Ricardo Confessori
Manifesto Bar - São Paulo/SP
Quinta, 30 de abril de 2017

    Como boa apreciadora de Rock'n'Roll desde que me entendo por gente, sempre que posso procuro comparecer aos shows nacionais, principalmente para prestigiar, me divertir encontrando amigos, bater um papo e claro ouvir boa música. No dia 30 de abril de 2017 às 23:00 horas, no Manifesto Bar foi uma dessas noites memoráveis, véspera de feriado. Sai de casa muito ansiosa para ouvir a banda do Ricardo Confessori, que iria tocar sucessos do Shaman e Angra, bandas das quais ele já fez parte com a participação do Rafael Bittencourt, guitarrista do Angra e Edu Falaschi, ex-vocalista do Angra e atualmente no Almah.

    A banda de Ricardo Confessori já está atuando algum tempo tocando esses sucessos, mas, eu até então, não tinha tido oportunidade de comparecer em nenhum show, então tudo seria novidade, a formação da banda e atuação no palco. A meia noite e meia, a banda sobe ao palco sob uma música de introdução instrumental, e enquanto vão se posicionando, a ansiedade aumenta, pois, alguns instantes antes do show tive acesso ao set list e enquanto a música tocava já estava com vontade de puxar o coro "começa".

    Estava ansiosa também para ouvir o vocalista da banda, pois, cantar músicas gravadas por Andre Matos não é lá muito fácil, seja pelas notas agudas e super altas, ou pela própria performance dele em palco. Saindo do devaneio desse pensamento escuto os primeiros acordes de Here I Am do álbum Ritual do Shaman ( lançado em 2002 ) com seu riff marcante e esmagador da guitarra de Affonso Jr, a batida cadenciada da bateria de Ricardo Confessori, que me transportou para o show da gravação deste DVD ao vivo do Shaman há 14 anos. Executada com perfeição, seja no baixo de Fabio Carito ou na guitarra de Thiago Oliveira, a música é velocíssima, mas, conta com partes de piano, voz e violino, que infelizmente, não tínhamos todo esse cenário. E eis que ouço então as primeiros versos cantadas por Alax William, que colocou toda sua própria performance na maneira de cantar não deixando nada a desejar, e que voz!

    Logo em seguida, ainda admirada com a banda e pensando - "Nossa como eu pude vim perdendo estes shows?" eles começam a tocar For Tomorrow, também do Ritual do Shaman com um violãozinho juntamente com a flauta peruana ( a flauta de pã ou flauta de pan é um instrumento musical, e o nome genérico dado a instrumentos musicais constituídos por um conjunto de tubos fechados numa extremidade, ligados uns aos outros em feixe ou lado a lado foram denominadas "pã" por associação ao deus grego ). Sempre que ouço essa introdução é muito difícil ficar parada, fiz um esforço sobre-humano para me concentrar apenas em assistir e fazer esta resenha.

    Depois da entrada rasgada da guitarra do Affonso Jr com as batidas da bateria e do restante da banda, em junção com a voz de Alax William, que a essa altura eu já estava encantada em vê-lo cantar, como se não precisasse fazer esforço, começam alguns 'bends' ( é uma técnica utilizada na guitarra na qual levanta-se ou abaixa-se a corda do instrumento para chegar em outra nota ) e o maravilhoso refrão de For Tomorrow leva a todos no Manifesto Bar acompanhar a banda em coro.

    A próxima música é a que mais gosto do Shaman e meu coração dispara quando escuto a introdução de Time Will Come outra do Ritual, que simplesmente perdi a noção e comecei a cantar junto com a banda. Neste momento percebo como o vocalista tem potencial, pois, essa música exige muito de qualquer cantor, é muito alta e cheia de técnicas, a batida da bateria está perfeita, depois da gravação do DVD do Shaman, essa foi a segunda vez que vi o Ricardo Confessori executá-la e juro, deu vontade de invadir o palco e agradecer aos presentes no Manifesto Bar inteiro, que cantaram juntos o refrão delicioso dessa música, que foi de emocionar qualquer um.

    E quando penso que não podia melhorar... me engano ao ouvir Fairy Tale, mais uma do Ritual, sendo surpreendida pela voz de Alax William e novamente queria subir ao palco agora para agradecer a ele. Na sequencia foi a vez da balada Ritual e o canto gregoriano, a letra deslumbrante, o refrão, executada com magnitude, que a banda mostra total entrosamento, descontração e não parecem estar fazendo um show e sim tocando para amigos... como se isso fosse muito fácil.

    Quando começa a tocar Blind Spell ( também do Ritual ) é que se entende a denominação de Metal Melódico, pois, a letra é puro amor e eu chamo de "a canção sertaneja do Metal", eu particularmente trocaria fácil por Distant Thunder ( do Ritual também ), não desgosto... é apenas a minha opinião pessoal do set list, que diga-se de passagem estava perfeito.

