Nervosa - Agony
12 Faixas - Shinigami Records - 2016

    Desde que surgiram há seis anos, as meninas do Nervosa despontaram por conta de seu Thrash Metal visceral e agressivo, que adora flertar com o Death Metal. E de show em show por vários lugares do país, não demorou muito para que o primeiro clipe para a música Masked Betrayer fosse lançado ( em março de 2012 ) e alcançasse a marca de 20 mil visualizações em uma semana, fato que garantiu uma menção honrosa ao trio do Youtube. O primeiro demo saiu neste ano com o sugestivo nome de 2012 de forma independente e no exterior pela Napalm Records intitulado como Time Of Death.

    Determinadas, a Nervosa realiza 50 shows em 2012 e alguns ao lado de Exodus, Raven, Grave, Samael ( no festival Roça'n'Roll em Varginha/MG ), Exumer e Artillery, dentre outras. No ano seguinte mantém-se na estrada e se apresentam com outras renomadas bandas, tais como: Korzus, Ratos de Porão, Destruction, Exciter, Blaze Bayley, Kreator, D.R.I. e Benediction enquanto em paralelo preparam o  primeiro cd intitulado como Victim Of Yourself, que ganhou a luz em 2014 e serviu para coroar a excelente fase do Power Trio 'de saias'.

     Aliás, não tardou também para que elas se apresentassem em sete países da América Latina, além de uma turnê pela Europa ( com 51 shows em 60 dias por 16 países, com datas em festivais como Summer Breeze, Brutal Assault, Metal Days, Obscene Extreme ). Na sequencia da carreira de Fernanda Lira nos vocais e baixo, Prika Amaral na guitarra e backing vocals e Pitchu Ferraz na bateria, o segundo cd foi composto e lançado no Brasil pela Shinigami Records recebendo o nome de Agony.

    Suas gravações foram realizadas nos Estados Unidos no Brendan Duffey Audio em Davis/Califórnia ( partes de vocais, baixo e guitarra ) e no The Foundation em Ashland/Oregon ( bateria ) aos cuidados de Brendan Duffey. Os processos de mixagem e masterização são assinados pelo renomado produtor alemão Andy Classen ( Tankard, Rotting Christ e Krisiun ). A capa que mostra um morto vivo levantando da tumba é do artista God Machine ( que já desenhou para Cannibal Corpse, Carnifex e Suicide Silence ) e está embalada em um caprichoso 'digipack'. Vamos aos seus detalhes.

   Agony é aberto com Arrogance com uma intensidade e peso significativamente fortes, mas, não tão aceleradas, porém, com Fernanda Lira despejando muita cólera a cada verso. É bacana reparar também no estilo esmagador da bateria de Pitchu Ferraz, que fornece o combustível para esta primeira música se tornar mais explosiva. Em Theory Of Conspiracy notamos que estamos diante de uma faixa mais agressiva, urrada e feroz em um ritmo instrumental cru, caótico e empolgante denotando influências do Krisiun.

    Mais cadenciada e deveras violenta, Deception evidencia todos os raivosos vocais de Fernanda Lira, que segura seu baixo com toques encorpados para que Prika Amaral brilhe nos breves solos de guitarra neste verdadeiro convite ao 'headbanging'. A avalanche continua com a veloz Intolerance Means War, que é um Thrash cheio de ódio nos vocais e com um andamento cativante em sua parte instrumental, que são daquelas totalmente frenéticas e que traz uma letra onde recomendo você prestar a devida atenção.

    Com o baixo e a bateria devidamente combinados logo no início, as meninas executam a pedrada Guerra Santa de versos atuais em português, que exibem linhas extremamente insanas, mas, muito bem criadas por elas. Para Failed System, o lado Thrash Metal aparece significativamente, porém, isso acontece até que Fernanda Lira venha destilar seu veneno com vocais sempre muito agressivos em mais uma letra que remete ao momento diário deste mundo, que exibe umas partes instrumentais mais Death Metal em seu decorrer, ou seja, é outra para bater a cabeça. De ares mais cadenciados, quase arrastados, que estão mais sombrios e são trabalhados com habilidade pelo Nervosa, a esmagadora Hostages levanta a bandeira de que somos reféns completos se necessitarmos utilizar um hospital por conta da gestão desastrosa do nosso governo e o fazem em um estilo infernal e acelerado.

    Para a seguinte, a guitarrista Prika Amaral envia criativos solos de guitarra que tornam Surroudend By Serpents consideravelmente aniquiladora e sua condução é feita através de um caminho repleto de cólera, que só posso definir de uma maneira: é destruição pura e ótima para entrar em uma roda, graças às suas envolventes viradas instrumentais deixando claro o potencial do trio. Em seguida, Fernanda Lira apresenta um eficaz solo de baixo, que é acompanhado com fúria por Pitchu Ferraz na sua bateria e por fim recebe os metralhadores riffs de Prika Amaral na sua guitarra, tudo isso acontecendo com as meninas disparando a infectante Cyberwar, que é um 'Thrashão' devidamente revoltado.

 

    Hypocrisy, a décima do cd, aparece com uma linha instrumental que prepara nossos ouvidos para a passagem do rolo compressor sonoro do Nervosa 'morro abaixo' através de riffs eletrizantes da guitarrista Prika Amaral e também dos curtos, mas, sempre irados versos, que produzem uma enorme vontade de se berrar com a vocalista durante a audição de Agony. Embora seu título denuncie o grau da pancada a que seremos expostos, posso acrescentar que Devastation deixa claro o tamanho da 'satisfação' do Nervosa com as ações da humanidade com alterações de ritmo impactantes e que nos dão vontade de socar algo.

    No final e como bônus track temos uma incursão no Blues/Southern Rock presente em Wayfarer, que além de denunciar Fernanda Lira cantando de forma limpa em seus versos iniciais, marca também uma surpresa de Agony, mas, calma, o Nervosa soube como deixar esta última faixa do cd tão acalorada e inquieta quanto as demais. Ponto pela ousadia 'Janis Jopliana' / 'Amy Winehouseiana' das gurias, que souberam passar muito feeling em seus minutos.

    Agony nos coloca diante de 12 faixas agressivas, técnicas, vorazes e executadas com muita capacidade pelo Nervosa, que desejou e conseguiu colocar a casa abaixo, além de evoluir com primor e nos surpreender. Quem aprecia nomes como Exodus, Woslom, Torture Squad, Destruction, Sodom e tantas outras do mundo do Thrash Metal vai saborear naturalmente 'bangueando' muito este álbum.
Nota: 10,0.

Site: http://nervosaofficial.com/ e https://www.facebook.com/femalethrash.

Por Fernando R. R. Júnior
Outubro/2016

Voltar para Resenhas