Reconhecidos como um dos
grandes nomes do Black Metal nacional - e mundial - e com quase
15 anos de existência, o Ocultan vive seu melhor momento,
graças ao recém lançado Regnum Infernalis (
Pazuzu Records ). Famosos também, por serem cercados de
polêmica desde sua criação, a banda desfruta de sua fase mais madura e
profissional. Conversamos com a guitarrista Lady Of Blood, que
nos contou tudo sobre a fase atual do Ocultan, além, é claro,
de polêmicas...
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Rock On Stage: Como foi o
processo de criação de "Regnum Infernalis" e como vem sendo a aceitação do
disco?
Lady Of Blood: Regnum Infernalis foi o álbum que exigiu mais
atenção em detalhes e tomou mais tempo no processo de criação, tanto pelo
fato de estarmos seguindo um processo de evolução que exigiu mais de nós,
quanto por haver uma necessidade de se dedicar mais, pois nos álbuns
anteriores estávamos mais preocupados em lançar CD´s e deixávamos na
maioria das vezes simples detalhes passar em branco. Não que nossos álbuns
anteriores não tenham qualidade, mas muita coisa poderia ter sido
melhorada. Demorei mais de um ano para compor o álbum, procurei fazer tudo
com calma, pois sempre surgiam novas idéias, até mesmo poucas semanas
antes de entrarmos em estúdio. O segredo de produzir um álbum com
composições de qualidade é ter calma e ponto de vista crítico, pois no
momento em que compomos, tudo agrada, porém, depois de um tempo ao
observar e escutar centenas de vezes os mesmos riffs, tem coisas que podem
ser melhoradas ou modificadas. No processo de composição de um álbum,
todos são peças fundamentais, eu fiz as composições e arte do cd, o
Count Imperium compôs as letras, o Legacy colaborou com algumas
letras também e desenhou todas as ilustrações do Regnum Infernalis,
além de que em nossos ensaios, quando estamos compondo, cada um faz sua
parte.
Eu apresento
novos riffs e cada membro encaixa seu instrumento/função, se algo não
ficou bom, damos sugestões uns aos outros para que cada vez fique melhor.
A repercussão vem sendo boa como nos outros álbuns, porém com melhor
divulgação e aceitação que no álbum anterior e por aí vai, como acontece
com bandas que estão em constante evolução, a cada álbum lançado vai
adquirindo maior divulgação e mais fãs.
Rock On Stage: "Regnum
Infernalis" soa muito mais agressivo que os trabalhos anteriores, com
influências claras de Death Metal. Isso tem á ver com a entrada do
vocalista Legacy, ou apenas influências de bandas que vocês gostam?
Lady Of Blood: Essa mudança em nossa música se deve mais a uma
evolução natural da banda do que a entrada de Legacy, claro que com
sua entrada todos se sentiram mais animados, pois colocar um novo membro
na banda é como recarregar sua bateria, abre um novo horizonte, pois muda
toda rotina e coisas novas acabam surgindo. E sim, acabei tendo também
algumas influências de bandas de Death pois tenho escutado mais que nunca
bandas do estilo.
No
Profanation eu já vinha tendo certa influência de Death Metal,
porém evoluir em seu instrumento é algo que leva tempo e neste álbum as
composições são um pouco mais simples. Em todos os álbuns usamos afinação
em E e no “Regnum” mudamos para B, o que deu uma cara nova
para banda, acredito que se tivéssemos gravado outros álbuns nesta
afinação, a música teria soado ainda mais sombria, muitas pessoas acham
que isso se encaixa melhor com Death Metal, porém, recentemente tenho
escutado bandas de Black com afinação baixa e a música soa muito mais
obscura.
Rock On Stage: O vocalista
Legacy é responsável pelas ilustrações do encarte de Regnum Infernalis .
Ele chegou a participar do processo de criação das músicas do disco?
Lady Of Blood: Sim, o Legacy é ilustrador e cuidou
dessa parte, assim como fez nosso brasão e ilustrações que em breve serão
usadas. No “Regnum” ele colaborou com algumas letras, e
claro, todos fizeram parte da criação do álbum. Vindo de uma banda, ótima
por sinal, que ainda não havia lançado nada, e mesmo com pouca
experiência, Legacy nos surpreendeu com seus encaixes e variações
de vocais, quando estávamos compondo o “Regnum” , ele criou
os encaixes de vocal sem precisar da ajuda de ninguém.
