Rock On
Stage:
Para começar
conte-nos um pouco da história do Holocausto, especialmente para as novas
gerações que ainda não conhecem a banda e peço também para nos dizer o que
significou para a banda ter participado do início da cena metal de BH.
Valério Exterminator: O Holocausto foi formado em 1985 em Belo
Horizonte por Marco, Rodrigo e eu. Com a formação: Nedson (
bateria ),
Marco ( baixo ), Rodrigo ( vocal ) e Valério (
guitarra ) compõem a primeira música chamada Massacre; antes da gravação para a demo tape da
Cogumelo para a seleção de
bandas que participariam da coletânea Warfare Noise; o baixista Marco
morre em um lamentável acidente ( N.E.: ele infelizmente morreu afogado
em um acampamento com os integrantes e amigos do Holocausto ). Em seu
lugar entrou o Anderson. Em 1986, participamos ao lado de Chakal,
Sarcófago e Mutilator da Warfare Noise, com as músicas
Escarro Napalm e
Destruição Nuclear. No dia 19 de abril de 1986, o Holocausto
faz sua primeira apresentação na cidade de Jeceaba ( interior de MG ), abrindo para o
Freax ( BH ).
Devido ao visual e letras da banda, o
guitarrista Mark ( Chakal ) define o estilo do Holocausto
como War Metal, sendo
aceito de imediato pelos integrantes da banda. A primeira banda que se tem notícia no mundo a
assumir o estilo WAR METAL!. Em 1987, gravamos o Campo de Extermínio
onde
adotamos a postura de relatar os conflitos da humanidade ( 2ª Guerra Mundial,
guerra do Vietnã, terrorismo, nazismo, etc ). Campo de Extermínio
é considerado
um clássico do metal mundial. Quando preparávamos o segundo vinil, eu saí
por motivos particulares. Enquanto estive fora da banda, nos anos de 1988 à
1994, o Holocausto teve várias formações e gravou 3 CDs. No dia 18 de Dezembro de 2004,
eu, Rodrigo e Anderson nos reunimos em estúdio para o
primeiro ensaio após 10 anos de término da banda. Com a
formação original, como War Trio ( o mesmo de 1986 ).
Sem dúvida é muito importante o
Holocausto fazer parte da primeira geração do metal nacional, após 20 anos de formação, a banda
atualmente tem fãs de 14 anos de idade e mantém os fãs de mais de 40 anos, acho
isso extremamente importante.
Rock On Stage: Neste período
inicial o que era mais difícil? Porque eu sei que tinham muitos problemas ( e
embora esteja melhor ) ainda temos muitos problemas quando vamos realizar um
show de heavy metal, ainda mais quando estamos fora dos grandes centros.
Valério Exterminator: Naquela época
difícil mesmo eram os instrumentos e os pedais, já que não havia acesso aos
importados e os nacionais eram extremamente aquém para o estilo de música
metal. O local de ensaio também era problema, pois tínhamos que ensaiar no quarto de
alguém da banda. Atualmente penso que os problemas estão voltados para a falta de
profissionalismo das bandas, dos produtores e das gravadoras, ainda muito amadoras. Não sabem vender seu produto e o produto que vem de fora acaba por
parecer melhor, devido a competência dos envolvidos na gravação e divulgação das
bandas.
Rock On
Stage: Vocês
estiveram num hiato de 10 anos fora da mídia, quais os motivos que levaram ao
retorno? E como isso aconteceu, foi algo como, um ligou para o outro e disse:
"vamos voltar com a banda" ?
Valério Exterminator: Foi exatamente
assim! O Anderson Guerrilheiro me ligou avisando que a Cogumelo desejava lançar o
Campo de Extermínio em CD, e assim que ele acabou de falar, eu pedi para ele
perguntar ao Rodrigo se ele tava afim de voltar, pois eu ansiava por esse retorno
há muitos anos, apenas os compromissos foram atrasando essa decisão.
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Rock On
Stage: Quais
diferenças você aponta para a cena mineira da segunda metade dos anos 80 para
os dias de hoje? Existem bandas que você destacaria que estão mantendo o
legado underground ativo?
