Edu Falaschi - Temple Of Shadows In Concert
Sábado, 04 de maio de 2019
no Tom Brasil em São Paulo/SP

Espetáculo único e sem igual no Power Metal Brasileiro

    Em julho de 2017, o aclamado vocalista brasileiro Edu Falaschi iniciou o projeto Edu Falaschi Rebirth Of Shadows que teve por objetivo relembrar das principais canções que gravou à frente do Angra, banda que foi vocalista entre 2001 e 2012 e que gravou os álbuns Rebirth ( 2001 ), Hunters And Prey ( 2002 ), Rebirth World Tour: Live in São Paulo/SP ( 2002 ), Temple Of Shadows ( 2004 ), Aurora Consurgens ( 2006 ) e o Aqua ( 2010 ).

    Como o projeto foi um sucesso de público no Brasil e por vários países do mundo, em 2019, Edu Falaschi elevou o nível de ambição e nos trouxe uma turnê comemorativa dos quinze anos do formidável álbum Temple Of Shadows, onde a cada data executaria todas as suas canções na íntegra e também alguns outros sucessos de seus tempos no Angra, sempre com convidados especiais por onde se apresentou e com a presença de um quarteto de cordas ou mesmo uma orquestra garantindo a certeza de um show realmente diferenciado do costume.

    A data em São Paulo/SP no sábado dia 04 de abril foi ainda mais especial, afinal, representou um marco na carreira do cantor e também no Power Metal brasileiro ao unir o maestro João Carlos Martins e a Orquestra Bachiana Filarmônica para a gravação de um DVD ao vivo em que os ingressos se esgotaram rapidamente, pois, o show foi anunciado em setembro de 2018, o que é um fato raro em se tratando de Brasil e em uma casa de shows para 4.000 pessoas como é o caso do Tom Brasil.

    Com o passar dos meses, convidados como Kai Hansen ( Helloween, Gamma Ray e Unisonic ), Sabine Edelsbacher ( Edenbridge ), Michael Vescera ( Yngwie Malmsteen, Loudness e Dr. Sin ), Guilherme Arantes e o maestro Adriano Machado foram sendo adicionados ao show e confirmando que teríamos um espetáculo único e sem igual no país. E isso sem considerar os músicos importantes da banda solo de Edu Falaschi, sendo eles: Roberto Barros e Diogo Mafra nas guitarras, Raphael Dafras no baixo e outros dois históricos integrantes do Angra na época e que participaram das gravações do Temple Of Shadows: Aquiles Priester ( bateria ) e Fábio Laguna ( teclados ).

    Após o meu rápido credenciamento pude notar que o Tom Brasil estava mesmo tomado pelos fãs e que seria uma noite realmente marcante, antes mesmo da banda subir no palco. Antes do magnífico espetáculo - sim... não é exagero - podíamos ver um gigante 'backdrop' personalizado e estilizado com os temas do álbum Temple Of Shadows, porém, com uma nova capa e com o escrito Edu Falaschi - Temple Of Shadows In Concert, que já dava uma prévia da magnitude a que seríamos expostos.

Introdução

    Os produtores Juninho Carelli e Arthur da Foggy Films subiram no palco primeiro para informar como seriam os procedimentos da gravação do DVD e o que o público deveria fazer durante o processo. Com as dicas fornecidas por eles era só aguardar pelo início do show, que pontualmente às 22hs começou com a Orquestra Bachiana Filarmônica composta por aproximadamente uns trinta membros devidamente regidos pelo nobre maestro João Carlos Martins tocando brilhantemente a Symphony No. 5 do compositor Erudito Ludwig Van Beethoven foi que pudemos começar a arrepiar com o que estávamos assistindo no Tom Brasil.

    Foi uma experiência única logo de cara conferir cada um dos músicos tocando seus instrumentos e toda a performance, sim performance, de João Carlos Martins extraindo o máximo de cada um deles para que a união do Erudito com o Heavy Metal tivesse seu princípio em nossas mentes, porém, neste momento viajamos para mais de 200 anos no passado. No término, o maestro João Carlos Martins todo cortês virou para nós, sorriu, ergueu as mãos e fez um 'joia' para nos saudar.

1º Ato: Temple Of Shadows In Concert

    Depois disso e com a imponente participação de João Carlos Martins e da Orquestra Bachiana Filarmônica tivemos a Gate XIII e a Deus Le Volt!, duas canções instrumentais exibidas pela primeira vez nesta sequencia com todos os violoncelos, violinos, oboés, bateria, flautas, trompetes, enfim, que juntos concederam uma aura mágica à estas composições.

