Na última quinta-feira de setembro, presenciamos na Via Funchal a
terceira edição do Rock In Concert Brazil, tendo como headliner,
nada menos que o Uriah Heep, um dos quatro pilares sagrados do
Heavy Metal, junto com Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep
Purple, que inventaram esse estilo de música no final dos anos sessenta e
início dos anos setenta, consagrado agora, com mais de 38 anos existência,
com todas essas novas gerações de fãs, que sempre lotam os shows pelo
mundo afora. O festival caracterizou-se nas suas edições anteriores por
mesclar bandas nacionais e internacionais, o que não foi diferente desta
vez, pois, além do Uriah Heep, tínhamos também escalados o Pedra,
o Salário Mínimo e a Tropa de Shock. A única desistência
foi de Jan Akkerman ( ex-Focus ) e o Uriah Heep
teve a missão de realizar um show com toda a maestria possível. E eles
fizeram isso e muito mais
como descrevemos logo abaixo.
|
Tropa de Shock
A
responsabilidade para abrir a noite de rock´n´roll ficou para a banda
Tropa de Shock, mas, infelizmente pouquíssimos presentes estavam na
Via Funchal. Isso foi causado sem dúvidas pelo fato do evento estar
acontecendo numa quinta feira e num horário que a maioria do público
estava ainda se dirigindo para a Vila Olímpia.
Ignorando este fato Don ( vocal ), Felipe Negri (
baixo ), Bruno Justi ( guitarra ), Clederson Vieira
( guitarra - base/solo ) e Márcio Minetto ( bateria
) sobem no palco por volta das 20:40, e começam a mostrar as ótimas
qualidades de seu heavy metal tradicional em trinta minutos de show, com
músicas que vão agraciando os ouvidos dos até então poucos mais de 300
presentes.
|
Um destaque do show do Tropa de Shock foi sem dúvida a
presença da sensual Bad Woman ( desta vez uma bela modelo e não
um boneco ). Além dela posso apontar como destaque do show o Don,
o carismático frontman da Tropa de Shock, que agita bastante e
comandou o pequeno público presente até então, realizando um bom
aquecimento que contou, entre outras, como as canções The Blae Of The
Wind e
Fight For Your Place, que é uma
das clássicas da banda.
Salário Mínimo
Poucos
minutos após as 21:30 é a vez de uma das mais antigas e tradicionais
bandas de heavy metal do Brasil: o Salário Mínimo, que além de
cantar em português, participou da primeira e histórica coletânea de heavy
metal do Brasil ( a SP Metal no ano de 1985 ). A formação
que esteve continuando o festival Rock In Concert foi a seguinte:
Xam Costa ( bateria ), Alan Flávio ( guitarra
), Emerson Tanaka ( baixo ) e China Lee ( vocal
).
|
|
Durante 30 minutos de show o Salário Mínimo apresentou músicas de
seu novo trabalho como a canção Sob Seus Pés, além de algumas
clássicas como, Ela, Beijo Fatal ( que marcou um dos
melhores momentos de seu show e que foi cantada pelos presentes ) e
Cabeça Metal - onde Alan nos presenteou com riffs cavalgantes
no melhor estilo dos anos 80. E o Salário Mínimo enfrentou
problemas de som durante o seu set ( especialmente o baixista
Emerson Tanaka ) que levaram o vocalista China Lee a
declarar que banda brasileira sofre. Porém, eles superaram esses problemas
e China Lee agitou bastante durante todo o tempo do show deixando
uma boa lembrança nos presentes.
|
Pedra
O
Pedra adentrou o palco da Via Funchal por volta das 22:20 da
noite e embora seja uma banda relativamente nova, a formação da banda tem
excelentes veteranos como Rodrigo Hid ( guitarra, piano, teclado
e voz ) e Luiz Domingues ( ex-A Chave do Sol e
Pitbulls On Crack no baixo e voz ) que já participaram da
Patrulha do Espaço e completando a banda Xando Zupo ( ex-Harpia,
guitarra e voz ), e Ivan Scartezini ( bateria ).
|
O som
que é apresentado passa por influências de rock progressivo e hard rock. O
set de 40 minutos foi baseado no disco auto intitulado que a banda está
lançando agora em 2006 e teve músicas como Sou Mais Feliz,
Reflexo Inverso, O Galo já Cantou e Estrada que foram
dois destaques interessantes. Um fato marcante do show do Pedra é a
interpolação de trechos de The Mule do Deep Purple.
Uriah Heep
Finalmente chega a hora que o público ( que aumentou consideravelmente
no decorrer do festival, tendo neste momento mais de 2.500 pessoas )
mais ansiava: ver pela terceira vez no Brasil uma das bandas mais
importantes do rock, o Uriah Heep, que mantém a mesma formação
desde 1986, com Bernie Shaw ( vocais ), Phil Lanzon (
teclados ), Trevor Bolder ( baixo ) e os únicos da
formação clássica, Mick Box ( guitarra ) e Lee Kerslake
( bateria ), que nos deram uma alta dose de força dos anos
setenta.
