Medulla - MVMT
12 Faixas - Hearts Bleed Blue - 2014

    Este registro lançado pela Hearts Bleed Blue em 2014 é uma compilação dos cinco EP´s lançados pela banda de Rock do Rio de Janeiro/RJ intitulada como Medulla, que teve sua origem em 2005 e atualmente conta com Keops e Raony nos vocais, Allan Lopes e Dudu Valle nas guitarras, Rodrigo Maria de Jesus no baixo e Daniel Martins na bateria. O primeiro disco foi intitulado como O Fim da Trégua e saiu ainda em 2005 pela Sony/BMG ajudando a banda ser considerada revelação no Abril Pro Rock pelos jornais O Globo e Diário de Pernambuco, e isso, possibilitou aos cariocas conseguirem shows por todo o país.

    Depois do primeiro trabalho, os demais saíram sempre em EP´s com duas ou quatro músicas e com letras do nosso dia-a-dia. Este álbum possui a capa de Flávio Vasconcellos em um desenho exibindo a parte superior da nossa coluna cervical embalado em um luxuoso 'digipack' ( padrão dos discos desta gravadora ).

    O primeiro compacto que MVMT contém é o Akira de 2008 de duas faixas, que foi gravado por Pennynha Suzano no Estúdio Pinguim Rei e masterizado por Luiz Lopes no Estúdio Flapc4. É com as linhas sombrias e possuidoras de um tanto de distorção presentes em Gosto de Guarda Chuva, que o cd é aberto de forma mais calma em um ritmo mais introspectivo, que ganha energia no seu decorrer e é composto de linhas mais alternativas vocalizadas em português e tendem a destacar Uemerson no baixo, além de ser dotado de muitos riffs de guitarras mais intensos no final. Em Prematuro Parto Fórceps temos uma canção nonsense com momentos onde as guitarras conduzem a forma viajante proposta pelo Medulla, que vão entretendo o ouvinte pelo seu estilo Post-Hardcore.

    Depois seguimos para o EP de 2009, o Talking Machine, que também é composto por duas faixas e gravadas no Estúdio Manga Rosa por Pennyha Suzano, Pepê Canongia, Zé Filipe e André Suzano com mixagem de Pedro Garcia e masterização de Luiz Lopes no Estúdio Flapc4. O Novo continua o clima 'largadão' do Medulla com adições de mais adrenalina, que foram criadas graças a participação bastante curiosa de Lincoln Otoni nos sintetizadores e de Anjella Grace fazendo vocais um tanto que Rap na divisão viajante que faz ante aos cantores gêmeos pernambucanos Keops e Raony. Com um andamento mais intenso, Gasolina, Gás e Prego exibe um trecho significativamente viajante com solo de piano feito pelo convidado Marion Lemonnier e ótimos solos de guitarras, ou seja, uma variação instrumental muito grande, que vão te intrigando pela maneira que a dupla de vocalistas a cantam a sua interessante letra, que passam por trechos que parecem que estão de trás para frente e uma verdadeira orgia de baixo, guitarra e bateria mais ao final.

    O terceiro EP presente neste MVMT é o Capital Erótico, o qual mais uma vez, a banda recorreu ao Estúdio Flapc4 de Luiz Lopes ( responsável também pela masterização das quatro faixas seguintes ) e ao Estúdio Praia Bonita de Tomás Magno para as gravações, sendo que este último assina também a mixagem.

    E assim, em A Fábrica, o sexteto entrou com riffs mais Grunge de guitarras em uma canção que é cantada quase que de uma vez e depois segue por um andamento alternativo em uma letra que mostra algumas críticas à situação das pessoas que são exploradas no setor fabril brasileiro. Com versos em inglês, Lose Your Money nos mostra uma outra composição cheia de linhas alternativas, riffs de guitarras um pouco mais fortes e distorcidos, além de vocalizações descompromissadas, cujo refrão acaba sendo memorizado rapidamente. E quero que repare também na explosão sonora com todos solando juntos que temos no término desta sexta canção de MVMT.

   De dedilhados mais calmos, temos Eterno Retorno, uma balada que é cantada com muita emoção pela Keops e Raony, que em seu decorrer ganha repiques na bateria de Daniel Martins, que vão promovendo com tranquilidade um mergulho na introspecção de forma bastante gostosa de se ouvir. Com toda sua linha alternativa com um pouco de Hardcore, Movimento Barraco prossegue o cd com Keops e Raony cantando com um pouco mais de mais agressividade em linhas mais distorcidas de guitarras feitas com brilho por Allan Lopes e Dudu Valle, que levam a canção à um encerramento relativamente mais apocalíptico.

    Continuando esta coletânea dos demais EP´s chegamos ao O Homem Bom de 2013, que teve sua masterização mais uma vez comandada por Luiz Lopes no seu Estúdio Flapc4. E de forma mais elétrica, devido ao seus riffs iniciais de guitarras e baixo, porém, alternativa na forma de cantar, Paralelo Ao Chão traz Wladimir Gasser no vocoder ( sintetizador de voz ) e Patrick Laplan no sintetizador, mas, o que chama a atenção são as elevações mais pesadas e cheias de distorção que o Medulla faz de uma forma bastante ímpar deixando esta nona canção de MVMT ainda mais nonsense.

    De linhas mais suaves e notadamente viajantes, Perigo ( O Homem Bom ) teve sua gravação feita por Chuck Hipolitho no Estúdio Costella e conta com mais uma participação de Patrick Laplan no Fender Rhodes, com vocais que passam uma ideia de estarem de uma forma bem dissimulada em seu decorrer, onde a banda vai te cativando à maneira que seus minutos passam e o som ganha mais potência ( leia-se riffs de guitarras ) na parte final.

    Bom Te Ver ( também gravada por Chuck Hipolitho no citado estúdio Costella ) começa com mais vibração na parte instrumental que levam a vocalizações mais introspectivas e a um ritmo profundamente alternativo pela forma que Keops e Raony a cantam, e isso, aliados à um ótimo trabalho de muita categoria feito por Ary Dias na percussão, mas, como a proposta da banda é Rock, as guitarras evidenciam-se no fim de forma bastante envolvente.

    Para encerrar este MVMT temos a música bônus O Pé No Chão e a Mão No Sonho, que é um Rock gravado e mixado por Luiz Lopes no Estúdio Flapc4 e masterizado por Sergio Soffiati, e aqui, o Medulla apresenta uma dosagem mais frenética nas guitarras de Allan Lopes e Dudu Valle, que levam a um andamento mais acelerado com participação de Sain KTT ( Stephan Peixoto ) e Digo Strausz nos trechos com Rap, beat e programações eletrônicas junto à a dupla Keops e Raony, que de certa forma, mostram o caminho que a banda deve seguir no futuro, ou não, pois observando estas músicas mais atentamente, você perceberá que temos um disco que devemos digerir em várias audições, afinal, temos muitos elementos que ora são mais próximos ao Rock, ora ao Hardcore e outras vezes ao Post, mas que são bastante interessantes.
Nota: 8,5.

Sites:  http://medullarock.com.br, http://www.facebook.com/BandaMedulla,
https://www.youtube.com/user/medullarock e https://twitter.com/medullarock.

Por Fernando R. R. Júnior
Maio/2015

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