Aerosmith e Velvet Revolver
Estádio do Morumbi - São Paulo, dia 12 de abril de 2007
Exatamente às
dezoito horas e trinta minutos desse dia inesquecível, me dei conta que
estava a apenas a algumas horas de realizar o maior sonho que já tive na
vida: assistir a um show do Aerosmith...
A quantidade de pessoas era
incontável aos meus olhos que nunca haviam presenciado tantas vidas juntas,
tantos sorrisos, com o mesmo objetivo. Cheguei ao Morumbi exatamente nesse
horário ( 18 horas ), todos em polvorosa falavam numa só voz: 'o Aero vai arrebentar...
não vejo a hora... '. Entrando no estádio, a dimensão era maior do que
podia supor os números policiais, que estimavam 60 a 80 mil pessoas
reunidas - se todos nos soprássemos juntos, o palco viria baixo!!!...
A excitação tomava conta de todos e nunca havia visto tantas pessoas
juntas de tantos lugares diferentes: BH, PR, SC, RJ, GO, RN e muitos
outros estados fora às cidades do interior da própria São Paulo.
Velvet Revolver
Às 21 horas, o coração estava aos
pulos e chegara a hora do Velvet Revolver subir no palco. A banda
formada com alguns membros do antigo Guns´n´Roses (
Slash, Duff McKagan e Matt Sorum ) exceto pelo vocal
Axl Rose ( que nesta banda foi substituído por Scott Weiland,
ex-Stone Temple Pilots ) e pelo segundo guitarrista Dave
Kushner ( ex-Wasted Youth ). Com um repertório que
prometia incendiar o Morumbi e deixar todos sem fôlego para a atração
principal da noite.
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O que
consegui ouvir primeiro foram os gritos gerais das pessoas
enlouquecidas querendo ver Slash
- o mito!!!. E num urro só o Velvet Revolver tomou conta do
estádio, que enlouqueceu com os primeiros acordes da guitarra
Gibson Les Paul do
Slash. No palco havia uma passarela de acesso para o meio do
público ( que não foi usada pelo Velvet Revolver ) e eu
estava próxima das grades no lado esquerdo e bem próxima ao um dos três
telões ( dois no palco, sendo um de cada lado e um central atrás no
palco ). Do telão conseguia presenciar a energia e o esforço do vocalista
Scott Weiland para agradar os fãs e não fazer feio, e confesso aqui
que ele não fez, pelo contrário agradou muito e deu início a histeria
feminina; aos urros masculinos o guitarrista Dave Kushner foi o
primeiro a vir na passarela de acesso onde eu estava - juro que nunca na
minha vida tinha imaginado estar tão perto a menos de dois metros de um
ídolo da adolescência - em seguida Slash também veio fazer
companhia a ele o que levou todos ao delírio coletivo.
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Scott Weiland, que não
soltava um megafone, às vezes berrava por ele colocando o microfone na
ponta, o que ficava ensurdecedor, mas digno de alguém que veio para
substituir nada mais que Axl Rose. Ele entrou no palco com uma
roupa toda preta e um chapeuzinho que deu charme total à composição do
estilo, mas na segunda música ( Do It For The Kids ) já estava como
a 'mulherada gosta' : sem camisa e posso até dizer que ele arriscou
fazendo as dancinhas do Axl, e pintou os cantos dos olhos
de preto como se dissesse: 'look my layers'.
Enfim, a energia foi realmente
contagiante e entre músicas do cd Contraband ( como
"Sucker Train Blues", "Fall To Pieces", "Shilter" ), algumas inéditas do
novo cd Libertad e claro, também foram tocadas algumas do
Guns´n´Roses ( It's So Easy e Mr. Brownstone ) e do
Stone Temple Pilots ( Crackerman e Sex Type Thing ). O
Velvet Revolver foi seguido pelo platéia que no decorrer das músicas,
notava-se os sotaques que se misturavam fazendo um só coro de incentivo.
Scott Weiland cantou a maior parte do tempo na minha frente, a
menos de dois metros, e em muitos momentos senti o sorriso no rosto de
Slash quando ele ouvia a multidão em plenos pulmões elevando sua
estima berrando seu nome. E Slash fez o tão esperado solo de
guitarra lembrando os bons tempos da 'dupla dinâmica' Axl x Slash
( voz/guitarra ).
