Blind Guardian  - A Twist In The Myth
Sábado, dia 17 de março de 2007 na Via Funchal/SP

    E o Blind Guardian aportou pela terceira vez em terras brasileiras com shows em várias cidades para divulgar o novo álbum A Twist In The Myth  e a nova formação, com Hansi Kush nos vocais, Andre Olbich e Macus Siepen nas guitarras e o novo baterista Frederick Ehmke. Como sempre nós do Rock On Stage fomos cobrir o show de São Paulo/SP, mas para chegarmos até a Via Funchal, desta vez, passamos pelas chamadas "águas de março", que por muita sorte nossa, apenas as encontramos na estrada e não dentro da capital do Heavy Metal do Brasil, pois todos sabemos como fica São Paulo quando chove.



    Problemas da cidade à parte, chegamos na Via Funchal e após o rápido credenciamento, ao entrar na casa notei que ela estava completamente lotada por uma multidão de fãs do Blind Guardian que aguardavam o retorno desta trupe alemã desde 2002 para incendiar seus corações com a eterna magia do Heavy Metal. E antes de contar como foi o show, o aumento da área destinada aos fotógrafos na Via Funchal melhorou bastante o nosso trabalho de cobertura.

    E o Blind Guardian não demorou para subir no palco, poucos minutos após as 22 horas - horário previsto para o show começar - fomos agraciados com a presença dos dois músicos de apoio da banda Oliver Holzwarth no baixo e Michael Schüren nos teclados que participam bastante nos backing vocals e também o novo baterista Frederick Ehmke. Tal qual o início do disco Nigthfall In Middle Earth temos Wart Of Wrath que exibe um diálogo entre  o senhor das trevas Sauron e o seu mestre Morgoth sobre a queda de Angband ( leia mais sobre isso no livro Silmarillion ), é iniciado o show com que levaria os fãs que hiperlotavam a casa numa viagem pela terra-média do escritor J.R.R. Tolkien.

    Após essa introdução, tivemos na sequencia, e já com todos os integrantes nos seus devidos postos, a música Into The Storm ( do disco Nightfall In Middle Earth ). Já de início pude constatar que o Frederick Ehmke está totalmente integrado na banda e dispara sua bateria com competência e sendo um ótimo substituto para Thomas “Thomen” Stauch. A segunda do set foi a rápida Born In A Mourning Hall do Imaginations From The Other Side e o carismático vocalista Hansi Kush cumprimenta a grande massa composta de mais de 6.000 fãs presentes na Via Funchal ao término deste clássico, e embora o som estivesse um pouco abafado no início e a voz de Hansi saindo um pouco baixa, isso não diminuiu a empolgação dos presentes. Entretanto em compensação, a guitarra de Andre Olbich esteve impecável durante as duas horas da apresentação dos alemães, destilando altos solos que marcaram bravamente o show, além do guitarrista-base Marcus Siepen exibir muita técnica e empatia, além de cantar em todos os coros das músicas do show.

    Depois eles tocaram a brilhante e épica Nightfall ( também de Nightfall In Middle Earth ) e nem é preciso dizer que este clássico já provocou uma emoção especial nos fãs, que a cantaram juntos com Hansi ( momento que me senti como se estivesse na vila dos Hobbits ). Contrastando com a tradicional frieza alemã, tanto Hansi, quanto Andre e Marcus, se movimentavam pelo palco para aumentar ainda mais a vibração que eles executavam em suas músicas, reflexo com certeza da recepção do público brasileiro. E novamente tenho de destacar os perfeitos solos de Andre Olbich em sua guitarra, que literalmente ditaram o peso  da banda em todo o show.

    Em seguida, foi a vez da pesada The Script For My Requiem do Imaginations From The Other Side, que tem muitas variações seja no baixo ou nas guitarras em solos galopantes e alucinantes até serem interceptadas pela voz grave de Hansi, uma pedrada melódica com coros  feitos por Andre, Marcus, Michael e Oliver para cravarem com força na memória dos fãs.

    Em seguida com um início todo diferenciado na bateria de Frederick Ehmke foi a vez de Fly, a primeira do novo álbum da banda A Twist In The Myth e mais uma vez, o público brasileiro mostrou que sabia a música de cor e entrou em êxtase quando ela foi tocada seja pela voz de Hansi ou pelos lindos e melódicos solos de Andre e Marcus. E falando em êxtase, ao executarem o hino Valhalla, a essa sensacional canção do álbum Follow The Blind ( de 1989 ) que nos deu direito a ver  Andre Olbich realizar várias digitações em seu solo. Com esse verdadeiro tributo ao Heavy Metal melódico temos um momento de pura comunhão entre os alemães no palco e os milhares de fãs na plateia, que cantaram em uníssono e foi maravilhoso ouvir a massa cantando o refrão mesmos após a banda encerrar a música - realmente de emocionar. Dizer que os alemães não ficaram maravilhados com a ovação do público brasileiro é balela, eles não apenas só gostaram como o vocalista parabenizou o público dizendo: “Absolutely Fucking Brilliant!” ou “absolutamente brilhante, porra!” ).

    Mais uma de Nightfall In The Middle Earth foi Time Stands Still ( At The Iron Hill ) que protagonizou outra viagem para a terra-média dos personagens criados por J.R.R.Tolkien com muito peso e melodia que nos inspiram a duelar contra as forças do "Senhor da Escuridão", que maravilha é fusão do Metal com os textos do fantástico escritor inglês. Ao anunciar a pesada And The Story Ends ( presente no Imaginations From The Other Side ) Hansi diz que a tradução de seu título ( e a história termina )  não deve ser levado a sério pois ainda tinham muitos outras grandes canções para executarem para os famintos fãs presentes na Via Funchal e um destaque a parte desta música foi o magistral solo de Andre Olbich abusando da técnica com notas maravilhosas e marcantes em sua guitarra.