    Gate XIII finaliza o Temple Of Shadows mas foi puxada para o começo junto com Deus Le Volt! e esta junção ficou muito excelente nos deixando com uma enorme sensação positiva para o que viria em seguida, sendo que já era possível perceber um leve coro vindo da plateia, que bateram palmas no ritmo para que logo após as primeiras notas de Spread Your Fire os fãs fossem incendiados de vez, que reagiram gritando ao verem Aquiles Priester na bateria tocando com uma potência gigantesca ( até para os seus padrões ), isso se manteve quando os demais músicos entraram em cena, mas o estouro mesmo veio com a presença de Edu Falaschi ( trajado com uma elegante roupa toda preta ) cantando os seus versos, basicamente...  o Tom Brasil ficou ensurdecedor com os fãs participando a plenos pulmões com o cantor.

    Pensava que logo já em Spread Your Fire teríamos a beldade Sabine Edelsbacher nos backing vocals como no disco, mas, a vinda dela ficou para depois e quem esteve lá foi uma outra backing vocal, sem problemas, porque a eletricidade que esta primeira música passou deixou o público ensandecido e assim que Roberto Barros tocou os primeiros solos de Angels and Demons, a plateia acompanhou o felicíssimo Edu Falaschi nos vocais com a letra na ponta da língua cantando fortemente com ele. Esta música me faz passar um filme na cabeça e me lembrar dos shows que assisti do Angra entre 2005 e 2006, todos da turnê do Temple Of Shadows.

    Nos "hey... hey... hey..." do público tivemos Waiting Silence, que contribuiu para que o fervente caldeirão sonoro do Tom Brasil prosseguisse firmemente e que se não estivesse com o som muito bem regulado... poderia dizer que encobriria tanto a voz quanto os instrumentos. E a presença de palco de Edu Falaschi amplificava nossa euforia, pois, ele estava super a vontade e demonstrando um nível felicidade que talvez só não fosse maior que o nosso, que naturalmente garantiu imagens únicas ao DVD. A dupla de guitarristas Roberto Barros e Diogo Mafra que também se movimentava bastante pelo palco sustentou os solos na melhor linha de seu Power Metal Melódico e Aquiles Priester atingia com firmeza sua bateria para que sentíssemos mesmo sua melodia dentro de nossas células. Quem também registrou uma imagem nesta hora foi o próprio Edu Falaschi com seu celular.

    Aos gritos frenéticos de "Edu... Edu... Edu...", o vocalista nos cumprimenta e nos conta sobre o trabalho que deu produzir um show deste tamanho, que está comemorando os quinze anos do Temple Of Shadows e o vocalista, demasiadamente com um grande sorriso no rosto prosseguiu a conversa com os fãs e concluiu dizendo o título da música seguinte, a Wishing Well, balada que portou um violão de doze cordas e que ficou maravilhosamente exibida nesta noite. Inclusive, parecia que foi ensaiado com os fãs antes, pois, estes cantavam, aplaudiam no ritmo e enviavam uma vibração para o palco que impactou os músicos e certamente impactará você quando assistir o vídeo do show.

Mestre do Power Metal

    A galera atendeu o pedido feito pelos produtores da Foggy Films e gritaram os nomes dos guitarristas até que Edu Falaschi pegar o microfone para chamar o primeiro convidado ao palco, dizendo que ele fez parte do Helloween e do Gamma Ray concluindo com um grito de "Mr. Kaaaai Haaaanseeeen....", que também fala rapidamente com os fãs para então executarem o hino esmagador e rápido The Temple Of Hate em que os dois dividiram os vocais impressionantemente de forma para se guardar na memória e rever várias vezes quando o DVD estiver em nossas mãos, que graças à Orquestra Bachiana Filarmônica recebeu uma 'roupagem' que a tornou ainda mais esbelta. Como também sou muito fã desta música, considero este momento como um dos mais inesquecíveis do show, somente não maior que um que será abordado mais abaixo nesta matéria.

    Nos toques de violão feitos por Roberto Barros, sem tempo para pensar tivemos a The Shadow Hunter acompanhada nas palmas com direito a Edu Falaschi portar um belo chapéu e um sobretudo, ambos pretos, com a clara intenção de caracterizar o personagem principal da história do álbum Temple Of Shadows. E a interpretação de Edu Falaschi para esta música nesta noite no Tom Brasil foi literalmente de gala, com direito ao coro dos fãs e muita aplicação de cada um dos músicos no palco, sejam da banda dele ou da orquestra.

