O Uganga está completando 15 anos de thrash metal e hardcore, além de hip-hop e dub. Neste ano de 2010, eles lançaram o seu terceiro álbum
Vol. 3: Caos, Carma, Conceito. Para falar deste lançamento e de outros temas como o nome da banda, as participações no disco, as gravações com Harri Johns, a tour
europeia, a distribuição do cd e até do lendário
Sarcófago, o Fernando R. R. Júnior conversou com Manu "Joker", Ras, Thiago, Christian e Marco por e-mail em maio de 2010. Confira abaixo o papo:
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Rock On Stage: Quando que você
teve a ideia de montar o UGanga e de onde surgiu o nome Uganga?
Manu “Joker”: Comecei a banda junto com um amigo chamado Leospa
em 93. Até 97 era só um projeto paralelo, já que ambos tocávamos também no
NUTS , mas desse ano pra frente passou a ser nossa prioridade. O nome
inicial era Ganga Zumba, porém, tinha outra banda com esse nome e
mudamos para algo parecido pois já tínhamos uma boa divulgação até então.
“Ganga” é o nome da deusa do Rio Ganges na Índia, mas descobri
isso bem depois da banda ser batizada ( risos ).
Rock On Stage: Quando escrevi a
resenha do álbum, eu considerei que existiam três atos interligados entre
si, Caos, Carma e o Conceito. A ideia foi esta mesmo e o que cada parte
significa?
Manu “Joker”: Três palavras fortes e totalmente interligadas, em
especial nos dias de hoje. Quando pensei nesse nome tinha várias coisas na
cabeça mas tenho certeza que cada um na banda tem uma visão sobre esse tema,
assim como as pessoas que curtem o Uganga também tem sua própria
interpretação, e a ideia é essa mesmo.
Rock On Stage: Neste Vol3: Caos,
Carma e Conceito, a banda exibe letras com reflexões filosóficas, como foi o
processo de composição do cd?
Manu “Joker”: No que diz respeito as letras eu sempre me influencio
pelo que me cerca, pelo que está acontecendo na minha vida naquele momento,
mas também sou um observador do que está a minha volta de uma maneira geral.
Basicamente falo do que acredito e somente na faixa “O Primeiro Inquilino”
fui pro lado da ficção.
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Rock On Stage: Como foi o
contato e como foi trabalhar com Harri Johns? No que a masterização de um
produtor que já trabalhou com Kreator, Helloween, Voivod, Sodom e tantos
outros acrescentou ao trabalho do Uganga? Ras: Bom, o contato foi feito através do
Eliton Tomasi ( empresário do Uganga ) que fez toda a conexão e o trampo desenrolou de
uma forma simples. Mandamos o disco mixado e o Harris retornava com
algumas opções de masterização, depois discutíamos entre a banda qual seria
melhor, tudo bem tranquilo. O lance de trabalhar com um produtor desse porte
é justamente a bagagem que o cara trás consigo, ele conseguiu fazer com que
o disco soasse como uma coisa só.. Um bloco sonoro, que era exatamente o que
a gente procurava.
Christian: Trabalhar com ele
foi essencial para o resultado final do disco. Alguns sons que ainda não nos
agradavam ficaram bons demais depois que passaram por ele, isso sem falar na
honra, o cara fez vários discos fudidos!
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Manu “Joker”: Com certeza! O
Cara se envolveu em discos clássico como o Killing Technology
do VoiVod, num momento onde a banda estava numa fase bem legal,
rompendo barreiras. Sem falar outros trampos que fez com Celtic Frost,
Cro-Mags, Sepultura. O Riti ( Santiago,
co-produtor do cd ) tem um mérito fudido nesse trabalho e o Harris
foi a cereja do sorvete ( risos ). O trabalho dos dois somado a uma
pré-produção bem feita geraram o resultado final.
Rock On Stage: O cd é em
digipack, com um pôster, letras e faixa multimídia, quando vocês pensaram
nisso tudo a ideia era ter mais atrativos para que os fãs escolhessem ter o
cd em formato físico e não simplesmente copiá-lo da Internet?
Marco: Com certeza esse foi um dos motivos. Nós sempre curtimos o
material físico, ter a parada com encarte, com a capinha, ao invés de apenas
ter as músicas em mp3. Sabemos que muita gente não compra CDs hoje em dia e
por isso fazer um material mais bem acabado com certeza pode ajudar nesse
aspecto. Outro motivo foi por acreditarmos muito nesse nosso terceiro
trabalho, achamos de verdade que esta é a melhor fase da banda, que o som
está com uma identidade foda, as músicas nos agradam muito e nada mais justo
que fazer a parte visual à altura da parte sonora. Até agora grande parte
das resenhas (
leia matéria ) tem destacado a parte visual do
material e isso é muito massa. Um atrativo a mais pras pessoas se
interessarem em comprar o cd, em ter o material físico em mãos.