Valério Exterminator: A grande
diferença é que com o fim das bandas dos anos 80, onde havia união entre punks,
hardcores, black, death e thrashers. Os novos bangers e as bandas que surgiram
não souberam manter essa união, entenderam que deveria haver separação e assim
houve enfraquecimento da cena, aliado a isso, os espaços de shows foram
fechando as portas para shows devido aos prejuízos com a quebradeira sem
sentido. Atualmente existem muitas bandas que realmente estão mantendo o
legado, mas ainda distante de reviver os anos 80 e não os culpo por isso, afinal
tudo está em movimento o tempo todo, não há como reviver os anos 80, mas
acredito que com o retorno das bandas, aos poucos poderemos passar o porque da cena
dos 80 ter atingido proporções tão grandes no mundo underground.
Rock On
Stage: O Holocausto
está voltando da forma que começou, formação clássica e com um disco que remete
ao primeiro e aclamado álbum Campo De Extermínio, quais diferenças você aponta
entre este novo álbum e os primeiros ?
Valério Exterminator: A grande
diferença sem dúvida está numa maior influência do hardcore e nos vocais, que
agora são divididos pelos três.
Rock On
Stage: Dentro dessa
volta as origens da banda, vocês mesmos optaram por realizar todos os trabalhos
( gravações, mixagem e masterização ) junto com João Marcelo ( ex-baixo do
Holocausto ) e Rossano ( ex-vocalista ). O fato de eles serem ex-membros
facilita para saber o que vocês queriam no estúdio?
Valério Exterminator: Sem dúvida,
estávamos com as tropas do Holocausto unidas e assim a sintonia de idéias fluía
sem problemas, todos nós ( atuais e ex ) integrantes sabemos exatamente qual a
proposta do Holocausto.
Rock On
Stage: É melhor realizar o trabalho de gravação do cd em poucos dias e deixá-lo
como se fosse uma apresentação ao vivo ? Por quê?
Valério Exterminator: Sim, já
estávamos ensaiando essas músicas desde o dia 18 de dezembro de 2004, ou seja, não havia muito o que fazer, a não ser, achar a sonoridade e alguns poucos arranjos. O
Holocausto é uma banda objetiva, seu som é cru, vai direto onde tem
que ir, não pega atalhos, a mensagem é dada e recebida de prontidão. O nome do
CD já diz tudo estamos “De Volta Ao Front ”.
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Rock On
Stage: Para compor o álbum De Volta Ao
Front, quais bandas ou obras vocês se inspiraram mais? O disco tece ótimas
críticas como nas letras de Direitos Desumanos, Miséria Humana, Resista ( para
mim, um hino clamando a lutar pelo o que é certo ).
Valério Exterminator: Eu particularmente ouvi: DRI, SOD, Slayer ( Undisputted Atitud
), Sodom ( In
The Sign Of Evil e Obssessed By Cruelty ) Celtic Frost,
Discharge e Holocausto ( Campo de Extermínio ).
Rock On
Stage: A música Freedom Of Speech que é sobre a liberdade de expressão. Nos dias atuais, você
pensa que a humanidade tem como expressar suas opiniões mesmo nos países que
vivem numa democracia como é o caso do Brasil ou ainda sofremos algum tipo de
repressão?
Valério Exterminator: Sim a repressão
está presente a todo momento, assim como a guerra, a doença, a miséria, a
violência, a corrupção, a fome....mas o que vamos fazer? Cruzar os braços e
esperar o fim da humanidade ou o retorno de um Messias? Cada um tem sua parte no
caos atual, então que cada um faça a sua parte para reverter a situação. Devemos
parar de culpar as entidades e percebermos que elas são feitas por seres humanos, então devemos conscientizar o ser humano das suas responsabilidades, a escolha
de evoluir através da dor e sofrimento é direito de cada um, mas isso afeta toda
a humanidade.
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Rock On
Stage: Conte-nos um
pouco de como foram as participações de Vladmir Korg ( Chakal ) e Sílvio SDN ( Mutilator )
na música Warfare Noise que fecha brilhantemente o disco ?
Valério Exterminator: Liguei para os
três
( incluindo o Wagner ), todos se mostraram muito honrados com o convite e
entenderam o real motivo da proposta, apenas o Wagner não aceitou. Foi perfeito
a participação em estúdio de nossos verdadeiros amigos Korg e Sílvio, no início a
letra seria em inglês, mas tanto o Korg quanto o Sílvio disseram:
”
se é Holocausto de volta as origens, então a letra tem de ser em português
” .
Rock On
Stage: Quais as idéias que vocês quiseram
passar ao colocar em De Volta Ao Front várias palavras em sânscrito?