Uma Diva entre os feras

    Ovacionado e com mais berros de "Edu... Edu... Edu...", o vocalista nos conta da parceira dele com o tecladista Fábio Laguna, que já dura uns 30 anos e então chama a encantadora Sabine Edelsbacher, que foi intensamente aplaudida pela plateia e Edu Falaschi este comentou "agora o bicho vai pegar..." e anuncia o nome da música que ela cantou no Temple Of Shadows, a No Pain For The Dead com um violão posicionado para que Roberto Barros o dedilhasse no princípio da música e quando chegou o instante em que Sabine Edelsbacher cantou sua parte... nosso contentamento foi imensurável e vale outro depoimento pessoal aqui também... foi por conta desta música e da voz da austríaca, que fui conhecer o Edenbridge e me tornei fã da banda imediatamente.

    Que voz lindíssima ela possui... e que ao ser incrustada com as linhas clássicas comandadas por João Carlos Martins e a Orquestra Bachiana Filarmônica ficaram consideravelmente mais fascinantes. Se já a admirava a sua versão de estúdio, nesta noite com Sabine Edelsbacher diante dos meus olhos pude conferir finalmente a potência de seus vocais e ficar ainda mais impressionado com sua atuação. E a moça com um vestido preto e uma sobretudo roxo demonstrou que estava tão feliz quanto nós antes de sair do palco com sua primeira aparição no Brasil.

Origem

    Antes de continuar o show, Edu Falaschi contou de como surgiu este projeto, que aconteceu após um convite para se apresentar no Peru com o Almah, porém, o contratante queria que ele tocasse apenas as canções dos álbuns que gravou com o Angra, que verdade seja dita... são definidores de sua carreira e ele disse que o 'cara' que chamaria no palco estava por lá também e que lhe disse: "as músicas são dos fãs, e você não pode abandonar os fãs".

    Durante a conversa, Edu Falaschi nos contou que este cara lhe disse que o Roger Hodson mantém a história do Supertramp viva, que Roger Waters que faz o mesmo com o Pink Floyd e até o 'madman' Ozzy Osbourne garantiu que o nome do Black Sabbath nunca saísse de cena, enfim, que ao tocarem as músicas das bandas por onde passaram fazem um sinal de respeito com os fãs e suas músicas e por fim, complementou a fala deste convidado: "pega este legado que você ajudou a construir e faz a sua história, você não está tomando o lugar de ninguém".

    Desta maneira, o vocalista informa que o convidado fez parte da banda de Yngwie Malmsteen e então anuncia: "Mr. Michael Vescera" e com ele no palco fazendo as partes de Hansi Kürsch do Blind Guardian no disco tivemos a pesadaça Winds Of Destination, que ficou tão boa quanto a original no dueto dos dois vocalistas em que a dupla de guitarristas Roberto Barros e Diogo Mafra solou com bravura cada um de seus riffs com direito a alguns agudos muito encorpados de Mike Vescera chamando a nossa atenção e colocando sua personalidade na música.

    Outro convidado que Edu Falaschi chamou ao palco muito animado foi o pianista Thiago Mineiro, que gravou com muitos artistas brasileiros e também o álbum acústico do vocalista. Assim, a formosa Sprouts Of Time tocada no piano de cauda por Thiago Mineiro ganhou ainda mais beleza nos levando ao tempo e ambiente que aconteceu a história do Temple Of Shadows, claro que isso também era produzido em nossas mentes ao olharmos o enorme telão atrás dos músicos com as imagens propositalmente projetadas nele. E olha a música já emociona quando ouvimos no disco, imagina com uma orquestra completa... foi um momento singular.

    Sem delongas, anuncia a Morning Star em que a percussão somada aos toques de Aquiles Priester na bateria e seus riffs lentos de guitarras ganharam palmas enquanto que o lado Progressivo desta canção captura o Tom Brasil entre os vocais mais poderosos de Edu Falaschi, que a despeito do que costuma-se ler sempre em redes sociais está muito bem já há alguns anos, afinal, o músico superou o problema de saúde que passou e se reergueu em sua carreira. Entretanto, não posso deixar de enaltecer os solos de Roberto Barros e de Diogo Mafra nas guitarras, bem como os toques precisos de Raphael Dafras no seu baixo de seis cordas, que reproduziram uma das mais difíceis canções do Temple Of Shadows, onde novamente a presença da Orquestra Bachiana Filarmônica foi deveras importante para que se tornasse ainda mais emblemática.

