Motörhead Kiss Of Death Tour 2007
Abertura: Matanza
Domingo, dia 29 de abril de 2007 na Via Funchal - São Paulo/SP
 

    No final dos anos setenta, bandas importantes do Heavy Metal, não estavam plenamente em atividade, o Black Sabbath depois do Tecnical Ectasy, estava em constante crise, o Led Zeppelin quase não lançava nada, o Deep Purple tinha acabado, e os punks estavam fazendo grande oposição ao metal, o heavy metal do início dos setenta, onde tudo começou, estava cada vez mais indo por água a baixo.

    E aí surgiu o Motörhead, o Judas Priest também, e outras bandas, que colocaram agressividade sonora em suas composições, e que especialmente o Motörhead, além do peso, usava muito a característica sonora ( simples ) do nosso amado rock’n’roll, chegaram no cenário heavy metal que estava sofrendo, impondo respeito, e mais uma geração metaleira nascia. 

    E recebemos mais uma vez aqui em nossa terra, o Motörhead, um dos deuses do Olimpo do Metal, desta vez divulgando o seu mais recente trabalho, o álbum Kiss Of Death, de 2006, e fizeram um ótimo show.

Matanza 

    A banda carioca Matanza composta de Donida na guitarra, China no baixo, Fausto na bateria e Jimmy nos vocais, abriu o show do Motörhead, e tocaram suas músicas muito bem, cantando em português, eles empolgaram a galera da Via Funchal e entre algumas músicas deles que se destacaram foram - Maldito Hippie Sujo, As Melhores Putas do Alabama, Clube dos Canalhas. Devo considerar que o Matanza tem uma sonoridade bem eclética, que em momentos toca hard rock, e a banda passa até mesmo pelo thrash metal. Porém essa mistura não dá confusão, os músicos tem bom sendo musical, e suas músicas fazem parte de um contexto, em que não ocorre choque de estilos.

Motörhead 

    Depois do Matanza, num breve período, finalmente o Motörhead entra no palco: Lemmy Kilmister ( baixo e vocal ), Phil Campbell ( guitarra ) e Mikkey Dee ( bateria ), iniciam o show com a Dr. Rock, e o que achei impressionante já no início foi a vitalidade do Lemmy, uma lenda viva do metal, que parecia um garoto. Depois tocaram a clássica Stay Clean, música que tem a pura sonoridade do estilo do Motörhead

    Prosseguiram com Be My Baby, que balançou toda a galera na Via Funchal, uma das mais legais desta primeira parte do show, e o Mikkey Dee tocou com muita precisão, repicava muito bem antes de cada trecho da música, chamava muito bem toda a distorção e o ritmo que viria a seguir. Depois eles tocaram mais dois clássicos, a Killers e a Metropolis, sendo a execução de um puro rock’n’roll, pesado, do Motörhead, nas duas músicas, vi a grande atuação do Phil Campbell, solou muito bem na guitarra. Tocaram Over The Top e One Night Stand, nesta, o Mikkey Dee mostrou que realmente é um dos melhores bateristas do metal, pela simples, mas única e perfeita marcação na caixa. 

    Prosseguiram com I Got Mine e In The Name Of Tragedy, e depois eletrizaram a galera com a Sword Of Glory, e o Phil Campbell mais uma vez tocou muito bem, voou na guitarra enaltecendo a execução desta música. Uma coisa curiosa dos solos do Phil, é que em dados momentos, ele sola na parte aguda da guitarra, mas não completa o acorde, o que é natural para os nossos ouvidos, mas mesmo assim, ele toca deste modo muito bem. 

