Odin's Krieger Fest 2019
Com: Taberna Folk, Hugin Munin, Terra Celta e Confraria da Costa
Sábado, 25 de maio de 2019
no Fabrique Club em São Paulo/SP

    Quando cheguei no Fabrique Club, notei que o estilo da casa era propício para o Odin's Krieger Fest, lustres medievais faziam parte da decoração, paredes de pedra e um bar próximo ao palco, tudo bem organizado e limpo.

    Cheguei bem antes do credenciamento, tive acesso logo aos stands que ainda estavam sendo montados, ao sair da casa, deparei com uma fila na entrada, lembrando que os ingressos um dia antes do evento haviam sido esgotados, não tinha muita gente talvez, pelo horário ou pela ordem das bandas que se apresentariam.

Taberna Folk

    O grupo paulista de Cosmópolis, o Taberna Folk, que é formado por Ricardo Amaro ( vocais,  violão, flauta e gaita de fole ), Karina Moreno ( percussão e voz, porém ausente neste dia ), Luis Henrique Romagnolo ( violão, bandolin e voz ), Bardo ( violino, harpa e voz ) e Hugo Taboga ( percussão e flauta ) possui um repertório bastante extenso com temas medievais, célticos, germânicos, nórdicos e algumas músicas autorais. Tocam em bares temáticos, realizam anualmente o Jantar Medieval onde reúnem admiradores de todas as culturas de seus antepassados, além de comidas típicas, um grande banquete e fogueira.

    Eles começaram, em 2008, na época onde a cena Medieval não era tão conhecida e foram ganhando espaço ano após ano. Iniciando a noite ao som de Saltarello, música popular de dança renascentista de origem italiana, é bem animada e veio a abertura minutos antes do Taberna Folk iniciar suas atividades às 15:05 com In Taberna e esta canção lembra o ambiente de uma taberna, nas eras medievais e neste momento uma roda se abre na pista com várias pessoas dançando seguida por músicas como "Trotto/  A que Por", "Da Que Deus" e "Jag Sag en Ulv".

    Logo depois tivemos "Kesh/Morris/Road", "Hot Asphault", "Lanningan's Bal" e "Some Say The Devil Is Dead", canção folclórica de origem Escocesa e Irlandesa também tocada pelos irlandeses do The Wolfe Stones e pela banda Cruachan de Folk Metal. Continuam com a Drunken Lullabies, música animada dos irlandeses do Flogging Molly e também com a Vejen til Vinland e a Sigurdkvaden, canções de origem norueguesa e tocada pelos dinamarqueses da banda Krauka.

    Seguem depois com a Herr Mannelig, uma balada sueca Medieval que conta a história de uma Troll da montanha, que se propõe a se casar com um jovem. Sua primeira versão surgiu em 1877 nos populares gêneros Neofolk, Folk Rock e Neo-Medieval desde a sua inclusão no álbum Guds Spelemäm, de Gamarna, em 1996, também incluída por nomes como In Extremo, Haggard e entre outras bandas menos conhecidas na cena Folk / Medieval Mundial.

     Finalizando com "Canecos", "I'Se The B'Y" e "Sieben Tage Lang", sendo que esta última música tem seu nome original como Zeven Dagen Lang, que foi lançada pelos holandeses do Bots, na década de 70. Assim termina a apresentação do Taberna Folk nesta edição do Odin's Krieger Fest 2019, com um gostinho de quero mais!

Setlist  do Taberna Folk

1 - In Taberna
2 - Trotto / A Que Por
3 - Da Que Deus
4 - Jag Såg En Ulv,
5 - Kesh/Morris/Road
6 - Hot Asphault
7 - Lanningan's Bal
8 - Some Say The Devil Is Dead
9 - Drunken Lullabies
10 - Vejen til Vinland/ Sigurdkvaden
11 - Herr Mannelig
12 - Canecos
13 - I'se The B'Y
14 - Sieben Tage Lang

Hugin Munin

    Os santistas do Hugin Munin, banda formada por Surt nos vocais, Thorgrim e Hjalmar na guitarra, Carcharoth no baixo e Troll na bateria foram a segunda atração do festival Odin's Krieger Fest. Eles iniciaram com What Lies Below, música do EP de mesmo nome, lançado em 2015, seguindo com All For Nothing, do álbum All Hail Odin de 2018, ambas sons bem pesados para quem curte Metal Extremo. Nesta linha também tocaram a Flight Of Ravens do EP Mountainbreaker de 2014.

    Após abrirem o show com muito peso, eis que Surt anuncia a participação de Kings Of Steel, banda cover oficial do Manowar para realizar a gravação de Invincible, canção que será lançada em breve. A galera fica louca e os fãs do Manowar surgem por todos os lados, levantando os braços e cruzando como forma de saudação aos deuses do Metal. O nome Kings Of Steel é uma das músicas de Kings Of Metal, do sexto álbum de estúdio da banda norte-americana Manowar, lançado em 1988. O Kings Of Steel foi idealizado por Alex DiArce ( baixo ) e Cleber Krichinak ( vocal ), sendo que os paulistas são considerados oficiais aqui no Brasil.

