Iron Maiden - Legacy Of The Beast World Tour
Abertura: The Raven Age e Rage In My Eyes
 Quarta, 9 de outubro de 2019 na Arena do Grêmio em Porto Alegre/RS

O encerramento de uma passagem dourada pelo Brasil - Legacy Of The Beast 2019 em Porto Alegre

    Alguém se lembra do seguinte trecho da música Wasted Years do aclamado Somewhere In Time de 1986: "And realize you're living in the golden years" ( E perceba que você vive nos anos dourados ). Podemos afirmar que o Iron Maiden ainda vive nos anos dourados, e com a Legacy Of The Beast Tour esta afirmação fica mais forte ainda, pois, estamos falando de uma das maiores bandas da história do Heavy Metal mundial em uma de suas tours mais mágicas e emocionantes.

    Quando falamos de Iron Maiden estamos falando de uma legião de fãs no mundo todo e no Brasil não é diferente, após as passagens da donzela pelas cidades do Rio de Janeiro/RJ ( no Rock in Rio ) e São Paulo/SP, a última cidade na tour do Iron Maiden era Porto Alegre/RS, cidade que não recebia a banda desde a Somewhere Back In Time Tour de 2008, e finalmente, após 11 anos o Iron Maiden estava aportando novamente na capital gaúcha.

    E quando falamos em legião de fãs, são fãs que se deslocam muitos quilômetros de distância para presenciar a banda pela primeira vez ou mais de uma vez, na minha saída de São Paulo/SP na madrugada do dia 09/10 no Aeroporto Internacional de Guarulhos continham diversos fãs que estavam indo para Porto Alegre/RS, especialmente para o show, pessoas que estavam acompanhando a banda desde alguns shows dos Estados Unidos. O show na capital gaúcha gerou uma movimentação enorme na cidade a ponto de no momento do meu pouso no aeroporto Salgado Filho, o próprio comandante da aeronave fazer um breve comentário: "Estaremos pousando em Porto Alegre em instantes, tempo limpo e agradável de 15 graus... lembrando que hoje teremos o show da banda Iron Maiden na Arena do Grêmio, e creio que muitos passageiros deste voo irão para lá, para os que estarão lá tenham um bom show!". Fora que nas ruas de Porto Alegre/RS, bares e etc, só se via pessoas com camisas de bandas e do Iron Maiden, e o papo não era outro se não o show que iria ocorrer a noite na Arena do Grêmio.

Rage In My Eyes

    Próxim da Arena do Grêmio e com os seus arredores simplesmente tomados por pessoas trajando camisas do Iron Maiden estava chegando o momento mais aguardado por todos ali: a grandiosa apresentação dos ingleses. Fiz a retirada do credenciamento e adentrei para ver a primeira banda, a Rage In My Eyes, banda oriunda de Porto Alegre, que às 18:40 subiu ao palco para iniciar os trabalhos de abertura de um evento histórico na cidade.

    A banda iniciou seu set curto, mas competente, divulgando o álbum Ice Cell, logo no início da apresentação após a introdução com Regret, eles tiveram problemas em uma das guitarras deixando apenas uma guitarra no trabalho. O som também não estava dos melhores, estava muito alto, assim, o som estava saindo todo distorcido nas caixas para a arena. Ainda assim, o Rage In My Eyes executou um medley com Forever & Ever e Hole In The Shell, que seguiu com a Death Sleepers. Mesmo com um set curto, o Rage In My Eyes fez um belo show e representou muito bem a cena Gaúcha abrindo uma das maiores bandas de Heavy Metal tocando em seguida as canções Soul Gatherer e In My Blood.

     "Hoje todas as bandas de Porto Alegre estão aqui com nós, estamos representando todos vocês!" - disse Jonathas Pozo ( vocal ), que foi acompanhado no show de Magnus Wichmann e Leo Nunes  nas guitarras, Pedro Fauth no baixo e Francis Cassol na bateria. A última da participação do Rage In My Eyes neste show de abertura para o Iron Maiden foi a com a música Enemy Within.

