X - Fears

    A escolha da banda de Prog Metal X-Fears fundada em Campinas/SP em 2002 para a abertura de um show como o de Geoff Tate foi deveras que acertada, pois, o quinteto possui um excelente álbum de estúdio nomeado como The First, um DVD ao vivo e já se prepara para registrar o segundo cd ( aliás, o show desta noite foi o último antes de começarem os trabalhos em estúdio ). Neste sábado em Limeira, o line up do X-Fears foi o seguinte: Gabriel Carvalho nos vocais e teclados, Gilmar Casagrande e Fernando Cavaccini nas guitarras, Murilo Barim no baixo e Douglas Polent's na bateria.

    Foi por volta das 19:45 que a X-Fears estava posicionada no palco e pronta para iniciar o seu show, que começou com o vocalista e tecladista Gabriel Carvalho saudando os fãs, agradecendo pela oportunidade de abrir o show do Geoff Tate, informando que tocarão músicas do The First e demonstrando muita alegria e empolgação pela oportunidade. Assim, ao som da bela canção instrumental X-Fears, eles iniciaram sua apresentação bastante técnica ligando esta música a Take Control, onde deu para perceber as ótimas vibrações enviadas pela complexa composição. 

    Antes da próxima música, o X-Fears sofreu um problema técnico e por alguns instantes pararam seu show para resolvê-lo e assim que sua resolução foi encontrada, eles tocaram a No Regrets, cujo princípio bastante pesado deu lugar à um som Progressivo e Melódico, onde pudemos ver os bons vocais de Gabriel Carvalho entregando uma performance de muita dedicação, assim como os demais na sua competente parte instrumental.

    Com um breve: "Valeu galera!!!" e "Esta música chama-se Endevour", Gabriel Carvalho trouxe a quarta do set list do X-Fears, que manteve o nível do show e ajudou a conquistar os presentes, que ainda não eram muitos, porém, foram aumentando durante o decorrer do show. Inclusive, nesta música a parte instrumental recebeu uma dose de peso e dos nuances Progressivos que foram prenderam nossa atenção.

    Aplaudidos, o vocalista agradece novamente em nome da banda, convida o público para visitar e se inscrever nas redes sociais do X-Fears e dedica a próxima canção ao vocalista Warrel Dane, que infelizmente não está mais entre nós. Desta forma, a versão deles para a lenta Believe In Nothing do Nevermore foi exibida passando toda sua emoção no Mirage Eventos, onde saliento os solos dos guitarristas Gilmar Casagrande e Fernando Cavaccini.

Set List do X - Fears

1 - X-Fears  ( Intro )
2 - Take Control
3 - No Regrets
4 - Endevour
5 - Believe In Nothing
6 - Hell Is Here
7 - The Worst Pain
8 - Don't Wait

Geoff Tate

    Enquanto o palco era arrumado para o show de Geoff Tate foi o tempo necessário para tomar uma cerveja e bater um papo com os amigos até que às 21:40 ( sendo que o Estúdio Mirage Eventos já estava com um público bem maior do que antes - quem demorou perdeu o ótimo show do X-Fears ) era chegada a hora de conferir a celebração dos trinta anos do clássico álbum Empire ( nono lugar no Top 200 da Billboard e que trouxe o Qüeensryche pela primeira vez no Brasil no Rock In Rio em 1992 ) e do Rage For Order.

    Como quase sempre acontece em shows, o baterista Danny Laverde foi o primeiro a se posicionar atrás de sua - até que pequena - bateria, seguido pelos guitarristas Alex Hart e Kieran Robertson, o baixista Jack Ross e o tecladista brasileiro Bruno Sá para que então aos sons dos diálogos de "What? You Say..." nós recebêssemos finalmente o "coração de ferro" Geoff Tate ( que completou 64 anos no dia 14 de janeiro ) para cantar a primeira do Rage For Order com a Walk In The Shadows, que foi cantada por muitos e despertou uma alegria gigante em cada um de nós por estarmos vendo um álbum importante como este sendo executado na integra.

     Comentar da voz de Geoff Tate é quase "chover no molhado" pela perfeição que é, está no momento e sempre foi, sendo que além disso, o vocalista se movimentou pelo palco sempre conclamando para todos nós completarmos o refrão da música para ele.

    Após sua saudação para os fãs, tivemos a emocionante I Dream In Infrared, onde os vocais melódicos de Geoff Tate ficaram evidentes bem como a sua interpretação cheia de carisma da música nos impactando consideravelmente e os solos feitos por Alex Hart e Kieran Robertson em suas guitarras nos fizeram viajar até 1986 quando o álbum Rage For Order foi lançado.