    Passados a gravação, gritam Troll ao se referirem a vez do baterista fazer seu solo, assim abrindo uma roda de mosh com a palavra "Slow" por várias vezes dita pelo vocalista Surt, a galera vibrava a todo o momento até ser anunciado a próxima canção Odins Krieger!, lançada em maio deste ano, em homenagem ao festival de mesmo nome.

    Também era possível ouvir um coral fazendo reverencia a Odin, o qual era um dos deuses principais do festival, que é dedicado aos deuses nórdicos e o som do Hugin Munin tinha uma influência grande de Amon Amarth, lembrando que ambas as bandas possuem inspiração a Mitologia Nórdica, tanto que tocaram a Hail Odin do cd All Hail Odin de 2016. Em seguida, o vocalista agradece a presença de todos, apresentando a banda em forma de agradecimento pelo dia inesquecível que foi aquele momento, único e especial para o Odin's Krieger Fest.

    O show ainda teve direito a um "Wall Of Death", uma espécie de ritual que ocorre em basicamente todos os shows de Metal Extremo, quando o vocalista convoca a plateia a se dividir ao meio e fazer uma rodinha de mosh mais agressiva que as normais, antes disso Surt apenas diz "aguentam a última batalha?" e finaliza com a rodinha de mosh pesado ao som de Death Of Glory do álbum autointitulado de 2015 e Look Skyward and Despair do EP também autointitulado de 2014.

    O Fabrique Club ficou pequeno após as últimas músicas da banda, era o tempo todo abertura de rodas de muito bate-cabeça, impossível chegar perto do palco, corria o risco de levar uma cotovelada ou até mesmo um chute, notava que a galera estava muito feliz com esta atração. Diferente do primeiro grupo que se apresentou, e tinha rodas de danças, dois estilos completamente diferentes em um mesmo festival, como se Hugin Munin tirasse um pouco da alegria e colocasse uma pitada de brutalidade no festival, assim iniciava mais um Odin's Krieger Fest e o que estaria por vir era regado a muito cerveja, canecas, dança, piadas e mais danças.

Set List do Hugin Munin

1 - What Lies Below
2 - All For Nothing
3 - Flight Of Ravens
4 - Invincible
5 - Drum Solo
6 - Odin’s Krieger!
7 - Hail Odin
8 - Death Of Glory
9 - Look Skyward and Despair

Terra Celta

    A penúltima atração do dia foram os paranaenses do Terra Celta, a banda subiu ao palco animando geral, misturando violino, flauta, guitarra, baixo, bateria e sanfona além de musicas tradicionais da Irlanda, Escócia, Galícia e alguns arranjos diferentes, eles iniciaram a banda em 2005 em Londrina/PR, reúnem um repertório musical de composições próprias e em português, que resultou em três álbuns ( No Sintoma de 2007, Folkatrua de 2010 e o Terra Celta de 2016 ) e vários singles.

   O grupo é composto por Elcio Oliveira ( vocais, violino, gaita de fole e nyckelharpa ), Alexandre "Arrigo" Garcia ( acordeão ), Edgar Nakandakari ( bandolim, tin whistle, hurdy gurdy, flauta tranversal e banjo ), Bruno Guimaraes ( baixo ), Eduardo Brancalion ( violão, guitarra e bouzuki ) e Luís Fernando Nascimento Sardo ( bateria e percussão ). Notei que, o público nas primeiras bandas do festival, aumentaram gradativamente, todos pararam para prestigiar Terra Celta até quem estava vendendo nos stands no fundo, pois, eles possuem o dom de cativar o público.

    O show iniciou com Anyas e seguiu para O Quadrado, música do álbum Folkatrua, um dos maiores sucessos do Terra Celta, quem não conhece o primeiro refrão pensará que o som é proveniente de um plágio de Inis Mona, do álbum Slania do Eluveitie mas, o som é inspirado em Tri Martolog, do compositor Alan Stivell, da década de 70. Terra Celta é uma mistura de estilos com o Celta.

    Logo, o vocalista, Elcio Oliveira anuncia a terceira música e diz "está canção nos levará a Escócia" e inicia com Price For a Pig para descontrair, canção bem antiga e usada em muitas trilhas de filmes e jogos, seguida com ( O Veio Bêbado ) O Porco do Folkatrua. O show seguiu com a Chip e com a Gaia, canção esta que possui um vídeo clipe, o qual retrata o estrago da barragem em Minas Gerais na cidade de Mariana, em 2015, junto a uma vista aérea e uma letra que decorre a realidade. Depois, mais um grande sucesso Até o Ultimo Gole, este som é um marco da banda e não pode faltar em suas apresentações também gravada no Folkatrua.   

    O grupo lançou apenas três álbuns, e destes três há algumas músicas que não estão inclusas nestes lançamentos, como Era uma Vez, do álbum de 2016, que fala sobre o outro lado dos contos de fadas, seguindo com Tortuga e a recente Mulher Maravilha, canção que conta a história e homenageia a heroína dos quadrinhos, inclusive está disponível no Youtube o clipe recém lançado com a participação especial da ex-The Voice, Allice Tirolla. Chegando ao fim da penúltima apresentação, o show prossegue com Terra Celta e Um Outro Lugar ( single de 2017 ).