Set List do Rage In My Eyes

1 - Regret ( Intro )
2 - Forever & Ever / Hole In The Shell
3 - Death Sleepers
4 - Soul Gatherer
5 - In My Blood
6 - Enemy Within

The Raven Age

    Após a curta apresentação dos gaúchos, houve uma pequena espera e logo mais, o The Raven Age adentrou palco acima para realizar a segunda apresentação da noite. Para quem acompanha a tour do Iron Maiden desde a The Book of Souls Tour 2016 / 2017, conhece a banda, seja por bem ou por mal. Para os que não sabem, o The Raven Age é formado atualmente por Geroge Harris na guitarra, que é  filho do 'chefão' do Iron Maiden, o baixista Steve Harris além de Matt Cox no baixo, Jai Patel na bateria, Tony Maue na guitarra e Matt James nos vocais. O The Raven Age vem dando suporte ao Iron Maiden nesta tour nas Americas e divulgando o seu novo trabalho Conspiracy de 2019.

    O The Raven Age segue a mesma linha dos shows anteriores, uma banda nova que sempre tenta agradar o público presente ali. O vocalista Matt James sempre disparava para a plateia: "Estão preparados para o Iron Maiden" para mim, isso soa como inseguro, claro que 100% das pessoas presentes no estádio estão lá para ver o Iron Maiden... creio que seja um fardo muito grande carregar em todo show isso, mas, a banda em si consegue levar esse trabalho muito bem. Podemos declarar que com o 'filho do chefão' do Iron Maiden na banda ajuda e também da banda ter uma lista extensa de shows juntamente com a donzela. No set, o quinteto repetiu o mesmo do domingo em São Paulo/SP com a Bloom Of The Poison Seed nas caixas de som e já com eles no palco a Betrayal Of The Mind do Conspiracy e Promised Land do Darkness Will Rise de 2017.

    Surrogate deu sequencia ao show do The Raven Age, que contou com mais músicas do álbum Conspiracy executadas sequencia, sendo elas a The Day The World Stood Still e a mais lenta The Face That Launched a Thousand Ships. Depois tivemos uma trinca consistida por "Fleur de Lis", "Grave Of The Fireflies" e "Seventh Heaven", sendo todas são do disco novo do quinteto inglês deixando claro que a ideia deles era fazer o público conhecer mesmo o cd Conspiracy.

    Entretanto, quem gostou do Darkness Will Rise teve a Angel In Disgrace, que fechou a participação do The Raven Age em Porto Alegre/RS. O show do The Raven Age foi bem aceito pelo público, que já se aquecia para o espetáculo a seguir, pois, logo mais a maior banda de Heavy Metal iria subir no palco da Arena do Grêmio para alegria geral.

Set List do The Raven Age

1 - Bloom Of The Poison Seed
2 - Betrayal Of The Mind
3 - Promised Land
4 - Surrogate
5 - The Day The World Stood Still
6 - The Face That Launched a Thousand Ships
7 - Fleur de Lis
8 - Grave Of The Fireflies
9 - Seventh Heaven
10 - Angel In Disgrace

Iron Maiden

    Após uma breve espera... eis que nos telões da Arena do Grêmio iniciava-se uma apresentação da Legacy Of The Beast The Game, uma forma de promover mais ainda o game mobile da banda, e na trilha da apresentação tocava-se Transylvania do clássico álbum Iron Maiden de 1980, com a galera já ao delírio no final da apresentação dos telões vinha-se a mensagem "The Legacy Of The Beast - Welcome To The Show", aí foi o momento que todos no estádio gritavam e pulavam sem parar, após esta exibição iniciou-se a clássica e já conhecida em todos os shows do Iron Maiden por anos Doctor Doctor do U.F.O., música que em todos os shows do Iron Maiden, eles iniciam para preparativo e ajustes finais de som.

