Deep Purple - = 1 More Time Tour
 
Espaço Unimed São Paulo/SP
Sexta, 13 de setembro de 2024
   

    São Paulo, 13 de setembro de 2024, uma sexta feira e são 21:30, a casa está cheia aqui no Espaço Unimed, pessoas de várias idades, mistura de gerações passando pelos cabelos brancos, filhos com seus pais, aliás, um pai do meu lado super orgulhoso me disse: "Meu filho de 15 anos é super fã do Deep Purple".

    Nos telões as atrações futuras, deixando a ansiedade crescer, a cada minuto que passa a casa fica mais lotada de fãs. 21:45 agora falta pouco, e pensei será que são britânicos até no horário? Pista Premium onde me encontro ( aliás, um privilégio ) está lotada, um minuto para começar e os fãs já gritam a plenos pulmões: "Deep Purple" sem parar até que o show começou em grande estilo ao som de Mars, The Briger Of War composição de Gustav Holst, que foi responsável pela introdução e trouxe a Mark IX ou simplesmente MK IX do Deep Purple, que é composta por Ian Gillan nos vocais, Simon McBride na guitarra, Don Airey nos teclados, Roger Glover no baixo e Ian Paice na bateria detonando com o clássico Highway Star do álbum Machine Head de 1972 em que todos cantaram juntos e posso dizer com certeza os caras mandam muito bem até hoje e inflamaram a plateia logo de cara.

    Embora tenham visitado o Brasil no ano passado como uma das principais atrações do festival Monsters Of Rock ( leia matéria ), esta nova passagem pelo país foi por conta da primeira apresentação da banda no Rock In Rio ( onde tocaram no domingo, dia 15 de setembro no Palco Sunset ) e também serviu para a divulgação do excelente álbum =1, que saiu em julho deste ano e é o 23º da carreira da veterana banda inglesa, que começou lá no distante ano de 1968.

    E a primeira canção do = 1 apresentada no Espaço Unimed foi a A Bit On The Side, que foi seguida pela Hard Lovin' Man ( do disco In Rock de 1970 ) em que saliento a voz de Ian Gillan, os seus agudos impressionantes e a qualidade vocal que este senhor de 79 anos ( recém completos ) ainda possui, simplesmente o dono do título de Silver Voice arrasou!

    O show prosseguiu com outra das antigas, a Into The Fire ( também do In Rock ) e nesta, Simon McBride realizou um solo de guitarra que levou a plateia ao delírio, pois, teve algo em torno de sete minutos de solo, demonstrando sua imensa técnica e um feeling único que... uauu... me deixou de boca aberta.

    Em Uncommon Man, que é pertencente ao álbum Now What?! de 2013, o tecladista Don Airey evidenciou o seu teclado e a plateia bateu palmas acompanhando o ritmo da música, aí quando entrou a banda toda... meus caros leitores(as) do Rock On Stage é mesmo de arrepiar e a voz do vocalista é som único, que resultou em mais aplausos e Ian Gillan lembrou-se do amigo Jon Lord, que também fez parte da banda, registrou alguns de seus mais importantes e históricos álbuns e se emocionou ao falar do amigo, infelizmente falecido em 2012,

    Retornando ao = 1 tivemos a ótima composição Lazy Sod, que exibiu um solo do teclado maravilhoso, com direito a vinho tinto, aí o bicho pegou, pois, eles emendaram com outra das suas mais maravilhosas canções, onde entrou a batera de Ian Paice e seu trabalho na percussão muito bem aliado aos teclados de Don Airey, que concederam um brilho extra para Lazy ( do Machine Head de 1972 ), que posso cravar aqui que a plateia amou.

    Lado B do single Highway Star e que posteriormente foi inclusa como faixa bônus na edição comemorativa de 25 anos do disco Machine Head, When A Blind Man Cries levou o público ao delírio através de muitos aplausos e fica difícil escolher a melhor música, pois, seja uma música da década de 70, 80, 90 ou das três décadas do século 21, a verdade é que o Deep Purple consegue manter-se criativo e capaz de nos mostrar excelentes canções como ficou evidente na nova Portable Door ( mais uma do = 1 ), que pude observar quanta gente cantando junto com o super empolgado Ian Gillan, bem... empolgação estendida à banda toda e à cada um dos milhares de presentes.

    Logo em seguida tocaram Anya, que foi gravada para o álbum The Battle Rages On... de 1993 e que foi o último com Ritchie Blackmore nas guitarras, porém, esta vibrante música contou nesta noite com um novo solo do teclado do mestre Don Airey e que teve direito à uma incursão de música brasileira através de trechos de Chega de Saudades - uma criação de Vinicius de Moraes e Tom Jobim, Bachianas Brasileiras #2 de Heitor Villa Lobos e até do nosso Hino Nacional e confesso para vocês... foi demais ver todos os presentes no Espaço Unimed cantando o Hino Nacional Brasileiro... é mesmo de arrepiar e isso ficou em nossas almas.

