Edu Falaschi

    A abertura da noite ficou por conta do vocalista Edu Falaschi, um dos artistas mais renomados do Heavy Metal brasileiro. Começando por volta das 18h15 ele foi acompanhado por músicos muito competentes, à saber: Raphael Dafras no baixo, Roberto Barros e Diogo Mafra nas guitarras, Jean Gardinalli na bateria, Raissa Ramos e Fabio Caldeira nos backing vocals e Fabio Laguna nos teclados.

    A primeira do set foi um clássico do Angra com a Acid Rain do álbum Rebirth ( de 2001 ), que foi muito bem recebida pelo público presente. Bastante animado com a recepção, Edu Falaschi conversa um pouco com a plateia, dizendo que é uma honra estar ali naquele palco, especialmente por ser fã das duas bandas e de Hard Rock. Em seguida, tivemos a Fire With Fire, a primeira e única do seu trabalho solo Vera Cruz, que foi lançado em 2021.

    Continuando, foram apresentadas mais duas músicas de sua fase no Angra e que pertencem ao Rebirth com Heroes Of Sand e Bleeding Heart, esta última cantada por muitos casais que estavam no estádio. Devido a alguns "problemas", o vocalista precisou terminar sua apresentação antes do previsto, anunciando a execução do clássico Nova Era ( precedido por In Excelsis ) do álbum Rebirth, que fez o público cantar do início ao fim.

    O show foi muito bom, mesmo com as adversidades que uma banda de abertura enfrenta, tais como: horário, tempo, passagem de som, entre outros. Embora, o vocalista tenha priorizado músicas de sua antiga banda para conquistar o público, muitas pessoas, assim como eu, gostariam de ter ouvido mais do seu trabalho solo.

Mötley Crüe

    Das duas grandes atrações da noite, os primeiros a subir ao palco, pontualmente às 19h30, foram os americanos do Mötley Crüe. Ícones do Hard Rock/Glam Metal dos anos 80, nos últimos anos a banda vinha sofrendo diversas críticas devido ao estado físico e vocal de Vince Neil, somados ao desgaste típico de uma banda com mais de 30 anos de estrada, o que levou a algum tempo o anuncio de uma turnê de despedida.

    Após o lançamento do filme biográfico The Dirt nas plataformas digitais da Netflix, baseado no livro autobiográfico, a banda acabou voltando as paradas de sucesso levando-os a cair na estrada novamente. Atualmente, o grupo é formado por Vince Neil nos vocais, Tommy Lee na bateria, Nikki Sixx no baixo e John 5 na guitarra, que entrou no lugar do icônico guitarrista Mick Mars ( fora das turnês devido aos seus problemas de saúde ).  

    Com uma invejável lista de hits, a banda iniciou sua apresentação com a clássica Wild Side do disco Girls, Girls, Girls de 1987, fazendo o público presente pular e cantar como se não houvesse amanhã. Com a entrada de John 5, o Mötley Crüe se mostrou muito bem entrosado e com energia renovada, ficando ainda mais nítido com a execução de uma sequência matadora com Shout At The Devil ( título do disco de 1983, mas a versão executada nesta noite foi a de 1997 ) e que prosseguiu com Too Fast For Love ( que concede o nome ao primeiro álbum do quarteto de Los Angeles ).

    Logo após, Vince Neil conversa com a plateia, perguntando se todos estão prontos, pegando logo seu violão para tocar uma das melhores baladas da banda: Don't Go Away Mad ( Just Go Away ), esta do álbum Dr. Feelgood de 1989. Uma das surpresas da noite foi a execução de Saints Of Los Angeles, música lançada em 2008, que intitula o nono álbum de estúdio do Mötley Crüe e foi cantada pelo público como se fosse um clássico dos anos 80. De fato, a música é muito boa, possuindo um riff pesado e aquele refrão chiclete típico do Hard Rock.

    Vince Neil agradece os fãs, anunciando que tocariam uma faixa do primeiro álbum da banda. Tal canção era a pesada Live Wire com seu riff inesquecível e com um dos bumbos duplos mais lembrados da década. Destaque para Tommy Lee, que toca com muita garra e vontade, sempre agitando a plateia atrás de sua bateria.   

