Chaos Synopsis - Seasons Of Red
9 Faixas - Portal do Rock Clube Livre/Lab 6/
Black Legion Prod/Caatinga Sativa Records - 2015

     Depois de dois anos do lançamento do cd Art Of Killing ( leia resenha ), que embora não fosse um álbum conceitual, suas letras abordaram alguns dos mais famosos serial-killers da história, o Chaos Synopsis está mais calejado, brutal e feroz neste Seasons Of Red, o terceiro da carreira do quarteto de São José dos Campos/SP, que atualmente é formado por Jairo Vaz nos vocais e baixo, JP e Luiz Ferrari nas guitarras e Friggi Mag Beats na bateria.

    A produção de Seasons Of Red é do baterista Friggi Mag Beats e foi realizada no Estúdio Caverna entre janeiro e fevereiro de 2015 junto ao engenheiro Fabiano Penna, enquanto que a masterização ficou a cargo de Neto Grous no Absolute Master. A capa é de Rafael Tavares e teve suas ideias baseadas no conceito do vocalista Jairo Vaz, onde mostra um imperador exibindo seu macabro troféu incitando o medo em seus seguidores, pois, agora, o Chaos Synopsis buscou inspiração em suas letras nos banhos sanguinários que tivemos na história mundial, seja por um líder único ou grupos políticos ou ainda religiosos.

    Na abertura de Seasons Of Red, o Chaos Synopsis conta sobre os tribunais da Inquisição em Burn Like Hell, que eliminaram muitas pessoas condenadas como hereges através de dedilhados em seu início com uma pegada flamenca até que seu Death Metal rompa com força em linhas bastante agressivas - ora mais rápidas, ora mais cadenciadas - sejam exibidos e sempre exploradas pelos furiosos vocais de Jairo Vaz. Em seguida, temos Gods Upon Mankind, que após alguns urros já começa a toda velocidade contando a história dos faraós, que escravizaram ( e mataram, seja por excesso de trabalho ou por crueldade ) muitos povos na antiguidade em versos devidamente coléricos e cheios de urros guturais. Na hora dos solos, assim como na primeira, eles receberam o convidado Italo Junqueira, que eleva o nível do Death Metal técnico dos caras e é bom ressaltar também os momentos onde a percussão abre linhas egípcias ao som do quarteto, antes de retornarem massacrando com ainda mais potência.

    Entre 434 a 454 DC, Atila, o Huno, aterrorizou o Império Romano promovendo vários massacres de suas guarnições e The Scourge Of God aborda justamente este tema desferindo uma bordoada urrada com extrema fúria a cada verso, que é dotada de excelentes linhas instrumentais, que passam por variações muito bem conduzidas pela banda e aliadas aos solos do convidado Fábio Zperandio ( ex-Ophiolatry e Gorgoroth ), que não deixam dúvidas que teremos fãs de nomes como o Krisiun satisfeitos. Outro regime que foi responsável pela morte de milhares de pessoas foi a Revolução Russa em 1918, sendo que os dissidentes foram caçados e mortos pelos bolcheviques onde quer que estivessem. Na música que ilustra essa história, a Red Terror, o Chaos Synopsis apresenta um ritmo cadenciado, porém, sempre devastador graças a solos de guitarras fortificados e vocais expelindo muita fúria a cada instante. Acelerando o andamento temos Brave New Gold, que comenta em sua letra a carnificina do conquistador Francisco Pizzaro quando os espanhóis chegaram ao Império Inca entre 1532 e 1535, e como não poderia deixar de ser, sempre utilizando de solos matadores nas guitarras de JP e Luiz Ferrari, que mais uma vez contam com o convidado Italo Junqueira. Vale ressaltar também as vocalizações de Jairo Vaz e as viradas na bateria de Friggi Mag Beats, que ajudam a elevar o clima assassino desta quinta canção de Seasons Of Red.

    Prosseguindo com um andamento de guitarras, vocais, baixo e bateria, que somados podem serem inclusos dentre as possíveis 'trilhas sonoras do fim do mundo' pela tamanha destruição causada em seus minutos, que novamente contam com uma participação Italo Junqueira cravando seus solos de guitarras, o Chaos Synopsis nos expõe a Incident 228, que trata em sua letra do partido político Kuomantang, que dominou a China até a chegada dos comunistas em 1928 e hoje existe apenas na ilha de Tawain, mas, durante seu tempo no poder muitas mortes aconteceram, seja ao lado dos comunistas ou contra.

    Sem parar por um segundo e com uma criativa e envolvente parte instrumental, State Of Blood narra em sua letra o governo genocida do ditador africano de Uganda Idi Amin, responsável por uma matança de mais de 100 mil pessoas. E nesta sétima faixa de Seasons Of Red, o Chaos Synopsis aplicou uma variação muito rica nos solos de guitarras, que foram acompanhados de perto pelo baixo e pela bateria liberando a ira dos vocais de Jairo Vaz.

    Em Like A Thousand Suns recebemos um ritmo, que de certa forma, está bastante variado, porém, sempre extremo, para que então os dilacerantes solos de guitarras de JP e Luiz Ferrari junto à bateria Friggi Mag Beats tragam os urros furiosos de Jairo Vaz nesta letra que conta sobre o imperador romano Nero, que não só colocou fogo em Roma como perseguiu e matou muitos cristãos. No encerramento de Seasons Of Red ouvimos um cativante e crescente solo de guitarra de Italo Junqueira em Four Corners Of The World, que conta a história de Cyrus, o Grande, que conquistou a Ásia menor e a Babilônia entre 559 e 530 antes de Cristo em um andamento que explode violência por todos os lados.

    Assim como no Art Of Killing, este Seasons Of Red, mostra que o estilo aplicado pelo Chaos Synopsis em seus cd´s é muito interessante, pois, ao misturar toda a violência que extraem de seus instrumentos incrustados com as vocalizações guturais, eles caracterizam seu Death Metal sempre com técnica e letras que relatam fatos reais pertencentes à história da humanidade, que por muitas vezes são escondidos das gerações futuras, entretanto, este quarteto de São José dos Campos não coloca nada para debaixo do tapete... pelo contrário, eles escancaram todo o seu ódio e esclarecem porque são possuidores de um lugar garantido entre os mais competentes e brutais nomes brasileiros.
Nota: 9,5.

Site: https://www.facebook.com/chaossynopsisbr, https://www.reverbnation.com/chaossynopsis
e http://www.chaossynopsis.com/.

Por Fernando R. R. Júnior
Abril/2016

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