    Novamente aos gritos de "Edu... Edu... Edu...", o vocalista nos agradece e também a João Carlos Martins, que junto a ele no centro do palco diz: "maestro João Carlos Martins... uma lenda..." e este todo simplório arremata: "a lenda é o Edu... quando ele convidou este velho maestro para este evento... eu falei 'estouuu dentroooo'" para serem ovacionados pelo público. Edu Falaschi estava se segurando, pois, as emoções estavam tomando conta dele e convidou o cantor e pianista brasileiro Guilherme Arantes, que ficou com a responsabilidade de cantar a Late Redemption, que nos contou que estava muito feliz e que era uma honra muito grande para ele cantar a - segundo ele - "obra prima deste disco" em que teve a responsabilidade fazer as partes do Milton Nascimento.

    E Guilherme Arantes - monstro sagrado da Música Brasileira que é - cantou muito bem cada verso duelando com Edu Falaschi reluzentemente e obviamente, que nós olhávamos atentamente para a atuação dos dois ( e da orquestra ) em um outro momento ímpar deste Temple Of Shadows In Concert, que resultou muitas palmas com o seu nome sendo gritado pela plateia.

MPB e Heavy Metal

    No que posso considerar como o final do primeiro ato, Guilherme Arantes, que já foi membro da banda de Rock Progressivo Moto Perpétuo e da Gang 90 e as  Absurdettes tocou somente com o seu piano dois de seus muitos sucessos em um medley exclusivo com as músicas Meu Mundo e Nada Mais entremeada com Um Dia, Um Adeus, que produziu uma introspecção neste show, que sinceramente, foi uma grata surpresa e totalmente inesperada, pois, se tratam de duas belas canções e que segundo Edu Falaschi nos contou... fazem parte de seu repertório emocional.

    Os mais apaixonados aproveitaram para se abraçarem e os demais relembraram que em um tempo de suas vidas ouviram estas músicas, que foram hits tocados exaustivamente nas rádios ( especialmente, nas AM's ). Finalizado com um "obrigado" e pouco depois, com risos contentes de Edu Falaschi que ficou assistindo de perto a atuação memorável de Guilherme Arantes, o vocalista nos falou que iriam realizar uma pausa.

Segundo Ato: Surpresas Inesquecíveis

    Assim que voltaram ao palco, Edu Falaschi nos informa que encerrou o show que comemora os 15 anos do álbum Temple Of Shadows e chama novamente Guilherme Arantes ao seu piano para cantar uma música que marca o que a humanidade tem feito com a natureza ao causar desastres, destruição e uma enorme falta de consideração com o meio ambiente. Desta maneira, o pianista cantou a belíssima canção lenta Planeta Água, que em sua letra demonstra a importância e o respeito que devemos ter com o nosso planeta e que foi esplendidamente acompanhada pela Orquestra Bachiana Filarmônica regida agora pelo maestro Adriano Machado. Com a intenção de aprofundar a ligação entre a canção e o que ela representa no telão principal eram exibidas imagens de rios, mares, lagos, chuva e de nosso planeta. Em suma, sensacional!!!

    Edu Falaschi, que também estava nesta noite na função de 'mestre de cerimônias' chama o seu guitarrista Roberto Barros e relata que teremos uma 'sequencia brutal', pois, o músico sola sua guitarra em uma velocidade incalculável para que a mistura de Rock com o Erudito aconteça com Summer de Antônio Vivaldi ( canção faz parte do famoso As Quatro Estações ) e ele o fez disparando solos simplesmente fulminantes, que foram conectados à atuação da Orquestra Bachiana Filarmônica terminando em uma aclamação pelos fãs ao gritarem seu nome.

Novas canções

    Quando este projeto solo de Edu Falaschi começou e com músicos deste gabarito sabíamos que provavelmente eles entrariam em estúdio para gravarem novas composições, sendo que isto aconteceu e tivemos o lançamento em 2018 do EP The Glory Of The Sacred Truth com duas inéditas e quatro ao vivo. Além de cantar Edu Falaschi aproveitou para narrar algumas histórias, ainda mais quando o público pede a Saint Seya, tema principal do desenho Os Cavaleiros do Zodíaco revelando que durante alguns shows na Itália ouviu no idioma local pedidos da música do famoso anime japonês para seu espanto, inclusive quando tocou no Rock In Rio também recebeu pedidos dela, mas, que não seria o caso de registrá-la nesta noite.

