Death To All - Muerte Por Vida - Muerte a Todo Tour 2024
Estúdio Mirage Eventos em Limeira/SP
Domingo, 24 de Março de 2024

Celebração de gala do legado do Death

O Passado

    Em 1983, o hoje lendário Chuck Schuldiner criou uma banda chamada Mantas em Altamonte Springs, na Flórida nos Estados Unidos, que posteriormente ficou mundialmente conhecida como Death e foi uma dos precursoras do Death Metal ao lado do Possessed na Califórnia.

    Em sua carreira que durou entre 1983 a 2001, o Death lançou álbuns que foram fundamentais para pavimentarem a história do Death Metal como são os casos de Leprosy de 1988, Spiritual Healing de 1990 e o Human de 1991, que se tornaram clássicos do estilo.

O presente

    Em sua existência, Chuck Schuldiner contou com muitos excelentes músicos nas várias formações que o Death teve e três deles em especial, o baixista Steve DiGiorgio, o baterista Gene Hoglan e o guitarrista Bobby Koelble uniram-se ao vocalista e guitarrista Max Phelps para realizarem um tributo à esta verdadeira instituição do Metal. O nome escolhido por eles foi Death To All e a banda aportou em Limeira pela primeira vez garantindo assim um grande público no Estúdio Mirage Eventos para conferir sua brilhante e técnica apresentação.

    Esta Muerte Por Vida - Muete a Todo Tour 2024 do Death To All - além de manter a chama acesa e levar a música do Death para as novas gerações - é a garantia de um grande show, que foi executado por um verdadeiro supergrupo de Death Metal, pois, tratam-se de músicos que possuem uma rica e importante história no Thrash/Death Metal, afinal, Steve DiGiorgio já esteve no Death, Sadus, Control Denied, Iced Earth, Obituary - entre outros - e atualmente faz parte do Testament; Gene Hoglan passou pelo Dark Angel, Strapping Young Lad, Devin Townsend e Testament; Bobby Koelble também esteve no Death e Max Phelps passou pelo Obscura e Cynic e canta também no Diabys, Exist e Wait.

O show

    E não pense que o Death To All foi recepcionado apenas pelos velhos headbangers, muitas mulheres e caras mais novos também estiveram presentes e sacudiram suas vastas cabeleiras durante o show, que começou pontualmente às 19hs, conforme o programado e anunciado previamente pela Circle Of Infinity Produções. Logo após a introdução instrumental e sinistra vimos os músicos adentrarem ao palco e se posicionarem para quebrarem tudo com seu Death Metal.

    Foi com a Open Casket do álbum Leprosy, que o quarteto começou a 'descer a lenha' esbanjando técnica e habilidade de forma que ficou devidamente claro o porque o uso do termo Technical Death Metal para definir a sua sonoridade e de muitas outras bandas pelo mundo, que certamente foram influenciadas pelo Death. O rolo compressor do Death To All começou relembrando o segundo disco do Death alternando os grunhidos, os momentos velozes e as partes cadenciadas já deixando claro que seria um show destroçador.

    Bastante aplaudidos pelos fãs, eles deram sequencia à demolição com a The Philosopher do Individual Thought Patterns de 1993, que começou mais cadenciada com direito à Steve DiGiorgio trocar de baixo antes de tocá-la e a Max Phelps vociferar com uma raiva não vista com facilidade. Aliás, além de cantar e tocar muito bem, o vocalista lembra Chuck Schuldiner fisicamente.

    Sempre com o som perfeito, característica comum dos shows realizados pela Circle Of Infinity Produções, o Death To All prosseguiu com os riffs matadores contidos em Suicide Machine do disco Human, que resultaram em rodas destruidoras na pista e que foram ampliando mais e mais no decorrer do show. Durante Suicide Machine, Steve DiGiorgio bangueou enquanto tocava o seu baixo como um adolescente feliz da vida por estar diante nós e claro que também retribuímos fazendo o mesmo e socando o ar.

    Entre pedidos de músicas berrados pelos fãs, o quarteto apenas respirou um pouco para disparar outra música desmanteladora de pescoços criada pelo Death com a Living Monstrosity do Spiritual Healing de 1990, onde a aceleração e a capacidade de exibirem uma canção como esta foi colocada à prova com Max Phelps parecendo que estava possuído do espírito de Chuck Schuldiner levando a galera participar com alguns 'hey...hey' quando solicitados por ele.

    Somente depois dessas quatro pauladas certeiras foi que Steve DiGiorgio pegou o microfone e conversou com a plateia enfatizando entre os vários aplausos, os agradecimentos pela presença de todos, além de também comentar da alegria de estar se apresentando em Limeira pela primeira vez, e que nesta noite eles estavam celebrando o legado de Chuck Schuldiner, e em sua saudação tivemos muitos gritos de "Chuck... Chuck... Chuck..." e ele disse também que este era o último show da turnê sul americana.

    Tudo isso levou ao anúncio de Symbolic, canção título do quinto álbum de estúdio do Death de 1995, que é uma das melhores e mais esmagadoras de suas composições e que ao vivo ficou ainda melhor, obviamente, garantindo também uma roda deveras poderosa, que só foi interrompida nas partes cadenciadas e vociferadas com toda a cólera por Max Phelps, sendo que nos "ôôôôôôôô" participamos levando aquela energia de volta para a banda.