   Sem pausas, o show seguiu com The Whisper e quando não estava no centro das atenções, Geoff Tate sempre deixava seus guitarristas brilharem e nesta os dois se agacharam solando brilhantemente e depois apoiaram "chefe" nos backing vocals. Aliás, Geoff Tate ficou o tempo todo de óculos escuros e estava com uma camisa de botões vermelho-escuro bem elegante, além de braceletes, crucifixo e anéis, ou seja, bem estiloso.

    Para o cover de Lisa Dalbello presente no disco, a Gonna Get Close To You também foi muito bem recebida pelos fãs com suas formosas tonalidades dramáticas e antes de The Killing Words, Geoff Tate conversou bastante com a plateia dizendo que somos sobreviventes ( em clara referência à pandemia e aí já mando o meu Obrigado Sus... Obrigado vacinas!!! ) e depois de agradecer a receptividade executaram a composição com toda a potência que ela é detentora.

    Surgical Strike foi a seguinte e foi precedida por solos de Alex Hart e Kieran Robertson e contou com os longos agudos de Geoff Tate, que exalaram todo o seu lado Progressivo nos atingindo em cheio com sua harmonia sendo um grande momento do show, que só não foi maior que os que estavam por vir posteriormente com o Empire em cena. O baterista Danny Laverde provou porque está em uma banda que toca músicas difíceis como esta através de seu breve solo que fez trazendo ao palco Neue Regel e vale dizer que ele bateu forte em seu kit enquanto que Geoff Tate liberava os agudos de seus versos.

    Em Chemical Youth ( We Are Rebellion ), Geoff Tate cantou esta sensibilizante composição mais lenta com todo o primor que ela é possuidora sempre se mexendo como se estivesse interpretando o personagem e como a sua harmonia Progressiva nos contagiou com facilidade... dava vontade de fechar os olhos sentindo suas notas. Só não fiz isso, porque queria ver cada passo de Geoff Tate no palco e contar aqui nesta resenha.

    Se aproximando do final da primeira parte do show, Geoff Tate convoca os "Hey...hey..." dos fãs sendo prontamente atendido para que London fosse exibida, onde destaco o eficaz trabalho de percussão feito por Danny Laverde e som encorpado Heavy Metal feito pelos demais.

    Screaming In Digital continuou a apresentação fascinante de Geoff Tate e a parte dedicada ao álbum Rage For Order foi encerrada com I Will Remember aos dedilhados transbordando emoção, porém, agora em um tom melancólico. Sorridente, Geoff Tate soltou um "Obrigado" e saiu junto com a banda para o camarim, pois, sabíamos o que estava por ver depois de alguns minutos para que todos descansassem.

Joias da Coroa

    Este intervalo serviu para aumentar a nossa ansiedade por ver um dos discos mais clássicos da história do Rock sendo exibido na íntegra com esta excelente ideia que Geoff Tate teve e lembro-me o quanto ouvi a minha fita K-7 gravada nos anos 90 do álbum Empire, quantas vezes suas músicas eram tocadas nas rádios FM's ( especialmente suas baladas ) bem como a minha alegria ao finalmente adquirir o cd em 2021 ( usado, mas, em excelente estado ) e agora junto aos demais headbangers presentes no Estúdio Mirage Eventos assistiríamos Geoff Tate cantando cada uma delas.

    Com roupas trocadas, Geoff Tate ( agora com uma blusa acinzentada, além dos já utilizados anéis, braceletes e óculos escuros ) e sua banda retornam nos atingindo em cheio com Best I Can, que foi executada notavelmente produzindo aquele grau que me fez viajar até 1990 quando ouvi exacerbadamente o disco Empire tanto que fechava rapidamente os olhos e lembrava do clima da época e quando abria via o vocalista entregando uma performance exemplar no palco do Mirage Eventos, cujo som o tempo todo esteve excelente.

    Tão contente quanto nós, Geoff Tate manda beijos para a plateia, recebe os aplausos e os gritos de seu nome e dispara um "Thank You" para que então acontecesse uma grande surpresa no show... ele pegou um saxofone, emitiu alguns sons e os guitarristas Alex Hart e Kieran Robertson já mandaram as primeiras notas de The Thin Line, que além da virtuosidade que cantou seus versos, que nos fez cantar com ele também, o maior destaque e que não tem preço neste show foi ver Geoff Tate solando o saxofone conferindo uma roupagem única à música. Aliás, ele fez alguns prolongamentos seguros pela banda aumentando o nosso contentamento em vê-lo fazendo isso.

