prolongada por alguns instantes com muito primor pela
banda. As belas melodias de Tecnicolor denunciaram que Os Mutantes
iriam
mergulhar em uma das canções antigas de seu repertório nesta do
Jardim Elétrico de 1971, que exibiu um clima 'nonsense'
típico de Bealtes, o que provocou sorrisos e ajudou a deliciar os fãs, que ficaram
'ligadinhos' na forma fascinante que Esméria Bulgari cantou seus versos
se dirigindo bem à frente do palco e consequentemente, à nós.
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Com uma belíssima escala em sua
guitarra, Sérgio Dias Baptista dispara as primeiras notas da bela A Minha
Menina, sucesso registrado no primeiro álbum da banda de 1968, que traz
uma letra romântica no Palco da Estação e com linhas de Rock´n´Roll, além
de saborosas pitadas de Psicodelismo causando aquela vontade de dançar
em meio aos seus ritmos de Tropicalismo, que salientaram um solo de
teclados de Henrique Peters e o solo de guitarra de Sérgio Dias Baptista com uma dosagem de
improvisos, que conferiram mais beleza ao momento proposto pelo Os
Mutantes.
Após trocar sua
guitarra para uma linda Gibson semi acústica
recebemos a 'transloucada' Bat Macumba do primeiro álbum, composição dos amigos
Caetano Veloso e Gilberto Gil, com uma tonelada de efeitos dos diversos
pedais que Sérgio Dias Baptista utilizou no show, que produziram
um som característico à proposta da banda, mas, completamente único, que recomendo você assistir
um show para tentar compreender a alquimia musical que fomos expostos nesta noite.
Aliás, cabe um comentário: Os Mutantes levaram som e iluminação próprios para
deixar seu espetáculo ainda melhor.
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E apesar de sua pedaleira produzir
efeitos incríveis, Sérgio Dias Baptista falou: "primeira vez que uso esta
tralha, ela tá me dando um baile..." ( pois, ele demorou alguns instantes para 'desligar' o último
efeito utilizado ) e a meio Psicódelica e meio Rock´n´Roll Top Top do
álbum Jardim Elétrico fez muitos cantarem e dançarem
junto à vocalista Esméria Bulgari, que se destacou bastante. Ela
novamente veio mais à frente do palco se entregando de corpo e alma à canção, que
contou com um pesado solo de bateria de Cláudio Tchernev. Com uma
pegada de Mambo, Os Mutantes apresentam a biográfica Cantor de Mambo
(
do Mutantes e Seus Comentas no País do Baurets de 1972 )
enaltecendo o ritmo de seu título e notadamente, eles se divertiam no
palco durante sua execução, que favoreceu para longos e enfeitiçantes riffs de guitarra
de Sérgio Dias Baptista, que também fizeram ele dançar um pouco no palco.
Retomando a linhagem mais
Rock´n´Roll e sem esquecer das pitadas de Psicodelismo, hora de
Beijo Exagerado ( do Mutantes e Seus Comentas no País do Baurets
), que abriu espaço para os poderosos solos de teclados e guitarras
combinados trazendo uma atmosfera setentista muito grande, para
em seguida recebermos os riffs certeiros, rápidos e pesados de Jardim
Elétrico, do álbum de mesmo nome, que passaram uma aura quase Heavy Metal,
que literalmente incendeia e contagia a todos. E nesta,
Os Mutantes abriram uma sessão de
improvisos onde registraram solos de baixo e de bateria
impactantes, na
cortesia de Vinicius
Junqueira e Cláudio Tchernev, que garantiram algumas
palmas e muitos "heys" da galera.
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Emoções compartilhadas
Em
seguida, emocionado, Sérgio Dias Baptista diz: "muito
obrigado... eu queria aproveitar este momento para introduzir
para vocês esta banda maravilhosa... Esméria Bulgari... a gente
trabalha juntos há vinte anos não é? ( e olha para ela, que
sorri concordando )... Henrique Peters
também estamos
juntos... há cento e duzentos anos... ( provocando risos dos fãs
e do músico ) seu Vinícius Junqueira...
magnífico... seu Cláudio Tchernev... ele é parente do
Dracum.. ele veio da Moldáviaaa..." e todos
foram muito aplaudidos pela plateia.