    O público de Porto Alegre/RS já pulava insanamente na pista cantando o refrão: "Doctor Doctor Please (...) Livin' lovin' I'm on the run" e detalhe que em cada canto do palco do Iron Maiden continha duas pessoas fardadas como se fossem do exército paradas estaticamente. Eis que após término de Doctor Doctor, as pessoas fardadas começam a retirar a proteção do palco e o famoso discurso de Winston Churchill, o "Churchill's Speech" com os telões mostrando cenas da guerra como nas tours anteriores, sendo que no mesmo momento que ocorria o discurso, atrás do palco já surgiu a ponta do Supermarine Spitfire, ali deu se para ouvir todas as vozes da Arena do Grêmio, após o fim do discurso inicia-se o playback inicial de Aces High, canção gravada no Powerslave de 1984.

    Após a breve entrada, senhoras e senhores, o Iron Maiden estava no palco de Porto Alegre/RS após 11 anos iniciando seu set com Aces High em uma tamanha maestria e performance jamais vista antes. O vocalista Bruce Dickinson adentrando no palco trajando uma roupa de aviador, com máscara e óculos; e a banda em total sincronização e claro, não podemos esquecer o grandioso Supermarine Spitfire acima deles e virando o bico para o público presente, que entrada imponente e que sacada genial do Iron Maiden colocar um avião bem em Aces High, só esta entrada já valeu todo esforço e dinheiro investido no show. A banda não parava em nenhum momento de Aces High, corria para lá e para cá e sempre interagindo com o público. Ao final de Aces High, Bruce Dickinson fala "Aces High my friends, welcome to the Legacy Of The Beast" - ( Aces High meus amigos, bem vindo a Legacy Of The Beast ) encerrando de forma monumental e épica o seu início de set em Porto Alegre.

    Após as luzes se apagarem e o Supermarine Spitfire ser recolhido para trás do palco, o background muda-se para um fundo, de base militar destruída em um cenário gélido, lembra-se muito as bases da Sibéria e nas caixas, o som era de tiros de trincheiras, aviões caindo bombas e soldados falando por rádios. Simplesmente um show teatral. Após os sons se cessarem... as batidas de Nicko McBrain ( bateria ) já entregaram qual música viria, e para os fãs mais antigos do Iron Maiden, aquilo era a realização de um sonho, sim... pessoal Where Eagles Dare ( do Piece Of Mind de 1983 ) estava sendo tocada!

    Where Eagles Dare é um dos sons mais Heavy Metal do Iron Maiden na minha opinião, os riffs de bateria neste som são sensacionais, os riffs executados por Dave Murray ( guitarra ) são de tamanha grandiosidade que ecoavam por toda arena. Bruce Dickinson por sua vez estava atrás do palco trajando uma roupa de inverno rigoroso e um "Ushanka" que é touca em Russo, a icônica touca que os russos usam. Neste momento, Bruce Dickinson estava apenas na parte de cima do palco andando e cantando. Segunda música do set list e já contamos com duas clássicas do Powerslave e do Piece Of Mind, mas, o melhor estava por vir ainda, e até o momento estava sendo o mesmo show que presenciei ano passado na Europa, mas isso não é problema para nós fãs da donzela.

    Logo após, eles já sacaram mais um clássico do Powerslave com a Two Minutes To Midnight, que, para quem conhece sabe que não existe relatos do quanto este som é bom ainda mais ouvindo ao vivo o próprio Iron Maiden executando. O que mais me chamou atenção nesta canção em especial foi a guitarra de Adrian Smith, que é uma Jackson Signature personalizada com a capa do single Two Minutes To Midnight que é o Eddie em local que lembra muito as bandeiras do edifico da ONU, uma das guitarras mais lindas que já vi. O contraste desta guitarra combinava muito com o background com o mesmo desenho.

    Ao executarem Two Minutes To Midnight, Bruce Dickinson volta ao palco e começa a falar sobre as cidades brasileiras que eles tocaram, e inicia-se uma pequena intriga no bom sentido entre as cidades.
- Realizamos três shows no Brasil! Um no Rio e um em São Paulo. No Rio o show foi bom, o de São Paulo foi ótimo.
Neste momento vaias ocorriam na Arena do Grêmio, o vocalista dispara: "O de São Paulo foi ótimo, o do Rio bom, mas aqui em Porto Alegre será incrível! É o maior público que já toquei aqui em Porto Alegre", afirmou o vocalista.

