Gojira e Mastodon - The Mega-Monsters Tour 2023
Espaço Unimed em São Paulo/SP
Terça, 14 de Novembro de 2023

Monstros em ação

    Já havia algum tempo que as bandas Gojira e Mastodon estavam no meu radar para conferir suas apresentações ao vivo. No caso do Gojira, a curiosidade foi aumentada logo depois que ouvi o excelente álbum Fortitude de 2021 e também pelo seu show no Rock In Rio de 2022 ( que assisti pela TV ); já o Mastodon foi por conta do último álbum de estúdio, o ótimo Hushed and Grim de 2021.

    Quando foi confirmado que a The Mega-Monsters Tour 2023 teria uma data no Brasil... vi que poderia satisfazer minha curiosidade de ver de perto como seriam as atuações das duas bandas no palco e porque elas se destacaram tanto no cenário do Heavy Metal nos últimos anos, sendo que ambas foram responsáveis por lotarem o Espaço Unimed em São Paulo/SP na terça feira 14 de novembro de 2023 com público estimado em 8 mil pessoas.

    Assim que entrei na casa, pouco mais das 19hs, ainda não estava muito cheia, porém, isso mudou bastante no decorrer dos minutos seguintes com um público em sua maioria de garotos e garotas abaixo dos 30 anos, que provavelmente acompanharam as bandas disco a disco. E estava calor nesta terça feira... tanto fora do Espaço Unimed quanto dentro.

Mastodon

    Escolhidos para abrirem a noite, o Mastodon teve sua formação no ano de 1999 na cidade de Atlanta nos Estados Unidos e em seus nove discos de estúdio, o quarteto criou músicas que misturam Stoner Rock, Metal Progressivo e Sludge Metal, entre outros, que dificultam uma rotulação de seu estilo.

    E pontualmente às 20:20hs ( horário previsto para que o show começasse ), as luzes foram apagadas para que o turbilhão de sonoridades e um sensacional show de luzes, lasers e vídeos psicodélicos nos telões surpreendessem muitos de nós a cada um dos minutos da apresentação do Mastodon.

    Sim, Troy Sanders no baixo e vocais, Brent Hinds na guitarra e vocais, Bill Kelliher na guitarra e backing vocais e Brann Dailor na bateria e vocais acrescidos do brasileiro João Nogueira nos teclados ( na banda desde 2021 ) trouxeram esta ambientação com Pain With An Anchor, onde já sentimos o arsenal contido no recente álbum Hushed and Grim com o baterista já detonando em seu kit através de uma percussão intensa e vocalizações envolventes em ares Progressivos, que adquirem mais peso trazidos pelos guitarristas e pelo baixista em seu decorrer criando uma deliciosa atmosfera caótica.

    A galera presente reagiu a Pain With An Anchor com socos no ar, "hey... hey... hey..." pulos e rodas devastadoras de uma forma que - particularmente - não via uma de perto há um bom tempo, e isso tudo em meio à um peso elevado e muita técnica dos músicos.

 

    Os barulhentos fãs do Mastodon ganharam em seguida outra pedrada com a Crystal Skull e entre uma roda e outra cantaram com eles esta composição do cd Blood Mountain de 2006 enquanto que as imagens exibidas no telão de fundo nos puxou para outra dimensão. Aos gritos de "Mastodon... Mastodon..." os fãs exaltaram a banda, que foi até ao álbum Leviathan de 2004 com a complexa Megalodon, que causou outra roda daquelas, que fez que muitos de nós tivéssemos que dar alguns passos para trás, porque senão seríamos puxados para a roda em que vi um peixe inflável jogado de um lado para o outro. Entretanto, a 'bagunça' dos fãs nas rodas não foram mais interessantes que os lasers usados pelo Mastodon conferindo um efeito visual realmente impressionante.

