Distraught - The Human Negligence Is Repugnant
11 Faixas - Voice Music - 2013

    A banda de Thrash Metal atualmente formada por André Meyer nos vocais, Ricardo Silveira e Marcos Machado nas guitarras, Nelson Casagrande no baixo e Dionatan Britto ( Dio ) na bateria,  começou suas atividades na cidade de Porto Alegre/RS em 1990 e neste ano lançou seu primeiro trabalho demo. O primeiro disco saiu em 1998 com o título de Nervous System e além dos outros três álbuns de estúdio, o Distraught conta com um ao vivo gravado no Black Jack em São Paulo, que saiu de forma independente, além é claro de participações em splits e demo tapes. Só neste ponto já percebe-se que estamos diante de veteranos, que militam no Heavy Metal com competência, pois além de shows realizados na Argentina, eles foram a atração de abertura para o Megadeth em Porto Alegre/RS em 2010 e já dividiram o palco com o Tankard, Destruction, Vader, Krisiun, Criminal, Rebaellun, Drowned, Hibria e outros.

    O quinto cd de estúdio da banda, The Human Negligence Is Repugnant ( com capa de Marcelo Vasco ) foi gravado entre novembro e dezembro de 2011 no Studio Navarro em Canoas/RS por Augusto Damé enquanto os processos de mixagem e masterização foram realizados no Mr. Som Studio com o aclamado Heros Trench ( Korzus ) em janeiro de 2012. O lançamento é da Voice Music no Brasil e da Spiritual Beast no Japão.

    Borderline começa com uma significativa evolução de guitarras, que se modificam ganhando mais velocidade para que André Meyer urre com muita fúria em um ritmo destruidor. Em Psycho Terror Class, o quinteto inicia com toda a agressividade que os vocais raivosos de André Meyer permitem somados a 'blast beats' e pedais duplos do baterista Dionatan Britto, além de solos fortificados promovendo uma artilharia frenética. Essa mistura de vocais ferozes com andamento de guitarras ora cadenciados e ora acelerados é uma marca da banda neste cd e para Justice Done By Betrayers, que é uma crítica ao judiciário de uma forma colérica percebemos muito bem isso. E não posso deixar de enaltecer os responsáveis pelos longos solos, que despertam a vontade de bangear no ouvinte, estou falando das atuações de Ricardo Silveira e Marcos Machado.

    Em The Human Negligence Is Repugnant, faixa que intitula o cd, o Distraught ataca com uma enorme quantidade de fúria nos vocais e solos matadores de guitarras exibindo a sincronia da dupla Ricardo Silveira e Marcos Machado, que aparecem muito bem no ímpeto raivoso vindo da ligação baixo e bateria. Tem horas que uma banda se supera e esta é uma delas e o título desta quarta música não poderia soar mais atual. Com My God Is My War, o Distraught entra quebrando tudo na mais destrutiva faixa até aqui, pois as linhas instrumentais que eles fazem deixam o vocalista solto para berrar lotado de ódio se aproximando a um Death Metal, pois o cara canta de forma visceral. Muito interessante também é citar as inversões de ritmo que eles fazem, pois colocam trechos cadenciados curtos em vociferações aniquiladoras que enriquecem ainda mais a potência da música.

    Este quinteto não gosta de dar descanso ao ouvinte e com os ótimos riffs feitos por Ricardo Silveira e Marcos Machado, que se ligam aos 'obuses' promovidos pelo baixo de Nelson Casagrande e pela bateria de Dio temos Gates Of Freedom, onde os 'blast beats' são um verdadeiro convite para se entrar em rodas. Após o raivoso refrão podemos ouvir ótimos solos de guitarras e o retorno do ritmo violento da música em um refrão que te faz querer gritar junto com o vocalista André Meyer. Aumentando a velocidade consideravelmente, Insane Corporation entra como um rolo compressor de guitarras, baixo e bateria sem freio passando sem piedade por todos e só diminui sua furiosa linha no potente refrão que é urrado brutalmente por André Meyer.

    A empolgante Infect começa com a pegada raivosa de guitarras e baixo dos músicos do Distraught traçando assim, as evoluções que deixam o vocalista a vontade para cantar facilmente os versos e cravar o título em nossas cabeças, aliás, atente os ouvidos para o ritmo cavernoso que é exibido na música. Com Raise Your Flags temos mais violência sonora bem feita e o mais bacana, eles tocam uma das músicas mais pesadas de The Human Negligence Is Repugnant, confirme prestando atenção nos repiques, solos de guitarras, vocais, baixo, enfim... é daquelas que gostamos na hora.

    O set instrumental inicial de Lords Of Corruption faz uma síntese do que está por vir: uma porradaria intensa e cheia de cólera, que alterna para trechos mais cadenciados e um refrão que te fará cantar quando a ouvi-la ao vivo ( ou mesmo em casa nas audições do cd ). Para finalizar The Human Negligence Is Repugnant temos a instrumental Silent Face com dedilhados sombrios no violão que passam muita categoria e servem para até acalmar após as dez bordoadas que encontramos no cd. Mas, como a proposta do Distraught é voltada para o Metal, temos incrustada no álbum uma surpresa: um cover para Overkill do Motörhead, em uma versão que ficou matadora e não faz feio para a original, muito pelo contrário, porém, com uma raiva bem maior que está estampada em cada um dos seus minutos.

    Os 20 anos que os gaúchos do Distraught possuem na cena serviram para dar a experiência necessária para a banda lançar um trabalho que é marcante, consistente, poderoso, violento, com uma produção cristalina e que deve ser melhor apreciado pelo público brasileiro, mesmo com a quantidade de grandes bons nomes que temos no país.
Nota: 9,0.

Sites: http://www.distraught.com.br, http://www.facebook.com/distraughtband,
http://www.metalmedia.com.br/distraught/ e http://www.myspace.com/bandadistraught.

Por Fernando R. R. Júnior
Julho/2013

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