Rock On Stage: Muita gente
achava que com a saída do vocalista anterior, Daimoth ( que também era
guitarrista ), a banda perderia em termos de guitarra, só que no entanto,
você surpreendeu a todos, mostrando uma grande evolução , calando a boca
de muita gente...
Lady Of Blood: Na verdade poucas pessoas pensaram isso, pois a banda
já existia antes de sua entrada e boa parte do Profanation
foi composto por mim. O Daimoth contribuiu com alguma coisa nas
composições e sua função na banda era apenas fazer os vocais. Ele acabou
se tornando guitarrista na banda, pois gostaríamos de ter duas guitarras
ao vivo e ele sabia tocar. Seu instrumento era apenas uma sustentação
para a guitarra principal, sendo que sempre quem fez os encaixes de
guitarra secundária fui eu.
Devido à mudança
que nossa música teve no Profanation, alguns acreditaram que
era por conta de sua entrada, mas essa mudança se deve ao fato da banda
querer evoluir. Nossos fãs sempre estiveram acostumados com uma
guitarrista na banda, a passagem dele foi curta, comparada ao tempo de
existência da banda. A verdade é que o próprio Daimoth duvidou da
capacidade da banda em continuar, já que ele achava que ele deu uma cara
nova à banda, mesmo contribuindo pouco. Evolução é algo que vem
naturalmente, pois quando passei à me dedicar mais ao meu instrumento e
compor com mais calma, as coisas começaram melhorar, sempre soube que
independente de mais um guitarrista na banda, sempre tive capacidade para
fazer o que eu faço, consigo compor melhor e explorar minhas idéias
sozinha, cada um tem seu jeito particular de tocar e é difícil repassar
suas idéias para outra pessoa, não que sua pequena contribuição tenha sido
ruim, ficamos satisfeitos com seu trabalho no Profanation,
mas tem coisas que se eu tivesse gravado na guitarra secundária, teria
feito diferente, posso até ser egoísta, mas hoje em dia não me preocupo em
ter outro guitarrista na banda, prefiro deixar as coisas como estão, pois
todos os membros se dão bem e tudo está dando certo, colocar mais gente na
banda pode trazer problemas pois nem todos tem potencial para levar um
trabalho à sério.
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Rock On Stage: O álbum
"Lembranças Do Mal, A Crucificação" teve mais uma faixa regravada;
dessa vez, "O Orgulhoso Exu Beelzebuth". Vocês pensam em regravar este
álbum na integra , ou até mesmo voltarem a cantar em português?
Lady Of Blood: Este é um álbum que possui grandes
composições, porém a gravação não contribuiu em nada. Muitas passagens
não ficaram claras devido a má qualidade. Na regravação de O
Orgulhoso Exu Beelzebuth não modifiquei absolutamente nada,
apenas trocamos a letra e alguns encaixes de bateria, porém as
guitarras soam diferentes e em alguns momentos parece até ser outra
música, pois é possível entender cada passagem das guitarras.
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Regravar este
álbum está fora de cogitação, o tempo que gastaríamos ensaiando novamente
todas as músicas e gravando em estúdio preferimos ocupar com futuros
álbuns, regravá-lo seria até hipocrisia, pois mesmo o álbum tendo uma
péssima qualidade, possui sua essência própria. Não está dentro de nossos
planos voltar a cantar exclusivamente em português, no entanto,
pretendemos a cada álbum lançado, colocar pelo menos uma música em nosso
idioma.
Rock On Stage: Vocês montaram
o próprio selo, Pazuzu Records, onde vocês lançam os álbuns da banda, além
de terem lançado um cd da banda Carpatus; o que isso tem facilitado para
a banda? Outras bandas além do Carpatus, serão lançadas pelo selo?