    A empolgada plateia novamente gritou o nome da banda e esta seguiu com a diversificada e cadenciada Divinations do Crack The Skye de 2009, onde saliento a potência de seus solos de guitarras e suas intricadas vocalizações capitaneadas por Brent HInds no mesmo momento em que no telão principal vimos uma viagem astral com um ser humano caçado por uma criatura assustadora. Com imagens de um reino no oriente tal como na capa do disco Emperor Of Sand de 2017, os norte-americanos dispararam a Sultan's Curse, que pela reação obtida na plateia era notório como os fãs aguardavam pela sua execução.

    Após um "muito obrigado", tivemos a instrumental Bladecatcher do Blood Mountain em que pude reparar como os músicos são habilidosos e como souberam manter o pique do show inabalável através de solos de muita melodia, que foram unidos com inteligência em Black Tongue do The Hunter de 2011, que embora estivesse consideravelmente pesada como as anteriores, era mais cadenciada e resultou em vários "ôôôôôôôôôô" dos fãs durante as vocalizações impactantes de Troy Sanders.

    Mais gritos de "Mastodon... Mastodon..." antes de chegarmos a The Czar ( outra do Crakc The Skye ), que após um início com distorções, eles vieram para cima em um padrão mais sombrio, cadenciado e Progressivo, com os vocais sendo alternados por Troy Sanders, Brent Hinds e Brann Dailor e por conta disso tínhamos que vez ou outra olhar quem estava cantando seus versos proporcionando um desafio para os mais curiosos(as). Isso foi acompanhado por muitos "ôôôôôôôôôô" dos presentes e encerrado em toques melancólicos feitos pelo tecladista João Nogueira.

    Na sequencia, um mergulho no álbum Once More 'Round The Sun de 2014 com duas canções, primeiro com a acelerada e psicodélica Halloween com os vocais de Brent HInds e que prosseguiu com a High Road, que teve seus versos cantados pela maioria do pessoal, que pulou e 'pogou' ( abrir rodas ) como nunca e notei que estas duas foram as que mais alcançaram uma maior interação dos fãs com a banda.

 

    O Mastodon terminou a primeira parte do set retornando ao álbum Hushed and Grim com a More Than I Could Chew, que flertou com o Progressivo, mostrou trechos encorpados e também fez que os fãs cantassem muitos dos seus versos durante seu ritmo arrastado de esbeltos solos de guitarras, que foram conduzidos com muita precisão por Brent Hinds e Bill Kelliher deixando a música fluir livremente e sem parar. Depois que a música acabou João Nogueira se mostrou simpático e bem humorado ao dizer: "Sempre tem um brasileiro no rolê aleatório!!!", o que resultou em risos e muitos aplausos para o pernambucano.

    Finalmente, se mostraram muito contentes por estarem no Brasil depois de um bom tempo e apresentaram os músicos da banda, que foram bastante aplaudidos e atacaram no bis com a avassaladora Mother Puncher do primeiro disco, o Remission de 2002, que também foi deveras aclamada pelos presentes com gritos cada vez mais fortes.

    Ainda deu tempo para a animada Steambreather do Emperor Of Sand acalmar um pouco e também Blood And Thunder do Leviathan colocar outra vez o Espaço Unimed para desmoronar em outra sessão de rodas. No final, Brent Hinds agitou a bandeira do Brasil, Brann Dailor demonstrou seu carinho e respeito pelos fãs ao dizer: "Fazem anos que não vínhamos ao Brasil, isso é inaceitável. Precisamos voltar antes porque sabemos que vocês são o melhor público. Muito obrigado por toda a sua paixão!!!". Sim...  foram oito anos sem shows por aqui.

    Posso dizer seguramente que o show foi muito melhor do que eu esperava pela atuação consistente dos músicos do Mastodon e pela grandiosa produção devidamente sincronizada com cada uma das músicas do set list, que nos deixou praticamente enfeitiçados com seus vídeos e animações.