    Neste momento o publico entoa a gritar "Olê, Olê, Ole, Maiden... Maiden" e Bruce Dickinson informou que a próxima seria a respeito da Liberdade e chamou The Clansman. Mais um presente que o Iron Maiden deu para os fãs nesta tour, pois, The Clansman do Virtual XI de 1998, que pertence a época de Blaze Bayley, não estava nos set list do Iron Maiden desde o histórico show do Rock In Rio em 2001 que acabou virando um álbum ao vivo duplo em cd e um DVD. Os acordes iniciais de The Clansman ressoavam pela Arena do Grêmio, seguidos de um coro "ohhh, ohhhh" pelo público presente.

    Espantoso como Bruce Dickinson consegue fluir em todas as letras do Iron Maiden, mesmo não sendo de sua fase e o refrão "Freedom, Freedom" chegava a tremenda magnitude que as estruturas do Estádio chegavam a tremer, que momento meus amigos. Bruce Dickinson é um showman com o Iron Maiden e nesta tour ele conseguiu ser mais ainda, em The Clansman, ele empunhava uma espada e corria de um lado para outro com ela, e nos momentos de solos, ele brincava com Adrian Smith, Dave Murray e Jacnick Gers ( guitarras ).

    E assim, chegamos ao final do Ato I da Legacy Of The Beast Tour denominada "Guerra". Para quem não sabe a Legacy Of The Beast Tour é dividida em três atos: Guerra, Religião e Inferno. Para finalizar o Ato I sem delongas, o Background se muda para o icônico Eddie em cima do cavalo ( Eddie que foi para a Maiden England 2013 ).

    Claro que o background já entrega qual a próxima música a ser executada. E como era de se esperar eles iniciam a clássica The Trooper ( do Piece Of Mind ). Bruce Dickinson ainda está com a espada utilizada em The Clansman e nesta tour ele não está usando o uniforme da famosa roupa de soldado, e sim, no momento dos solos quem adentra palco é o icônico Eddie. Este que está vestido com a roupa de soldado, e todo machucado ele anda de uma lado para outro do palco em um pequeno duelo com Bruce Dickinson com espadas, arte que o vocalista domina também pois é esgrimista. Eddie anda perturbando todos da banda enquanto eles tocam, e enquanto isso, Bruce Dickinson saca uma bandeira do Brasil atrás do palco, e mira em Eddie e de repente um tiro acerta no Eddie fazendo ele se retirar do palco, que show de teatro e música amigos. Após The Trooper o Ato I da Legacy Of The Beast, está encerrado oficialmente.

    Em um momento de silêncio, acima do palco começam ser descidos alguns candelabros e o background novamente muda, agora ela muda simulando vitrais de catedral. Admito que foi um dos palcos mais bonitos que presenciei do Iron Maiden. Após troca de background, iniciava-se Revelations, outra do Piece Of Mind, que é é o tipo de música que emociona qualquer fã do Iron Maiden, com uma bela letra e com belos riffs, sendo que Bruce Dickinon conseguia tirar do público altos gritos de "Hey...Hey" e que coisa linda! Claro que isso nunca mais vai acontecer, mas, pensou se um dia Bruce Dickinson resolver tocar guitarra novamente igual na World Slavery Tour de 85, mas, sem bater na cara igual episódio do Rock In Rio em 85. Sonhar ainda não mata ninguém!

    Após Revelations, as luzes do palco se apagaram e acenderam algumas luzes verdes bem baixas, iniciava-se os acordes inicias entre Steve Harris ( baixo ) e Janick Gers de uma das músicas que mais admiro do Iron Maiden e fiquei muito feliz em poder ver pessoalmente nesta tour a For the Greater Good Of God, que foi gravada no A Matter Of Life and Death de 2006. Eu poderia ficar falando umas duas páginas desta canção, afinal, a perícia executada por eles era impagável. Bruce Dickinson sabe como realmente dirigir multidões, no princípio da música ele sentou-se no retorno no centro do palco e iniciou as primeiros versos gesticulando-se com as mãos como se fosse um maestro, a Arena do Grêmio em si com todos batendo palmas de acordo com os acordes que Janick Gers extraia de sua guitarra. Simplesmente um dos momentos mais lindos desta tour.