    Entretanto, as duas gravadas pelo projeto e que são na melhor linhagem do Power Metal praticado por eles seriam exibidas e segundo ele ainda, que era uma de suas poucas execuções ao vivo, ou seja, uma exclusividade para nós presentes no Tom Brasil e para você que verá no DVD no futuro.

    E a mais lenta, que exibe um crescimento muito cativante Streets of Florence com Thiago Mineiro no piano e com toques violão em seu início nos passou suas linhas Melódicas de longos solos de guitarras e vocalizações cheias de emoção nos padrões que o vocalista gosta de aplicar sempre com um alto poder de nos capturar, sendo que.. quem - possivelmente - ainda não a conhecia ficou fã.

    Já a The Glory Of The Sacred Truth entrou ligeira como um raio e é no formato Power Metal rápido e avassalador para sacudir o pescoço e socar o ar do jeito que gostamos e que ao vivo se tornou ainda mais matadora, pois, Edu Falaschi soube soltar seus agudos e se movimentar para cravar a música em nossa mente, assim como os demais músicos no palco, que de certa forma deixaram no ar uma ponta por onde o Angra poderia ter caminhado se prosseguisse com o estilo forjado no Temple Of Shadows, mas isso é uma discussão para a rede social.

Com o 'pai' da matéria

    Como o Power Metal ficou no topo após a execução de The Glory Of The Sacred Truth, nada melhor que chamar o 'pai' do Power Metal Kai Hansen para uma histórica nova participação nesta noite para junto da banda de Edu Falaschi e da orquestra para a exibição de um dos hinos máximos do Gamma Ray com a explosiva Rebellion In Dreamland em que o vocalista de Hamburgo não só cantou seus versos com a sua conhecida categoria como também solou sua tradicional guitarra Flying V branca.

    Todavia, a festa era do nosso brasileiro Edu Falaschi e alguns dos versos de Rebellion In Dreamland foram cantados por ele junto a Kai Hansen em um dueto que só guardar na memória não poderia ser suficiente e a grande maioria empunhou seus celulares para gravarem a música enquanto que outros cantaram com eles. Eu, desta vez, só pensava em pular, cantar, socar o ar, aplaudir e me entregar ao que foi a parte em que mais agitei e a que também a coloco dentre as mais magníficas do show. Em retribuição o público gritou "Hansen... Hansen... Hansen..." e este nos agradece até sair de cena, enfim, o show não pode parar.

    Sendo contagiado pela própria festa que nos convidou Edu Falaschi chama Mike Vescera de volta ao centro do palco para que este cantasse o seu hino quando foi vocalista da banda do guitarrista Yngwie Malmsteen, a Seventh Sign, que graças a roupagem que a Orquestra Bachiana Filarmônica concedeu à música e também aos solos fabulosos de Roberto Barros posso seguramente afirmar que também foram bastante chocantes conquistando também seu lugar dentre as melhores do show. Pensava que teríamos um retorno de Sabine Edelsbacher para cantar uma outra música seja do Edenbridge ou mesmo uma outra escolhida por ela especialmente para o set, mas, não tivemos... fato que me entristeceu um pouco, pois, teria sido brilhante uma nova participação da bela vocalista austríaca.

Longo Discurso e "A volta do Alemão"

    Normalmente em festas, o aniversariante costuma realizar um discurso e Edu Falaschi fez o seu com muitos agradecimentos aos patrocinadores, às pessoas que trabalharam no projeto por cerca de um ano, fala também das dificuldades, de quem realmente acreditou, volta a agradecer os músicos de sua banda, ao maestro João Carlos Martins e a Orquestra Bachiana Filarmônica, aos familiares, a sua esposa e filha ( presentes no lado esquerdo do palco ), além de todos os fãs. Emocionado, ele conta de idiotices que são ditas em redes sociais sobre a realização de um show em que revisita novamente seus tempos no Angra e o estrago que isso pode causar, não se esquece de também agradecer o Kiko Loureiro e o Rafael Bittencourt, antigos companheiros por muitos anos de sua vida.

    Enfatiza que o espetáculo desta noite necessitou de um grande investimento em um legado que vai ficar para sempre e que não estaria recebendo nada para então apresentar cada um dos músicos de sua banda, começando pelos jovens Diogo Mafra e Rafael Dafras, depois Roberto Barros ( que disse que suas mãos não mexem enquanto sola ), sempre enaltecendo as qualidades de cada um deles.

