|
VIII
Rock In Lago
Com: Six No Rusty,
Ethos e GearBox
Lago Municipal de Jacutinga/MG
Domingo, 19 de agosto de 2017
Depois do espetacular
e marcante show do Nenhum de Nós no sábado (
relembre como foi ), para o domingo
estavam escaladas várias bandas da região para o
encerramento do VIII Rock In Lago em Jacutinga/MG e
novamente fui para a cidade mineira para acompanhar um pouco
das várias bandas que se apresentaram por lá, em especial, o
Six No Rusty, o Ethos, o GearBox e
parte final do Stoned Bulls, que somadas as demais tornaram o
evento mais Underground. Entretanto, ao contrário da noite
anterior, o público foi bem menor, o que foi uma pena, pois,
tivemos um belo domingo de sol e com uma galera no palco
bastante animada. E assim como nos dias
anteriores, foi solicitado 1 kg de alimento aos visitantes
do evento, que contribuíram espontaneamente.
Quem chegou
logo no início da tarde do
domingo assistiu ao show do Dialética de Andradas/MG e
também ao show do Stoned Bulls, banda de São João da Boa
Vista/SP, que começou como um cover do Pantera e um tempo
depois partiu para composições próprias, sendo que algumas
exibidas fazem parte do seu primeiro trabalho intitulado
como Good For Shit ( 2016 ), além é claro, de alguns covers
de nomes que influenciaram o quarteto formado por Gabriel
nos vocais, Victor Pacheco na bateria, Eduardo Mourão
no
baixo e André Guimarães na guitarra. Aliás, quando adentrei
ao Lago Municipal, o Stoned Bulls estava praticamente
encerrando o seu show.
|
|
GearBox
O Power Trio de Vargem
Grande do Sul/SP chamado GearBox chegou de mansinho no palco do
VIII Rock In Lago e preparou um set com covers e algumas
composições próprias. Porém, quem chamou a atenção no show
não foram os músicos, mas sim um instrumento conhecido como
Cigar Box, que o vocalista e guitarrista Davi Urbano
viu na
Internet alguns vídeos e resolveu montar uma versão do mesmo para a
banda. Este instrumento diferente surgiu nos Estados Unidos
durante a grande depressão de 1929. A formação é completada pelo
baixista e também vocalista
Chico Malagutti e o
baterista Vinicius Monteiro e seu nascimento aconteceu no ano de
2015.
E em uma pegada vibrante
de Rock, Classic Rock e Blues, o GearBox iniciou seu show com a
eletrificada composição própria I Don't Know Why You Said Goodbye
em que eles capricharam nos solos da curiosa Cigar Box
configurando um ar que misturava Stoner com Psicodelismo
vocalizado de forma despojada e claro... muita energia enviada
para nós na plateia. A segunda também contou a Cigar Box, era
autoral e seu nome é Now I Can See The Light nos passando uma
atmosfera voltada para um Blues de acordes pesados que caminham
para um formato mais viajante relativamente na pegada da
primeira música exibida, porém, com linhas onde deixam a música
fluir livremente.
Na sequencia, o
GearBox partiu para um medley com as músicas Vampiro Doidão
( do Tukley ), Sweet Home Chicago ( do Robert Johnson
) e Canceriano Sem
Lar ( do Raul Seixas ), onde o lado Blues ficou enfatizado e deu
para perceber que eles adicionaram uma dosagem de peso
considerável em sua execução. E para quem conhecia estas três
músicas foi um momento de grande alegria, afinal, Raul Seixas
acaba sempre lembrado nos shows, mas, o avô do Rock Robert
Johnson não... e um Blues dá sempre um prazer extra em curtir ao
vivo.
|
Chico Malagutti
começa em
seu baixo os toques de Seven Nation Army do The White Stripes
que foi repleta de solos de guitarra feitos por Davi Urbano, que deram
outra roupagem na música. Em seguida, eles nos surpreendem com o
clássico do Blues Going Down, que foi criado pelo inigualável
Freddie King e aí meu caro leitor(a)... tome solos
ferventes da guitarra feitos por Davi Urbano. Nesta linha setentista que deixa seu
show voltado ao bom Rock'n'Roll, o GearBox dispara a sua versão de
Foxey Lady do mestre Jimi Hendrix e a cantaram com a devida
eficácia. Inesperada pelo set promovido pelo Trio, mas, sempre
lembrada pelas bandas que tocam 'na noite' dos bares de Rock da
região, Pyscho Killer do Talking Heads também foi executada em
um formato mais largado e 'guitarrístico' da banda, com direito até a
algumas distorções e acelerações.