    For The Greater Good Of God é a segunda música mais longa do set do Iron Maiden nesta tour, a primeira já tinha sido executada  um pouco antes com a The Clansman com solos e riffs idênticos ao álbum de estúdio, mas afirmo: For The Greater Good Of God foi uma aula que o Iron Maiden não é mais apenas uma banda, ali são músicos que fazem simplesmente músicas espetaculares com letras muito bem feitas, pois, caro leitores(as) vejam por si só a letra desta música, que é uma melodia que mostra a realidade que vivemos.

    No encerramento sem delongas novamente, Adrian Smith inicia o riff inicial de The Wicker Man, eita nostalgia daquele Rock In Rio de 2001, quando teve o retorno triunfal de Adrian Smith e Bruce Dickinson ao Iron Maiden. Nos primeiros riffs Bruce Dickinson aponta para Adrian Smith e comenta: "Este é Adrian Smith...", que não deixa de ser uma referência ao próprio álbum Brave New World de 2000, que foi o marco do retorno dos dois. Com o público enlouquecido pois, o refrão desta música não é para menos... "Your Time Will Come...Your Time Will Come...ohhh ohhh" fez a Arena gritar a plenos pulmões, que ribombavam em todos os corredores do estádio, enfim, que momento lindo meus amigos!!!

    Ao término tivemos uma pausa rápida e o background mudou-se novamente, e com um coro de igreja ao fundo, os fãs mais árduos sabiam que som era aquele, tratava-se da terceira maior canção do Iron Maiden neste set list, e também um resgate da era Blaze Bayley e Rock In Rio III. Estou falando da lindíssima Sign Of The Cross ( do The X-Factor de 1995 ) e na intro Bruce Dickinson fica no centro do palco com um manto preto todo encoberto, e logo mais a frente dele uma cruz com luzes apagadas. As pessoas que presenciaram essa música ao vivo podem ser consideradas com sorte, poucas vezes o Iron Maiden executou ela, e todas as vezes que executou, executaram com tamanha destreza, que eleva-se ao nível de surreal.

    Os riffs de bateria de Nicko McBrain são um caso à parte tocando como se fosse uma marcha... inicialmente dá um baita feeling de suspense até entrar a parte mais rápida, neste momento Bruce Dickinson retira o manto preto e começa a correr pelo palco empunhando a cruz cheia de lâmpadas. Nos solos dos guitarristas, ele pega a cruz e faz ela de guitarra imaginaria ao lado de Dave Murray entre a cada riff e o fim da música o público pulava e pulava, muitas pessoas não estavam acreditando no que estava ouvindo e presenciando. Depois de seu final, as luzes se apagaram e atrás do palco surgia um anjo, eis que se iniciava até então o maior presente que o Iron Maiden deu para os fãs, Flight Of Icarus do Piece Of Mind. Nesta música em especial temos dois destaques, o grandioso Icarus atrás do palco com as asas  abertas e Bruce Dickinson utilizando um lança chamas.

    A primeira vista parece que estamos em um show do Rammstein, mas não é... é o Iron Maiden!!! Bruce Dickinson a cada refrão soltava uma rajada de fogo de um dos braços, o lança chamas era constituído por uma bolsa e duas "pistolas" uma em cada braço. A bolsa devia pesar, pois, ele andava pouco por cima do palco soltando as chamas, e a plateia ao delírio. No final de Flight Of Icarus, no coro de Bruce Dickinson"Fly as high as the suuuun" ao fundo do palco Icarus começa a fechar as suas asas e acima do palco, começa a sair fogos juntamente com o seu lança chamas. Que pirotecnia fantástica!!! E ao encerrar Icarus cai abaixo do palco. Após Flight of Icarus encerra-se o Ato II do show e entra no Ato III considerado Inferno.