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Quando o Velvet Revolver
deixou o palco ovacionado, não deixando a desejar em nada, brilhou, levou
a multidão à loucura, e ainda com mais gana de ver os célebres mestres
sobreviventes de três décadas de muitos altos e baixos.
Set List do Velvet Revolver
Let It Roll
Do It For The Kids
Sucker Train Blues
She Mine
Fall To Pieces
Crackerman
Get Out The Door
It's So Easy
Quick Machine
Set Me Free
Sex Type Thing
Mr. Brownstone
Slither
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Aerosmith
Às 23 horas meu coração já não
batia, apanhava dentro do peito e parecia que todo o público havia
desaparecido, todas as vozes se calaram, eu apenas observava a preparação
do palco, cada passo, cada pessoa, contando os segundos, só tinha olhos
para o relógio para ver o show do Aerosmith - a única
apresentação no Brasil da tour Route Of All Evil que promove o álbum
Devil´s Got A New Disguise.
Em apenas 15 minutos tudo
ficou pronto e às
luzes se apagaram - achei que fosse enfartar - e quando ouvi os
acordes de Love In An Elevator e a doce voz de Steven Tyler
fazendo a alegria da multidão presente ( antes continuar queria deixar
ressalvado aqui que farei o possível para separar minha admiração pessoal
e tentar ver o show pelos olhos de uma pessoa que apenas admira a banda
como outra qualquer - coisa difícil, imagine meu esforço ). E o
vocalista mostrou um figurino com um estilo bem glam rock, ou seja, calça
jeans branca e com joelheiras douradas, muitas pulseiras, camiseta regata
preta na maior parte do tempo ( apesar de ter entrado com uma florida
de botão branca transparente ), chapéu de cowboy branco uma encharpe
charmosa no pescoço de oncinha que foi atirada ao público, olhos pintados
com lápis preto e na barriga estava escrito: "Me lambe" ( o que
não faltou foi vontade ).
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Voltando ao rock´n´roll, eles
tocam em seguida as músicas
Toys In The Attic e Dude ( Looks Like a Lady ), canção que
Steven Tyler mostrou um rebolado
com muita sensualidade e gestos obscenos, mas nada que ofendesse e sim
enlouquecesse, e
a cada grito, cada gemido do vocalista provocava uma contorção em
todas as mulheres, porque temos que admitir que antes dele descer na terra
para nascer, ele ganhou um carimbo especial:´Você vai ser o cara!!´, pois ele mostrou carisma, sensualidade, originalidade, sedução, sex
appel, charme, de forma digna de um astro do rock mesmo.
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Depois foi a
vez de Fallen in
Love e o primeiro grande ápice da galera, muitos esperavam por essa
música que vem de um dos melhores discos da banda, o álbum Nine
Lives ( a maioria dos comentários era de que o set se
concentraria em álbuns como Permanet Vacation, Big Ones e
Nine Lives ). Cryin, a seguinte, apresentou um solo de
gaita perfeito e vale lembrar que depois Steven atira a gaita à multidão
que avançou em cima do objeto como se todos pudessem reparti-lo (
Steven jogou depois de passá-la na boca muitas vezes instigando a
imaginação feminina ao lado contrário ao meu ).
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Seguindo com
What
It Takes do álbum Pump, que começou com uma capela todas
as vozes fazendo coro e no momento do refrão os instrumentos entraram em
sincronia com as vozes como se tivesse havido ensaio antes. Jaded
do álbum Just Push Play veio dando o ar da graça e em
seguida tivemos Baby, Please Don´t Go e Stop Messin´Around (
com
vocais de Joe Perry ) dois clássicos do blues regravados no estilo do Aerosmith no álbum Hookin´ On Bobo.