Lady Of Blood: O selo pertence ao
Count Imperium e sempre que posso, ajudo em alguma coisa. Os outros
membros da banda não tem nenhuma ligação com o selo, exceto pelo fato
deste lançar o Ocultan. Ter seu próprio selo é algo que além de
contribuir com o crescimento da banda, dá mais liberdade. No Brasil, estar
preso a um selo lhe tira muitas possibilidades, primeiro porque se aparece
um selo de outro país interessado em licenciar seu álbum, o egoísmo do
selo fala mais alto, seu material acaba sendo limitado à um certo número
de cópias, se essas cópias se esgotam, os selos não fazem nova prensagem,
mesmo que o álbum está tendo grande procura e aceitação. Não que não
tenhamos ficado satisfeitos com o trabalho desenvolvido pelos selos que
trabalhamos, mas tudo acaba sendo limitado, os selos daqui não deveriam se
limitar com bandas que dão um bom retorno, mas sim investir.
Vimos claramente
que o Ocultan passou a ser mais reconhecido depois que surgiu a
Pazuzu Records, pois ao lançar sua própria banda, sua atenção
estará bem focada em sua própria divulgação. No momento o selo não tem
intenção de lançar outras bandas, pois no Brasil ainda há aquela falta de
atenção com bandas nacionais, o público não dá tanto valor para bandas
menores, a partir do momento que um selo investe dinheiro em uma banda,
ele tem que ter um bom retorno para que possa investir em outras e assim
crescer dando mais oportunidades para novas bandas, infelizmente, se você
não tem ainda um selo grande e bem estabelecido, é impossível trabalhar
com outras bandas, pois algumas te darão retorno e a maioria prejuízo.
Selos grandes conseguem se manter com o retorno de bandas de melhor
aceitação e por sempre estarem lançando cd´s, mas para um selo pequeno,
que é limitado à lançar de dois a três títulos por ano, ter prejuízo é um
ponto crucial para sua falência, ainda mais com a era do MP3 dominando a
internet, fica mais difícil vender materiais de bandas menores.
Lançamos o
segundo cd do Carpatus a cerca de um ano e meio, infelizmente o
retorno não foi como o esperado, mesmo a banda executando um excelente
Black Metal, o público brasileiro não costuma valorizar tanto bandas boas
daqui. A Pazuzu não pretende trabalhar mais com outras
bandas por enquanto, o selo estará trabalhando somente com o Ocultan,
mas não é descartada a idéia de um dia dar oportunidade para outras bandas
daqui ou até mesmo trabalhar com licenciamentos.
Rock On Stage: "Regnum
Infernalis" será lançado no exterior?
Lady Of Blood: Sim,sairá pelo selo austríaco War Front.
O lançamento está previsto para o final de 2007.
Rock On Stage: O álbum "Profanation"
teve versões com capas diferentes, o "The Coffin", um digipack em formato
de caixão. "Regnum Infernalis" será lançado em outras versões?
Lady Of Blood: Até o momento não pensamos na possibilidade de lançar
outras versões do cd, um bom material não necessita de embalagem para
chamar atenção, o que importa é seu conteúdo. Lógico que se houver
oportunidade para lançá-lo em vinil, digipak ou outro formato, não
hesitaremos em aceitar, mas do contrário, estamos pouco preocupados com
versões diferentes.
Rock On Stage: E por falar
em versões, aproveitando a ótima fase que a banda vive, você não acha que
seria uma ótima idéia lançar um dvd do Ocultan ?
Lady Of Blood: Com certeza seria, a única coisa que falta mesmo para
isso se concretizar é alguém disposto a produzi-lo e ter um lugar descente
com uma equipe de filmagem e som competentes. Lançar um DVD aqui é
difícil, pois exige um grande custo, a locação de uma casa de shows com
uma boa estrutura, equipamentos de som de qualidade. Equipe de técnicos de
som e filmagem tem um custo alto, além da prensagem ser bem mais cara que
de um cd, por isso é incomum ver bandas nacionais lançarem DVD´s, ao
contrário da Europa e E.U.A., que estão mais bem estabilizados nestes
quesitos e hoje as bandas de lá lançam DVD´s com a mesma facilidade que
lançam CD´s. Não poderia adiantar nada agora, pois eu estaria me
precipitando, mas acredito que isso não está longe de acontecer, mas tudo
tem seu tempo certo !
Rock On Stage: Vocês
ainda mantém contato com ex-membros do Ocultan ?