    Outro clássico foi executado logo em seguida, estamos falando de Looks That Kill, lançada no álbum Shout At The Devil. Mesmo com o andamento mais lento do que a original, a canção foi cantada por todos, principalmente o seu refrão. Após essa sequência de clássicos, Vince Neil pergunta para o público se alguém assistiu ao filme da banda, antes de tocar justamente a música The Dirt ( Est. 1981 ), tema central da produção cinematográfica, com imagens do filme nos telões.

    Nikki Sixx conversa com a plateia, agradecendo a todos os presentes, levantando a bandeira do país e então convidou uma fã para subir ao palco para fazer uma selfie com ela.

    Depois, Nikki Sixx anuncia o guitarrista John 5, o qual fez um belíssimo solo de guitarra, mostrando toda sua técnica e virtuosismo, com uma pequena menção a Eruption do saudoso Eddie Van Halen, que mais tarde deu origem a um 'medley' com diferentes covers da carreira da banda, como Rock and Roll, Part 2 de Gary Glitter, Smokin In The Boys Room ( do Theatre Of Pain ), Helter Skelter ( dos Beatles, cuja versão feita pelo Mötley Crüe está no Shout At The Devil ), Anarchy in The U.K. ( versão do Sex Pistols, que saiu na coletânea Decade Of Decadence ) e Blitzkrieg Bop, hino Punk criado pelos Ramones.   

    Após essa sequência de covers, foi a vez de Tommy Lee agitar a plateia, fazendo diversas brincadeiras com o público, sem filtro e totalmente politicamente incorreto. 

    Eis que surge um piano no palco. Sim, era a hora de Home Sweet Home, uma das mais belas baladas do Rock e hit do Theatre Of Pain de 1985, que foi cantada por todos presentes. Destaque para John 5, que executou com maestria o solo de guitarra criado por Mick Mars, foi muito emocionante.

    A banda ainda executou mais dois clássicos do álbum Dr. Feelgood de 1989, estamos falando da canção título Dr. Feelgood e Same Old Situation ( S.O.S. ), que foram muito bem recebidas.

    Instantes depois, surge no palco duas mulheres infláveis gigantes, seguida de um barulho de motocicleta, era a vez de Girls, Girls, Girls, outro clássico da banda e uma das mais divertidas do Mötley Crüe. Importante mencionar que o quarteto aposta em um espetáculo onde não tem problema em ter duas bailarinas, delineando os seus corpos, numa época em que a utilização da imagem feminina como elemento sexualmente explorável é questionada até aos limites do divertimento.   

    Retornando ao álbum Decade Of Decadence lançado em 1991 tocaram a única inédita da coletânea, a Primal Scream, que possui uma bateria e um baixo muito marcante. Com um clima de final, ouvimos as alavancadas da guitarra de John 5... era a hora da explosiva Kickstart My Heart, outro clássico presente no disco Dr. Feelgood levantando pela última vez o público presente neste show do Mötley Crüe em São Paulo/SP. 

    Por ser a última do setlist, Kickstart My Heart foi cantada em plenos pulmões pela plateia, mostrando mais uma vez a força de uma canção lançada há mais de 30 anos.

    O Mötley Crüe fez um show barulhento e cheio de energia. No inicio tiveram alguns problemas técnicos, mas foram rapidamente superados com a apresentação de um setlist impecável e convincente, abordando a maioria dos clássicos da banda. Na despedida, o quarteto ainda distribuiu diversas palhetas para alegria dos fãs.

Set List Motley Crue

Song played from tape - Requiem in D minor, K. 626 (Wolfgang Amadeus Mozart song)
Breaking News Report

1 - Wild Side
2 - Shout At The Devil
3 - Too Fast for Love
4 - Don't Go Away Mad (Just Go Away)
5 - Saints Of Los Angeles
6 - Live Wire
7 - Looks That Kill
8 - The Dirt
9 - Guitar Solo
10 - Rock and Roll, Part 2 / Smokin' In The Boys Room / Helter Skelter / Anarchy In The U.K. / Blitzkrieg Bop
11 - Home Sweet Home
T.N.T. (Terror 'n Tinseltown)
12 - Dr. Feelgood
13 - Same Ol' Situation (S.O.S.)
14 - Girls, Girls, Girls
15 - Primal Scream
16 - Kickstart My Heart

Def Leppard

    Após uma contagem regressiva projetada nos telões, era a vez dos ingleses do Def Leppard subirem ao palco no Allianz Parque. Formada por Joe Elliot nos vocais, Phil Collen e Vivan Campbell nas guitarras, Rick Savage no baixo e Rick Allen na bateria, a banda subiu ao palco por volta das 21h30, executando a faixa Take What You Want, que abre o mais recente trabalho de estúdio Diamond Star Halos, o qual foi muito bem recebida pelo público.

