Megadeth
Abertura: Apocalyptica 
sábado 11 de outubro de 2005 no Credicard Hall São Paulo

 

    O show do Megadeth no Credicard Hall, com certeza foi um dos melhores shows de metal do ano de 2005 em sampa, e mesmo com a saída dos outros músicos que acompanhavam Dave Mustaine há muito tempo, o show foi ótimo, tão bom quanto o que fizeram em 1994 no Olympia ( na Youthanasia Tour ), como os do aniversário da Radio Rock 89FM em 1997 ( na Cryptic Writings Tour ) e do Monsters of Rock em 1998 ( também na Cryptic Writings Tour ). Mustaine mesmo sem o outro membro fundador, Dave Eleffson, mostrou que tem plena capacidade de continuar sozinho com a epopéia do Megadeth

Apocalyptica  

    O grupo finlandês Apocalyptica com violoncelos, abriu o show, e fizeram uma apresentação surpreendente. Para quem pensava que o show do Apocalyptica seria simplesmente apreciar uma boa interpretação de composições de grupos de metal com Cellos, e no fim “bater palmas”, se enganou completamente. Auxiliados no inicio por um baterista muito bom e rápido, os quatro músicos do Apocalyptica, fizeram um som muito pesado, tocaram com muita habilidade clássicos do metal como Master of Puppets, Seek and Destroy e Enter Sadman do Mettallica, foi empolgante ver o público cantando, como se fossem os vocais da banda. Outra música que saiu muito legal, e esperada pelo público, foi a Refuse/Resist do Sepultura, porém esta música foi tocada sem o auxílio do baterista. Foi legal ver o Apocalyptica, era impressionante ver o agito deles tocando metal perfeitamente num instrumento como o violoncelo, sempre eles agitando a cabeça com muita fúria.  

Megadeth

    Depois de um breve intervalo, finalmente eles vieram, o Megadeth entrou no palco incendiando a galera com a Blackmail the Universe, do novo cd The System Has Failed, e tocaram com muita categoria e habilidade, nesta primeira música, o som estava ótimo, o tratamento de som e efeitos estava impecável, e essa música foi o prefácio, da massiva pancadaria sonora que iria por vir. Logo em seguida tocaram Set The World Afire, do So Far, So Good… So What, com fúria igual a Blackmail..., e ficou legal a combinação das duas em seqüência, a nova com a segunda música que é um clássico do início do Megadeth. Dave Mustaine e Glen Drover, estavam executando riffs muito bem, em muitos momentos chegava a emocionar a maestria dos guitarristas, e neste show, as guitarras predominaram perfeitamente.  

      Na seqüência, veio Skin On My Teeth, e neste momento pareceu que todos iam mandar para baixo o Credicard Hall, pois o agito foi explosivo. Tocaram The Scorpion, também do novo cd, e a execução ao vivo mostrou que o disco novo, realmente está recheado de clássicos para a história do Megadeth, esta música saiu perfeita, toda a platéia cantou e viajou no ritmo. Mustaine e companhia não paravam de fazer o bombardeio elétrico sonoro, parecia que a cada música o som melhorava, a seqüência do set list estava ótima, e o bombardeio continuou com, Wake up Dead, She Wolf, posteriormente Reckoning Day, que foi demais, um verdadeiro hino do metal, o riff de guitarra do início da música, parecia um alistamento para o mundo do metal. Tocaram Tout Le Monde do Youthanasia e Angry Again primorosamente, e mais uma vez, todos faziam o coro para cantar, foi legal demais à harmonia do canto da galera, com as guitarras e o resto da banda, que me fez lembrar o show do Anthrax, em fevereiro deste ano. Todos estávamos emocionados, quando nós achávamos que talvez poderia aparecer uma música que quebrasse o ritmo do show, o Megadeth nos aplicava mais uma escalada eufórica de som, música por música.  

