Nazareth - The 40th Anniversary Road Trip Tour 2008
Quarta dia 28 de maio de 2008 no Citibank Hall em São Paulo/SP

    O Rock On Stage, teve a grande honra de fazer a cobertura de uma das melhores bandas de Hard Rock de todos os tempos, o Nazareth, uma banda que iniciou sua carreira nos anos sessenta ( precisamente em 1968 ), foi marcada como uma das vertentes do Glitter Rock; mas na verdade, o Nazareth apesar de ser uma banda que se lançou com baladas como Love Hurts e outras, ao invés de seguir a temática Glam dos anos setenta, foi uma banda que por demais incorporou peso em suas músicas, inclusive nas letras, músicas com peso para encarar facilmente bandas como Deep Purple e outras.  

    O Nazareth não teve tanto o reconhecimento para ser uma banda intitulada como super banda de Hard Rock/Metal como Led Zeppelin e o Deep Purple, mas são heróis, não fogem da batalha do metal, esses sessentões, atacam em turnês extensas pelo mundo afora, sendo puro exemplo de vitalidade que devemos seguir; e quanto ao show deles no Citibank Hall, da turnê comemorativa dos 40 anos da banda, esse foi uma grande festa que vamos descrever para vocês. 

     O set list do Nazareth foi focado em vários clássicos do passado como também em músicas do novo e excelente álbum The Newz ( de 2008, o Nazareth é como um bombardeiro B-52, antigo, mas não sai da ativa  ) e eles, Dan McCafferty ( vocal ), Pete Agnew ( baixo ), Jimmy Murrison ( guitarra ) e Lee Agnew ( baterista e filho de Pete ) tocaram com potência e emoção.

    Eles iniciaram o show com a Beggars Day do álbum Hair Of The Dog ( 1975 ) tocando com peso, que surpreenderia e pegaria de calças curtas muitos bangers que acham que o Nazareth é banda de fã cinqüentão, foi a maior sonzeira desenfreada de quem conhece rock há muito tempo. E o impressionante é Dan McCafferty, que canta com uma potência e agressividade sem perder força; em seguida eles mandam a música Keep On Travellin' do novo álbum The Newz, numa excelente execução e após esta, Dan McCaffety, faz todo mundo dar risada falando que tocaria uma música feita à 300 anos atrás, a Razamanaz do álbum homônimo. E mais uma vez o Nazareth joga ritmo Hard Rock de um lado para outro, a execução da Razamanaz foi impecável, com fúria e muito balanço.

   O Nazareth é uma banda européia que sabe trabalhar muito bem com o Rock’n’Roll, há uma distinção quando bandas americanas e européias tocam esse estilo, as americanas quando usam escalas pentatônicas que são a marca registrada do Rock’n’Roll, sempre se sobressaem em relação às européias ( claro, foram eles que inventaram, apesar dos Beatles e os Stones ),  mas o Nazareth é uma banda européia que trabalha muito bem com essa musicalidade Rock’n’Roll, muito fiel às origens.

     Logo após, mais outro clássico das antigas, muito aguardado pelos fãs do Citibank Hall, a This Flight Tonight do álbum Loud’n’Proud ( 1973 ), e neste clássico, Dan McCafferty se sobressaiu mais uma vez, com sua vigorosa voz aguda, estridente, Dan é um vocalista que mesmo com a idade ( ele já tem 61 ), tem potência plena, canta e grita como poucos, e vejo atualmente que tem mais potência de voz do que Ian Gillan do Deep Purple.

    Falo isso, mas sem desmerecer Ian Gillan, que é um dos melhores vocalistas do Hard/Heavy Rock, mas Dan McCafferty tem uma potência brutal de voz, ele não perde o fôlego de maneira nenhuma. Logo após prosseguiram com nova Day At The Beach, ótima música, bem Rock’n’Roll, numa execução empolgante, depois tocaram a balada Dream On ( do 2XS ), cantada com muita categoria e beleza por McCafferty e por todo o Citibank Hall, em seguida Long Black Veil e finalizaram essa seqüência com outro clássico, a My White Bicycle. 

E o show continuou com a quase country Broken Down Angel, a contagiante Enough Love do novo álbum, e dá-lhe mais clássicos com Holiday ( do álbum Malice In Wonderland ) e Whisky Drinking Woman ( do Hair Of The Dog ). Em seguida mandaram The Gathering do novo álbum, Expect No Mercy e finalizaram o show antes do bis com Hair of The Dog e a Love Hurts.

    Nestas duas últimas o Nazareth nos aplicou mais uma alta dose de peso e adrenalina, a Hair Of The Dog soou selvagem, tocaram com agressividade e maestria, não é a toa que essa música é um dos hinos dos motociclistas, e o solo desta música, foi auxiliado pela intervenção de Dan McCafferty com uma gaita de foles, ao vivo nesta música, Dan sempre faz o uso dela. A Love Hurts, uma das maiores baladas e mais conhecidas músicas da banda, foi cantada mais uma vez por todo o Citibank Hall, em que a platéia cantou com muita emoção, e nesta música quem brilhou também foi o guitarrista Jimmy Murrison, que fez um perfeito solo com slide no fim da música, foi realmente emocionante. 

    Depois, o Nazareth retornou para o bis, e incendiaram a galera com a contagiante Love Leads to Madness do álbum 2XS ( 1982 ), outra que nos colocou no ritmo Rock’n’Roll que poucas bandas européias conseguem, mais uma vez Jimmy Murrison solou com todo o cuidado e a música saiu perfeita, o refrão foi cantado por toda a platéia. Eles encerraram esse magnífico show com uma das músicas que lançou o Nazareth para ser grande banda de Hard Rock, a Morning Dew ( do primeiro disco de 1971 ), que foi tocada também com brilho a exemplo dos clássicos anteriores. 

    O show foi uma grande festa, isso foi o show, não poderia deixar de enaltecer os outros músicos, Pete Agnew o único membro fundador junto com Dan McCaffety é um excelente baixista, como segunda voz; o filho Lee Agnew que substituiu o baterista Daryl Sweet ( falecido em 1999 ), é um bom baterista também; mas Jimmy Murrison que substituiu Manuel Charlton ( membro original ) e Billy Rankin, sem dúvidas é um guitarrista excepcional, tirou os agudos em seus solos com toda a perfeição, fazendo solos precisos com slides, isso sem falar do seu solo individual. No solo individual, Jimmy tocou como poucos neste ano, fez escalas aproveitando até o último que sua Gibson Les Paul podia lhe oferecer em gritos, se esbaldou nos bends, fazendo harmonia quando solava em duas cordas ao mesmo tempo tirando grande proveito que esse tipo de guitarra propicia, fazendo a Gibson gritar loucamente, sem dúvidas um guitarrista excepcional. 

    No início, pensei que no show só dariam os fãs antigos da banda e achei também que não estaria tão lotado o show, devido a tantas vezes que a banda veio ao Brasil. Porém, logo que o show começou quase todas as mesas estavam lotadas, e na galera vi também várias pessoas jovens e inclusive molecada. Os membros do Nazareth são reis do palco, amam demais o que fazem, e não é a toa que posso confessar que foi um dos melhores shows do ano, incrível a vitalidade dos dois sessentões originais, e enquanto ao retorno do Nazareth, disso estamos tranqüilos, porque se tem uma banda que pega o fuzil, ou melhor a guitarra, e sai a luta como verdadeiros soldados da infantaria é o Nazareth, sei que logo estarão de volta, e sem dúvidas retornarei para vê-los porque show deles é puro Rock’n’Roll e muita festa.

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