Kaiser Music: Deep Purple, Sepultura e The Hellacopters
20 de Setembro de 2003 - Pacaembu/SP
 

    Pela primeira vez no ano vou curtir um show em São Paulo. E nossa aventura começou na tarde de sábado em torno das 2 horas da tarde quando o pessoal de Santo Antônio do Jardim passou aqui em Espírito Santo do Pinhal para me pegar.        

    E desta vez a trupe estava indo conferir a edição do Kaiser Music que estava trazendo ao palco do Pacaembú o show do The Hellacopters, Sepultura e Deep Purple como atração principal da noite.

    Eu e mais alguns colegas estávamos sem ingresso, o que nos forçou a passar no Shopping D. Pedro em Campinas/SP, para ver se ainda restavam ingressos para nós na livraria Fnac. Não tinha, senti um frio na barriga, e agora? Então teríamos que comprar os ingressos na bilheteria do Pacaembú ou de algum cambista. Bem a segunda opção acabou sendo escolhida, e foi o fator que me levou a ficar no setor amarelo do estádio. Depois de entrar no estádio a expectativa para o primeiro show vai sempre aumentando. Afinal, entramos por volta das 7 da noite.  


    Passado o tempo de espera e com a adrenalina subindo cada vez mais;  21:00 cravadinho eu começo a ver o meu primeiro show da arquibancada... e confesso que é uma experiência bastante diferente em relação a todos os outros shows que já tinha assistido antes, sempre na pista.

    The Hellacopters, banda da Suécia, bem desconhecida do público brasileiro, abrem o Kaiser Music com um som considerado pela crítica como stoner rock, mas na minha opinião o que curtimos foi um belo hard rock com muito piano e riffs bluesados  que agradaram e empolgaram o público com músicas como  By the Grace of God, It's Good but it just ain't right, Better Than you,Down on Free Street, Hopelless Case, Carry me Home, No Song, Toys And Flavors que teve um solinho de bateria e fez parte da  platéia cantar junto, pois está sendo executada incansavelmente nas rádios rock de São Paulo; e All New Low, Soul Seller, Action Now! e Search and Destroy dos Stooges, nesta última contando com participação de Chuck ( vocalista da banda Forgotten Boys ) que levantou o público. Os Hellacopters fizeram um bela apresentação durante uns 50 minutos, num show com uma bela alternação entre baixo, teclados e bateria bem interessantes com belos riffs de guitarra.   

Fotos do The  Hellacopters
 que mandou um formidável 
rock n roll para animar o público.

   

    Hora de descansar e se preparar para o que ainda estava por vir. Passados pouco mais de meia hora, logo as 22:30 chega a hora de quebrar tudo, literalmente. A expressão nunca foi tão bem colocada como nesta apresentação do Sepultura, que ao subir no palco provoca uma chuva de cadeiras. Isso mesmo,  porque o pessoal que estavas na cadeiras começa a jogá-las e  invadir os outros setores ( vai aí uma crítica à organização, cadeiras só em shows calmos tipo Kitaro, daí se dormir  é normal – mas com Sepultura no palco não dá !!! ). E o reencontro do público paulista com uma das grandes bandas de metal brasileiro não podia ser melhor. Promovendo um massacre sonoro de primeira com a turnê de Roorback, disco esse que até o final de setembro é inédito no Brasil, e o Sepultura pega  todos que estavam com os ouvidos despreparados para um som pesado como sempre.

    Com músicas que estarão de Roorback e faixas que já podemos chamar de clássicas o show do Sepultura foi um dos melhores shows de heavy metal do ano. Algumas das músicas executadas foram: Corrupted, Slave N.W, Messiah, Propaganda, Apes of God, Attitude, Choke, More of The Same Roorback, então uma homenagem ao Deep Purple... com uma introdução da  música Lazy na guitarra de Andreas Kisser e ao Led Zeppelin com Dazed and Confused... confesso que adorei essas passagens. Depois hora dos clássicos do Sepultura com Desperate Cry, Biotech Godzilla, Inner Self, Beneath the Remains, voltando ao Roorback com Mind War, We Who Are, e de novo nas clássicas com Inner Self e Troops Of Doom – destruição total meus amigos; SepulNation, Refuse/ Resist e Territory. Mesmo na arquibancada não tinha jeito de ficar sentado, agitei muito ali mesmo. Bullet The Blue Sky cover do U2 que o Sepultura fez no álbum Revolusongs ficou bem ao vivo, mas é esquisito uma banda que nem o Sepultura cantando essa música.

