Ancesttral - Web Of Lies
11 Faixas - Shinigami Records - 2016

        Demoraram nove longos anos para que o sucessor de The Famous Unknow, o álbum de estreia dos Thrashers do Ancesttral fosse lançado e desta vez, a banda paulista formada por Alexandre Grunheidt nos vocais e guitarra, Denis Grunheidt na bateria, Leonardo Brito na guitarra e Renato Canonico no baixo nos colocaram diante de um disco conceitual, nomeado como Web Of Lies, onde seus temas percorrem uma linha comum: a mentira, que está demasiadamente inserida em todos os setores de nosso país, especialmente, na política.

    A capa foi criada pelo guitarrista Leonardo Brito, onde vemos uma máscara tradicional da banda envolta em teias de aranha, que explicou sua ideia desta maneira: "A imagem representa bem o nome e o conceito do álbum. Por fim, achei que seria bem adequado usar a máscara não só pelo título como por trazer de volta o personagem usado em nosso primeiro álbum, The Famous Unknown". As gravações de Web Of Lies aconteceram no Helleluiah Studios com produção da banda e do vencedor do Grammy Latino Paulo Anhaia, que comandou a mixagem e a masterização, neste mesmo já citado estúdio.

    Com uma couraça forte What Will You Do? abre o cd questionando nossa posição diante das mentiras que estamos expostos em meio a um Thrash Metal mais Heavy bastante contagiante por conta de seus riffs de guitarras e também pelos empolgantes vocais de Alexandre Grunheidt, onde as críticas políticas são claras junto a evoluções instrumentais criadas com habilidade pela banda. Depois, com Massacre, o Ancesttral aborda a violência do nosso cotidiano brasileiro em vocais que parecem oriundos de um megafone e sendo que logo em seguida são disparados uma encorpada composição mais cadenciada, que pelo seu ritmo envolvente notado nos vocais, no baixo na bateria e nas guitarras produzem aquela vontade de 'banguear' e berrar aos quatro quantos o verso que diz ( em inglês ) "direitos humanos para os homens direitos", pois, sabemos que no Brasil, os bandidos tem mais direitos que nós, embora neste caso, o tema esteja relacionado com o massacre ocorrido em outubro de 1992 no Carandiru em São Paulo/SP em um evento bastante controverso e que divide as opiniões quanto as execuções dos detentos.

    Na terceira, a Threat To Society sentimos um crescente maior nas guitarras, que estão muito bem amparados nas linhas do baixista Renato Canonico, que nos conduzem para uma infectante canção, que certamente te conquistará facilmente, afinal, ela conta também com um ótimo refrão que é 'super bangueante', então, olhos e ouvidos atentos também aos seus solos de guitarras, especialmente, se acompanha nomes como o Megadeth. De início instrumental cativante, Web Of Lies prossegue ateando mais fogo com You Should Be Dead em uma pegada que os fãs do Metallica irão gostar instantaneamente, seja pelo timbre de seus vocais ou por conta de sua fortificada condução instrumental dotada de viradas marcantes feitas pelo baterista Denis Grunheidt, solos de guitarras determinados e vocalizações expressando bastante insatisfação e uma considerável taxa de revolta. De dedilhados mais calmos e uma percussão impactante, Fight marca a quinta do cd sendo que mais uma vez os ásperos vocais de Alexandre Grunheidt nos colocam cara a cara com outra robusta música, cujo andamento cadenciado e sua parte instrumental executada com muito capricho pelo Ancesttral culminam em solos sensacionais do vocalista e de Leonardo Brito nas guitarras. Aliás, não posso deixar de mencionar quão belas são as linhas melódicas feita pelos guitarristas em suporte aos vocais no refrão, parabéns Ancesttral.

    A curta Nice Day To Die é agressiva, rápida e pesada na medida e ainda flerta com a fúria de um Punk Rock e seus versos são cantados como se fosse dado um 'soco na cara' de alguém que está muito indignado com a situação atual. Ahh.. pelo seu ritmo acelerado acredito que será indicada para a abertura das rodas.

    De princípio instrumental que favorece os toques do baterista Denis Grunheidt, a sétima é a Pathetic Little Liars e segue por uma linha cadenciada com influências do Metallica e sua construção de vocais juntos aos solos longos e sujos nas guitarras, sendo que isto só posso definir de uma foram bastante simples: você vai gostar dela logo na sua primeira audição. Em Subhuman, o Ancesttral/quarteto ataca com uma faixa com pontos que sente-se que é hora de gritar com o seu vocalista, além de também socar o ar ante ao andamento repleto de ótimos solos de guitarras, que tornam esta música ainda melhor.

    Na faixa título do cd, a Web Of Lies, eles nos mostram uma raiva imensa, que caminha por linhas cadenciadas e no seu decorrer quando são somadas aos vocais, não tem jeito... vai ficar na sua cabeça também, principalmente seu título que é gritado com a firmeza necessária por Alexandre Grunheidt. Fire é outra curta, veloz e direta pedrada do cd, ou seja, aquele Thrash inflamável para a abertura de rodas, que é mais pendente para o estilo do Metallica, porém, superior há muitas criações dos americanos e claro... é impossível não apreciar imediatamente e também sacudir o pescoço em sua execução. No término do cd temos um 'replay' de What Will You Do? ( Alternative Solo Version ) com os solos do convidado Rodrigo Flausino do Hattematter e Hard Stuff, sendo ele, o vencedor de um concurso organizado pelo Ancesttral e a música ficou tão 'metralhante' e irada quanto a original.

    Foi uma longa espera pelo segundo cd do Ancestttral sim, porém, foi demasiadamente compensadora, pois, o quarteto nos colocou diante de onze saborosos Thrashs, que são tocados com primor de forma que fã nenhum poderá colocar defeito. E mesmo Web Of Lies sendo tão bom quanto é já faço votos para que a banda possa lançar mais álbuns e sem que demore um tempo tão grande, pois, com discos assim, o Ancesttral se manterá entre os grandes nomes do Thrash Metal Nacional.
Nota: 9,5.

Sites: www.ancesttral.com, https://www.facebook.com/ancesttral,
https://twitter.com/ancesttral, https://www.youtube.com/bandaancesttral
e https://soundcloud.com/ancesttral.

Por Fernando R. R. Júnior
Julho/2017

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