Helloween dia 13 de setembro de 2003
Abertura: Seven Angels
Local: Via Funchal – SP

     E novamente o Helloween volta ao Brasil para divulgar o seu novo álbum “Rabbit Don´t Come Easy”, sendo que a primeira visita foi em abril para um série de entrevistas e agora para abrir a tour mundial começando pelas terras tupiniquins. Já é a quarta passagem da banda pelo Brasil e posso garantir-lhes, esta foi a melhor vez com toda a certeza.

            Antes de descrever o show em si, queria fazer um pequeno relatório de viagem: saímos de Assis/SP( oeste do estado ) por volta das 12Hs. e passamos por duas cidades ( Ourinhos e Pirajú ) para pegar o resto da excursão. Havia pessoas ansiosas, pois veriam pela primeira vez um show na capital ( é o Metal sempre renovando-se ), outros um pouco desanimados ( incluindo eu ) com a atual fase do Helloween, que digamos de passagem, a última tour que passou pelo Brasil ( The Dark Ride Tour de 2001 ) foi horrível, tendo um set-list mal programado e shows bem fracos ( reflexos das brigas internas ). Após esta tour, a banda rachou com Roland Grapow e Uli Kusch, estes sendo chutados ( formando o Masterplan ) e o Helloween reestruturando-se. Neste ano tivemos o disco de estréia do Masterplan ( que diga-se de passagem é excelente ); e em seqüência saiu o disco do Helloween “Rabbit Don´t Come Easy”, porém não causando o mesmo impacto. Sinceramente não dava para esperar muito coisa do show, com tanta coisa contra...

    Chegamos à São Paulo por volta das 20Hs. e dava para prever que o Via Funchal iria encher, já que existia uma fila imensa. Adentramos no local a tempo de assistir o Seven Angels de Curitiba/PR. A banda aposta num power metal com vocal feminino tradicional e temática white metal. Tiveram grandes problemas com o som ( quase sempre as bandas de abertura são prejudicadas com isto ); mas deu para perceber o poder de fogo razoável da banda, que não chegou a comprometer, mas nem a empolgar. Destaque para o cover de “Forever Free” do Stratovarius.

            Estava chegando a hora do Helloween, as mais de 6 mil pessoas presentes vêem a banda abrindo o show com “Starlight”, que nem o mais sonhador poderia ter previsto. Seguiram com “Murdered” e depois com a clássica das clássicas “Keeper on the Seven Keys”, com seus 13 minutos. Neste momento, o show poderia ter acabado que ninguém sairia reclamando, pois todos já estavam emocionados e felizes com este incrível começo. Mas a banda queria mais, emendando assim mais dois sons da fase Michael Kiske: “Future World” e “Eagle Fly Free”. Com estes cinco clássicos rolados, já dava para perceber que está seria a melhor apresentação do Helloween do Brasil. Andi Deris não precisa provar mais nada para ninguém, todos já conhecem seu nível de voz e mesmo sendo diferente do de Kiske, segurou muito bem nos clássicos iniciais.

   Em seguida tocaram “Hey Lord” do Better Than Raw, da primeira da fase Deris, e em seqüência, “Forever and One”, uma balada que quebrou um pouco o ritmo acelerado do show, mas admito que foi  bem legal vê-la no set-list.

   Depois Deris anuncia outra da fase Kiske/Hansen :“Dr. Stein”, outra clássica que eles não podiam deixar de fora... Agora falando um pouco da postura deles no palco, pode-se dizer que esta melhorou e muito nesta tour.

    Mesmo assim, Michael Weikath continua paradão fumando seu cigarro, Andi Deris e Markus Grossskopf agitam bem ( principalmente o baixista que corre por todo o palco ); o novo guitarrista Sascha Gerstner ainda está um pouco travado, porém  nada melhor que a estrada para corrigir isto; e o experiente baterista Stefan Schwarzmann, claro, segurou bem as baquetas ( e aqui havia outro receio particular, já que Uli Kusch era um monstro quase insuperável ), sendo aprovado também pelo público.

  A única presente do “The Dark Ride” foi a comercial “If I Could Fly’ que mais pesada ao vivo, caiu fácil no gosto na galera; seguida da primeira tocada do “Rabbit Don´t Come Easy”, a “Open Your Life” ( a melhor do novo CD ).

            Em seguida, Deris chama ao palco André Matos do Shaman que anuncia a próxima: “Power”, estendida por uns 15 minutos com a tradicional disputa do lado esquerdo contra o direito, sendo outro ápice do show. Posteriormente ao show ficamos sabendo do sacrifício que foi para o Helloween ter o vocalista do Shaman no palco, já que André Matos é desafeto confesso da produtora deste evento, pelas tretas que envolveram a separação do Angra.

    A mesma  não queria ele no palco de jeito nenhum e chegando até a cogitar-se o cancelamento do show por parte do Helloween se não fosse liberada a entrada de André Matos no palco. Por causa desta estendida de tempo de “Power”, o Helloween tirou do set-list “Just A Little Sign”, que para falar a verdade não fez nenhuma falta.

    O show continuou com “Back Against the Wall”, a segunda do “Rabbit Don´t Come Easy”, que parecia ter saído de “The Dark Ride” por sua melodia pesada e obscura. Logo após tocaram “Sole Survivor” do “Master of the Rings”, emendando com “I Can” ( muito bem recebida ) e fecharam a primeira parte com “Where the Rain Growns”, dando o tradicional “tchau” falso para a galera.

    Momentos depois voltam  para fazer o bis, entram primeiro no palco Stefan e Sascha ( que moral destes novos integrantes ), que fazem uma introdução até que todos aparecem tocando “Sun 4 the World” do último disco ( aqui seria a única troca que eu faria no set-list se pudesse, substituindo por “We Burn” por exemplo ), e fecharam a noite com “How Many Tears”, o clássico do primeiro disco “Walls of Jerichó”.

 
  Foram duas horas de espetáculo no melhor sentido da palavra, mesmo o palco sendo simples ( com apenas um pano de fundo da banda e sem pirotecnia ), mas o que verdadeiramente importou foi ter apagado a má impressão do show de 2001, mostrar que esta formação tem um grande futuro e fazer uma grande apresentação com um set-list coeso,  não esquecendo a fase antiga da banda  ( outro grande receio particular antes do show ).

            É... posso morder minha língua, pois toda a desconfiança gerada por mim antes do show foi por água à baixo... só restando dizer: “Happy, happy Helloween”.


   
 Texto: Leandro Sartori
Colaborou: Joyce de Marchi

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