    Bleeding Obvious, a última do cd = 1 e a quarta dele exibida no set list desta noite me levou à seguinte questão: o que dizer dessa canção, eu sou suspeita de dizer por que o Rock está dentro de mim, eu vivo Rock, respiro Rock... e ela sintetiza esse sentimento de forma que imagino que esta seja a opinião também de muitos dos presentes. Após muitos aplausos, o Deep Purple disparou a fantástica Space Truckin' do Machine Head e a plateia entusiasmou-se ainda mais participando com Ian Gillan no refrão em um momento muito bonito de se ver.

    A mais esperada, talvez a mais conhecida do Deep Purple, uma das mais conhecidas em todos os tempos e que tem o seu lugar marcado na história do Rock, a Smoke On The Water ( existe alguém com mais de 30 anos que gosta de Rock e que não conhece? tenho certeza absoluta que não ) foi a seguinte para ferver de vez o Espaço Unimed. E volto a indagar aqui: quem não ama, quem nunca bangeou as madeixas uma vez na vida com esse som?

    Bem... nós fãs de Rock'n'Roll sempre fazemos isso e os mais jovens talvez a conheçam do jogo Guitar Hero, mas, o importante é conhecer esse clássico dos mais amados pelos amantes de Rock e que é uma boa música também, além do fato histórico e real sobre a letra da música sendo até meio macabro, todavia, indiscutivelmente, uma canção notável, que estando diante de seus criadores exibindo-a como se fossem garotos e não os exímios músicos que são... só tínhamos uma opção... agitar freneticamente devidamente contagiados pela animação contida em cada uma de suas notas e na perfeição que só nomes da grandeza do Deep Purple fazem ao vivo. Inclusive, vale dizer que Smoke On The Water finalizou com glamour a primeira parte do show.

    Depois de um 'bye bye' dito por Ian Gillan e muitos pedidos de todos, que gritavam incessantemente o nome da banda, eles voltaram para um bis e ainda tocaram três músicas: Green Onions do Booker T. & The MG's, um breve trecho é verdade, mas que introduziu a energizante Hush, que foi gravada lá no primeiro álbum ainda sem Ian Gillan nos vocais, o Shades Of Deep Purple de 1968 e que colocou todo mundo para dançar com o quinteto e por fim, a ardorosa e cativante Black Night, que saiu como single em junho de 1970 e que fez parte da edição de 25 anos do álbum In Rock.

    E assim terminou o show do Deep Purple com várias paletas jogadas a plateia e como queria ter pego uma dessas como lembranças, todavia, levo comigo aqui no coração bem guardadinho, toda vez que esse coração ouve um bom Rock, ele bate mais forte, espero que todos tenham gostado como eu e foi uma super sexta feira 13, com uma hora e cinquenta minutos da mais pura adrenalina comandada por este cinco senhores que estão entre os maiores lordes do Rock.

    Enfim, um espetáculo maravilhoso, que gostei pra caramba de assistir ao show e especialmente, por saber da responsabilidade em fazer essa resenha, eles não eram uma banda comercial, não eram muito tocados nas rádios, quem era fã era fã mesmo, foram várias formações, entretanto, a MK IX não deixou nada a desejar.

    Ian Gillan ainda canta muito ( o que é ótimo ) e difícil você ver um cara na idade dele sustentar tantos agudos por tanto tempo, muitos falavam do guitarrista Simon McBride, que injetou muita eletricidade na banda, porém, a voz se você perdeu acabou a magia. Desta forma, quero enfatizar aqui a minha super admiração pelo Ian Gillan e dizer que ele reluziu demais mesmo. Como queria eu sustentar esses agudos e como sou uma boa aluna de canto, sei como é difícil sustentá-los e o nosso The Silver Voice conseguiu sustentar cada um deles perfeitamente sempre que necessário.

    Me despeço por aqui deixando minhas impressões sobre essa noite incrível e minha primeira experiência em resenhar um show no auge de mais de cinco décadas já vividas histórias para contar na posteridade aos meu netos!!

Texto: Regina Taba
Fotos: Ricardo Matsukawa - Mercury Concerts
Agradecimentos à Catto Comunicação e a Mercury Concerts
pela atenção, oportunidade e credenciamento
Setembro/2024

Set List do Deep Purple

1 - Mars The Bringer Of War
2 - Highway Star
3 - A Bit On The Side
4 - Hard Lovin' Man
5 - Into The Fire
6 - Uncommon Man
7 - Lazy Sod
8 - Lazy
9 - When A Blind Man Cries
10 - Portable Door
11 - Anya
12 - Bleeding Obvious
13 - Space Truckin'
14 - Smoke On The Water
Bis
15 - Green Onions
16 - Hush
17 - Black Night

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