Muito conhecida nos anos
90 por ter sido regravada pelo Guns'n'Roses, Knockin' On Heaven's Door
também fez parte do show do GearBox, mas, seja pelos vocais de
Davi Urbano ou pelo jeito que mostraram a música neste
VIII Rock
In Lago ficou mais parecida com o formato original, ou seja, com a cara
de Bob Dylan. Eles agradecem o público e o convite para
participarem do festival para então finalizarem com Another
Brick In The Wall Part I e Part II do Pink Floyd
em que eles
alongaram os solos de guitarra significativamente, bem como a
base de baixo e bateria. Ainda não conhecia o GearBox, mas,
fique sabendo assistir a um show deles é uma ótima experiência.
Set List do
GearBox
1 - I Don't Know
Why You Said Goodbye
2 - Now I Can See The Light
3 - Vampiro Doidão // Sweet Home Chicago // Canceriano Sem Lar
4 - Seven Nation Army
5 - Going Down
6 - Psycho Killer
7 - Knockin' On Heaven's Door
8 - Another Brick In The Wall Part I & II
|
|
|
Ethos
A
segunda banda que acompanhei neste terceiro dia do VIII
Rock In Lago foi o Ethos, um quarteto de
Jacutinga/MG formado por Junior Moraes nos vocais,
Vinícius Castro no baixo, Thales Grossi na guitarra e
Igor Junho na bateria, que veio com uma proposta ousada em
sua participação no festival: exibir apenas músicas
próprias, que antes de prosseguir esta resenha já cravo aqui...
merecem serem registradas em um álbum, pois, são um Rock'n'Roll
devidamente derretido em Blues e Psicodelia.
Antes do vocalista
assumir seu posto, os outros três membros da banda realizaram
uma canção instrumental nomeada como Abertura, cujas
ótimas melodias deixaram claro a proposta que o Ethos estava
querendo nos mostrar neste começo de noite, que pouco depois se
ligaram na Ao Deus Desconhecido, já com a presença do vocalista,
que cantou seus versos em português, o que marcou outra
característica importante dos mineiros, pois, o comum seria que
eles cantassem em inglês. E entre um verso e outro pudemos
sentir os longos solos com alguns prolongamentos feitos pela
trinca de baixo, bateria e guitarra.
A terceira da noite foi a
Jacutinga Blues,
que é naquele ritmo mais tradicional e acalorado do Blues e o
vocalista Junior Moraes além de cantar bateu seu pandeiro de
certa forma convocando a participação do público, que observou
atentamente a atuação do Ethos no palco. O bacana é que eles
fornecem oportunidades para que o guitarrista Thales Grossi
possa brilhar nos solos e isto em Blues é sempre formidável
quando acontece. Antes de prosseguir o vocalista agradece os
aplausos, fala que são o Ethos e avisa que nesta oportunidade
vão apenas tocar o som autoral, que amam Iron Maiden, Raul
Seixas e tantos outros para complementar dizendo: "espero que
vocês curtam, que vocês gostem, que vocês tenham a mente aberta,
vamos lá galera!!!" Assim, de ares mais modernos tivemos
Réquiem,
que é uma Blues Rock dotado de um bom estilo dançante.
|
|
Depois,
o quarteto toca a Oração Pagã, que é detentora de boas
viagens Psicodélicas e voltada mais para um claro flerte com o
Stoner, isso por conta do vocalista Júnior Moares cantar
introspectivamente e o guitarrista Thales Grossi
garantir seus ácidos solos de suas seis cordas. Veludo
Azul prosseguiu o show do Ethos entre ótimos solos e
um andamento mais distante. Eles continuam com o Blues Rock
Tempestade e Fúria, que já inflama logo nas primeiras notas,
pois, são de um feitio onde sente-se suas empolgantes linhas
instrumentais e seus vocais com um certo toque de sarcasmo
lembrando do nosso aclamado Camisa de Vênus.