    Jack Ross vai a frente do palco e dedilhando seu baixo envia as notas de Jet City Woman recebida com muitos "hey... hey..." para que então Geoff Tate assumisse o comando e interpretasse com toda a excelência de sua voz os versos da canção, que na hora de seu título, ele sabiamente deixava que nós completássemos para também participarmos do show ficando assim extasiados. Sem delongas, eles continuaram com a elegante Della Brown, onde devo enaltecer os solos de Alex Hart e Kieran Robertson, que se alternaram nas melodias "passando a bola" um para o outro aplicando muito peso nos fazendo sentir a magia deste show.

    Logo nas primeiras notas da lenta e melódica Another Rainy Night ( Without You ) socamos o ar e bradamos os "hey... hey.. hey..." substituídos pelos "ôôôôôôôôôô" até o sorridente Geoff Tate começar a cantar, o que não demorou nada, mas, serviu para emocionar por estamos vendo ele cantá-la e à ele pela nossa interação.

    Antes da canção título do álbum, Geoff Tate conversou um pouco com a plateia dizendo que não consegue lembrar dela, óbvio que era brincadeira e assim, a lindíssima Empire entrou em cena em mais outro momento singular que muitos filmaram, muitos cantaram com o vocalista e outros ficaram boquiabertos por estarem presentes neste histórico show, onde liberar a mente e viajar no som estava totalmente permitido. Na hora dos solos, Geoff Tate solicitou e ganhou em troca muitos "hey... hey... hey..." e palmas dos fãs e é interessante mencionar como ele sente a música em suas veias como nós sentimos.

    Resistance manteve a eletricidade em alta, com seus repiques na bateria feitos por Danny Laverde, com os vocais de Geoff Tate que provocavam nossa participação e, principalmente, com seus fervorosos solos de guitarras.

    Antes de tocar uma das mais conhecidas e executadas nas rádios FM's em sua época, Geoff Tate nos contou que é uma das suas favoritas, faz algumas piadas e entrega por fim que chegara a vez do hino Silent Lucidity, cujos dedilhados, toques nos teclados, a sua voz formidável... olha... não quero desmerecer o atual Qüeesnryche, mas, vimos o Qüeensryche nesta noite nos sensibilizando no mais inesquecível momento do show, que procuramos cantar cada verso com o vocalista e prestar muita atenção nos seus solos melodiosos. Ele nos agradece pelos aplausos com a mão no coração com um sonoro "Thank You".

    Depois desta incomparável sinergia tivemos a pulsante Hand On Heart exalando seus ares Progressivos seguidos pelo Heavy Metal repleto de melodia presente em One And Only com seus charmosos solos de guitarras e esta segunda parte do show e a final do Empire encerrou com a melancólica e viajante Anybody Listening?, que até fizemos backing vocals com bastante força para Geoff Tate mais uma vez nos emocionar com seu deslumbrante carisma. E durante os solos que trazem sua parte Progressiva valia sim fechar os olhos e deixar fluir suas notas em nossa mente, porém, por pouco tempo, afinal, tínhamos que também olhar Geoff Tate cantar a música e também voltar a participar do refrão.

Bis

    Eles saem do palco novamente e a galera começa a gritar suas músicas preferidas do Qüeensryche, entre elas a Take Hold Of The Flame, entretanto, ao retornar no palco para a última da noite, Geoff Tate apresentou cada um dos seus músicos muito entusiasmado para que pudéssemos aplaudi-los e assim nos deu um gosto do Operation: Mindcrime de 1988 com a intensa Eyes Of A Stranger, que deve direito à prolongamentos melódicos, que concederam o tempo para Geoff Tate assinar um disco de vinil de um fã.

    Este inédito e incrível show de Geoff Tate em Limeira terminou entre aplausos, gritos e muita satisfação dos fãs com a banda se reunindo no palco para despedir do público. Posso dizer que começamos o ano com nostalgia, muita alegria e com um magnífico show de Geoff Tate resgatando os álbuns Rage For Order e - sobretudo - o espetacular Empire, que eu desejava de assisti-lo na íntegra desde a década de 90 quando ouvi o disco pela primeira vez em um espetáculo produzido com muita competência pela Circle Of Infinity Produções, a qual registro os meus agradecimentos pela oportunidade de contar seus detalhes para vocês meus caros leitores(as) do Rock On Stage.

Texto e fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à equipe da Circle Of Infinity Produções
pela oportunidade, atenção e credenciamento
Janeiro/2023