Sabaton - The Last Tour
Terça, 01 de novembro de 2016
no Bar da Montanha em Limeira/SP

A Batalha por Limeira!!!
A Batalha pelo Heavy Metal!!!

    Os guerreiros suecos da pequena cidade chamada Falun conhecidos como Sabaton aportaram para a sua segunda turnê brasileira, que também teve sua data em Limeira/SP. O quinteto de Heavy Power Metal retornou ao país com o intuito de divulgar o seu último lançamento de estúdio, o álbum The Last Stand, que foi lançado em 2016. Antes de Limeira, estes verdadeiros generais do Metal visitaram os três campos de combate: Belo Horizonte/MG, São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ e depois outros dois, Curitiba/PR e Porto Alegre/RS.

     Em Limeira, o palco escolhido para a contenda foi o Bar da Montanha, que estava decorado no estilo do Halloween, que aconteceu um dia antes do show e víamos várias teias e aranhas espalhadas por todos os lados, além de outros adereços típicos dessa festa. Com onze discos lançados, sendo nove de estúdio e dois ao vivo, o Sabaton aborda em suas canções temas bélicos e históricos e conta em sua linha de frente com os músicos Joakim Brodén nos vocais, Pär Sundström no baixo, Chris Rörland na guitarra, Hannes Van Dahl na bateria e o recém incorporado à divisão Tommy Johansson na guitarra.

Princípio da Ofensiva

    Foi por volta das 23:30 que o Sabaton subiu no palco para iniciar a sua tão aguardada apresentação, que começou com a curta introdução instrumental The March To War, sendo que logo vimos os músicos vestidos com calças camufladas e camisas pretas, exceção feita ao vocalista Joakim Brodén com óculos escuros e o seu já tradicional colete - no estilo daqueles à prova de balas - cantando os versos da flamejante Ghost Division ( do álbum The Art Of War de 2008 ), que tomou de assalto o público de Limeira, assim como as divisões Panzer fizeram na França durante a II Guerra Mundial com seu ritmo animado, que explodiu em alegria.

    A rápida canção mostrou o quinteto sueco pronto para realizar um grande show se movimentando bastante pelo palco e nos fazendo cantar o título da música com eles. E todos os músicos sem exceção atuam primorosamente e sabem encaixar os pontos para que nós participemos do show seja pulando, socando o ar, nas palmas ou nos "hey... hey...hey".

    Depois deste começo simplesmente matador, os fãs berram "Sabaton... Sabaton" e só param quando as primeiras notas de Sparta ( que é sobre a batalha de Termopilas na Grécia ), a primeira do novo álbum que foi tocada com seu andamento pulsante e que nos convoca para interagir com a banda neste eletrizante Power Metal, que te inspira a entrar confronto.

    Prosseguindo com a divulgação de The Last Stand, aos gritos quase incessantes de "Sabaton... Sabaton", Joakim Brodén que já estava com a plateia nas mãos inicia a acelerada Blood Of Bannockburn, essa sobre a guerra de independência da Escócia no Século XIII, onde deu para reparar como eles cantam versos em coro produzindo melodias muito gostosas de se curtir e também ver os solos de guitarras de perto.

    Sorridente com a euforia alcançada, Joakim Brodén exclama: "Boaaa Nooite Limeeeira!!!" e diz que se lembra da última visita no Brasil há dois anos atrás, e especialmente na cidade de Limeira, concluindo que aqui é fantástico.

    Sempre divertido, ele avisa que é a primeira turnê do gigante guitarrista Tommy Johansson e o porque da escolha dele para integrar as fileiras do Sabaton e este executa um trecho de Swedish Pagans do The Art Of War para felicidade total dos fãs, que acompanharam nos "ôôôôôôôôôô", mas, ele interrompe e com o tradicional bom humor nos faz rir bastante, aplaudir e participar de cada ato da música, que foi tocada com toda a sua climatização de luta, onde é impossível assistir à performance contagiante dos quatro músicos defronte à plateia e não agitar também.

Aumentando a Conquista

    Para avisar qual seria a próxima missão, digo música, Joakim Brodén diz: "Caroooolux...." e nós "Reeex...." e assim, Carolux Rex, a música título do álbum de 2012 apareceu com o baterista Hannes Van Dahl realizando fortes toques em seu kit e muitos "hey... hey..." no ritmo foram ouvidos somados a socos no ar, além é claro, de muitos cantarem com o Sabaton seus versos. Mais uma vez, a dupla Chris Rörland e Tommy Johansson nos exibem solos cheios de melodia para que no final, aos gritos de "Sabaton... Sabaton..." o vocalista pronuncie: "Obrigado Limeira!!!" em português, sinal que ele estava tão entusiasmado quanto cada um nós.