As Flechas de Mustaine

    O que me deixou espantado, foi o incrível entrosamento dos novos músicos Glen Drover ( guitarra ), James MacDonough ( baixo ) e Shawn Drover ( bateria ), com Dave Mustaine ( guitarra, voz ). Todos eles tiveram grandes méritos, as guitarras de Mustaine e Drover estavam perfeitamente reguladas nos racks de som, e realmente foi incrível ouvir a perfeição dos timbres das guitarras ESP, neste dia quem viu e ouviu o show do Megadeth, foram dignos privilegiados. Dave Mustaine que até falaram que ele não tocaria mais, devido a sua doença em 2002, tocou com soberba categoria e experiência, e de todas às vezes, nunca vi Mr. Mustaine se entrosar tão bem com as seis cordas como neste show, Drover era o guitarrista principal, mas Mustaine tomou conta dos solos muitas vezes, com suas várias guitarras flecha ( obras de arte ).

      Os caras são grandes artistas, a continuação do set list foi com mais pérolas, com Hangar 18 e Return To Hangar, foram um dos melhores momentos do show, o baterista Shawn Drover mandou bem, tocando a batera com a mesma fúria de Nick Menza e Jimmy DeGrasso.  

    Depois tocaram uma seqüência simplesmente destruidora com: Tornado of Souls, Trust, Kick the Chair ( parecia uma artilharia o início da música, com destaque para Shawn Drover em sua Pearl ) e Symphony Of Destruction, em que a execução foi tão animal, que não há palavras para explicar a tamanha assimilação de um heavy metal de extrema qualidade.

    Mais uma vez ressalto, a dupla Mustaine/Drover esbanjou talento, Glen Drover é muito bom guitarrista solo, eles deram exemplo de como este tipo de metal virtuoso, deve ser seguido pelas bandas novas, pois é difícil encontrar nas bandas de hoje, guitarristas exímios, como Page, Satriani, Mallmsteen... ( cadê os guitar heroes!?!?! ).  

    Já se aproximando do fim, tocaram Paranoid, e nunca tinha visto isto num show, a galera ficou tão explosiva, que o Credicard Hall se transformou num mar de rodas de empolgação, todo mundo que estava na pista, agitou ao extremo. No bis tocaram nada menos que Holy Wars, do cd Rust in Peace, talvez a mais esperada pelos fãs, mais uma vez foi uma sensação inigualável, ouvir uma das principais músicas do Megadeth, com peso extremo, um verdadeiro show de metal. Em várias partes do show a galera gritava Megadeth ou Mustaine, no fim todos gritaram “Mustaine, Mustaine, Mustaine!!!”, e deu para perceber, que ele se emocionou ao sentir o calor dos brasileiros, e enquanto a sua afirmação, antes de vir para a América do Sul, de que essa seria a sua última turnê, ele disse à nossa frente, com muita emoção, de que ele voltaria e a novela graças a Deus acabou.  

    Foi um dos melhores shows de 2005, as músicas do CD novo foram o ponto alto do show e sou um saudosista da era Mustaine, Eleffson, Friedman e Menza, mas tive de me render ao profissionalismo e o brilho do novo Megadeth, ao contrário do que muitos disseram por aí. Este show, tenho certeza de que quem foi jamais esquecerá e aguardaremos pelo retorno, como Dave nos disse, para recebermos mais uma vez a força deste monstro do metal e o amor não somente pelo metal, mas também pelo rock’n’roll, essa pureza, é uma das coisas mais nobres que existem nesta terrinha, cheia de coisas efêmeras e descartáveis. E, como disse nosso brother Mustaine, The World Needs A Hero. ( Nota da Edição: um dos heróis, com certeza é Dave Mustaine ).

Set List:
Blackmail The Universe
Set The World Afire
Skin O' My Teeth
The Scorpion
Wake Up Dead
In My Darkest Hour
Die Dead Enough
She-Wolf
Reckoning Day
A Tout Le Monde
Angry Again
Hook In Mouth
Train Of Consequences
Hangar 18
Return To Hangar
Of Mice And Men
Tornado Of Souls
Trust
Something That I'm Not
Kick The Chair
Symphony Of Destruction
Sweating Bullets
Paranoid
Peace Sells

Holy Wars... The Punishment Due
Silent Scorn

Por André Torres

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