    Um dos vocalistas mais carismáticos do Rock, Joe Elliot conversa com a plateia e disparou junto com os demais a Lets Get Rocked do álbum Adrenalize lançado em 1992. Não o bastante, em sequência a banda apresentou as clássicas Animal do Hysteria de 1987 e Foolin' do Pyromania de 1983, levando todos os presentes à loucura. É incrível como o Def Leppard apresenta as suas canções com muita competência técnica e animação.

    Joe Elliot mais uma vez conversa com o público, saudando a todos presentes, apresentado o icônico guitarrista Vivan Campbell, que inicia o riff de Armageddon It ( mais uma do clássico Hysteria ). Importante enaltecer o guitarrista Vivan Campbell, que gravou os primeiros álbuns solo de Ronnie James Dio, bem como tocou com o Whitesnake, Thin Lizzy, entre outros. O cara sem dúvidas é um dos guitarristas mais icônicos do Heavy Metal!

    Outra música tocada do mais recente álbum de estúdio foi a Kick, que mesmo não sendo muito conhecida, foi bem recebida pela plateia. Em seguida, foi a vez da emblemática Love Bites, uma das maiores baladas da banda e do Hard Rock, fazendo todos os fãs cantarem emocionados, principalmente os casais. Phil Collen, outro grande guitarrista da banda, surge a frente do palco e começa Promisses lançada no álbum Euphoria de 2008.

    Eis que Joe Elliot surge com seu violão, e o Def Leppard apresenta mais duas músicas, porém, em formato acústico: This Guitar do novo Diamond Star Halos e When Love And Hate Collide ( single presente na coletânea Vault: Def Leppard Greatest Hits 1980 - 1995 de 1995 ) ficando em destaque a qualidade das vocalizações dos ingleses, característica da sua discografia. Pouco depois tivemos a cadenciada Rocket do clássico álbum Hysteria, que foi cantada por todos do inicio ao fim.

    Uma das surpresas mais agradáveis da noite, sem dúvidas foi a dobradinha de Bringin on The Heartbreak e Switch 625, ambas do segundo álbum de estúdio High'n'Dry de 1981, demonstrando o espírito Heavy Metal que o Def Leppard tinha no início da carreira. Simplesmente fantástico e inesquecível!

    Posteriormente foi a vez da emocionante balada Hysteria, que levou a plateia ao delírio, que acompanhou cada um de seus versos com o Def Leppard. Após esse clássico, mais uma do álbum Hysteria levantou a plateia, estamos falando da eletrizante Pour Some Sugar on Me, com o seu riff e refrãos bastante marcantes. Chegando ao final, o vocalista apresenta o baterista Rick Allen, e este dá as primeiras batidas da clássica Rock Of Ages do clássico álbum Pyromania, com seu refrão contagiante, fazendo o público presente pular e com Joe Elliot seus versos.

    Os guitarristas surgem mais à frente do palco e iniciam o riff da sensacional Photograph, outro clássico dos ingleses lançado no álbum Pyromania, causando definitivamente uma histeria coletiva. Destaque para os telões que durante a execução da música, passavam diversas imagens da carreira do Def Leppard, incluindo do saudoso guitarrista Steve Clark, morto em 1991.

    Sem dúvidas foi uma das melhores apresentações que tivemos do Def Leppard no país. É incrível ver uma banda que já passou por tantos altos e baixos, executar suas músicas com maestria e com muito carisma. Foi uma verdadeira aula de Rock'n'Roll que presenciamos nesta noite com o Mötley Crüe e o Def Leppard!!!

Texto: Paulo Sosi
Fotos: Def Leppard e Mötley Crüe ( Facebook Oficial das bandas )
e Edu Falaschi ( Caike Scheffer )
Agradecimentos à Aline Nobre e a equipe da Live Nation
 pela atenção, oportunidade e credenciamento
Março/2023