    A penúltima música da noite tem história, Bella Ciao, além de ser trilha sonora da famosa série La Casa de Papel, é uma canção popular italiana, composta no século XIX para os trabalhadores. Mais tarde, a mesma melodia foi utilizada como base para protestos contra a Primeira Guerra Mundial, e também foi símbolo de Resistência Italiana contra o Fascismo durante a Segunda Guerra Mundial, esta canção cantada pelo grupo fica bem melhor que na versão original! Confesso, gostei muito quando vi ao vivo!

    Ao encerrar a apresentação, Elcio Oliveira agradece a presença de todos, principalmente a organização e a todos os fotógrafos ali presentes e outras bandas que passaram pelo festival naquela tarde. Por fim, Ressaca, do álbum Terra Celta lançado em 2016 me levando a exclamar: Que showzaço!!! O Terra Celta agitou, cantou, dançou, se interagiu com o público e manteve seu bom ritmo animado até o final.

Set List do Terra Celta

1 - Anyas
2 - O Quadrado
3 - Price For a Pig
4 - ( O Veio Bêbado ) O Porco
5 - Chip
6 - Gaia
7 - Até o Último Gole
8 - Era Uma vez
9 - Tortuga
10 - Mulher Maravilha
11 - Terra Celta
12 - Um Outro lugar
13 - Bella Ciao
14 - Ressaca

Confraria da Costa

    Após o término de Terra Celta, muitos que estavam prestigiando os 'londrinos' foram embora e a casa ficou bem menos cheia, não sei se foi pelo horário ou pelo interesse mas, ainda era cedo para o fim, já que Confraria da Costa seria a última atração. Notei que havia uma galerinha impaciente, bem ansiosa enquanto aguardava a banda entrar, infelizmente tiveram alguns minutos de atraso enquanto terminara os últimos preparativos, com as cortinas ainda fechadas.

    Confraria da Costa é uma banda de Rock Pirata de Curitiba/PR, fundada em 2010 e possuem influências com Blues, Folk, Jazz, Música Cigana e Música Erudita, sendo que todas são escritas em português. A banda é composta por Capitão ( vocais, banjo e violão ), Pantaleoni ( baixo ), Anderson de Lima ( guitarra ), Abdul Osiecki ( bateria ) e André Nigro ( percussão ).

    Por volta das 20:30, os piratas entram em cena, então o Capitão do barco, chama a atenção de todos com "Boa Noite Marujos!" e a 'tripulação' responde "Boa Noite", dando introdução a Motim do álbum de mesmo nome, lançado em 2015. Os que presenciavam o show estavam a caráter com roupas estilo o filme Piratas do Caribe. Seguindo com Cia dos Canalhas, outra do álbum Motim, Coisas Piores Acontecem do álbum Confraria da Costa de 2010 e Oh Garrafa de Canções de Assassinato de 2012, estas músicas foram responsáveis por muito bate-cabeça e empurra-empurra, o que dificultou bastante quem estava tentando fotografar os piratas.

    O set list do quinteto segue com uma mistura de primeiros álbuns até o último lançamento, todas as composições são bem animadas, como foram os caso de Eu Já Esqueci Mais Do Que Você ( outra do Confraria da Costa de 2010 ), Lagartos ( do Motim ) e a releitura da famosa Marcha Turca composta por Mozart em versão Folk Rock, que ficou bem mais animada que a original.

    O show teve ainda Balada dos Mortos ( do Canções de Assassinato ) e a sua clássica título, a Canção de Assassinato, que não deve jamais deixar de ser tocada em seus shows. Além disso, eles exiberam a Canto dos Piratas ( outra do primeiro álbum autointitulado ) continuando com duas do Canções de Assassinato com a Meu Pequeno Demônio e a Russian Reverse, finalizando com És Cadavérico ( também do primeiro registro ) e The Basso do Motim, que é a única canção sem vocal e com título em inglês com apenas violino e percussão.

    Entre muitos aplausos e pedidos de bis, o quinteto tocou mais uma do disco de estreia com À Deriva e findou o seu show com a Polka do Diabo, esta recentemente teve seu video-clipe lançado e bem apreciado pelos seus marujos! Assim, termina mais um sucesso em bilheterias, o festival nacional Odin's Krieger Fest!

Set List do Confraria da Costa

1 - Motim
2 - Cia de Canalhas
3 - Coisas Piores Acontecem
4 - Oh Garrafa
5 - Eu Já Esqueci Mais Do Que Você
6 - Lagartos
7 - Marcha Turca
8 - Balada dos Mortos
9 - Canções de Assassinato
10 - Canto dos Piratas
11 - Meu Pequeno Demônio
12 - Hungarian Dance n.5
13 - Russia Reversa
14 - És Cadavérico
15 - The Basso
16 - À Deriva
17 - Polka do Diabo

Galeria de 8 fotos dos shows do Hugin Munin e do Confraria da Costa no Odin's Krieger Festival 2019 no Audio Club em São Paulo/SP

 

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