   Algo que com certeza ficará na memória dos fãs nesta apresentação do Blind Guardian é que eles tocaram a grande maioria dos clássicos da carreira dos 20 anos da banda, coisa que  não foi diferente quando foi a vez do hino melódico Majesty com seu começo bem peculiar até ser quebrada pela força das guitarras e vocais, esta música do primeiro trabalho da banda Battalions Of Fear de 1988, foi, assim como Valhalla, um dos pontos mais fortes do show - totalmente aclamada e cantada pela plateia. Depois temos a segunda de A Twist In The Myth com Another Stranger Me e Hansi canta essa música do novo trabalho com uma grande adrenalina mostrando que o Blind Guardian ainda tem condições de repetir os grandes trabalhos do passado e apresentar inovações em seu som, neste caso, com a voz de Hansi bem variada e as guitarras com solos bem diferentes do que acostumamos a ouvir nos discos anteriores da banda, porém sem fugir do Heavy Metal melódico que deu toda a fama para eles.

   A seguinte era uma das músicas que eu particularmente mais aguardava neste show e seria um sacrilégio se ela ficasse fora do set list do Blind Guardian, e então com as luzes apagadas, temos os riffs iniciais de Bright Eyes, sem dúvidas um dos maiores clássicos da banda que leva os fãs desta vez ao delírio completo, que novamente berraram a plenos pulmões juntos com Hansi Kush. Para fechar a primeira parte do show tivemos And Then There Was Silence do disco homônimo em mais de 14 épicos minutos. Esta canção com certeza é uma das mais difíceis para ser reproduzida ao vivo e eles  a executam com perfeição, para isso lembre-se das várias mudanças de tempo e ritmo que acontecem em And Then There Was Silence, grandiosa!!!

   Após uma longa pausa ( com praticamente 5 minutos ) e aos gritos efusivos da plateia, o Blind Guardian retorna com uma sequencia matadora iniciada com Imaginations For The Looking Side que arrepia o coração de todos os fanáticos seguidores da banda ao longo dos anos que cantam e pulam euforicamente a cada verso cantado por Hansi Kush. Em seguida, tivemos com Andre e Marcus nos violões, a acústica The Bard Song ( In the Forest ) do álbum Somewhere For Beyond, um  que faz muita gente acender os isqueiros e celulares e literalmente mergulhar de cabeça nas terras de Arda ( ou  terra-média se preferir ), este lindo momento foi indiscutivelmente um dos melhores de todo o show.

    A penúltima destas duas espetaculares horas de viagem ao universo de Tolkien foi a pesadíssima Mirror Mirror, mais um clássico do álbum Nightfall In The Middle Earth que cai como uma luva e faz a imensa legião de fãs cantarem juntos com a banda. E como eu suspeitava, para o encerramento do show, o Hansi Kush, convida os amigos Edu Falaschi e Felipe Andreoli, para juntos realizarem uma mega jam tocando a clássica do Rock´n´Roll Barbara Ann ( música do Beach Boys regravada pelo Blind Guardian no Follow The Blind  ), mostrando a grande amizade que os integrantes do Angra e o Blind Guardian possuem.

    Tenho de ressaltar aqui também que embora Andre Olbich e Marcus Siepen ( perfeito na guitarra base ) tenham feitos soberbos solos em suas guitarras, ( especialmente Olbich ), o Blind Guardian, não realizou algo tão comum em shows de bandas de Heavy Melódico que são aqueles momentos para o solo específico do guitarrista e do baterista, e embora isto seja muito belo nos shows, não é necessário como eles provaram neste excelente show. Outra coisa que foi diferente foi a falta de um pano de fundo com um dos maravilhosos desenhos presentes nas capas dos álbuns do Blind Guardian ( tudo bem que Heavy Metal é apenas o show em si, mas ao longo dos anos posso dizer que ficamos mal acostumados com os efeitos e adereços de palco, culpa provavelmente das apresentações teatrais do Iron Maiden ).

    E depois vários clássicos, canções novas, a viagem pela terra média com muito Heavy Metal encerra-se de forma que a multidão headbanger presente na Via Funchal pode ir para casa feliz por ter visto mais uma ótima apresentação de uma das mais famosas bandas do Heavy Metal melódico, que brindou os fãs com uma apresentação de gala e com certeza deixou na memória aquela vontade de rever o Blind Guardian em breve.

 

Texto e fotos Fernando Júnior
Agradecimentos: Miriam Martinez ( Via Funchal/SP )

Set List:
01 - War Of Wrath
02 - Into The Storm
03 - Born In A Mourning Hall
04 - Nightfall
05 - Script For My Requiem
06 - Fly
07 - Valhalla
08 - Time Stands Still (At The Iron Hill)
09 - And The Story Ends
10 - Majesty
11 - Another Stranger Me
12 - Bright Eyes
13 - And Then There Was Silence
Bis:
14 - Imaginations From The Other Side
15 - The Bard's Song - In The Forest
16 - Mirror Mirror
17 - Barbara Ann (com Edu Falaschi e Felipe Andreoli)
 

Galeria de Fotos do Blind Guardian

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