Valério Exterminator: Foi minha idéia, pois no ano de 2004 me formei em
Yoga e o sânscrito é a língua oficial do Yoga.
Percebi que a sonoridade de algumas palavras encaixariam perfeitamente na
proposta do Holocausto e os integrantes gostaram bastante da idéia, foi minha
humilde homenagem ao Yoga.
Rock On
Stage: Particularmente gostei muito do
novo álbum De Volta Ao Front, gostaria de saber como os fãs e a gravadora
Cogumelo Records ( que novamente acreditou no potencial do Holocausto ) estão
recebendo o novo trabalho e aproveito ainda para lhe perguntar como são os shows
deste retorno?
Valério Exterminator: Acredito que aos
poucos os bangers que tinham na mente que o Holocausto por voltar com a formação
de 1986, faria um CD bem ao estilo do Campo, entenderão o De
Volta Ao Front, isso é fácil de pensar e fácil seria fazer algo assim, mas nossa proposta
de sermos honestos conosco, nos fez direcionar o
De Volta Ao Front às nossas
mais íntimas inspirações ( punk, hardcore e crossover ). Aqueles que já entenderam
a posição da banda estão afirmando que o
De Volta Ao Front já é um clássico e
muitos estão apontando ele como superior ao Campo. A Cogumelo
também entendeu
nossa posição e apostou no CD.
Quanto aos shows
estão acontecendo aos poucos, nosso set list consta de cinco músicas do Campo,
sete
do De Volta Ao Front e
uma nova chamada Warcore ( nome do novo CD que deveremos
gravar ano que vem ).
Rock On
Stage: No dia 11 de
novembro vocês estarão fazendo o show para comemorar os 20 anos da histórica
coletânea Warfare Noise I ( que marcou o primeiro registro oficial do
Sarcófago, Chakal, Holocausto e Mutilator ). Quais são as expectativas e
surpresas para da banda este show ?
Valério Exterminator: As expectativas
são as melhores possíveis, vamos mostrar para os bangers do Brasil e do
exterior ( será gravado um DVD para divulgação no exterior ) porque o Holocausto
tem
uma energia própria no palco, porque somos uma banda de War Metal com influências
do Hardcore. A surpresa? Quem for ao show verá ( hauhauhauuauah ).
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Rock On
Stage: Uma
curiosidade, o estilo do Holocausto é War Metal, gostaria de saber se vocês se
interessam por assuntos militares e lêem livros, revistas, vêem vídeos sobre
armas, aviões, tanques, guerras, etc.?
Valério Exterminator: Sim, todos lêem
sobre o assunto, afinal nos interessa não só por sermos War Metal, mas também por
sermos habitantes desse Planeta Guerra. Nossa fonte de inspiração ( letras
) está
nos livros, vídeos, tudo relacionado ao assunto.
Rock On
Stage: Quais são os
planos para o futuro a para esse retorno "ao front" do Holocausto? No site da
banda vi que vocês estão preparando dois DVD´s caseiros.
Valério Exterminator: Sim temos 2 DVD’s
praticamente prontos só esperando o momento melhor para lançamento. Nossos planos
são gravar o CD Warcore ( para o ano de 2007 ), continuar divulgando o
De Volta Ao Front principalmente em shows.
Rock On
Stage: Quero
agradecer a você em nome do Rock On Stage pela entrevista e deixo o espaço
para você deixar o seu recado para os velhos e os novos fãs do Holocausto.
Valério Exterminator: A batalha continua, no dia a
dia travamos uma guerra interior, temos o inimigo dentro de nós, temos a
destruição, a miséria, a dor, a doença, a ignorância, o sofrimento, a morte,
todos dentro de nós. Como devemos vencer o inimigo? Onde e como cada um de nós
têm colaborado para o caos atual? Entrem nos sites:
www.holocaustowarmetal.kit.net
e
www.myspace.com/holocaustowarmetal e dê sua opinião. Hail
Fernando e agradecemos
pela oportunidade e pelas suas perguntas, que foram muito bem direcionadas,
valeu Rock On Stage.
Mais Holocausto:
Site:
www.holocaustowarmetal.kit.net
E-mail:
holocaustowarmetal@gmail.com
Resenha de De Volta Ao Front
Por
Fernando
R. R.
Júnior
Agradecimentos a Alexandre Oliveira
Obscura
Arte Press
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