    E para o terceiro ato, o grande hino do Iron Maiden conhecido por todo mundo, pelos adoradores, até para os não fãs da banda são sabedores do seu eterno hino, sim amigos... Fear Of The Dark ( título do disco Fear Of The Dark de 1992 ) era apresentado na Arena do Grêmio na noite desta quarta feira 09 de outubro de 2019, e toda arena veio aos gritos. Os gritos dos fãs mais uma vez rolaram por toda arena mais corredores. O riff de Fear Of The Dark para alguns é considerado um marco da música mundial e não estão enganados, pois, é real isso, o riff de Fear Of The Dark é marcante quer tu queiras ou não.

    E para a Legacy Of The Beast Tour, não podia ser diferente, Bruce Dickinson volta novamente vestindo novas roupas, só que desta vez com uma máscara, um sobretudo e um lampião na mão. Ele anda pela parte superior do palco, como se fosse um guarda com o lampião acenando-o para o alto e iluminando os presentes próximos da grade de proteção entre público e palco.

    É deslumbrante como uma música que está a anos no set list do Iron Maiden ainda é cantada a nervos pelo público, como de costume da banda, a partir deste momento teremos clássicos nostálgicos que os ingleses sempre mantém. Muitos fãs reclamam do sexteto manter sempre algumas músicas, mas acho que a banda mantém essas clássicas para se conquistar mais fãs. Muitos jovens que acabam conhecendo o Iron Maiden hoje... conheceram por meios de músicas clássicas, como "The Number Of The Beast", "Fear Of The Dark" e etc, essas músicas são clássicas e para os fãs mais novos, e para eles, a primeira coisa que pensam é ir para ver esses sons, eu me incluo nisso.

    Logo após a paulada contida em Fear Of The Dark, o palco se escurece mais uma vez e as luzes vermelhas tomam conta do Estádio e pouco depois tivemos as frases de The Number Of The Beast ( título do álbum The Number Of The Beast de 1982 ) e todo estádio vai a loucura. The Number Of The Beast é mais uma música que entra em nossas mentes e não sai nunca mais, com riffs eternos e letras sensacionais que podemos considerar mais uma obra prima da humanidade.

    Desta vez Bruce Dickinson volta ao palco com uma nova roupa, ele vestia uma jaqueta de couro. Admito que estava sentindo falta de algumas explosões e mais fogos no show, mas, esse sentimento foi anulado pois, no grito de Bruce Dickinson na música, a pirotecnia estava presente, com diversas labaredas laterais a cada batida da bateria de Nicko McBrain subiam as labaredas de fogos e centrais. Também se rolasse The Number Of The Beast sem fogo, não seria a mesma coisa. Com a Arena do Grêmio em êxtase, este poderoso hino do Iron Maiden que fazia o estádio tremer com seu refrão implacável "Six, Six, Six...The Number Of The Beast". Esta música sempre me emociona quando ouço ao vivo pelo tamanho poder dela em nós admiradores de Heavy Metal. Com solos precisos e perfeitos, Dave Murray dá show! Nas dobradinhas de show do Iron Maiden sempre após The Number Of The Beast, mais um clássico era esperado e após um belo grito de Bruce Dickinson, ele menciona: "The Iron Maidennnnn."

    Apenas um spot de luz branca vai para cima de Dave Murray e se aparecem os primeiros acordes de Iron Maiden ( que intitula o primeiro disco dos ingleses ) e creio que se a banda nem precise mais ensaiar quase essas músicas mais, pois, eles tocam a tantos anos que parece impossível errarem ao tocarem. Como sempre mais um som impecável e o som maravilhoso. Todo mundo que é fã da banda sabe que este é um momento mega esperado, e no decorrer da música até o seu final  ocorre o mini solo de bateria de Nicko McBrain e ao terminar... é chamado ao palco o Mr. Eddie nas palavras de Bruce Dickinson ( ele no passado figurava como o monstro que adentrava no palco, no início dos anos 80 ).

