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A primeira é a instrumental Conspiracy, que marca o "Dia da Vergonha" no Brasil, o conhecido 1º de Abril de 1964 quando o Golpe Militar foi dado e o som apresenta uma velocidade típica e cheia de habilidade do Torture Squad, que se liga a No Scape From Hell, que narra com seus vocais raivosos e com uma forte pegada Thrash de baixo, bateria e guitarra como foi idealizado e "vendido" para a sociedade o golpe. O trio nos manda evoluções espetaculares, que conquistam instantaneamente e já me fizeram imaginar esta música ao vivo. Continuando o cd recebemos a pancada de Pull The Trigger, que nos conta como os militares utilizaram a "ameaça comunista" em 1968 para limarem os direitos do povo ( além de muitas torturas ) em linhas instrumentais frenéticas e extremamente intensas, cuja sensação ao ouvir é de sair batendo a cabeça com seus riffs de guitarra e seus vocais irados, e isso, sem contar com o massacre que ouvimos na bateria.
Com a presença de João Gordo ( do Ratos de Porão ) nos vocais, Pátria Livre exibe uma virtuosa e rápida sequencia instrumental juntos a uma breve letra em português com versos do poeta brasileiro Carlos Marighella. Para relembrar da batalha entre estudantes instigada pelo Doi-Codi na Rua Maria Antônia no centro de São Paulo em outubro de 1968, a cadenciada no seu início e caótica no decorrer Wardance surpreende o fã e o faz empolgar com o som na hora, pois sua parte instrumental, que recebe o guitarrista Rafael Augusto Lopes ( ex-Torture Squad e atual Fanttasma ) está deveras exuberante, pesada, cadenciada e até, pasmem, melodiosa em alguns trechos. O Torture Squad se superou.
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Exibindo os tradicionais repiques militares seguidos por muito peso, In The Slaughterhouse segue Esquadrão de Tortura com um andamento violento, que é conduzido com primor pelo Torture Squad e aí temos expostas em sua letra, as práticas de tortura utilizadas pelos grupos para-militares ( como o Dops, Doi-Codi e Casa da Morte ) sem respeitar os direitos civis das pessoas. As variações de baixo, bateria e guitarra deixam claro o porque que posso realizar a seguinte afirmação: o trio produziu um dos melhores discos de sua frutífera carreira.
Com dedilhados sombrios e até um tanto melancólicos em seu começo, Conspiracy Of Silence conta em sua urrada letra como foi que o Exército exterminou com os membros da Guerrilha do Araguaia ( em plena Amazônia, que pretendiam transformar o país em uma nova Cuba ) em uma sonzeira que passa de rápida a cadenciada e com vocais agressivos a toda hora, sempre com uma técnica grandiosa, que destacam as participações de Alexey Kurkdjian e Luiz Gustavo Nascimento nos violinos solos, Renato Rossi na viola e Wagner Lavos no violoncelo do Sphaera Rock Orquestra em um ritmo totalmente tenso. Citando os nomes de várias pessoas torturadas e mortas pelo regime totalitário após um solo de baixo e um ritmo destruidor de bateria e guitarra, Nothing To Declare marca a nona do cd em vocais praticamente agonizantes.
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Depois de trechos rápidos e agressivos, os repiques iniciais voltam para que tudo seja martelado novamente à toda velocidade e questionar em seus versos finais o mundo atual e as possíveis repressões que vivemos em nossos dias. A cada dia que passa temos que ficar mais conscientes politicamente com tudo que está acontecendo ao nosso redor, pois o momento que estamos vivendo é realmente muito perigoso, afinal, pior que uma ditadura militar, só uma disfarçada de democracia, pois já se fala em controle da liberdade de imprensa.
Sem sombra de dúvidas que o Torture Squad nos expôs somente a um histórico e importante registro do Heavy Metal Brasileiro como também cravou um dos melhores lançamentos que ouvi em 2014, seja daqui ou de fora e imprescindível na coleção de um headbanger. Parabéns Amílcar, André e Castor pela brilhante temática, pelos excelentes riffs de guitarras, baixo e bateria. Esquadrão de Tortura é simplesmente detonador.
Nota: 10,0.
Sites: www.torturesquad.net e http://www.facebook.com/torturesquad.Por Fernando R. R. Júnior
Dezembro/2014