Depois de Seasons,
foi a vez do hit Dream On, onde o entusiasmo e a contribuição da
galera com seus isqueiros e celulares acesos no estádio todo apagado
deixaram o Morumbi simplesmente
fantástico. Maravilhoso também foi ver a emoção de Steven Tyler no
telão ao agradecer em língua portuguesa a multidão de fãs presentes em São
Paulo com o
tradicional 'obrigado!!!'. Seguindo o set, mais outro explosivo hit da
carreira da banda com Janie´s Gotta a Gun ( do Pump
) e para manter o clima perfeito eles
executaram Livin On´The Edge ( do Get A Grip ) - outro grande momento, porque foi
quando Steven acessou a rampa que dava acesso para onde eu me encontrava a
menos de 2 metros, ali me olhou na multidão deu uma piscada, aquele
sorriso e saiu correndo para o outro lado fazendo todos formar uma onda
acompanhando seus passos como se pudéssemos nos mexer também.
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Após essa
seqüência destruidora, chega a vez da balada I Don't Want To Miss A Thing, um momento
delirante que não tinha como conter as lágrimas, porque sei que esse seria
um momento raro, único e inexplicável que não existe uma única palavra
capaz de definir o que eu estava sentindo.
Retomando o hard rock eles
apresentaram Rag Doll, seguida da clássica Sweet Emotion, um
momento muito esperado pelos fãs desde a recuperação de Tom Hamilton
( já que o solo é dele nesta música e através de recados trocados
no orkut, os fãs combinaram nesta hora do show para pudessem
homenageá-lo gritando seu nome. E deu resultado, ele se emocionou com o
carinho do público em polvorosa gritando: "Tom, Tom, Tom...."
).
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E tenho de comentar que o
Aerosmith provou que quanto mais velho... melhor, e a experiência
realmente faz a diferença. Steven sabe muito o que faz, o que
agrada, e apesar da empatia de Joe Perry, tenho que admitir
que ele arrebentou na guitarra com seus solos e também quando cantou
Draw The Line. Tom Hamilton mostrou que seu temporário
afastamento só contribuiu para o crescimento da banda e que voltou maior
que nunca com seu baixo mágico, Brad Whitford como segundo
guitarrista não ficou atrás de Joe Perry deu igualmente o melhor de
si mesmo e contribuiu bastante pra grandiosidade do show e ganhou em
simpatia de Perry ( antipático, mesmo no palco ), Joe
Kramer mais rechonchudo que o normal arrasou na batera. E o bis tão
esperado com Walk This Away com direito a palhetas atiradas por
Perry, garrafa de água e coca-cola e óculos ( que claro quebrou
) por Tyler.
Saí daquele
estádio realizada, sabendo que nunca outra banda vai superar um espetáculo
como esse, em 94 no Hollywood Rock, o público não era composto apenas de fãs
da banda, eram diversas bandas no festival e a maioria estava lá pelo
heavy metal e não pelo hard rock, mas dessa vez foi diferente: o Velvet
Revolver estava com uma grande parcela dos fãs esperando para vê-los,
mas a imensa maioria era de amor puro e devoção ao Aerosmith,
que espero não demorar muito para voltar ao Brasil, e fazer um
espetáculo tão grandioso como esse do dia 12 de abril que com certeza vai marcar
a vida de muitas pessoas como único, inexplicável, sagrado e divino.
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Valeu muito, pois cada momento
aguardado, porque foi exatamente o que eu esperava: 18 horas sem dormir, 6
horas em pé, 4 horas sem comer, 2 horas sem ir ao banheiro.. ufa!!! -
faria tudo de novo sem pensar duas vezes, isso sem contar a grana gasta,
mas isso é outra história. O Aerosmith merece todos os créditos e
boa crítica assim como o Velvet Revolver que passou a ocupar um
espaço diferenciado nas minhas preferências musicais. Parabéns aos cinco
elementos que compõem Aerosmith e desejo muitos anos de estrada ainda e ao
Velvet Revolver - sejam bem vindos!!!
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Set List Aerosmith
Love In An Elevator
Toys In The Attic
Dude ( Looks Like a Lady )
Fallin In Love
Cryin'
What It Takes
Jaded
Baby, Please Don't Go
Stop Messin' Around
Seasons
Dream On
Janie's Got A Gun
Livin' On The Edge
I Don't Want To Miss A Thing
Ragdoll
Sweet Emotion
Draw The Line
Walk This Way
Por Julianna Tyler
Nota da Edição: Valeu Juliana pelo review!!!!
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