    Parece que a cada tour, eles consegue criar um Eddie maior ainda para estar atrás da bateria de Nicko McBrain, o Eddie da Legacy Of The Beast, é gigantesco, com chifres e na testa um pentagrama invertido, com a boca aberta mostrando os dentes afiados e olhos vermelhos e incrivelmente grande. Um show à parte! Após fim de Iron Maiden a banda agradece ao público presente e se retira deixando o palco em meia luz com o Eddie ao fundo.

    Após uma breve pausa de alguns poucos minutos, o Iron Maiden retorna ao palco, e o público por sua vez mais insano do que de costume grita o nome da banda e é brindado com The Evil That Man Do do Seventh Son Of A Seventh Son de 1988, que é uma música que dispensa comentários, Bruce Dickinson estava mais calmo e não pulando tanto, mas agora ele canta com grande habilidade, claro que após longas músicas atrás, o cansaço bate. Em outras tours The Evil That Man Do tem a presença de Eddie, mas desta vez não ocorreu devido a presença dele em The Trooper.

    Após grande execução, eis que o prato condução de Nicko McBrain dá início a bela Hallowed Be Thy Name ( outra do The Number Of The Beast ), mais um grande hino do Iron Maiden e neste momento Bruce Dickinson retira sua jaqueta de couro e anda por cima do palco até chegar ao centro. Ao lado superior esquerdo do palco continha como se fossem grades de prisão, e Bruce Dickinson andava em direção a ela, e no momento do coro do vocalista, acima do palco despenca uma corda como se fosse simular um suicídio. No decorrer que tocavam Bruce Dickinson sempre pegava a corda e balançava de um lado para o outro e ia em direção a "prisão" acima do palco, entrava nela segurava as barras e cantava como se estivesse em depressão / prisão de si mesmo, que baita teatro o Iron Maiden estava executando.

    Claro que no fim de Hallowed Be Thy Name ocorre um grandioso solo seguido de várias puxadas de guitarra de Dave Murray, como todo show do Iron Maiden neste momento Nicko McBrain se levanta da bateria ( poucas vezes ele aparece nas apresentações do Maiden, também convenhamos que a sua bateria monstruosa e magnífica em toda tour esconde ele, mas, sua beleza tocando fica evidente em qualquer canto ) e começa a brincar puxando os pratos para cima incentivando mais ainda Dave Murray, assim batendo na bateria e encerrando mais um grande clássico do Iron Maiden na Arena do Grêmio.

    Todos os fãs presentes sabiam que o horário mais triste estava chegando... que era o final de uma grande apresentação, mas não podiam encerrar de maneira melhor com a clássica Run To The Hills ( outra do celebrado The Number Of The Beast ). Não tem como não reconhecer os riffs Run To The Hills, os clássicos toques de Nicko McBrain na sua bateria, que já faz as pessoas se emocionarem e pularem sem parar. Neste momento, você já percebe que Bruce Dickinson chega a dar umas falhas no coro da música perante cansaço, mas, também com uma tour extensa dessas e shows de duas horas de duração.. ufa!!! Ninguém é de ferro.

    Mas, o público o ajuda sempre, com seu refrão poderosíssimo "Run To The Hills, Run for your lives", que me lembro da primeira vez que ouvi essa música quando criança em um vídeo clipe animado do Iron Maiden na TV Cultura ( existe um vídeo clip animado, com Eddie cyborgue em sua moto este está disponível no Youtube e no DVD Visions Of The Beast, chamado "Run To The Hills Camp Chaos Version" ); como esse som tem um poder fortíssimo e isso, sem contar as batidas de Nicko McBrain no refrão. O público em si, cantava alucinadamente e todas as vezes que o Arena do Grêmio reverberavam as vozes do público, nesta canção, a Arena tremeu literalmente. Presenciei diversas pessoas emocionadas com aquilo que estavam assistido, inclusive, pessoas mais novas ou que nunca viram o Iron Maiden em ação.