    Certamente, que vamos ouvir falar muito do Mastodon nos próximos anos e por conta deles dividirem as atenções nas músicas em que algumas são comandadas pelo baixista Troy Sanders e outras pelo baterista Brann Dailor ( que cantou com garra e não diminuiu a força das suas baquetadas em seu kit por nenhum instante ) ou ainda por todos... enfim, eles marcaram uma característica que conecta ainda mais o fã com a banda deixando literalmente vidrado no que acontece no palco.

    Definitivamente, o show do Mastodon que durou uma hora e quinze minutos foi um aquecimento de luxo para o Gojira, entretanto, se a ordem fosse inversa, não tenha dúvidas caro leitor(a) do Rock On Stage, que sairíamos do Espaço Unimed devidamente radiantes.

Set List do Mastodon

1 - Pain With An Anchor
2 - Crystal Skull
3 - Megalodon
4 - Divinations
5 - Sultan's Curse
6 - Bladecatcher
7 - Black Tongue
8 - The Czar
9 - Halloween
10 - High Road
11 - More Than I Could Chew

Bis
12 - Mother Puncher
13 - Steambreather
14 - Blood And Thunder

 

Gojira

    A origem do Gojira remonta ao ano de 1996 na cidade francesa de Baiona e o seu Death Metal Progressivo já rendeu sete álbuns de estúdio e o último, o Fortitude, foi eleito como o melhor álbum de Metal Progressivo de 2021 pela revista Metal Hammer e obteve o 12º lugar na Billboard 200. E a banda formada por Joe Duplantier nos vocais e guitarra, Mario Duplantier na bateria, Christian Andreu na guitarra e Jean-Michel Labadie no baixo foi escolhida como a substituta do Megadeth no Rock In Rio do ano passado ( que cancelou sua participação ) e se apresentou antes do Iron Maiden. Ou seja, eles estão com moral.

    Desde 2015 também que o Gojira não se apresentava em São Paulo/SP e por conta disso era compreensível porque os fãs estavam realmente ansiosos pelo show dos franceses explicando também porque o Espaço Unimed ficou devidamente lotado em uma terça feira véspera de feriado.

    Foi por volta das 22:10hs que um contador apareceu no telão principal e replicado nos demais da casa em uma regressiva de 180 a 0 ( gritada pelos fãs em seus 10 últimos números ), com os músicos se posicionando no palco antes do zero, de forma que ao zerar do contador, vimos a capa do álbum Fortitude exibida no telão e para garantir o êxtase dos fãs, eles tocaram a Born For One Thing do novo álbum. E logo de cara um roda maior ainda que as vistas no Mastodon se formou e o público cantou com Joe Duplantier os versos da música, além de socarem o ar e bradarem muitos "hey... hey...".

    Após a primeira saudação do vocalista berrando "São Paulo you're fucking noise" viajamos até 2005 com a bordoada Backbone do From Mars To Sirius, que foi muito bem recebida e deu para sentir a potência do som do Gojira passando por cima sem piedade, porém, com muita técnica e uma iluminação em tons de azul e vermelho mais sinistros, que até prejudicavam um pouco a visão nossa dos músicos. Mas, quem se importa? a galera das rodas não estava nem um pouco preocupada com isso.... só queriam realizar um mosh pit que impressionasse os franceses.

    Esse clima obscuro permaneceu assim que Stranded ( gravada no álbum Magma de 2016  ) foi tocada com a galera disparando uma enxurrada de "hey... hey..." e cantando  com Joe Duplantier os versos da canção, enquanto que o visual no telão principal conferia uma sinergia toda especial ao show com suas tonalidades mais cinzas e brancas.

    Precedida por sons de baleias tivemos a cadenciada e relativamente viajante Flying Whales, que contou com um coro enorme feito pelos presentes no Espaço Unimed - certamente - emocionando o quarteto francês para que depois Mario Duplantier soltasse o braço ( e as pernas ) em seu kit e garantisse o peso da composição do From Mars To Sirius, onde de novo víamos a pequena baleia inflável 'nadando' com ajuda de quem estava mais próximo do palco. A sequencia rítmica de Flying Whales crua e corretamente bem feita pela banda também foi outro destaque nesta parte do show.

