Grave Digger - Tour Of The Living Dead Part II
Abertura: Perc3ption
Domingo, 28 de abril de 2019
no Bar da Montanha em Limeira/SP

Noite de Heavy Metal puro sangue em Limeira!!!

    O lendário grupo alemão Grave Digger iniciou sua décima primeira passagem pelo país pelo Rio de Janeiro/RJ na quinta feira 25 de abril, depois seguiu para Belo Horizonte/MG no dia 26 de abril, São Paulo/SP no dia 27 de abril, Limeira/SP no dia 28 de abril e finalizou  a perna brasileira em Brasília/DF no dia 30 de abril. O quarteto germânico retornou após dois anos para a Tour Of The Living Dead, que promove o ótimo álbum The Living Dead, que foi lançado em 2018 e que também pode ser considerado um dos mais empolgantes e um dos melhores do último ano. Aliás, cabe um desafio neste início de matéria... você pode apontar um álbum do Grave Digger que não seja dotado de um explosivo e fascinante Heavy Metal Tradicional?

    Com quase quarenta anos de banda, o Grave Digger é um dos pilares do First Wave Of German Heavy Metal ao lado do Running Wild e do Rage e chegou com este The Living Dead ao seu 18º trabalho de estúdio, que nos brindou com mais onze excelentes canções e que disputaram e conquistaram seu espaço no set list repleto de clássicos que os alemães sempre tocam em seus shows. Das cinco cidades que eles passaram fui conferir o show no Bar da Montanha em Limeira/SP, que contou com a abertura do Perc3ption, cujos detalhes começarei a contar a partir de agora.

Perc3ption

    O quinteto de Prog/Power Metal Perc3ption já existe desde 2007, lançou seu primeiro EP intitulado como Insights em 2009, o debut Reason and Faith em 2013 e o Once and For All em 2016 ( leia resenha ). Foram convidados para abrirem o show do Evergrey em Sorocaba/SP em 2011, estiveram ao lado do Amorphis em 2012 em São Paulo/SP, além de outras oportunidades dividirem o palco com Shadowside, Vulture, Almah, André Matos, Pain Of Salvation e Sonata Arctica. Nesta data em Limeira/SP, Kleber Ramalho nos vocais, Glauco Barros e Rick Leite nas guitarras, Wellington Consoli no baixo e Peferson Mendes na bateria ( substituído excepcionalmente neste dia por Yuri Alexander ) tiveram a oportunidade de serem o open-act do Grave Digger e se mostraram bastante motivados no palco.

    Quando cheguei ao Bar da Montanha, o Perc3ption estava ainda terminando sua passagem de som, que acabou demorando um pouco mais que o previsto e atrasou o começo de seu show, que se iniciou por volta das 18:15 com a Persistence Makes The Difference, um Power Metal rápido e elaborado que abre o álbum Once and For All em que percebia-se como o vocalista Kleber Ramalho estava contente ao cantar seus versos embalado nas belas melodias de guitarras com direito a pedidos de "hey... hey..." pelo baixista Wellington Consoli. O público, que ainda não era muito grande, observou atentamente as evoluções dos guitarristas e a movimentação do vocalista do Perc3ption nesta e nas demais músicas demonstrando muito respeito pela banda, que aliás, trouxe também seus seguidores que aplaudiram e agitaram com o quinteto.

    A segunda foi a Magnitude 666, que também é pertencente ao segundo disco de estúdio do Perc3ption, porém, em uma linhagem mais cadenciada que ganha velocidade em seu decorrer e também boas palhetadas da dupla de guitarristas durante as vocalizações mais melódicas. Antes de Oblivion's Gate, Kleber Ramalho brada um "Boa noite Limeira... nós somos o Perc3ption... e esta se chama Oblivion's Gate...", que denota sua linhagem mais Progressiva enfatizada nos solos modernos de guitarras.

    Em uma nova conversa com a plateia, o vocalista agradece as palmas e enaltece a emoção que estão sentindo ao abrirem para o Grave Digger e aos teclados sampleados tivemos a longa e Progressiva Braving The Beast, que garantiu palmas dos fãs, várias passagens instrumentais interessantes marcando uma ousadia do Perc3ption em tocar uma canção deste tamanho e com tantas modificações em seu andamento, onde destaco os longos agudos que o vocalista fez depositando muito feeling a cada um deles.