    Tocaram Snaggletooth e Rosalie, cover do Thin Lizzy, sendo um ponto alto do show, e que foi de muito bom senso para o set, fez o show mergulhar ainda mais para a sonoridade do rock’n’roll, sem tanto peso e logo após a Sacrifice, com direito a solo do Mikkey Dee. Esse grande baterista, que tocou em álbuns clássicos do King Diamond, fez um longo e incrível solo, alternando a percussão a todo o tempo, e aplicando muita velocidade ele impressionou; nos bumbos, caixa, chimbals, solava aplicando balanço, depois retornava repicando em altíssima velocidade como Ian Paice do Deep Purple, com precisão cirúrgica de muitos poucos no mundo, no fim de seu solo, veio o Lemmy Kilmister e disse: "Mikkey Dee, o melhor baterista do mundo!!" . Com certeza é um dos gigantes do Metal.  Depois mandaram - Jus Cos' You Got The Power e Going To Brazil, dedicada a nós, e finalizaram o show antes do bis com dois clássicos fenomenais - Killed By Death e Iron First

    A Killed By Death, na minha opinião foi a melhor do show, quando ela começou, a banda estava em perfeita harmonia, tocaram não somente com habilidade de muitos anos, como também uma incrível moral no palco, e ainda foram auxiliados pelo canto do público que cantou trechos da música não saindo do tom, a galera fez até a risada do Lemmy, nesta música a festa ficou consagrada, foi animal. 

  A Iron First, veio para o delírio do público, que auxiliou a banda cheia de moral no refrão, essa música foi executada também com brilho, o Phil Campbell solou muito bem, com categoria, mas sinceramente, para mim o guitarrista imortalizado do Motörhead e o Eddie “Fast” Clark, que depois montou o Fastway, pois seu estilo e feeling único combinavam muito mais com a sonoridade aguda do Motörhead, em comparação com o Wurzel e Phil Campbell. Deu para perceber que o Motörhead usou aquela tática, de guerra de desgaste no início para depois começar a invasão propriamente dita, o fim do show que deixou todo mundo alucinado, foi melhor que o início.   

      No bis, o Motörhead iniciou com a Worehouse Blues, acústica, com o Phil Campbell e Mikkey Dee tocando violão, essa música foi uma boa surpresa e o Lemmy tocou até gaita. Depois do sonho, caímos na batalha novamente, eles finalizaram o show com mais dois clássicos insuperáveis, a Ace of Spades, tocada primorosamente, como a Killed By Death e Iron First, e a galera da Via Funchal agitou, viajou e cantou em coro - “Ace of Spades!!!...“Ace of Spades!!!”. A Overkill foi o ultimo bombardeio, começando com a marcação do Mikkey na batera e depois a entrada do baixo Rickenbacker do Lemmy com o seu timbre clássico e único, e a demolição foi total, sonoridade da banda perfeitamente regulada, para que a eletricidade desta música não saísse jamais de nossas almas, e realmente marcou, eu sabia que pelo menos um desses clássicos não faltariam.   

    O show foi espetacular, começou bom, e no fim ficou muito melhor, eles mostraram o seu valor intocado para o heavy metal; no show de 2004, senti algumas falhas da banda, pois o som não estava bom, deu a impressão de que eles estavam até meio chapados, e nesta apresentação, mostraram a sua sonoridade perfeitamente alinhada e regulada. Se eles incorporassem no início do show, alguns de seus clássicos que não foram tocados como Capricorn ( que era a que eu mais queria ), On the Road, Hellhaiser, Bomber e outras, o show talvez seria muito mais excepcional, mas tudo bem, foi um dos melhores de 2007 e o Motörhead sem dúvida está na historia dos melhores do Metal. “God Save The Motörhead”. 

Set List:

Dr. Rock
Stay Clean
Be My Baby
Killers
Metropolis
Over
The Top
One Night Stand
I Got Mine
In
The Name Of Tragedy
Sword
Of Glory
Snaggletooth
Rosalie
Sacrifice/ Mikkey Dee Solo
Jus Cos' You Got
The Power
Going
To Brazil
Killed
By Death
Iron First

Bis:
Whorehouse Blues
Ace
Of Spades
Overkill

Por André Torres
Fotos: V8 - Kamy Music www.kamymusic.com.br

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