Rock On Stage: Como tem sido a
recepção da crítica, tanto a brasileira quanto a internacional e também dos
fãs com relação à este cd Vol3: Caos, Carma e Conceito?
Marco: Muito boa cara! Até agora felizmente só houveram críticas
positivas. Por sermos uma banda que misturas várias influências, acabamos
não agradando os mais puristas mas mesmo nas mídias mais voltadas a um
estilo específico as críticas tem sido muito boas. E o legal é que nesse
disco o pessoal está vendo claramente que nossas principais influências são
o Thrash Metal e o Hardcore, somadas a uma pitada de groove do Dub e Hip Hop,
e não apenas nos definindo como uma mistura de tudo isso como já rolou em
outras épocas. A banda atingiu uma maturidade, conquistou uma identidade
sonora própria e as pessoas estão vendo isso.
Rock On Stage: Como foi a
participação do DJ Vouglas “Eremita” na faixa Iso 666? Além dele, outros
grandes nomes como Panda Reis ( Oligarquia ), Fábio Jhasko ( ex-Sarcófago )
participaram do cd, como rolaram as participações e o que cada músico
agregou ao cd? Manu “Joker”: O Eremita é parceiro da banda desde o primeiro
cd, sempre somou com a gente e detona nas pick-ups. Quando o Nenê (
antigo DJ ) saiu da banda ele foi opção certa, mas como tem seu
trampo solo como prioridade optamos por ficarmos em quinteto e trabalharmos
com ele em estúdio e na estrada como um músico convidado. Ele na verdade
participa de outras faixas como “Milenar”, “Meus Velhos Olhos de
Enxergar o Mal” e "Encruzilhada". Todos os convidados são amigos
e foi uma honra tê-los no cd.
Ras: As participações de outros
artistas nos discos do Uganga já rolam há um bom tempo e acho que o
melhor disso tudo são as influências que esses artistas, na maioria de
outras vertentes da música, trazem para o nosso som seja numa letra, num
arranjo ou em um backing vocals.
Rock On Stage: Na capa temos uma ótima arte do baterista da banda
Marco Paulo, e pelo jeito ela representa a letra de O Primeiro Inquilino?
Quais os temas por trás desta letra?
Manu “Joker”: Acho que as ideias da capa e do “Inquilino”
nasceram separadas e se encontraram num determinado momento. Eu estava
criando a letra e o Marco a arte do cd, e a medida que íamos
mostrando partes do trabalho um para o outro iam aparecendo similaridades,
ideias.
Marco: Essa arte foi se
desenvolvendo através de muita conversa entre a banda, principalmente entre
eu e o Manu e a ligação com a letra do “Inquilino” acabou
sendo algo natural, que não foi planejado. O principal ao criar essa arte foi tentar fugir um pouco do padrão de capas de som pesado que andam
rolando atualmente, queríamos algo diferente, uma proposta nova e eu, assim
como todos da banda, ficamos muito felizes com o resultado.
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Manu Joker |
Marco |
Rock On Stage: Aliás, ainda na parte lírica, temos bastante temas
criticando a sociedade, vocês imaginam que o espaço que uma banda alcança é
uma boa forma de exibir muitos problemas?
Manu “Joker”: Estamos todos putos com a forma como o mundo caminha,
tem muita coisa que nos revolta e isso se reflete nas letras. Mas não somos
de criticar somente, colocamos a cabeça pra funcionar.
Marco: Com certeza é uma boa
forma de expor nossas ideias, nossa opiniões e mostrar ás pessoas o que
achamos que está certo e o que está errado. Não queremos ensinar nada a
ninguém, nem ser os donos da verdade, apenas falamos o que achamos e o que
acreditamos. O mundo atualmente está um caos, muita coisa errada e as letras
das músicas acabam sendo uma ótima forma de jogar alguns assuntos em questão
para que as pessoas reflitam.
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Rock On Stage: Em 2010 a banda
anunciou sua primeira tour europeia, quais as expectativas do Uganga? E
falando em shows, como tem sido a recepção dos fãs nos shows aqui no Brasil?