O vocalista comenta sobre
o processo eleitoral e os riscos que isso representa ( que na
época do show estava começando mais diretamente ) dizendo que a
próxima música é diretamente sobre isso, e desta forma o Blues
mais lento de 15 Anos toma conta do VIII Rock In Lago. Mas, não
posso deixar de enaltecer a voltagem aplicada por Thales Grossi
em seus longos solos de guitarra sempre amparados pela eficaz
cozinha de Vinícius Castro no baixo e Igor Junho na bateria, que
por toda a eletricidade percebida posso considerá-la como a
melhor do show.
|
Calmo, o vocalista
agradece as palmas e informa que na última música do show, a
Encruzilhada, teremos um Baião Psicódelico, que surge nos toques
do baixista Vinícius Castro e em seguida caminha desta maneira
nos fazendo prestar atenção na atuação da banda, até porque eles
percorreram por linhas um tanto que sinistras, que lembram um
The Doors e obviamente, prolongaram um pouco mais mantendo
o clima desta música até o momento em que encerraram o show,
após o vocalista apresentar cada um de seus companheiros de
banda.
Por fim, o
Júnior Moraes novamente nos agradece e também
aos organizadores do VIII Rock In Lago. Enfatizo
os parabéns ao Ethos pela
ousadia em tocar apenas composições próprias no festival e
melhor ainda que foram todas ótimas músicas, que me chamaram a
atenção positivamente, tanto que depois do show em conversa com
o vocalista Júnior Moares o questionei quando seriam
registradas estas músicas para um possível lançamento em cd e
este ficou deveras contente, mas, a resposta, infelizmente, não
depende apenas da vontade da banda, pois, todos sabemos das
dificuldades enfrentadas por quem está no Underground do
Rock no Brasil.
Set list do Ethos
1 - Abertura (Instrumental)
2 - Ao Deus Desconhecido
3 - Jacutinga Blues
4 - Réquiem
5 - Oração Pagã
6 - Veludo Azul
7 - Tempestade e Fúria
8 - 15 Anos
9 - Encruzilhada
|
|
|
|
Six No Rusty
A banda andradense
Six No
Rusty era uma das mais aguardadas deste domingo, pois, assim que
Alencar Moraes nos vocais,
Rafael Galo nos teclados,
Marcos Adriano e
Rodrigo Pardal nas guitarras e backing vocais,
Everton Negão no baixo e
Fernando Feijão na bateria começaram o seu show, as pessoas que
não estavam muito por perto do palco foram para as proximidades e
participaram mais intensivamente da apresentação, também pudera,
o repertório do sexteto é composto de clássicos máximos do Rock
e Heavy Metal, que todos conhecemos e crescemos ouvindo ao longo
dos anos.
A primeira banda clássica
do Rock relembrada pelo Six No Rusty foi o AC/DC com a empolgada
versão de Hells Bells, que puxou o público mais próximo do palco
para conferir os ótimos solos de guitarras da dupla Marcos
Adriano e Rodrigo Pardal. Logo após, o vocalista Alencar Moares
nos saúda com um "rápido boa noite... obrigado!!! vamos fazer um
outro som aqui..." para que os conhecidíssimos riffs de
Welcome To
The Jungle do Guns'n'Roses ecoassem pelo palco do
VIII Rock In
Lago em nossa direção e reviver a magia que esta banda de Hard Rock possui é
sempre válido em qualquer lugar e que agitou bastante o
público. Essa energia prossegue com Come On Feel The Noise
do
Quiet Riot, canção que faz parte da infância de muita gente e
que foi cantada com muita garra por Alencar Moraes levando
muitos participarem em seu refrão.
Tão animados no palco
quanto nós na plateia, o Six No Rusty continua seu show com a
balada I Remember You do Skid Row e o vocalista convoca a galera
para cantar junto demonstrando seu carisma no palco, o que acaba
acontecendo, afinal, esta música foi um grande sucesso nos anos
90 e a maioria de nós ouviu também exacerbadamente. Um dos
presentes grita: "toca Journey" e o vocalista responde:
"Boa
Pedida!!!", mas é com I'm Want It All do Queen
que eles dão
sequencia ao seu show e sempre mantendo o nível Hard'n'Heavy de
seu set list. Notadamente contente, Alencar Moraes apresenta o
tecladista Rafael Galo e eles iniciam um dos grandes hinos dos
anos 80: The Final Countdown do Europe, que foi imensamente
executada nas rádios e ainda hoje se você ainda ouvir uma FM...
perceberá que ela faz parte da sua programação.
|
|
Alencar Moares
conversa
com a plateia dizendo: "qual foi o som que vocês pediram agora
pouco mesmo?... Journey?!?" Com a deixa enviada a marcante
Separate Ways em uma versão mais Heavy foi tocada pelo
Six No
Rusty com direito a solos mais longos da dupla de guitarristas e
vários agudos do vocalista, que antes da próxima comenta sobre
aquela velha discussão de som autoral e bandas cover e a
importância de cada uma para o Rock, e assim Flight Of Icarus
do
Iron Maiden foi exibida em uma versão destacando os toques
feitos pelo baixista Everton Negão e este sucesso dos lendários
ingleses praticantes do Heavy Metal nos colocou para pular assim
como Detroit Rock City, canção criada pela dupla Gene Simmons
e
Paul Stanley do KISS em uma versão cheia de calor por conta de
seus solos de guitarras.