Lady Of Blood: Não e estamos poucos interessados, pois por mais
que damos valor às pessoas, elas nunca estão satisfeitas com nada, é
difícil compreender suas demandas, pois por mais que valorizamos uma
relação, elas querem mais e mais e não somos do tipo que puxamos o
saco de ninguém, se está satisfeito com nossa amizade ótimo, do
contrário, dane-se. Procuramos sempre ajudar uns aos outros enquanto
amizade, mas o ser humano tem uma tendência a dar valor às pessoas que
não estão nem aí pra eles. Nosso principio é manter uma sincera
amizade com os membros da banda e ajudar no que for preciso e isso já
fizemos demais por ex-membros.
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Tudo funciona melhor quando
possuímos uma grande consideração uns pelos outros, o problema que chega à
um ponto essas pessoas não reconhecem seu esforço e consideração, e além
do mais, por manterem um vínculo de amizade forte, se acham no direito de
pisar na bola o tempo todo. Nenhuma amizade, por mais forte que seja,
dão-lhes o direito de fazer o que quiserem, depois de serem afastados,
acham que os culpados fomos nós, damos a oportunidade, se a pessoa não for
apta para aproveitá-la, passaremos para outra pessoa que tem força de
vontade, não tiramos membros do Ocultan por vontade, mas sim por
problemas que não poderiam mais ser contornados, outros se retiraram antes
que tomássemos alguma atitude, pois observaram que estavam no lugar
errado. Esperávamos que algumas dessas pessoas que já passaram pelo
Ocultan tivessem um mínimo de consideração pelo que já fizemos por
elas, mas como após saírem, preferiram se afastarem, do que continuar uma
amizade verdadeira, então hoje eu falo, que se fodam todos, não me importo
mais com ninguém, exceto aqueles que estão sempre ao meu lado,
independente de tocarem comigo.
Rock On Stage: Além do
Ocultan, você possui o projeto Doctors of Death certo ? Gostaria que você
comentasse sobre este trabalho.
Lady Of Blood: Costumo ouvir muitas bandas na linha Splatter/Gore e
vou confessar uma coisa, ultimamente tenho escutado mais bandas nessa
linha do que Black Metal em si. A partir do momento que você escuta algo
demais, desperta um certo interesse em explorar o estilo e fazer algo
novo. Desde o início do ano ( N.E.: 2007 ) venho
trabalhando neste projeto, estou trabalhando em cima das composições com
calma e pretendo lançar pelo menos um promo ainda este ano.
Este é um projeto
mais individual, não pretendo ter membros, exceto um vocalista da qual já
encontrei e já estamos gravando umas linhas de vocais em cima do que já
tenho pronto, a bateria estou fazendo programada, mesmo, já que é difícil
encontrar um bom baterista e os poucos que tem, dificilmente irão se
comprometer com algo sério. Por ser um projeto meu, não quero ter
problemas com terceiros, como ter que ficar cobrando uma certa dedicação,
pois tenho capacidade para fazer todos os instrumentos sozinha , sem
precisar depender de ninguém. Mais informações sobre o projeto estão
disponíveis em
www.myspace.com/doctorsofdeath666, inclusive alguns previews de coisas
que gravei em casa mesmo. Além deste projeto, o Count Imperium
também está trabalhando em um outro projeto da qual ele toca guitarra e
que leva o nome de Warhead, é um projeto voltado mais para o estilo
War Metal. Ao contrário do D.O.D., o projeto conta com uma
formação da qual não tenho participação, o site oficial do projeto é
www.warheadattack.com.
Rock On Stage: Que vocês são
praticantes de quimbanda, todo mundo já sabe. Gostaria que você falasse
até que ponto isso influi na banda, pois alguma pessoas acham que isso é
uma espécie de “marketing” da banda. Vocês já tiveram algum tipo de
problema com autoridades que são contra a ideologia da banda?
Lady Of Blood: Antes mesmo do
Ocultan existir, seu fundador, Count Imperium, já era
praticante e após montar a banda ele achou interessante mesclar seus
ideais com o estilo já que é uma ideologia obscura e tem haver com a
proposta ideológica geral do Black Metal. Na prática, nunca tivemos
problemas com autoridades, no entanto, em um evento aqui em SP, dias antes
do show, enviaram para a casa onde tocamos um espécie de notificação
dizendo que haveria uma supervisão na hora do nosso show já que, segundo a
notificação, éramos uma banda extremamente violenta ( risos ).