    No bis temos Arise, e um solo meio que quase passa meio despercebido de Zero The Hero  do Black Sabbath ( fase Ian Gillan – será só coincidência? ) Come Back Alive Roorback e Roots Bloody Roots para encerrar o sessão de pancadaria explicita que o Sepultura promoveu em  quase uma hora e meia de show.

       E com o fim do show parou a chuva de cadeiras ( bem feito para a organização...risos ). É Andreas Kisser, Derrick Green, Igor Cavalera e Paulo Jr. tem porrada para dar ainda. Vamos esperar outra oportunidade de ver o Sepultura ao vivo.  

    E então a adrenalina vai a milhão, afinal agora só faltava o Deep Purple, banda que eu estava já há muito tempo com uma vontade enorme de ver ao vivo, e querendo que o sonho fosse realizado logo, meu e dos muitos dos 33 mil expectadores presentes também. E depois de um tempo para arrumar o palco em torno das 0:20 as luzes são apagadas e começa o show mais esperado do ano ( pelo menos para mim ) o Deep Purple sobe ao palco com os acordes de Highway Star. E a voz de Ian Gillan não muda ( bem um pouco talvez, mas também já é pedir demais ).   

      E o Pacaembú inteiro cantando junto o que rendeu vários "you are unbeliveble, fantastic, amazing" falados por Ian Gillan. Em seguida Woman from Tokyo outra das antigas e muito bem executada. Então chega a hora de conhecermos uma música do disco Bananas, Sivler Tongue, que nota-se que é um belo  trabalho destes grandes mestres do rock. Finalmente Don Airey ( que teve a difícil missão de substituir o mestre Jon Lord ) mostra que está muito bem nos teclados fazendo a introdução de Lazy com um belo solo. 

   
   
Contact Lost outra canção de Bananas em homenagem ao pessoal do ônibus espacial que explodiu a tempos atrás, Haunted uma música com solos e riffs bem progressivos à lá Yes  e a canção título do álbum Bananas

    Voltando para trás temos Space Truckin’, umas das canções que mais esperava ver ao vivo, porque é um punch que não tem-se condições de ficar parado e tocada com um grande peso. 


     Nessa faixa temos um solinho da bateria de Ian Paice ( pena que não é o solão da época do Made In Japan ).  I’ve Got Your Number  executada na seqüência com um solo matador de guitarra é mais uma canção de Bananas que empolga bastante o estádio e faz que a maioria dos extasiados fãs cantem juntos.        

       Knockin At Your Back Door com entrada que lembra o filme tubarão é outra canção clássica executada fazendo todos cantar juntos. Well Dressed Guitar e House of Pain do disco Bananas  são as seguintes possuindo a segunda uma alternação fantástica de voz e gaita feitas por Ian Gillan.

     E o próximo momento foi um dos melhores do show. Don Airey começa a tocar uma magnífica introdução nos teclados que passa por Beethoven, tema do Superman e o tema de Star Wars; daí converte tudo isso para Perfect Strangers, maravilhoso, fantástico; é um momento que fica gravado na memória para sempre.

Deep Purple em Porto Alegre


     E então chega a vez de Steve Morse mostrar toda a sua capacidade com as seis cordas, Steve faz um solo que passa por trechos de Sweet Child o’Mine ( Guns  and Roses -  acho que ele poderia ter escolhido outra mas  ), Honk Tonky Women ( Rolling Stones ) Brasileirinho ( Ary Barroso ) e fecha com trechos de Stairway to Heaven ( Led Zeppelin ), meus amigos podem falar o que for, mas o cara é um virtuose no seu  instrumento. 

    E como se tudo isso não fosse suficiente ouvimos uma das melhores músicas do rock : Smoke On The Water onde percebe-se que Roger Glover e Ian Paice mandam perfeitamente  bem na maravilhosa cozinha sonora  que é o Deep Purple.


    Com isso encerra-se o show. Mas ainda tínhamos o bis. E foi executado com Hush lá dos primórdios do Deep Purple de 67, com o público acompanhando no refrão, é maravilhoso de se ver. E para encerrar o show, com chave de ouro,  a música que todos pediam cantando em coro o solo de Steve Morse: o refrão ooo ooo ooo o oo oo oo Black Night...Foi realmente uma noite que já entra para a história do rock brasileiro. Um dos melhores dias de minha vida.  

 Por Fernando Júnior

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