    A última da participação do Perc3ption neste domingo em Limeira chegou com o vocalista gritando um "Obrigado Limeira... vamos fechar com Surrender...", canção um tanto que longa e também Progressiva do Reason and Faith que foi pedida pelos fãs tocada num ritmo positivo para levantar a galera dado ao seu refrão que pega facilmente na memória. Antes de encerrar Kleber Ramalho apresenta cada um dos membros do Perc3ption, que recebem as palmas da plateia e fazem seu breve solo no ritmo da música. Antes de se despedirem após uns quarenta minutos de show, o Perc3ption se reuniu no palco para a tradicional foto com o público ao fundo, que neste momento já era bem maior.

Set List do Perc3ption

1 - Persistence Makes The Difference
2 - Magnitude 666
3 - Oblivion's Gate
4 - Braving The Beast
5 - Surrender

Grave Digger

    Foi uma pausa curta para a troca de palco do Perc3ption para o Grave Digger, basicamente, remover os instrumentos utilizados pelos primeiros e liberar o espaço para que os alemães pudessem desfrutar da totalidade do palco do Bar da Montanha.

    Assim, quando eram aproximadamente 19:30 começamos a ouvir a introdução fúnebre com direito ao Reaper perambulando da direita para a esquerda como se estivesse abençoando os fãs em sua atuação no palco. Segundos após sua saída, eis que vemos Chris "Reaper" Boltendahl nos vocais com sua jaqueta cheia de patches de bandas que também somos fãs, Axel "Ironfinger" Ritt somente com seu colete no estilo Hard Rock dos anos 80 e sua guitarra cheia de listras pretas e brancas, Jens Becker de preto com seu Fender Jazz Bass e o Marcus Kniep na bateria, que no passado interpretava o personagem Reaper citado a pouco e era o tecladista da banda ao vivo.

    A abertura do set desta noite foi com a canção Fear Of The Living Dead, que também abre o novo trabalho, o The Living Dead e o quarteto alemão veio para cima de nós com um Heavy Metal contundente e mortífero, que nos fazem realmente questionar qual é a fórmula para sempre nos brindarem com álbuns grandiosos como este. Ao vivo esta resposta se torna mais fácil, pois, ver Chris "Reaper" Boltendahl com a plateia nas mãos logo nos primeiros versos da música com seu vozeirão rouco e forte em meio a enxurrada de riffs poderosos ( e que riffs!!! ) feitos por Axel "Ironfinger" Ritt nos levaram a pular e socar o ar firmemente, sempre repletos de alegria.

    O Heavy contido em Tattooed Rider do Return The Reaper de 2014 foi a segunda e já captura pelo seu estilo tradicional, cujo refrão é um convite para se cantar com Chris "Reaper" Boltendahl, que percorria o palco do Bar da Montanha procurando entregar uma atuação vibrante para seus fãs, que neste momento já estavam em um excelente número. Retribuindo a 'sonzeira' que estava recebendo a plateia começou a gritar "Olê... olê... olê... Digger... Digger..." extraindo um sorriso grande do vocalista, que falou "Good evening Limeira... Are you doing...." para pouco depois tocarem a cadenciada e ganchuda The Clans Will Rise Again, título do álbum de 2010 nos convocando para entrar em combate com esta épica canção em que ficávamos na dúvida se olhávamos para o vocalista ou para Axel "Ironfinger" Ritt com seus solos únicos.

    A frenética e rápida Lionheart gravada no Knigths Of The Cross ( de 1998 ) com toques implacáveis na bateria de Marcus Kniep foi outra que nos levou a socar o ar e observar como Chris "Reaper" Boltendahl canta perfeitamente bem do alto de seus 57 anos os seus versos nos conclamando mais uma vez a participar com ele no refrão, que é detentor de muita melodia.

    Retornando ao The Living Dead tivemos a cadenciada e empolgante Blade Of The Immortal, que é um verdadeiro convite para banguear aos solos de Axel "Ironfinger" Ritt, que só não o fizemos tanto por conta de querer ver como ele solava suas notas enquanto Chris "Reaper" Boltendahl canta chamando o coro dos demais neste Heavy Metal, que pode ser uma trilha sonora de batalha campal e mesmo sendo uma música mais recente fizemos questão de gritar seu título com o vocalista.