Sem delongas eles emendam um hit no
outro, pois, Rock and Roll All Nite, outra do KISS que é para
levantar a galera seja nas palmas ou nos socos no ar. Contente,
o vocalista agradece a todos nós, à organização e a todos os
envolvidos neste VIII Rock In Lago nos deixando a certeza de que
fizeram um ótimo show, que a única coisa que poderíamos reclamar
era que acabou, mas, não era possível ser maior, afinal,
restavam ainda mais três bandas na maratona musical deste
domingo e o tempo já estava consideravelmente curto para isso.
|
|
|
|
Set List Six No Rusty
1 - Hells Bells 2 - Welcome To The Jungle
3 - Come On Feel The Noise 4 - I Remember You
5 - I'm Want It All 6 - The Final Countdown 7 - Separate Ways 8 - Flight Of Icarus
9 - Detroit Rock City 10 - Rock and Roll All Nite
|
|
Barbaria
Depois do
Six No Rusty
chegara a vez da participação do Barbaria no festival e
particularmente eu tinha uma grande dúvida... como seria um show
do Barbaria após as modificações em seu line-up,
que manteve os irmãos Draco Louback nos vocais e Marcelo Louback
na guitarra,
Ricardo Guariento no
baixo e Fernando Piaseck na bateria ( convidado para
este show ).
Digo isso, porque antes eles tinham uma temática mais voltada ao
que podemos chamar de Pirate Metal e eram uma das únicas bandas
do estilo no Brasil chegando inclusive a lançar o ótimo álbum
Watery Grave (
leia resenha ) e fiquei sabendo que haviam mudado
sua proposta para uma linha mais Heavy Metal abrangendo outras
influências.
A resposta para esta pergunta eu só
poderei conhecer em uma outra oportunidade, pois, dois fatores
incidiram diretamente e foram motivadores para que fossemos
embora antes do final do show: o horário avançado ( já eram mais de 22
horas e no dia seguinte a maioria dos presentes necessitavam
acordar cedo ) e o frio ( que aumentou fortemente e
rápido ).
Ainda assim deu tempo para conferir a Balls To The Wall do
Accept e a própria Watery Grave, canção que imaginei que não
fossem tocar mais pelas mudanças de orientação na sonoridade da
banda. Entretanto, espero que em uma futura oportunidade eu
possa acompanhar um show completo do Barbaria para saber quais
caminhos eles vão trilhar no futuro com seu novo line up.
Johnny Joe e
Sound Rateio
As bandas
Johnny Joe e Sound Rateio de Espírito Santo do
Pinhal/SP, que seriam as próximas a se apresentarem no
VIII
Rock In Lago provavelmente tiveram seu tempo de palco encurtado
e tocaram para poucas pessoas, afinal, como mencionei acima, não
tive condições de esperar até o término do festival, e aí
gostaria de frisar aqui: mesmo sendo interessante e importante
conceder uma oportunidade como esta em um ótimo palco, se torna
necessário repensar o evento como um todo e diminuir o
número de bandas do domingo ou distribuí-las no sábado, pois, um
pequeno atraso como ocorreu prejudica todo o andamento do evento.
Entretanto, o saldo final foi mais um dia de muito Rock'n'Roll e
mais um grande Rock In Lago em Jacutinga/MG, que valeu
principalmente pelo raríssimo show do Nenhum de Nós em uma cidade
próxima de Espírito Santo do Pinhal/SP e região no dia anterior.
De
qualquer forma, temos que parabenizar o Rodrigo Tuiaya,
à Prefeitura Municipal de Jacutinga/MG e a todos os envolvidos
neste VIII Rock In Lago por acreditarem na cena
Rock'n'Roll de nossa região mantendo a chama viva no interior
mineiro, além de juntos propiciarem um evento desta
grandeza e com um cunho social. Continuem firmes para o IX
Rock In Lago em 2019 seja outro sucesso.
Texto e Fotos:
Fernando R. R. Júnior
Novembro/2018
|
|
Voltar para Shows