    Bastante comunicativo, Joakim Brodrén comenta sobre a próxima música e pergunta se estamos com eles, e com acalorada resposta, brada o título da seguinte, que foi a veloz 40:1 do The Art Of War, como sempre executada com a 'precisão cirúrgica' dos ataques sonoros certeiros do Sabaton. E não tinha como ficar parado, a vibração que os suecos passam a cada instante é muito grande e se alastrou por todo o Bar da Montanha, seja nos competentes riffs de guitarras, nos vocais ou nas interações que eles realizam, sempre estando na ponta do palco.

    Enquanto ouvimos a introdução nos samplers da canção chamada Diary Of An Unknown Soldier, onde só o baterista Hannes Van Dahl ficou em seu posto de comando, nós percebemos que viria mais uma emblemática composição do Sabaton, e outra do novo trabalho The Last Stand com a The Lost Battalion narrando os fatos sobre um batalhão perdido em Argonne na França em 1918 em plena I Guerra Mundial em uma das batalhas que foi considerada uma das mais sangrentas da história. Além do andamento mais cadenciado, o que impressiona é a forma que eles cantam seus versos em coro trazendo os fãs mais próximos do show.

    E mantendo a adrenalina em alta em meio à muitas palmas dos fãs, Joakim Brodén interpreta com muito feeling e se entregando 100% a cada música e desta forma tivemos a Far From The Fame ( do Heroes, o penúltimo de estúdio lançado em 2014 ) e na hora dos solos, Tommy Johansson chefiou as seis cordas de forma brilhante. Sempre ovacionados pelos fãs, o vocalista comenta que a próxima é sobre os Samurais com a Shiroyama, outra do novo The Last Stand, onde tanto Joakim Brodén pula em sua execução, quanto nos fez também pular regendo o vigor da plateia o tempo todo.

Os Melhores

    Sempre brincalhão, Joakim Brodén comenta sobre a Atlas Rise, que é uma das novas músicas do Metallica, banda que ele se declara fã tal como nós, porém, é interrompido por uma pessoa da plateia que exclama: "Sabaton is better!!!" e consegue mais sorrisos dele. Desta forma, o vocalista, agora com uma guitarra nas mãos toca um trecho de And Justice For All da banda americana e canta seus versos ( alguns ) à capela efervescendo ainda mais a galera para terminar este momento de recreação entre as tropas ao anunciar a Resist And Bite, a segunda das cinco do Heroes que eles apresentaram nesta noite e seu estilo conquistou os fãs, que cantaram seus versos com o Sabaton comprovando a aceitação alcançada no país.

    Aliás, a forma cheia de eletricidade que esta música contém é praticamente impossível ouví-la e não ser infectado por suas melodias, e no caso de uma apresentação ao vivo como esta no Bar da Montanha então, aí meu amigo(a), não tem jeito tem que pular, socar o ar, cantar e gritar os "hey...hey...hey.." nos solos de guitarras.

    Outro ponto que ajuda essa reciprocidade entre banda e plateia reside no fato que todos os membros do Sabaton se movimentam bastante pelo palco, quase que sem possuírem uma posição fixa e não demonstram um momento sequer de diminuição de sua voltagem.

    Aos sons de assovios ( sampleados ), que são suplantados pelos encorpados solos de guitarras da entrosada dupla Chris Rörland e Tommy Johansson e com ares de hino muito sintomáticos vibramos novamente e freneticamente com To Hell And Back do Heroes, pois, esta música contém momentos dramáticos daqueles que fixam na memória e que nos farão lembrar deste show do Sabaton em Limeira por muito tempo. Quando os assovios reaparecem... uma eclosão muito grande de palmas dos fãs misturadas à uma sucessão "hey...hey..." acompanham aos músicos nesta canção que é sobre Audie Murphy, um dos veteranos americanos mais condecorados da II Guerra Mundial.

Investida aérea

    Retornando ao Carolux Rex tivemos a introdução Dominium Maris Baltici tocada nos P.A.'s e na sequencia a pesada e altamente melódica Lion From The North, que fez muitos 'banguearem' ao sentir o seu poder bélico. Joakim Bodrén a cada música mostra o poder de suas cordas vocais, seja nas mas aceleradas como esta ou nas mais cadenciadas, além de saber liderar a plateia para que esta compartilhe a emoção de cada momento do show, como por exemplo neste caso, que ele mesmo bateu palmas em um trecho, gesto acompanhado pelos demais músicos e obviamente, pelos presentes no Bar da Montanha.

    Antes de tocarem mais uma do novo trabalho, Joakin Bodrén conversa com os fãs novamente e nos traz uma composição sobre a Batalha de Viena, onde a capital da Áustria foi sitiada pelo Império Turco Otomano e com bravura os Habsburgos impediram o avanço dos turcos na Europa. O mais interessante é que vendo a atuação dos músicos no palco durante Winged Hussars nos sentimos parte da história que é exibida na canção, pois, eles conseguem transportar para o período histórico em questão seja no ritmo ou na melodia que é exposta.