    A veloz Lawbreaker do Healed By Metal, o penúltimo de estúdio de 2017 entrou em cena com os vocais de Chris "Reaper" Boltendahl ainda mais roucos ante a solos detonadores de Axel "Ironfinger" Ritt culminando em mais uma sessão de muitos socos no ar e 'headbanging' da inflamada plateia presente no Bar da Montanha com mais esta lição do mais puro Heavy Metal germânico.

    Quando comecei a ouvir o Grave Digger foi por volta de 2002, época que eles haviam tocado no Wacken Open Air e lançaram o álbum Tunes Of Wacken em 2002 e aí mergulhei mais a fundo na discografia da banda conhecendo o Tunes Of War de 1996, disco em que tivemos para muita alegria minha a canção The Bruce ( The Lion King ), que entrou nos repiques do baterista Marcus Kniep e nos toques 'na medida' do baixista Jens Becker produzindo um ritmo cadenciado contagiante para que Chris "Reaper" Boltendahl cantasse seus versos com uma certa quantidade de raiva entremeando com muita melodia executada pelo guitarrista Axel "Ironfinger" Ritt. Vale ressaltar que em The Bruce ( The Lion King ) pude reparar no baterista Marcus Kniep girar várias vezes suas baquetas e socá-las em seu kit no exato instante que a música pedia.

    A próxima foi a rápida The Dark Of The Sun, outra do Tunes Of War que chegou com sua voltagem imperando em nossas almas em que só podíamos retribuir socando o ar ou bangueando com o Grave Digger, fato que seguiu também na Call For War do Healed By Metal, afinal, outro Heavy Metal pulsante, que ficou altamente infectante ao vivo, porém, quando Chris "Reaper" Boltendahl declarou que tocariam a sua canção favorita do álbum Knigths Of The Cross é que pudemos sentir uma emoção maior logo aos seus primeiros dedilhados feitos pelo baixista Jens Becker, que veio mais à frente neste momento e que acompanhamos no "ôôôôôôôôô"... estou falando de The Curse Of Jacques com seus ares épicos e puramente voltados ao combate que me fazem exclamar: "como faz bem presenciar um Heavy Metal deste admirável padrão do Grave Digger!"; que obviamente cantamos seu refrão com eles em estado de imensa alegria.

    Seguem com o 'pé na tábua' em War God, outra do Healed By Metal comprovando como este álbum se tornou importante na carreira dos alemães e que também foi responsável por muitos pescoços serem sacudidos no Bar da Montanha, entretanto, antes de seu término, o vocalista aproveita e apresenta os membros do Grave Digger. Com o baixista Jens Becker assumindo o destaque junto ao baterista Marcus Kniep, a cadenciada e pesada Season Of The Witch do Return The Reaper foi vocalizada com a costumeira potência de Chris "Reaper" Boltendahl e que foi saudada com muitos aplausos para depois, com ares escoceses, Highland Farewell do The Clans Will Rise Again incendiar o show com seu ritmo incandescente, que teve direito também as 'digitações' feitas pelo guitarrista Axel "Ironfinger" Ritt ao solar sua guitarra.

    E o público provou que estava adorando o show aos gritos de "Digger... Digger... Digger...", que receberam agradecimentos do vocalista e seguidos simplesmente pela pedrada Circle Of Witches do Heart Of Darkness ( de 1995 ) e pela imprescindível canção título do novo álbum lançado em 1999 e Excalibur em que além da atuação sempre intensa de Chris "Reaper" Boltendahl tenho que enaltecer os solos magníficos de Axel "Ironfinger" Ritt em sua guitarra nos levando a cantar seu refrão a cada momento entre uma 'bangueada' e outra, afinal, neste momento o show já estava ganho e não poderíamos mais esquecer do que estávamos vendo em Limeira.

