Entrevista com o Ivory Gates

    O Ivory Gates é uma banda de prog metal do interior paulista ( Piracicaba/SP ) e lançou recentemente seu segundo álbum de estúdio - Status Quo ( leia resenha ). Neste papo que segue abaixo, conversamos sobre vários assuntos tais como: as influências de Status Quo, as dificuldades da transformação da obra de George Orwell em disco, entrada de Malagueta nos vocais. Confiram abaixo o papo realizado neste início de 2006, com Hugo Mazzotti ( baixo ) e Matheus Armelin ( guitarra ):

Rock On Stage: Para começar gostaria de saber quais são as principais influências do Ivory Gates?
Hugo Mazzotti: Apesar das nossas influências pessoais serem bastante abrangentes, o progressivo, o hard rock e o metal são unânimes. 

Rock On Stage: Como foi o processo de composição de Status Quo e como surgiu a idéia de gravar um álbum baseado na obra de um mestre como o George Orwell?
Hugo Mazzotti: O processo foi semelhante ao primeiro, Shapes of Memory. Eu e o Matheus nos reuníamos e as estruturas das músicas eram definidas. A partir daí entrava a bateria, depois as letras e, por último as melodias de voz. Quanto ao basear o disco nesta obra de George Orwell, o que aconteceu foi que deu pra juntar uma idéia que eu tinha com a história do livro 1984, que é bem urbana e forte, e eu achava que casaria bem com a sonoridade das músicas novas. 

Rock On Stage: Quais as maiores dificuldades encontradas para transformar a obra de George Orwell em disco? 
Hugo Mazzotti: A maior dificuldade foi montar a história dentro do conceito que eu já tinha antes, manter uma linha central para dar sentido e desenvolver esse tema de maneira que coubesse em apenas oito músicas, que já estavam prontas. Houve letras que foram revistas e/ou re-escritas inúmeras vezes e outras que não foram nem aproveitadas. Mas no final, o resultado foi satisfatório. 

Rock On Stage: Quais as principais diferenças entre este novo trabalho e o primeiro álbum Shapes of Memory? 
Hugo Mazzotti:
É um disco com certeza mais direto e com vocais mais fortes. Porém, de maneira geral, as características do Ivory Gates foram mantidas. Melodias fortes, bons refrãos e partes técnicas quando necessárias. Sem esquecer também que a qualidade de gravação e a arte gráfica do Status Quo estão bem melhores. 

Rock On Stage: Como tem sido a resposta da crítica e do público a Status Quo?
Matheus Armelin: Como aqui na nossa região já fizemos o show de lançamento do disco, já é possível ter uma idéia do que está acontecendo em relação à aceitação do público, que tem sido muito boa e também temos recebidos boas críticas da mídia especializada. Geralmente a pessoa que compra um disco desse tipo e tem interesse nas letras acaba indo procurar mais informações. Várias pessoas já vieram me falar que compraram o livro e outras obras do autor após o lançamento do disco e também o oposto aconteceu, o cara que conhecia o livro e se interessou pelo disco, o que é bem legal. 

Rock On Stage: Vocês acham que estamos enfrentando o controle das massas através do poder da mídia atualmente, conforme é relatado na obra de 1984 de George Orwell ?
Hugo Mazzotti: Com certeza, há bastante tempo. No meio musical, exemplos não faltam. Incluindo aí o rock pesado também.   

Rock On Stage: Como foi a entrada do vocalista Malagueta? Ele veio da Free Hand após o seu término, como foi a participação dele no novo trabalho?
Matheus Armelin:
A entrada foi algo até natural, pois precisávamos de uma voz mais potente para esse disco e ele estava sem banda, como já nos conhecíamos as coisas acabaram ficando mais fáceis. Quando o Malagueta chegou já estava tudo pronto, inclusive algumas linhas de voz, então, ele foi entendendo o processo no meio do caminho, inclusive a interpretação foi algo trabalhado na produção. Deve-se destacar além do potencial do cara, a presença do Renato Napty ( produtor e técnico ) que também trabalhou intensamente nessa parte, mesmo assim ele chegou a participar da criação de várias linhas vocais.   

Rock On Stage: Como vocês avaliam a cena prog-metal de Piracibaca e a brasileira? Tem espaço e apoio para todo mundo? 
Hugo Mazzotti: Em Piracicaba é inexistente, só existe o Ivory Gates mesmo. Mesmo no Brasil, não existe uma cena prog. São só algumas bandas isoladas, nada mais. Ou, pelo menos, apenas algumas que tem qualidade pra serem levadas em consideração.

Rock On Stage: Agora o Ivory Gates conta com uma gravadora como a Die Hard. Conte nos como isso está ajudando a banda.
Hugo Mazzotti: A grande diferença é que, ao invés de lançar um monte de porcaria sem qualidade nenhuma como fazia a Mega Hard, os lançamentos da Die Hard são selecionados. Conseqüentemente, as condições ficam naturalmente melhores.
Matheus Armelin: Assim como no primeiro disco, nós chegamos com o trabalho pronto ( gravação, masterização e capa ), pois não gostamos de interferências externas nesses processos, com isso as coisas ficam mais fáceis para quem vai lançar. Devemos deixar claro que temos uma parceria com a Die Hard onde ambas as partes tem um papel bem definido e até o momento tudo tem ocorrido conforme o acertado, porém devo destacar a seriedade, profissionalismo e credibilidade que a Die Hard possui, diferente do que se encontra normalmente por aí.  

Rock On Stage: Vocês tem tocado bastante na região de sua cidade e já possuem planos para uma turnê pelo Brasil? 
Hugo Mazzotti: Planos existem, porém para que aconteça uma apresentação do Ivory Gates é preciso de uma  infra-estrutura legal, senão não rola. Preferimos tocar menos, mas com qualidade.

Rock On Stage: Como são os shows do Ivory Gates e quais os planos para o futuro?
Matheus Armelin:
Estamos tocando o disco na íntegra quando temos tempo livre de show, porém, como isso nem sempre é possível selecionamos algumas músicas do Status Quo e apenas uma do primeiro cd, pois a intenção é divulgar o novo disco. Como lançamos o disco no fim de 2005, as apresentações devem começar a rolar mesmo a partir de março, já fizemos o show de lançamento aqui em Piracicaba/SP e também participamos de um show com o Shaaman.

Rock On Stage: Peço agora para vocês deixarem uma mensagem para os leitores do Rock On Stage.
Matheus Armelin: Agradecemos a oportunidade de estar falando sobre o nosso trabalho aqui no
Rock on Stage. Para a galera que não conhece a banda ou está em busca de outras informações visitem o site www.ivorygates.com.br. Valeu.

Mais Ivory Gates: Resenha de Status Quo e www.ivorygates.com.br

Por Fernando R. R. Júnior e Erick ( Vampiria Records )