Percebemos que na hora do show havia uns 2 policiais à paisana com
camisetas de bandas de “rock” ( mais risos ) ... Pelo menos
eles puderam comprovar que somos apenas uma banda de Black Metal, que
prega um ideal, não mal elementos por conta de uma ideologia mal
interpretada.
O que ainda
existe é um certo preconceito por parte de poucas pessoas, já que a
maioria abriram a cabeça e creio que passaram a estudar certos assuntos
antes de tirar conclusões. O problema é que aqueles que criticam não
procuram estudar para obter um certo conhecimento antes de dizer o que
acham, para as pessoas é mais fácil criticar do que se dar ao trabalho de
gastar horas lendo para chegar a conclusões,independente de gostar ou não,
muitos brasileiros são burros e preguiçosos, só sabem abrir a boca pra
dizer asneiras, não quero dizer que todos tenham que concordar com nossa
ideologia, pelo contrário, que critique, mas desde que tenha fundamentos e
fontes pra isso, a verdade é que muitas pessoas que estão dentro do
cenário não sabem nem o que significa um pentagrama ou Baphomet...
Usam simbologias como essas e simplesmente dizem que é do demônio,
criticam o cristianismo sem ao menos saber o que estão criticando, mas
cadê a base de conhecimento? Primeiro temos que ter uma base de tudo para
depois formar um conceito em cima daquilo que para nós é mais sensato.
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Rock On Stage: Mesmo tendo
enorme uma legião de fãs e um grande nome na cena, não é muito comum
ver shows do Ocultan com tanta regularidade. Que tipo de problemas
vocês encontram na hora de agendar shows da banda?
Lady Of Blood: Talvez o que está faltando é uma atenção maior com
bandas daqui, o que acontece é que muitas bandas se sujeitam demais
por pouca coisa, conseqüentemente a maioria dos produtores ficam mal
acostumados e quando chega a vez de bandas como nós, estes produtores
não estão dispostos à custear o mínimo necessário para realizar seus
eventos.
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Quando vem bandas
de fora, alguns produtores só faltam abaixar as calças, óbvio que muitas
bandas que já vieram pro Brasil tem um grande público e é retorno
garantido para a produção, por outro lado, já vieram bandas que tem menos
público que bandas nacionais e foram bem melhor tratadas e valorizadas que
bandas daqui. Está na hora dos produtores voltarem sua atenção para o
nosso cenário e dar mais valor para as bandas que merecem. Não somos o
tipo de banda que exige demais, talvez as pessoas pensem que não tocamos
freqüentemente por termos uma enorme lista de exigências ( risos ),
na verdade apenas exigimos transporte, alimentação, local para descanso e
uma pequena ajuda de custo, já que existe um gasto desde a locomoção de
sua casa até o local do show. Hoje estamos num patamar da qual não devemos
tirar dinheiro do bolso para tocar em hipótese alguma. A banda existe há
14 anos e no decorrer dessa longa trajetória, investimos muito tempo e
dinheiro para que a banda não parasse, nada mais justo que um produtor de
show oferecer o pouco que a banda exige, já que ninguém organiza show
comunitário, existe um gasto, mas com certeza um bom retorno por conta da
bilheteria.
Rock On Stage: Outra coisa que
é estranho, é que mesmo tendo tocado em um grande evento como o Brasil
Metal Union, o Ocultan nunca participa de eventos como o Setembro Negro e
o Extreme Metal Fest . Vocês chegaram a ser convidados alguma vez ?
Lady Of Blood:Tocamos apenas em um evento produzido pela Tumba
em 2003, com o Marduk, por sorte ainda participamos desse
evento, pois houveram muitas desavenças para que nossa participação fosse
confirmada, e foi decidido que o Ocultan iria tocar poucos dias
antes do show, por conta disso nem nosso logo esteve presente nos
cartazes. O evento foi organizado em parceria com a Hellion
e pelo que ficamos sabendo na época, a Tumba queria que
participássemos e a Hellion não, por conta de alguns boatos.
Fora esse evento, sinceramente não sei o que as pessoas tem contra o
Ocultan, sempre procuramos a Tumba para participar de seus
eventos e o que sempre ouvíamos, era que eles iriam verificar quais seriam
seus próximos eventos e que logo seriámos convidados, no entanto nunca
ninguém nos procurou.