    Assim que perceberam que a canção que fecharia a primeira parte do show seria a Rebellion ( The Clans Are Marching ) do Tunes Of War, os fãs cantaram seus versos com o quarteto antes mesmo que eles iniciassem a música para valer e assim continuaram em um estado de plena alegria. Mas, se a forma que os fãs demonstraram nesta canção já foi deveras interessante, o que dizer então de quando tivemos uma aparição surpresa do Reaper tocando uma gaita de fole então? Aliás, confesso que foi inesperado, porém, muito chocante conferindo um caráter mais especial ao show do Grave Digger em que registro aqui: quem perdeu... olha... perdeu um Heavy Metal puro sangue mesmo.

    Enquanto eles não voltavam para o bis, o público gritou quase que incessantemente "Digger... Digger... Digger..." alternando com "Olê... Olê... Olê... Digger... Digger..." e assim que os sorridentes músicos reassumiram seus postos, Chris "Reaper" Boltendahl indagou: "you want some more Limeira?" e nos "hey... hey..." tivemos a explosiva canção título do décimo oitavo álbum dos alemães, que nasceu para ser um hino... estou falando da emblemática Healed By The Metal, canção que participamos exaustivamente com o vocalista sempre que nos solicitava. Podia ficar melhor? sim e muito, mesmo sendo final do show, o Grave Digger reservou algumas surpresas como a Zombie Dance do novo The Living Dead, que graças ao seu ritmo com Polka fez muitos dançarem pela pista do Bar da Montanha, isso, além de curtirem os estrondosos riffs tocados por Axel "Ironfinger" Ritt.

    The Last Supper, que empresta seu título para o disco lançado em janeiro de 2005 chegou com os "hey... hey..." comandados por Chris "Reaper" Boltendahl em seu andamento arrastado e um tanto que sinistro em que fizemos questão de bradar com o vocalista alguns versos em uma sinergia entre banda e plateia de proporções que só não foram maiores que a música final do show, a clássica Heavy Metal Breakdown, canção que nomeia o primeiro álbum, que foi disponibilizado em 1984 e que antes de sua execução foi saudada por uma nova sessão "Olê... Olê... Olê... Digger... Digger..." até ser interrompida por Chris "Reaper" Boltendahl cantando sua letra com um ímpeto e uma potência incrível nos enchendo de felicidade em que evidentemente o Bar da Montanha contou com aquele coro dos fãs.

    Como sempre fazem eles param a música para que soltássemos berros com todas as nossas forças entre um duelo de lado esquerdo e direito para que o momento fosse amplificando nos levando a um êxtase tão grande quanto Heavy Metal Breakdown representa para o Grave Digger. E não posso esquecer de contar aqui que Axel "Ironfinger" Ritt veio no espaço que normalmente tiro as fotos dos shows no Bar da Montanha e praticamente quase foi para o meio da pista solar sua guitarra no meio da galera, sinal que eles se sentem em casa quando tocam em Limeira e querem ficar mais perto dos fãs ainda.

    Pela terceira vez acompanhei um show do Grave Digger em Limeira e pela terceira vez fui embora integralmente satisfeito com as quase duas horas em que o Heavy Metal em sua essência mais tradicional foi enaltecido por uma das melhores bandas que temos no mundo e que sempre nos brinda com grande shows e grandes discos de estúdio.

    Longa vida ao Grave Digger e parabéns à Circle Of Infinity Produções por mais uma vez nos brindar com um show deste quilate em que novamente o som estava perfeito.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos para Edson Moraes e Cláudia Moraes da Circle Of Infinity Produções
e a Jeancarlo Oliveira da ELF Agency
pela atenção, oportunidade e credenciamento
Maio/2019

Set List do Grave Digger

1 - Fear Of The Living Dead
2 - Tattooed Rider
3 - The Clans Will Rise Again
4 - Lionheart
5 - Blade Of The Immortal
6 - Lawbreaker
7 - The Bruce ( The Lion King )
8 - The Dark Of The Sun
9 - Call For War
10 - The Curse Of Jacques
11 - War God
12 - Season Of The Witch
13 - Highland Farewell
14 - Circle Of Witches
15 - Excalibur
16 - Rebellion ( The Clans Are Marching )

Encore:
17 - Healed By Metal
18 - Zombie Dance
19 - The Last Supper
20 - Heavy Metal Breakdown

Galeria de 180 fotos dos shows do Grave Digger e do Perc3ption
no Bar da Montanha em Limeira/SP

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