Christian: A recepção tem sido ótima em todos os shows independente
do local, com várias pessoas cantando os sons e chamando pelo nome da banda
como foi em Cuiabá/MT, por exemplo. Sempre depois dos shows, a galera cola
com a gente para conhecer, elogiar o som, e isso está sendo muito loco. A
gente espera que lá fora seja assim também e por isso estamos nos preparando
bem para fazer ótimos shows lá. Queremos voltar outras vezes com certeza.
Thiago: Primeiramente,
é uma honra poder mostrar nessa tour o fruto de todo o esforço e
dedicação que tivemos na produção do “Vol.3...” e
representar lá fora o som do Brasil e, mais especificamente do nosso
Triângulo Mineiro. As expectativas são com certeza as melhores,
trabalhamos duro e com seriedade para conseguirmos a oportunidade de
realizar essa tour de divulgação, e ainda conhecer o velho mundo
fazendo o som que gostamos e acreditamos.
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Christian |
Em relação
aos shows, ficamos surpresos com o feedback do público, o número de
pessoas acompanhando e cantando as músicas vem sempre crescendo o
que mostra que estamos trilhando o caminho certo.
Rock On Stage: Além da
distribuição do cd pela Free Mind Records, Goma Discos e Incêndio Discos, o
Uganga recentemente assinou com a gravadora portuguesa Metal Soldiers, de
que forma essa distribuição internacional ajudará no crescimento da banda?
Manu “Joker”: O legal é que será possível achar nosso cd num mercado
mais favorável como o europeu. A Metal Soldiers é uma
gravadora pequena, mas muito séria, acho que eles vão nos ajudar a começar
uma base na Europa. Algo para colher frutos no futuro. Estamos negociando
para distribuir o cd também na América Latina e creio que logo teremos
novidades.
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Thiago |
Ras |
Rock On Stage: Para o futuro, a tendência é de após a tour europeia
lançarem um DVD ao vivo, conforme era o plano durante as gravações
do Vol3: Caos Carma Conceito? Marco: Sim, inicialmente
esse DVD sairia com o “Vol. 3” mas achamos melhor
esperar e lançar o material com a tour desse novo cd, que em nossa
opinião mostra a melhor fase da banda. Nosso plano é lançar o DVD
com um show na íntegra filmado no Brasil e também uma cobertura
geral da tour na Europa, que vai rolar em Setembro, além de extras,
clips, entrevistas... Ainda não temos uma data definida para esse
lançamento, mas já estamos correndo atrás dos recursos para colocar
o projeto em prática e em breve divulgaremos mais informações.
Ras: A ideia é captar
imagens durante a tour de divulgação do disco novo no Brasil e na
Europa e em seguida fazer um show para captação do DVD viabilizado
por Lei Estadual de incentivo a Cultura.O projeto já foi
aprovado e agora estamos na fase de captação de verba junto a
empresas.
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Rock On Stage: Manu, quais as
diferenças que você aponta na cena dos anos 80 e 90 para o atual momento?
Manu “Joker”: Várias, porém, a essência é a mesma. Acho que hoje em
dia o lance está um pouco frio, muita competição entre bandas, estilos
musicais etc... O cd está indo pro saco e naquela época o vinil era a bola
da vez, mas acredito em sempre viver o momento, sem ficar de saudosismo.
Estive nos anos oitenta tocando em bandas e foi muito legal. Estou aqui hoje
fazendo o mesmo e ainda é muito bom ( risos )!
Rock On Stage: Você acha que um
dia voltará a se apresentar com o Sarcófago?
Manu“Joker”: Talvez no futuro, mas se rolar será algo mais
esporádico. Acredito que uma hora ou outra rolará alguma coisa e se
precisarem de mim estarei lá, mas minha prioridade é o Uganga.
Rock On Stage: E quando você
sentiu que estava pronto para realizar a guinada musical que foi do
Sarcófago ( death metal ) para o Uganga ( que é metal com hardcore e dub )?
Manu“Joker”: Foi natural, comecei no Angel Butcher que era
crossover, depois toquei no Sarcófago, Nuts que era mais
thrashfunk na linha Mordred e finalmente o Uganga. Sempre tive
várias influências e procurei aprender ao máximo com todas as bandas pelas
quais passei.
Rock On Stage: Agradeço pela
entrevista e deixo o espaço livre para suas considerações finais. Ras :
Paz! Marco: Valeu a força! E não deixem de conhecer nosso som:
www.myspace.com/uganga
Thiago: Jah Bless! Manu “Joker”: Esperamos vê-los na estrada!
Christian: Quem não conhece a banda está convidado a dar uma ouvida
no som !!! Valeu!!!
Por Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Eliton Tomasi
Junho/2010
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