    Comenta da parceria com o Fábio Laguna, que acabou reencontrando após começar a morar em Andradas/MG, que conversou bastante tempo no telefone com ele e nestas conversas, o Fábio Laguna fez a ponte para o contato com o Aquiles Priester, que disse "E aí Alemão..." e imita a voz do baterista para apresentá-lo como o maior baterista de Power Metal de todos os tempos, e sinceramente, confesso que se não for o Nº1 está entre os cinco melhores.

    Aquiles Priester sai de sua imensa bateria pega o microfone berra dizendo "não existe público melhor que o de São Paulo..." e após o abraço no amigo ele continua: "isso aqui era um desejo da banda toda de colocar o disco com uma orquestra e se isso está acontecendo é porque vocês estão apoiando a volta do alemão. Eu tenho a honra de apresentar o maior vocalista do Heavy Metal Brasileiro, que está fazendo história, o inigualável, o insaciável, o incansável... Edu Falaschi!!!", que foi aclamado aos muitos aplausos dos fãs e com os gritos de "Edu... Edu... Edu...", sendo que ele terminou dizendo que o sucesso desta tour é por conta do 'alemão'.

    Talvez este discurso seja editado, ou talvez vá para os extras do DVD, ou talvez permaneça como está e na integra, mas, a verdade é que ele revela o estado emocional de um músico que deu a volta por cima superando muitas adversidades e alcançou um dos maiores sonhos de sua vida diante de um Tom Brasil completamente lotado.

Final onde o ciclo começou

    E para encerrar tivemos Rebirth ( título do álbum do Angra 2001 ) aos toques de violão e com muitas palmas dos fãs, que cantaram tão alegres quanto os músicos no palco e esta versão ficou mais lustrosa graças a orquestra, mas, não deixa de ser uma balada e para finalizar um show desta magnitude tinha que ser com um estouro daqueles de se colocar a casa abaixo e passada a conhecidíssima introdução In Excelsis, a canção Nova Era foi naturalmente a escolhida para que todos os presentes pulassem, cantassem, socassem o ar e literalmente se descabelassem com este outro hino da história do Edu Falaschi, da história do Angra e da história o Power Metal Brasileiro.

    Quando Nova Era acabou já haviam se passado quase três horas deste Temple Of Shadows In Concert e embora plenamente satisfeitos, não conseguimos perceber a passagem do tempo devido a grandeza que foi cada parte deste espetáculo único e sem igual na história Heavy Metal Brasileiro e que realmente nos marcou. Os músicos se reúnem no centro do palco para a despedida, a Orquestra Bachiana Filarmônica fica de pé para receber os aplausos e o certamente mais alegre dentre todos, o Edu Falaschi fala: "Muito obrigado... esta noite jamais vamos esquecer... voltem com Deus aí..." ao fundo de uma bonita melodia.

    Se você caro leitor(a) não foi um dos 4.000 presentes do Tom Brasil neste sábado 04 de maio de 2019, saiba que tivemos provavelmente o maior show de Heavy Metal realizado no Brasil por um artista brasileiro e que teve a honra de colocar uma orquestra completa no palco em uma ilustre, célebre e notável noite, que você poderá aguardar assim que o seu DVD for lançado e conferir cada pedaço, mas, se esteve lá, aí além de possivelmente fazer parte das imagens, saiba que fez parte da história. Valeu Edu Falaschi e vá em frente com muito sucesso sempre!!!

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos para Miriam Martinez e ao Tom Brasil
pela atenção, oportunidade e credenciamento
Maio/2019

Set List do Edu Falaschi - Temple Of Shadows In Concert
Introdução:
Symphony No. 5 (Ludwig van Beethoven)

Ato 1 - "Temple Of Shadows":
1 - Gate XIII
2 - Deus Le Volt!
3 - Spread Your Fire
4 - Angels And Demons
5 - Waiting Silence
6 - Wishing Well
7 - The Temple Of Hate
8 - The Shadow Hunter
9 - No Pain For The Dead
10 - Winds Of Destination
11 - Sprouts Of Time
12 - Morning Star
13 - Late Redemption
14 - Medley: Meu Mundo e Nada Mais / Um Dia, Um Adeus

Ato 2 - Surpresas

14. Planeta Água
15. Summer
16. Streets Of Florence
17. The Glory Of The Sacred Truth
18. Rebellion In Dreamland
19. Seventh Sign

Ato 3 - Bis
20. Rebirth
21. In Excelsis
22. Nova Era

Galeria de 250 fotos do show Edu Falaschi Temple Of Shadows In Concert
no Tom Brasil em São Paulo/SP

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