    Chega então a vez de Pride ( é o Ritual foi executado quase na integra ), canção essa que no DVD ao vivo Ritualive, Andre Matos canta ao lado de ninguém menos que Tobias Sammet ( do Avantasia e Edguy ), e este fato foi muito bem lembrado por Alax William antes de interpretá-la incendiando novamente o Manifesto Bar com o público delirando e cantando em plenos pulmões.

     Inoccence do Reason ( álbum de 2005 do Shaman ) chega para acalmar os ânimos e é uma música para ser apreciada, pois, foi cantada divinamente e o seu refrão mexe com as emoções, vejo muitos rostos olhando admirados para o palco enquanto a banda toca como se cada um tivesse divagando enquanto Alax William canta, e como canta... canta muito. Novamente fui surpreendida, porque essa música tem um grau de dificuldade extra, pois, as notas vão crescendo e o tom subindo a cada estrofe, mas, tudo sai em perfeita sintonia, que é notável o entrosamento da banda, que vejo como eles apenas se olham e se divertem enquanto proporcionam um espetáculo, mesmo do palco fazem poses para inúmeras fotos que a plateia não cansa de tirar e filmar, enfim, rostos satisfeitos e aprovação da plateia 100%.

    A banda então anuncia um intervalo e pede para o público aguardar que os convidados anunciados Edu Falaschi e Rafael Bittencourt já estão presentes e todos reagem positivamente aplaudindo muito.

    Durante o intervalo dei uma circulada pela casa e pude observar a enorme fila que se formava para tirar foto com Rafael Bittencourt no stand montado para venda de produtos da sua loja ( camisetas, revistas, cervejas, DVD's, cd's etc. eram oferecidos) e também Edu Falaschi tirava fotos ali perto, assim como os integrantes da banda de Ricardo Confessori circulavam no bar atendendo a todos que os abordavam, todos sem exceção muitos simpáticos e atenciosos.

   Aproximadamente quarenta minutos de mais expectativas, a banda retorna ao palco e o vocalista anuncia Edu Falaschi, que demora um pouco a chegar ao palco, assim que ele sobe é cumprimentado por todos, ovacionado pelo público, sorrindo como sempre, assume os vocais, esbanjando a velha simpatia de sempre percebo que ele pede para subir o som do microfone e começam a tocar Two Minutes To Midnight, clássico do álbum de 1984 chamado Powerslave do Iron Maiden e volta a inflamar a galera, que canta junto.

     Para mim, a bateria é o coração da banda e estava com as batidas a todo vapor, sendo impecável a performance de Ricardo Confessori tanto que afirmo: admirável vê-lo tocar com tanto vigor e que saudades que eu estava e vê-lo mandar tão bem, me fez lembrar porque sou tão apaixonada pelo Shaman. O solo de Affonso Jr na guitarra é de deixar o queixo cair e foi seguido por Thiago Oliveira na outra guitarra, além de ser acompanhado por Fabio Carito no baixo e pelos agudos de Edu Falaschi, que também não deixaram a desejar e daí se entende porque ele foi a escolha a substituir Andre Matos no Angra, ótima forma, fiquei curiosa para conferir o próximo show do Almah, que é a sua banda.

    Rafael Bittencourt é anunciado e sobe ao palco aclamado prontamente pela plateia que ansiava vê-lo, após breves cumprimentos entre todos começam a tocar Nova Era do disco de 2001 do Angra, o Rebirth. Sim, com três guitarristas no palco, o público vai a loucura ( saindo um pouco do 'script', pois, essa música nem estava no set list, porém, quem achou ruim? Ninguém né..., pode apostar... não vi ninguém sem cantar junto com toda a banda, improvisos inesperados assim, são excelentes podem continuar, façam sempre, tocar algo que não está no set ou uma formação inesperada ). A dupla Edu Falaschi e Rafael Bittencourt juntamente com Ricardo Confessori e sua banda erguem a galera, o refrão virou uma só voz com todos cantando juntos... banda e plateia, enfim, é lindo se se ver.

    Após muitos aplausos e agradecimentos à sua participação, Edu Falaschi deixa o palco, mesmo com a galera pedindo bis e muitos outros sucessos do Angra. Em seguida, Rafael Bittencourt se posiciona e para minha surpresa, o set é invertido e começam a tocar Intro - Nothing To Say do cd de 1996 intitulado Holy Land do Angra, e particularmente gosto muito dessa canção, justamente pela energia que ela traz, a introdução de guitarra e bateria é um conjunto delicioso de se ouvir, as 'bangeadas' da banda em conjunto ou separadamente fazem o público 'bangear' com eles e também cantar pular, enfim, é muito enérgica e o coro do refrão faz todos soltarem a voz.

    Eis que a segunda música esperada ( por mim ) do set... Make Believe, também do Holy Land  do Angra e se inicia a balada mais perfeita ( aquela que você respeita pela grandiosidade da composição, arranjo, o melhor falsete de todas as músicas ). Hora de dar aquela acalmada no espírito e Rafael Bittencourt inicia tocando e cantando, porém, Alax William retorna ao palco e também finaliza cantando, nesse momento eu que não sou muito fã de ver essa música cantada por outra pessoa que não seja o Andre Matos, admito fiquei maravilhada com a performance e reconheço foi executada com maestria.