Ano retrasado,
houve uma conversa com o próprio Edu pessoalmente, do qual nos
disse que já estávamos confirmado para o Setembro Negro 2006,
meses depois, vimos numa revista o anúncio do evento, sem nada do
Ocultan. Para nós foi uma grande decepção, já que ele havia nos dado
sua palavra de que tocaríamos e no entanto “deu bola na trave”
segundo suas próprias palavras. Acredito que jogo limpo deve permanecer
acima de tudo, se a produtora tem algo contra a gente ou não quer ver o
Ocultan em seus eventos, não nos importaremos se nos disser, pois a
partir do momento que as pessoas são sinceras conosco, com certeza não
haverá rancor de nossa parte, o que nos incomodava era essa incerteza e
promessas que nunca se cumpriram. Acredito que as pessoas passaram a
perceber certas coisas pois vocês não são os primeiros à questionarem
isso e muitas pessoas também nos mandam e-mails perguntando o porque de
não participarmos dos eventos da Tumba.
Rock On Stage: Quais são os
próximos passos do Ocultan ?
Lady Of Blood: Antes de mais nada, pretendemos divulgar bem o
Regnum Infernalis, o qual tem sido um ponto de partida para uma
nova fase da banda, pretendemos também agendar alguns shows pelo Brasil
para promover esse trabalho. Sobre futuros lançamentos, já comecei
trabalhar em novas composições, basicamente estou seguindo a linha de
Regnum Infernalis.Quero também explorar algo novo, porém algo
que fique dentro do conceito do último trabalho. Ano que vem ( 2008
) está tudo certo para algo muito bom para o Ocultan, porém prefiro
não dizer nada por enquanto pois é cedo demais e até lá muitas coisas
podem acontecer.
Rock On Stage: Para finalizar,
o que você acha do Black Metal ter sido banalizado recentemente, quando
usaram o visual 'corpse paint' num 'desfile de moda' na “Fashion Week” ? O
que mais falta esse povo inventar ?
Lady Of Blood: Depois de inventarem o UnBlack Metal, já não espero
mais nada... Black Metal é um estilo que não envolve apenas a música em
si, existe todo um conceito ideológico por trás de tudo...
Descordo que o
estilo deva ser exposto de tal maneira a banalizar de vez o que o mesmo
prega, pois muitas pessoas envolvidas com, pelo menos, Rock´n´Roll, após
verem aquilo levam mais a crer que o estilo nada mais é que música, que se
a ideologia fosse algo sério, o estilo não seria exposto em uma passarela.
O que as pessoas envolvidas com outras vertentes precisam enxergar é que
a ideologia do estilo é séria, não puro marketing, por outro lado, aqueles
que não conhecem o estilo com certeza ficaram espantados e sem dúvidas
aquele não é o público correto para tal exposição, lógico que deve haver
uma certa quebra de preconceito em torno do estilo e sua ideologia, mas
com certeza esse não é o caminho certo. Quebrar preconceitos é mostrar
para as pessoas, das quais envolvidas com outras vertentes do Metal, que
Black Metal é um dos estilos mais ricos em cultura, não se resume apenas a
um monte de retardado que louva o capeta, faz barulho e usa a cara pintada
para se mostrar mal. Mas não precisamos quebrar o preconceito da sociedade
em geral, que pensam que até a Xuxa tem pacto com o demônio e que
Hitler era o anticristo...
A verdadeira
ideologia do Black Metal é muito diferente do satanismo criado pelos
cristãos. Pra que tentar quebrar preconceitos vindo daqueles que jamais
entenderão nossa ideologia? Apesar do Black Metal estar no auge do
modismo, isso não quer dizer que deva estar exposto em desfiles de moda,
apesar que ao mesmo tempo, acontecimentos como este retratam bem o que é
boa parte do estilo hoje. Mas o que podemos fazer se os próprios culpados
por essa extra exposição são as próprias bandas de Black Metal, que
fizeram com que certos acontecimentos fossem parar em canais de TV, rádios
e revistas não especializadas em Rock e Metal, a partir daí não podemos
reclamar de nada que venha a acontecer....
Por Luciano Alemão
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