    A 'usina de fundição' que é o Gojira ao vivo continuou o set com a The Cell do Magma e eles estavam devidamente dispostos a demolir tudo... - aliás, conseguiram com facilidade - e nesta enfatizo os toques do baixista Jean-Michel Labadie, que na parte cadenciada garantiu mais "hey... hey..." junto a muitas palmas da plateia. Depois de uma sequencia tribal feita por Mario Duplantier em sua bateria, que alcança mais dinamismo tivemos a agressiva The Art Of Dying do The Way Of All Flesh de 2008, que em suas partes variadas em que as mudanças de andamento são notadas, o povo já fascinado com o som participa no coro de "ôôôôôôôôôô" em meio todo o Groove exibido pelo Gorija.

    Depois dessa, somente o baterista Mario Duplantier ficou no palco para realizar seu solo e demonstrou muita energia ao 'castigar' seu kit com muita competência e ter seu nome gritado pelo público. Todavia, apesar da euforia, para ele estava faltando alguma coisa, pois, ele ergueu uma placa com os dizeres: "Mais alto porra!!!" e ao ter o seu objetivo conquistado exibiu outra placa "Aí sim, caralho!!!" resultando em risadas em muitos de nós.

    Variados, levemente melódicos e consideravelmente destrutivos, os franceses enviaram na sequencia a Grind do Fortitude salientado o baixo e o seu término melancólico com todos acompanhando levemente nos "ôôôôôôôô" e depois com os tradicionais "Olê.... Olê.... Olá... Gooojiiiiraaaa...".

    Ainda do disco novo, eles seguiram com a conhecida Another World em uma execução perfeita, cujas imagens no telão de seu clipe mostrou os membros da banda chegando à um suposto outro planeta, mas que na verdade era a nossa Terra já sem a humanidade presente em um momento muito sintomático do show, que por conter algumas linhas Progressivas garantiu uma deliciosa viagem e resultou em muitos aplausos de satisfação. E antes da próxima Joe Duplantier ressaltou: "não podemos ir para outro planeta, por isso temos que cuidar deste aqui", o que está para lá de correto e é o que devemos fazer.

    Para Oroborus, os guitarristas Joe Duplantier e Christian Andreu mandaram uma ótima rifflerama e embasados nela sentimos o poder de fogo desta densa, raivosa e cadenciada música registrada no The Way Of All Flesh e que foi unida na pancada violenta e cadenciada chamada Silvera do Magma, que também recebeu muitos aplausos por conta das modificações melodiosas inclusas e executadas com esmero pela banda.

    Aos quase incessantes gritos de "Gojira... Gojira...", a galera gritou bastante "War For Territory..." solicitando que tocassem o cover do Sepultura para Territory e como os franceses são declaradamente fãs dos brasileiros, poderia sim ter sido inclusa no set e seria motivadora de uma roda daquelas...

    No entanto, tivemos um breve discurso de Joe Duplantier falando o seguinte: "Precisamos da ajuda de vocês para fazer isso ser massivo, a letra é muito simples, é só aaah, então não é muito difícil, não tem letra no refrão e você tem que imaginar o próprio significado para isso. O que quer que seja que você está passando na sua vida que precisa superar ou o que quer que esteja difícil no momento, se você tem pessoas que ama que estão sofrendo, ou você mesmo, eu fiz essa música para que nós todos possamos unir energias, todos nós, juntos, por alguns minutos. Isso é tão legal, porque ficaremos no mesmo poder, na mesma página, na batida do coração, todos juntos. Você são o show."