   Em uma repentina pausa, onde eles aproveitam para tomar uma água ou uma cerveja para saciar um pouco do calor que estava nesta terça, antes de voltarem aos seus postos de combate ouvimos as sirenes de ataques aéreos - que sempre causam enorme temor - mas, neste caso serviram para nos bombardear com uma verdadeira sonzeira presente nas notas Power Metal de Night Witches, outra do Heroes e vale uma curiosidade, esta é sobre o 588º Regimento de Bombardeiros da Noite da União Soviética formado exclusivamente por mulheres que lutaram contra o Exército Alemão Nazista e ficaram conhecidas como "As Bruxas da Noite". 

    E a investida no Bar da Montanha realizada com tanta categoria pelo Sabaton não poderia acarretar outro resultado, senão, um enorme prazer ao ver seus solos e vocais de perto ( sempre em muitas partes cantados em coro por eles ).

A cobra vai fumar...

    A expressão que nós brasileiros conhecemos desde pequenos foi originada por conta da fala do presidente Getúlio Vargas, que disse: "É mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na Guerra."  e se tornou o símbolo da Força Expedicionária Brasileira, sendo que dos 25.000 enviados, 450 não voltaram ao Brasil e a história real de três soldados brasileiros em plena II Guerra Mundial em Montese na Itália, que lutaram sozinhos até a morte contra um enorme contingente de inimigos alemães e obtendo o respeito deles ( inclusive colocaram uma cruz nos seus túmulos além da inscrição "Drei Brasilianische Helden" - três heróis brasileiros ) é preciso incluir este fato nesta matéria, pois, muitas vezes nós brasileiros não respeitamos os nossos verdadeiros heróis.

    E ao contar esta história para o público ( de forma resumida... é verdade ) Joakin Bodrén pega uma bandeira brasileira exibe para nós e é saudado por todos e então, do Heroes, o revigorante hit Smoking Snakes foi tocado com toda a perfeição para delírio dos fãs, que viram Joakin Bodrén enrolar a nossa bandeira em seu corpo como se fosse um super herói, naturalmente demonstrando sua imensa admiração pelos pracinhas Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Baeta da Cruz e Geraldo Rodrigues de Souza, homenageados nesta música com direito a palmas do vocalista e um solo sensacional dos guitarristas.

    Como já é um costume de Joakim Bodrén nos shows do Sabaton ( agora sem seus óculos escuros ), antes da última música ele informa que tem duas notícias para nos dar... uma boa e a outra ruim, a ruim é que o tempo do show está encerrando, já a boa é que eles não vão esquecer de nós e que voltarão para dividirem novamente estes fantásticos momentos conosco.

    Festejado, ele pede para que pulemos ( como se fosse necessário pedir ) na brilhante Primo Victoria ( título do primeiro cd de estúdio de 2005 ) e novamente cantamos seu refrão extasiados com o Sabaton, além de socar o ar e aplaudir quase incessantemente no andamento da música.

    Nos momentos finais deste sublime contato com o Sabaton, que para muitos foi o primeiro de vários outros ( tal como meu caso ), os músicos distribuem palhetas, baquetas e saúdam os fãs ao som de Dead Soldiers Waltz e Masters Of The World executadas nos P.A.s do Bar da Montanha. Final digno para uma apresentação irretocável, onde nem percebemos o passar do tempo pela tamanha nobreza que os cinco comandantes do Sabaton demonstraram no palco.

Triunfo e glória

    Nesta Batalha por Limeira todos saíram vitoriosos, pois, nós fãs tivemos uma apresentação que posso resumir como sendo empolgante, poderosa e animada em cada um dos 80 minutos de duração do show do Sabaton, saiba porque: os músicos pelo calor, energia e agitação recebidos de sua tropa ( ou plateia se preferir, que foi estimada em mais de 400 pessoas ) e aos 'combatentes' mais idosos dos asilos da cidade, pois, pela iniciativa da organização da Circle Of Infinity Produções foram solicitados aos fãs a entrega de um quilo de alimento e segundo informações coletadas na 'central de inteligência', mais de 700 quilos foram arrecadados.

    Na batalha desta noite reinou a paz e a alegria junto a muito Heavy Metal de altíssimo nível dos generais suecos do Sabaton. Que eles voltem mais vezes ao Brasil e à Limeira.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Edson Moraes da Circle Of Infinity Produções, à Claudia e à JeanCarlo da PressRTV pela atenção e credenciamento

Novembro/2016

Set List do Sabaton

1 - In the Army Now (Bolland & Bolland song) / The March to War ( Intro )
2 - Ghost Division
3 - Sparta
4 - Blood Of Bannockburn
5 - Swedish Pagans
6 - Carolux Rex ( Ing )
7 - 40:1
8 - Diary of an Unknown Soldier
9 - The Lost Battalion
10 - Far From The Fame
11 - Shiroyama
12 - Resist And Bite
13 - To Hell And Back
14 - Dominium Maris Baltici
15 - Lion From The North
16 - Winged Hussars
17 - Night Witches
18 - Smoking Snakes
19 - Primo Victoria
20 - Dead Soldiers Waltz/Masters Of The World

Confira uma galeria com 100 fotos do show do Sabaton no Bar da Montanha em Limeira/SP

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