Sem mais delongas, um dos
clássicos mais belos da carreira dos Mutantes com a sintomática
canção Balada do Louco ( mais uma do Mutantes e Seus Comentas no País do Baurets
) com notas sensibilizantes nos teclados de Henrique Peters
e com versos compartilhados por muitos presentes, sinal que fãs
dos Mutantes de várias gerações e várias cidades da
região foram curtir esta
apresentação na Virada Cultural de São João da Boa Vista/SP. E
suas melodias mais Rock´n´Roll serviram para deixar nossa almas
contentes, pois, vimos um grande clássico do Rock Nacional
interpretado por um de seus criadores levando este momento à um
dos ápices do show, que aliás, só não foi maior por conta do que
veio em seguida... o hino Ando Meio Desligado ( do A Divina
Comédia Ou Ando Meio Desligado de 1970 ) com a excelente
Esméria
Bulgari brilhando novamente nos vocais e elevando o astral que
estávamos sentindo.
Porém, durante esta
cintilante versão de
Ando Meio
Desligado, Os Mutantes realizaram improvisos que resultaram em
solos de guitarra viajantes com tendências mais 'Bluesadas', ou
seja, uma marca da banda exposta diante de nossos olhos. E
impressionantemente tivemos seus solos fundidos a trechos de
While My Guitar Gently Weeps dos Beatles assinalando uma
comunhão maior entre banda e plateia.
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E com a
voltagem em alta ( por conta de seus eletrizantes riffs
de guitarra )
hora da veloz A Hora e a Vez do Cabelo Crescer ( Cabeludo Patriota ),
canção do disco Mutantes e Seus Comentas no País do Baurets,
que também inflamou a todos, que se mexeram significativamente
devido à toda adrenalina enviada pelo quinteto e esta ficou com a honra de
finalizar a primeira parte do show no melhor estilo do Rock dos
70, ou seja, com muita vibração positiva a cada linha harmônica
tocada por eles.
Herói da Guitarra
Aos
gritos de "mais um" e
"Mutaantees... Mutaantees..." Sérgio Dias Baptista
agradece: "Muito obrigado... vocês são fantásticos" e
junto aos demais, saiu do palco para retornar poucos instantes
depois com o emblemático sucesso Panis Et Circenses,
composição de
Gilberto Gil e Caetano Veloso que alçou Os
Mutantes nas paradas musicais do Brasil e que esteve presente no primeiro
álbum da banda, que tecia uma forte crítica ao governo militar
brasileiro da década de 60 contribuindo para levar o público ao
delírio, pois, eles fizeram uma versão mais longa, com
improvisos e devidamente Progressiva
nos encantando consideravelmente e deixando claro o poder de fogo
da banda. Inclusive, eles diminuíram o ritmo da música de forma totalmente
inesperada ( por mim ao menos ) e potencializando a
sinergia única sentida nesta noite. Ainda comentando dos solos
de guitarra, Sérgio Dias Baptista, pode e deve ser
referenciado como um dos nossos Guitar Heroes, graças a
diversidade de solos que nos mostrou sempre com a mira voltada
para o Rock´n´Roll.
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Depois, eles se abraçam,
nos saúdam e se retiram do palco nos deixando a certeza que
presenciamos um grande show dos Mutantes consolidando uma
vitória pessoal para Sérgio Dias Baptista, que não se sentou por nenhum
momento, tocando e cantando muito, literalmente provando que a banda está
afiada contentando as gerações antigas e conquistando muitos
novos adeptos.
Muito bacana que pude acompanhar uma tão
importante banda do Rock Nacional como Os Mutantes nesta
Virada
Cultural em uma cidade do interior do estado como São João da
Boa Vista/SP, ainda bem que existem eventos gratuitos para a
população e que o dinheiro pago de nossos impostos também é
utilizado para a diversão coletiva, que isso seja ainda mais
incentivado pelos nossos governantes, sejam lá de qual partido
forem. Longa vida aos Mutantes.
Por Fernando R. R. Júnior Fotos:
Facebook Oficial da banda Os Mutantes
Maio/2016
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Set List de Os Mutantes
1 - Fuga Nº II
2 - Filhos do Silêncio
3 - The Dream Is Gone
4 - Fool Metal Jack
5 - Time and Space
6 - Tecnicolor
7 - A Minha Menina
8 - Bat Macumba
9 - Top Top
10 - Cantor de Mambo
11 - Beijo Exagerado
12 - Jardim Elétrico
13 - Balada do Louco
14 - Ando Meio Desligado
15 - A Hora e a Vez do Cabelo Crescer ( Cabeludo Patriota )
Bis
16 - Panis Et Circenses
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