    Desta forma, The Chant do Fortitude entrou em cena com um coral de milhares de vozes presentes no Espaço Unimed e a cada repetição do refrão... mais fortes foram essas vozes cravando um belíssimo momento nesta acalaroda noite de novembro em que também liberamos nossa imaginação de acordo com o pedido solicitado pelo vocalista. E o mais bacana foi que depois que a música acabou, o público prosseguiu cantando à capela, naturalmente emocionando Joe Duplantier, naqueles momentos que valem um show de Heavy Metal.

    Apesar de felizes, os franceses voltaram a destroçar com a furiosa L'enfant sauvage, canção que é o título do álbum L'enfant sauvage de 2012 e que foi a última da primeira parte do show nos brindando ainda com uma inesperada chuva de papéis picados e jatos de fumaça, mas que ficou deveras esbelta e elevou muito mais nossa adrenalina.

    Entre muitas palmas, assovios e gritos de "Gojira...Gojira...", o retorno para o bis aconteceu a vigorosa The Heaviest Matter Of The Universe do From Mars To Sirius com a bateria de Mario Duplantier soando totalmente matadora, assim como as investidas cruas feitas pelos guitarristas Christian Andreu e Joe Duplantier, que vocalizou com a apropriada cólera sua letra.

    Presumivelmente, uma das mais aguardadas por cada um dos presentes era a Amazonia, que garantiu a alegria de todos, muitos socos no ar e muito headbanging em um momento simplesmente inesquecível do show do Gojira.

    O que particularmente eu adoro nesta música do Fortitude é a forma que o baixo e as guitarras produzem linhas ríspidas, diretas e bastantes envolventes e creio que os demais também pela reação que tiveram no Espaço Unimed. Nos telões víamos imagens de florestas incendiadas na crítica feita por eles aos incêndios que devastam nossa maior floresta e cá entre nós... o calor estava tanto que parecia que o fogo estava dentro da casa de shows.

    Poderia até ter acabado na Amazonia que o show já teria sido memorável, porém, havia tempo para mais uma, que foi a robusta e com muitos Grooves The Gift Of Guilt do álbum L'enfant sauvage recepcionada por muitas palmas dos fãs, que fizeram questão de cantar seus versos outra vez com Joe Duplantier em que eu ressalto também suas cativantes linhas instrumentais, que colocaram números finais ao show do Gojira.

    Na despedida, enquanto os músicos foram ovacionados pelo público e fizeram os costumeiros agradecimentos, após jogarem palhetas e baquetas, o baterista Mario Duplantier promoveu uma surpresa inesperada... fez um crowd surf na plateia com um bote inflável remando no meio do povo e envolto em uma bandeira do Brasil, algo que jamais havia visto em um show, mesmo nos festivais europeus. E o irmão Joe Duplantier chamou o baterista de volta para o palco para finalizarem assim o espetáculo e irem embora prometendo voltar mais vezes.

    No conflito presente no cartaz da The Mega-Monsters Tour 2023 em que tivemos um monstro representando o Mastodon e o outro o Gojira... posso assegurar que quem sagrou-se como vencedor da batalha foi cada um de nós, os fãs, pois, vimos dois shows dos melhores shows do ano de duas excelentes bandas dispostas a entregarem o melhor do Heavy Metal Moderno, que se seguirem assim poderão estarem cotadas para serem headliners de futuros festivais.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Stephan Solon ( Move Concerts ) e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos para a equipe da Move Concerts e da Midiorama
pela oportunidade, atenção e credenciamento
Novembro/2023

Set List do Gojira

1 - Born For One Thing
2 - Backbone
3 - Stranded
4 - Flying Whales
5 - The Cell
6 - The Art Of Dying
7 - Drum Solo
8 - Grind
9 - Another World
10 - Oroborus
11 - Silvera
12 - The Chant
13 - L'enfant sauvage

Encore:
14 - The Heaviest Matter Of The Universe
15 - Amazonia
16 - The Gift Of Guilt

Voltar para Shows