Project Black Pantera
 12 Faixas - Independente - 2015

    Tão rápida quanto a trajetória do Project Black Pantera é o estilo de som escolhido pelos  irmãos Charles Gama nos vocais e guitarra e Chaene Gama no baixo, que são complementados por Rodrigo ( Pancho ): aquele Crossover com Thrash Metal influenciado por Lamb Of God, Living Colour, Metallica e Bad Brains. O nome da banda é uma homenagem aos revolucionários conhecidos nos anos 70 como Os Panteras Negras.

    Os mineiros de Uberaba fundaram a banda em abril de 2014, disponibilizou o primeiro cd em 2015, que foi gravado, mixado e masterizado no 106 Studio por Ricardo Barbosa e já dividiram o palco com nomes expressivos do Rock Nacional como Dead Fish, Project 46 e O Rappa. A capa simples do primeiro cd apenas com o logotipo da banda é de Renato Vieira.

    Com peso, muita agressividade e uma linhagem Hardcore Boto Pra Fuder começa o cd em um ritmo propício para se abrir as rodas em vocalizações que exalam cólera a cada verso pronunciado por Charles Gama. Depois do começo avassalador, o Project Black Pantera envia a furiosa Ratatatá, que segue por um caminho denso especialmente no som da guitarra e nos vocais, que acabam te envolvendo por suas repetições. A instrumental Godzilla contém os urros que poderiam serem atribuídos ao famoso monstro japonês ante a um andamento encorpado e seu título é quase gutural. Depois exibindo influências de música árabe em suas primeiras notas, a robusta Eu Sei dispara sua agressividade em uma faceta mais voltada ao Hardcore com Charles Gama destilando seu ódio ao cantar seus versos junto à variações instrumentais ótimas para sacudir o pescoço.  

    Na seguinte, as notas extraídas pelo baixista de Chaene Gama recebem mais evidência em um ritmo mais cadenciado para que Rede Social possa se mostrar dotada de uma letra bastante ácida e atual. A sexta do cd pode ser definida pelo seu título, pois, Abre a Roda e Senta o Pé passa exatamente essa ideia em seus versos e no seu enraivecido andamento com destaque para o solo do baixista Chaene Gama. Com a guitarra de Charles Gama apresentando evoluções próximas de um Punk Rock mais cru chegamos em Execução na Av. 38, que lembra a situação de violência que vivemos neste país em um ritmo que te convida para agitar com a banda. Mais veloz e com fúria plena Manifestação, que contém um andamento devastador, que é ideal para abrir rodas e também prestar atenção em sua letra, que contém muitas críticas e mostra também o direito constitucional de se manifestar, além de um trecho do Hino Nacional Brasileiro.

  Sempre como o peso de guitarra, bateria e baixo produzindo fortificados ritmos, Ressurreição é cantada com muita raiva por Charles Gama, que inclusive recomendo ficar atento aos solos de guitarra. As falas de um noticiário comentam de uma situação lamentável, que infelizmente acontece frequente no Brasil: de pessoas que são escravizadas e vivem em condições lastimáveis. Neste tema, o Project Black Pantera ataca com a esmagadora Escravos, que é intensa o tempo todo através de seus impactantes toques de guitarra, bateria e baixo, ponto para o trio, que fez desta uma das melhores.

    Finalizando o cd temos como bônus uma versão da oitava canção, que recebeu o título de Manifestation, que manteve o seu poder de fogo tal qual sua contraparte em português. Existe no cd também outro bônus, uma versão para Execução na Av. 38 com a participação de J. Cole em um mix feito pelo Afropunk a quem o disco é dedicado, que mistura o peso do Project Black Pantera com a música negra em um resultado bastante interessante. 

 

    O Project Black Pantera realizou uma estreia digna, insana, frenética e mortal com este primeiro trabalho, que será do gosto dos fãs de Hardcore, Crossover e Thrash Metal, além de estar pronto para conquistar mais espaço no Brasil e se manter a pegada, certamente, será lembrado nas listas das revelações de seu estilo.
Nota: 9,0.

Sites:  www.facebook.com/ProjectBlackPantera e
www.youtube.com/channel/UCJ8jINeY1FVKhUzltQ0-cUA

Por Fernando R. R. Júnior
Novembro/2016

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