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Rock On Stage: Olá, Dani! Desde já, muito obrigado pela entrevista! Pensando que alguém que lerá a entrevista não conheça o excelente trabalho da Shadowside, gostaria que se apresentassem contando o começo da banda, influências e qual foi o 'start' que pensam em deixar de banda de garagem e sentir que poderiam ir para uma carreira profissional?
Dani Nolden: Bem, nós começamos como um bando de adolescentes querendo fazer barulho (risos). Não tínhamos influências definidas, queríamos apenas tocar o que achávamos que soava legal. Todo mundo na banda gostava de praticamente tudo dentro do Metal e do Hard Rock, então desde o início nunca nos prendemos a rótulos, até porque começamos com poucas pretensões.
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Rock On Stage: Sempre vejo o Shadowside como um grande nome do Brasil lá fora, e a turnê com o Gamma Ray e Helloween foi mais uma prova disso, além da turnê anterior bem-sucedida com o W.A.S.P.. Como vê a diferença do mercado no Brasil e lá fora, em relação a quantidade de público e casas de shows?
Dani Nolden: O público europeu comparece em peso aos shows, porém o preço do ingresso lá é muito mais barato, não dá nem para comparar. Estamos falando de gente que tem mais dinheiro que o brasileiro e paga menos que a metade do que pagamos aqui em um ingresso de show, sendo que os shows lá são muito melhores em termos de estrutura, com som melhor, iluminação de maior impacto, produção realmente especial em todos os shows.
O público brasileiro é apaixonado por Metal, realmente apoia as bandas, mas não dá para ir a todos os shows com os preços de ingressos praticados por aqui. A pior casa de show que tocamos nessa turnê era do nível do Carioca Club em São Paulo, que é uma casa excelente... e estamos falando de uma das piores casas que visitamos por lá. Realmente não dá para comparar, ainda estamos há anos luz dos europeus na questão da organização de shows.
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Rock On Stage: Falando de seu último lançamento, como foi o processo de gravação e recepção do cd Inner Monster Out? E como foi trabalhar com Fredrik Nordstrom e o que ele ajudou para que o som do novo cd ficasse da forma que ficou, principalmente por ser mais voltado a Death melódico? E claro também como foram as participações de Mikael Stanne ( Dark Tranquillity ), Björn “Speed” Strid ( Soilwork ), Niklas Isfeldt ( Dream Evil ) e o Roger do Ultraje.
Dani Nolden: Nós tínhamos vontade de trabalhar com o Fredrik já há muitos anos. Somos fãs do trabalho dele. Tínhamos alguns outros nomes em mente caso ele recusasse, porém ele era a nossa escolha número 1 desde o início dos planos para o novo material. Entramos em contato com ele, mostramos os nossos trabalhos anteriores e contamos um pouco sobre a banda. Ele gostou do que fazemos e decidiu aceitar produzir o álbum.É muito interessante trabalhar com alguém como o Fredrik, porque ele está num ponto da carreira em que não precisa de aceitar trabalhar com qualquer banda. Antes de fazer o convite formal, li algumas entrevistas com ele e vi que recusou uma grande banda de Black Metal porque não gostou deles. Isso animou-me ainda mais para convidá-lo a trabalhar conosco, porque eu penso que um produtor precisa de gostar daquilo que está a fazer e precisa de acreditar no material. Então pensei que se ele aceitasse, seria porque viu algo interessante nos Shadowside e sentiu que seria capaz de acrescentar algo à nossa música. Ele não mudou a direção musical do álbum, nem criou algo por nós, mas foi o nosso guia e a pessoa central da gravação, pois confiávamos nele.
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Mikael foi uma surpresa. Durante as gravações ficamos amigos do Anders, baterista do Dark Tranquillity, que numa visita ao estúdio levou Mikael para nos conhecer e ouvir a nossa música. Durante uma conversa em sueco com Fredrik e os outros, onde eu não estava a entender uma palavra sequer, ele levanta-se e finalmente pergunta-me se pode cantar ( risos ). Foi um grande presente para mim, pois gosto muito da voz dele e dos Dark Tranquillity.
Nós ficamos contentes com o resultado da música, porque conseguimos tirar todos esses cantores das suas zonas de conforto. Eles tiveram que cantar algo diferente do que estão acostumados, mas mesmo assim colocaram as suas personalidades no que fizeram. Acabamos por dar um pouquinho de Shadowside a eles, ao mesmo tempo que eles nos deram um pouco das bandas deles. Foi incrível trabalhar com todos eles, são todos simples, fáceis de lidar e muito competentes.
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Rock On Stage: O Shadowside é a única banda que eu lembre no Brasil que não canta lírico nem é gutural com vocal feminino, portanto não seguem modinhas, isso atrapalha ou ajuda, que tem muita gente que pensa que vocês cantam lírico ainda hoje?