    Sem delongas, Gene Hoglan deu os primeiros toques de Infernal Death do Scream Bloody Gore de 1987, que nos conduziu ao primeiro disco do Death em uma música cadenciada em seu início e que se torna devastadora em seu decorrer que é para não deixar nada mais no lugar e após sua exibição... você pensa: "é possível soar tão pesado e tão preciso quanto eles?". Sim é possível ( desde que sejam músicos deste gabarito ) e foi sensacional assistir o quanto eles fazem isso com uma facilidade enorme, que só podemos aplaudir pelo que presenciamos.

    Continuaram com a Scavenger Of Human Sorrow do The Sound Of Perseverance de 1998 e sempre mantiveram o nível de violência lá no alto, mesmo em uma música mais cadenciada, que ganha velocidade ao passar de seus minutos para que novamente possamos sacudir nossos pescoços. Steve DiGiorgio faz uma pausa para conversar outra vez conosco perguntando como estamos, se estamos vivos, e é realmente interessante sua questão, afinal, depois de tantas bordoadas era até possível que alguém não estivesse mais inteiro...

    Desta forma, ele informou que retornaria trinta anos no tempo, época que o Individual Thought Patterns foi gravado e dele extraíram agora a moedora Overactive Imagination. E o terremoto sonoro em homenagem ao Death contou com outra do Spiritual Healing com a brutal Within The Mind com passagens melodiosas e com um vibrante solo de Max Phelps em sua guitarra em uma das melhores do show.

    Com um breve solo de baixo, Baptized In Blood do Scream Bloody Gore entrou em cena detonando toda  a ira de seus vocais guturais até cada um de nós no Estúdio Mirage Eventos e para estourar de vez a roda tivemos os encorpados toques feitos no baixo por Steve DiGiorgio em consonância com os solos de guitarras capitaneados por Bobby Koelble ( aliás, ele não se mexeu muito, mas, garantiu o peso do show ) que se ligaram na explosiva e melodiosa Flesh and The Power It Holds do The Sound Of Perseverance.

     E o sempre comunicativo Steve DiGiorgio encontrou um tempo para tocar um breve trecho de N.I.B. do Black Sabbath acompanhado pelos demais nos alegrando bastante para em seguida elogiar bastante a plateia demonstrando estar bastante empolgado por sua apresentação em Limeira, além de também enaltecer o vocalista Max Phelps, que teve seu nome gritado pelo público.

    Uma bandeira do Brasil foi dada por um fã e colocada no amplificador do guitarrista Bobby Koelble, além disso, uma bandeira grande também foi dada para eles e encobriu a bateria de Gene Hoglan servindo de adereço para que  partissem para o final da primeira parte do show, que não parecia que havia chegado a hora, todavia, contou com mais dois petardos marcantes da carreira do Death, primeiro com a avassaladora e furiosa Lack Of Comprehension do Human e logo depois com a não menos aniquiladora e agressiva Crystal Mountain do Symbolic.

    Aos gritos incessantes gritos de Death To All, eles voltaram após alguns minutos para o bis, que começou com a implacável Zombie Ritual do Scream Bloody Gore impondo um caos exterminador na plateia por conta da sua crueza executada competentemente pelo quarteto. Steve DiGiorgio berrou um "Thank You Very Much Limeeeira!!!" e inclusive um "obrigado..." dizendo que não esquecerão desta noite ( nem nós também... tenham certeza!!! ) para então dispararem uma das mais conhecidas e aguardadas pelo público com a letal Spirit Crusher do The Sound Of Perseverance, que ganhou a roda mais arrasadora que vi deste domingo, sendo que nas partes cadenciadas os fãs participaram com Max Phelps... seja berrando seus versos ou socando o ar ou ainda nos "ôôôôôô" durante os solos de guitarras.

    A última do Death To All em Limeira foi a caótica e também clássica Pull The Plug, outra do Leprosy, que eles destilaram toda sua incontida fúria através dos vocais urrados de Max Phelps encerrando um show simplesmente memorável, que durou uma hora e cinquenta minutos do mais puro Death Metal.

    Muito aplaudidos, os músicos do Death To All se despediram de Limeira e também do Brasil em um show que certamente abalou as estruturas do Estúdio Mirage Eventos e que ficará marcado em nossas mentes como o dia que vimos algumas lendas do Thrash/Death Metal Mundial em ação celebrando tanto Chuck Schuldiner quanto o Death repassando algumas das principais canções de seus sete álbuns de estúdio. Longa vida ao Death To All... longa vida ao Death...Longa vida à Chuck Schuldiner...

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à equipe da Circle Of Infinity Produções
pela oportunidade, atenção e credenciamento
Abril/2024

Set List do Death To All

1 - Intro
2 - Open Casket
3 - The Philosopher
4 - Suicide Machine
5 - Living Monstrosity
6 - Symbolic
7 - Infernal Death
8 - Scavenger Of Human Sorrow
9 - Overactive Imagination
10 - Within The Mind
11 - Baptized In Blood
12 - Flesh and The Power It Holds
13 - Lack Of Comprehension
14 - Crystal Mountain

Encore:
15 - Zombie Ritual
16 - Spirit Crusher
17 - Pull The Plug

Galeria de 50 fotos do show do Death To All
no Estúdio Mirage Eventos em Limeira/SP

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