Logo
que os ingleses do Uriah Heep entraram no palco, com a bandeira no
fundo com o nome da banda e com um enorme desenho de um mago (
altamente inspirado na capa do clássico Demons And Wizards ),
eles começaram o show com So Tired do Wonderworld (
1974 ), que foi tocada com muita moral e energia, e destaque para o
solo impressionante do Mick Box na guitarra, com uma seqüência de
efeitos de agudos na sua Gibson Les Paul, e logo após, com a mesma
empolgação, tocaram Cry Freedom do Raging Silence,
Falling in Love do Fallen Angel, e Words In A
Distance, do álbum Sea of Light, dando uma cara mais
moderna no show, nesta, Mick Box esbanjou talento no wah wah.
Depois
o show melhorou ainda mais, com Stealin´, do magnífico álbum
Sweet Freedom ( 1973 ), Bernie Shaw cantou com vocal
marcante, e todo o ritmo da música foi venerado pela Via Funchal,
que gritava alto o refrão “Stealin”, e depois foi tocada a música
com o som esotérico, a If A Had The Time, também do Sweet
Freedom, que foi um dos melhores momentos do show. Phil Lanzon,
tocou os teclados muito bem, criando uma atmosfera fantasmagórica, e eles
fizeram muito bem os backing vocals, com perfeita harmonia, essa música
foi um santuário do metal.
|
|
Depois tocaram Year And A Day do Return To Fantasy ( 1975
), com excelente linha melódica dos vocais, como também a Between
Two Worlds do Sonic Origami e a balada Rain do
Magician’s Birthday, ressaltando as qualidades destas músicas,
ao vivo.
E o
Uriah Heep não parou com a magia, a adrenalina, e tocaram um de seus
melhores hits a The Wizard, que foi de emocionar, cantada por toda
a Via Funchal. Tocaram Free Me do Innocent Victim
( 1977 ) e a Sunrise do Magician Birthday,
iniciada com a linha de teclado inconfundível desta época revolucionária
que foram os anos setenta, e quando a banda faz a entrada do trecho de
peso da música, com marcação forte do baixo de Trevor Bolder, junto
com Lee Kerslake na batera e o resto da banda, eles fazem o público
delirar, é um dos ritmos mais marcantes do metal, Phil Lanzon
mostrou que tem talento como poucos nos teclados ( Hammond
), estilo anos setenta, e acho que fizeram tão bem, em comparação como
a fase David Byron, Gary Thain e Ken Hensley.
|
E a
seqüência continua com a evolução da magia do Uriah Heep ainda mais
forte, com os clássicos, Gypsy, Look At Yourself, agitando
mais uma vez a galera ao extremo, e July Morning, que foi
magnífica, desde o canto de Bernie, até os solos de teclados e
guitarra, em que o Mick Box, fazia “Bend” no braço da
guitarra, enquanto a outra mão ele lançava encantos para a platéia, como
um verdadeiro feiticeiro, mas isso ele fez quase o show inteiro, e
finalizaram o show com a soberba Bird Of Prey do álbum
Salisbury de 1971, quando nesta mesma época, talvez nem mesmo o
Black Sabbath tirava um som tão macabro. Ao vivo,
nos trechos em
que eles cantaram em coro, junto com o solo de guitarra, deram uma aula de originalidade, para muita banda
gótica aprender, o que é um abismo.
Depois
eles voltaram para o bis e tocaram a Easy Livin’ do Demons
And Wizards ( 1972 ) mais uma vez incendiando a galera, e
Phil Lanzon mostrou que é um tecladista excepcional, intervindo e tocando o
teclado com muita velocidade do início ao fim desta música, e por fim,
tocaram a balada Lady In Black do Salisbury ( 1971
) numa excelente execução, em que toda a platéia cantou junto à
melodia desta música encerrando o show.
|
O show
foi inesquecível, muitos dizem que o Uriah Heep vive do passado,
mesmo sendo o provável, acho que eles devem continuar prezando esses
clássicos, porque são de muita validade para o Metal, como a Paranoid
do Black Sabbath, por exemplo. Os músicos desta banda são
verdadeiras lendas vivas, pelas composições que fizeram de excelente
qualidade, e esperamos que tenham mais sucesso e mais reconhecimento no
futuro.
Set List:
So Tired -
Wonderworld
Cry Freedom -
Raging Silence
Falling In Love
- Fallen Angel
Words In The Distance -
Sea Of Light
Stealin' -
Sweet Freedom
If I Had The Time -
Sweet Freedom
A
Year And A Day -
Return To Fantasy
Between Two Worlds -
Sonic Origami
Rain -
The Magician's Birthday
The Wizard -
Demons And Wizards
Free Me -
Innocent
Victim
Sunrise -
The
Magician's Birthday
Gypsy -
Very 'Eavy...
Very 'Umble
July Morning -
Look At Yourself
Look At Yourself -
Look At
Yourself
bis:
Bird Of Prey -
Salisbury
Easy Livin' -
Demons And Wizards
encerramento:
Lady In Black -
Salisbury
|
|
Por André Torres ( Uriah Heep ) e
Fernando Júnior ( Tropa de Shock, Salário Mínimo e Pedra )
Fotos: Fernando Júnior
Agradecimentos a Miriam Martinez - Via Funchal.
|