    Rafael Bittencourt com sorriso nos lábios, também deixa o palco agradecendo a oportunidade de fazer parte da festa muito aplaudido pelo público feliz, em vê-lo em ação, a banda agradece sua participação, assim como a de Edu Falaschi e retomam o set com a linda Silence And Distance ( outra do aclamado Holy Land do Angra ), que teve o início lento apenas com um piano ao fundo, entretanto, repentinamente, ela ganha peso e um vocal mais agressivo, que Alax William faz com muito vigor levantando a galera mais uma vez.

    E chegara a vez da deliciosa Lisbon, registrada em 1993 no cd Fireworks do Angra, que é uma música mais calma, a introdução com a batida da bateria é maravilhosa tendo em seu refrão um forte peso das guitarras, a mesma termina com um lindo solo de guitarra levando todos a erguerem os braços a pedido da banda e batem palmas em conjunto. Passando a bola para Angels Cry, hit e título do primeiro cd do Angra de 1993 deu para sentir que ela possui uma grande parte instrumental, muito boa por sinal, também traz uma obra de músicos eruditos, apesar da bateria ficar evidente nessa música, eu acho o começo dela meio chato, começo a gostar dela na segunda parte, mesmo com o peso inicial e marcante da guitarra não sou muito fã do início. Então, Ricardo Confessori nos presenteia com seu solo de quase cinco minutos dos deleitando com as batidas forte, do coração da banda e ao término arremessa suas baquetas para plateia, que pula para pegar.

    A banda aproveita para dar uma respirada e logo volta a se posicionar para o bis, que começa com a Intro - Carry On, outro sucesso implacável do Angra no Angels Cry e a clássica e mais famosa canção... é quase impossível conhecer alguém que não conheça ou goste desta música. Após a introdução, a velocidade, melodia e empolgação invadem o ambiente.

    Êxtase total e chega a hora da última música tocada que foi a Turn Away ( do cd Reason do Shaman ), a canção de riffs mais diretos afinação mais baixa ( interpretada por Andre Matos ) em exibição mais rasgada na voz de Alax William soa agradabilíssima aos ouvidos. Assim, se encerra o show com a banda muito aplaudida pelo público, que me pareceu bem satisfeito, pelos comentários que pude ouvir, enquanto circulava e cumprimentava alguns amigos e a banda pelo espetáculo.

    Fui 'tietar' Ricardo Confessori e Rafael Bittencourt ( Edu Falaschi eu já tinha 'tietado' quando ele chegou ao Manifesto Bar e fui bem recebida por ele ) com muita simpatia posaram para fotos e receberam meus aplausos. Apresentada ao vocalista Alax William conversamos muito sobre todo o show e tudo que rolou, saímos do Manifesto Bar quase oito horas da manhã de tão bom que estava o papo ( sei que foi só o primeiro de muitos ). Pude conhecer um pouco mais sobre sua trajetória e história de vida e carreira, fui apresentada também a sua esposa Viviane ao seu amigo Herbert e assim ficamos ali a perder a hora de ir embora com Lirian Beretta e Lênin Zanovelli, que me fizeram companhia na hora do show e só tenho a agradecer e também ao Dener Ariani, que concede as fotos para essa resenha.

    Agradeço a oportunidade de a cada show conhecer pessoas que fazem a diferença e acrescentam algo de especial a minha trajetória devida, me inspirando a escrever. Ao Ricardo Confessori fica minha gratidão, admiração e aplausos pela formação e escolha dos músicos competentes, que fazem parte deste time, que fizeram um espetáculo para não ser esquecido, como essa noite memorável, irei com certeza em mais apresentações sempre que for possível para prestigiar.

Para conferir um pouco do que rolou e chorar por não ter comparecido:
Nova Era: https://www.youtube.com/watch?v=ylCJMUAno64
Ricardo Confessori - Solo Bateria: https://www.youtube.com/watch?v=o7NjlKJlJnw
Two Minutes To Midnight: https://www.youtube.com/watch?v=2cUIwk0Ywag

Agradecimentos
Texto: Julianna Jordão
Alax William - obrigada pelo carinho que me recebeu e abriu um pouco da sua intimidade ( Viu? Não judiei/bati em você na resenha ).
Viviane Monteiro - vocalista da Murphy Monkeys ( simplicidade e carisma maior não existe ).
Herbert Loureiro - pelas hilárias histórias ).
Lênin, Lirian e Dener pela companhia.
Andre Souza ( gerente do Manifesto Bar ) pelo credenciamento e carinho de sempre.
Fotos: Dener Ariani
Maio/2017

Set List
1 - Here I Am
2 - For Tomorrow
3 - Time Will Come
4 - Fairy Tale
5 - Blind Spell
6 - Pride
7 - Inoccence
8 - 2 Minutes To Midnight
9 - Nova Era
10 - Intro - Nothing To Say
11 - Make Believe
12 - Silence And Distance
13 - Lisbon
14 - Angels Cry
15 - Intro - Carry On
16 - Turn Away

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