    Após grande final com o "Run for yoooour liveeees" e Bruce Dickinson soltando aquele grito clássico no final, a Arena do Grêmio tremeu todas as bases, que possivelmente deverá passar por uma inspeção de engenharia, pois foi muito forte. Após final do coro, Bruce Dickinson corre pela parte superior do palco como se estivesse fugindo de explosões ( referência ao vídeo clipe original ), chegando ao centro do palco temos um detonador de dinamite ( T.N.T.), que após o vocalista chegar lá, ele aperta e todo palco explode em fogos, luzes, faíscas e etc. Neste momento todos os olhos presentes ali brilharam e gritaram insanamente pela Arena do Grêmio.

    Depois dessa explosão de palco, todos os integrantes da banda foram para a frente ao palco, saúdaram todos os presentes, e começaram a jogar palhetas, baquetas e etc. Um momento triste, pois, o show tinha-se encerrado de vez, porque se dependesse do público, todos varavam a madrugada cantando e pulando ao som do Iron Maiden, mas, enfim, mesmo sendo o final, estavámos felizes ao mesmo tempo!

    Via-se facilmente no olhar das pessoas a felicidade em estar ali e ter presenciado não um show, mas uma obra de magnífica arte musical, teatral e etc. Antes de sair da Arena Grêmio, ouvia-se facilmente o pessoal comentando que era o melhor show do Iron Maiden a ser conferido ao vivo.

    Ao meu lado tinha uma pessoa muito emocionada chorando muito, perguntei o porque de tanto choro. E ele me disse: "Sou baixista de uma banda de sertanejo, e minha principal influência em tocar baixo foi o Steve Harris e agora nos meus 42 anos, tive a oportunidade de ver meu ídolo de perto". Atrás de nós tinha um grupo de suecos que estavam acompanhando o Iron Maiden desde o México, todos muito felizes por estarem ali também. Assim encerrava-se a Legacy Of The Beast Tour 2019 no Brasil, com três grandiosos shows no Brasil, que com certeza levou muita emoção a todos os seus fãs presentes no Rio de Janeiro/RJ, em São Paulo/SP e aqui em Porto Alegre/RS.

    É impressionante como uma banda como o Iron Maiden faz muitas pessoas se emocionarem, fazer novas amizades ( conheci diversas pessoas no show ), se deslocarem de tantos lugares do país, e fazerem cidades grandes simplesmente entrarem no clima do show e do mundo para poderem presenciar este belo espetáculo da música mundial. Com toda certeza posso afirmar que o Iron Maiden é a principal banda de Heavy Metal do planeta, suas músicas são eternos hinos e que fazem qualquer estrutura abalar onde passam, e com toda certeza também o Brasil presenciou a maior e melhor tour da história do Iron Maiden. Dedico esta resenha a todos da cidade de Porto Alegre à todos os fãs do Iron Maiden neste Brasil!

    Um grande forte agradecimento à Move Concerts e a Midiorama por ter nos concedido este imenso credenciamento para que pudemos registrar esta bela passagem do Iron Maiden por Porto Alegre e pelo Brasil. Up The Irons!!!

Texto: Wellington Penilha
Fotos: Wellington Penilha
Fotos do Rage In My Eyes - Facebook Oficial da banda
Agradecimentos à Ana Paula Sliveira e à equipe da Move Concerts e Midiorama pelo credenciamento, atenção e principalmente pela oportunidade
Outubro/2019

Set List do Iron Maiden

1 - Transylvania
2 - Doctor Doctor
3 - Churchill's Speech
4 - Aces High
5 - Where Eagles Dare
6 - 2 Minutes To Midnight
7 - The Clansman
8 - The Trooper
9 - Revelations
10 - For The Greater Good Of God
11 - The Wicker Man
12 - Sign Of The Cross
13 - Flight Of Icarus
14 - Fear Of The Dark
15 - The Number Of The Beast
16 - Iron Maiden

Encore:
17 - The Evil That Men Do
18 - Hallowed Be Thy Name
19 - Run To The Hills
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