Dani Nolden: Tem sim. Muita gente ainda fala: “não gosto de Shadowside porque odeio Metal gótico” e coisas assim ( risos ). Não que não seja legal, muita gente gosta, mas quem não gosta muitas vezes já imagina que toda banda com mulher no vocal é igual. Mas, o motivo de eu cantar dessa forma não é para fugir de modinhas... é porque gosto mesmo. Acho que bandas tem que ser autênticas. Quem gosta de cantar lírico, tem que cantar lírico, fazer o que ama e se esforçar para se destacar fazendo algo que muita gente já faz.Acho que cantar de forma diferente tem seus prós e contras... ao mesmo tempo que muita gente que poderia gostar do nosso som, nem procura nos ouvir porque não imagina que somos diferentes, outras dão uma chance e gostam justamente porque são diferentes e outras não gostam exatamente porque não somos uma banda da moda. É mais um motivo para fazermos o que gostamos sem preocupações se isso ajuda ou atrapalha... vamos ficar loucos se começarmos a pesar isso ( risos ). Só fazemos o que achamos legal, sempre vai ter público para quem sobe no palco e demonstra que está tendo prazer com o som que faz.
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Muita gente no Norte e Nordeste cantava nossas músicas e foram comprar o álbum na hora, simplesmente porque não encontravam o álbum nas lojas. Acho que a relação fã-músico é mais próxima hoje. Nunca tive problemas com falta de vendas... só acho que o momento e o local onde as vendas acontecem hoje não são mais necessariamente nas lojas e sim nos shows. E uma banda hoje não pode achar que vai vender milhares de discos só porque tem uma música boa no álbum. Temos que nos concentrar sempre em fazer coisas interessantes para fazer a compra valer a pena. Fotos da banda, letras, um encarte caprichado e claro, todas as músicas precisam ser feitas para serem hits. As bandas precisam se esforçar mais hoje. A era digital fez os músicos serem menos preguiçosos.
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Rock On Stage: Após essa turnê, que claramente foi maior em todos os aspectos comparando com a tour com o W.A.S.P., mas em termos de organização de ambas as turnês, qual a grande diferença das produções brasileiras para as internacionais. Vocês passaram por algum “perrengue” lá fora?
Dani Nolden: Não, nenhum! Não houve imprevistos durante toda a turnê, tudo era muito bem organizado. Nunca há atrasos, nunca há equipamento faltando, tudo que é planejado para o dia corre exatamente como planejado e se algo errado acontece, toda a equipe está preparada para consertar sem deixar que isso afete o horário ou a qualidade do show. O único problema que tivemos durante a turnê foi na estrada, em um acidente com um caminhão que invadiu nossa pista, porém, felizmente ele não levou mais que o nosso retrovisor. Todo o resto correu maravilhosamente bem.
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Rock On Stage: Claro que agora após essa turnê a banda deve ter feito algum “Leassons Learned”, o que vocês teriam mudado na turnê?
Dani Nolden - Shadowside: Nada, sinceramente. Estávamos preparados para a turnê. Nossas “lessons learned” durante a turnê são normalmente com relação a rotina diferente que cada turnê traz, como horários de comida, passagem de som, então na primeira semana ficamos meio perdidos, nos acostumando a tudo e depois entramos no esquema ( risos ). Estamos meio que vacinados com relação a turnês, sabemos o que esperar e como planejar para que não aconteçam problemas. Estamos mais maduros com relação a performance de palco, mas após quase 40 shows, isso é algo natural, quanto mais tocamos, mais entrosados ficamos.
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Rock On Stage: Vocês tocarão em Manaus/AM e Limeira/SP, já é um aquecimento para o próximo álbum ou ainda está longe de se pensar nisso?
Dani Nolden: Cada show é um aquecimento e uma inspiração, sempre! Ainda não começamos a pensar no novo álbum porque temos mais alguns shows no Brasil para fazer, além da possibilidade de uma turnê norte-americana que ainda está no papel mas pode acontecer. Devemos começar a planejar o novo álbum no final deste ano e gravá-lo em algum momento de 2014.Rock On Stage: Sobre o Show do Via Marquês, será a primeira apresentação da banda em São Paulo com um 'full set list', e após a tour, o Shadowside pretende gravar um DVD ou álbum ao vivo para digamos “comemorar” todo o sucesso da banda?
Dani Nolden: Ainda está nos estágios inicias de planejamento, mas, existe a chance! Gravaremos o show de São Paulo também, com uma produção de palco de nível internacional, o 'set list' mais longo que já fizemos na capital paulista, com músicas que não tocamos há anos. Faremos no Brasil o que sempre fizemos na Europa e nunca tivemos oportunidade de fazer aqui, na nossa casa, porém dessa vez teremos estrutura para isso. Estamos muito ansiosos!
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Rock On Stage: Sintam-se livres para enviar uma mensagem a seus fãs convocando para o show no Via Marquês.
Dani Nolden: Espero vê-los no Via Marquês, dia 26 de maio, em São Paulo, comemorando conosco nossa volta ao Brasil! Será o último show na capital da turnê, pois, não repetirmos mais as cidades que tocarmos em 2013, portanto não percam ou teremos que esperar mais dois ou três anos para vê-los novamente!Teremos uma festa de confraternização com os fãs após o show, com cerveja, refrigerante e água à vontade, os ingressos já estão disponíveis e podem ser conseguidos através do nosso Facebook oficial. Será um dos shows mais especiais da nossa carreira. Espero vocês lá e obrigada pelo espaço!
Por Marcos César de Almeida
Agradecimentos à Costábile Salzano Júnior
Maio/2013
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