"YOU WANTED THE BEST, YOU GOT THE BEST!"
Parte 1 

 

      A trajetória dessa que é uma das maiores bandas de Rock and Roll do planeta, o KISS claro, começou em 25 de agosto de 1949 lá no oriente médio, mas precisamente em Haifa ( Israel ) com o nascimento de Chaim Witz que na época da Segunda Guerra precisou sair de lá fugido juntamente com a sua mãe, vindo parar na América, onde mudou seu nome para Eugene Klein. Na Nova York dos anos 60 ele conheceu os Beatles quando vieram tomar de assalto a "Terra do Tio Sam" através do programa do Ed Sullivan, e, conseqüentemente conhecera então o ROCK AND ROLL!

     No fim dos anos 60, Eugene era professor primário de Inglês e músico amador que já havia tocado em algumas bandas sem expressão alguma, como Long Island Sounds, Rising Sun, Bullfrog Bheer entre outras, mas, foi numa banda formada ao lado de seu amigo Steve Coronel que a coisa começou a acontecer. O nome dessa banda era Rainbow ( não confundir com a maravilhosa criação de Ritchie Blackmore ), para onde Steve trouxe um guitarrista/cantor chamado Stanley Harvey Eisen ( nascido em 20 de janeiro de 1952 em NY ), um taxista que sonhava em ser RockStar! Logo de cara, Eugene e Stanley não se simpatizaram, ( diz a lenda que Gene tratou Stanley com arrogância extrema, menosprezando o talento do jovem cantor...) mas o tempo se encarregou disso. Com o tempo, Eugene e Stanley mudam o nome da banda para Wicked Lester e assinam um contrato de gravação de um LP com a Epic Rec., LP esse nunca lançado até hoje! Depois dessa decepção, Gene e Stanley resolvem mudar tudo, primeiro foram os nomes, Eugene virou Gene Simmons e Stanley agora era Paul Stanley e queriam criar não uma banda, mas  a banda

     Para isso colocaram um anúncio procurando "um baterista que faça de tudo para se dar bem na vida"...veio então um tal de Peter Criscoula III ( nascido no Brooklyn/NY em 20 de dezembro de 1947 ) que era baterista profissional a mais ou menos 13 anos. Quando ele chegou, Gene logo de cara notou a sua elegância peculiar na maneira de se vestir e lhe mandou uma pergunta: "Se num show, a gente lhe pedir pra ir fantasiado de mulher você vai?" A resposta de Peter foi afirmativa, o que lhe valeu a entrada na banda. Peter já tinha feito parte das bandas The Barracudas, Lips e Chelsea, com a qual ele gravou um LP. Paul Stanley tinha uma bela voz, cantava pra cacete, escrevia divinamente e fazia uma base legal na guitarra mas tinha um probleminha fatal, não sabia solar. Foi preciso colocar um outro anúncio no jornal a procura de um guitarrista estiloso e que tivesse o dom dos solos. Dezenas de guitarristas surgiram no dia do teste, inclusive um exímio carequinha chamado Bob Kulick ( que entraria na vida do KISS futuramente ), mas, bem na hora de seu teste um carinha folgado, descabelado, de calças rasgadas e com um tênis de cada cor entrou furando a enorme fila e atrapalhando o teste de Bob, esse cara, que Gene acharia que era um mendigo se não empunhasse uma guitarra era conhecido entre os "barra-pesadas" como Ace, que foi obrigado a ir para o fim da fila e esperar a sua vez. 

   Na sua vez, ligou a guitarra e calou a boca de todos os presentes! Estava na banda! Ace nasceu Paul Daniel Frehley no bairro "casca-grossa" novaiorquino do Bronx em 27 de abril de 1951. Já tinha sido traficante, caminhoneiro e até fez parte de uma gangue que tinha membros "futuramente" ilustres como Blackie Lawles que fundaria o W.A.S.P. e um tal de Jay Jay French que seria o criador do Twisted Sister. Faltava um nome e um direcionamento, o nome, por Gene, seria FUCK e o primeiro disco chamaria "You", mas Stanley era demasiado educado para aceitar tal sandice e ao dirigir pelo centro de NY com Gene, Peter e Ace se depararam com um Concurso de Beijo, aí, como num estalar de dedos propôs o nome de KISS, era sexy, provocante e de fácil memorização, todos toparam. O visual era uma antiga vontade de Gene, loucura total, chamar a atenção do povo pela bizarrice explícita, pois como ele diria num futuro próximo : "Se um Alice Cooper faz sucesso, quatro fariam quatro vezes mais sucesso!" A partir de então cada um se maquiaria de acordo com a sua personalidade. Gene se transformaria em "The Demon", com uma temática de filmes B de terror, Paul Stanley, a princípio teria uma make-up chamada "The Bandit" que consistia num tipo de máscara em volta dos olhos que duraria apenas uma sessão de fotos, logo adotaria apenas uma estrela no olho direito, expressando a sua vontade se ser 'Star' e sua boca vermelha representaria o 'Beijo Apaixonante', sendo assim, "The Starchild". Ace agora era "Space-Ace" um ser alienígena vindo do planeta Jendell numa galáxia musical distante da nossa compreensão e Peter, fissurado por felinos, era "The Catman" com uma maquiagem que representava um gato. O KISS era então, Gene "The Demon" Simmons ( vocal/baixo ), Paul "Starchild" Stanley ( vocal/ guitarra ), "Space" Ace Frehley ( guitarra ) e Peter "Catman" Criss ( bateria/vocal )!

     Com o tempo o visual da banda foi evoluindo até chegar nessa "putaria/sadomasô visual" a qual estamos acostumados hoje! Botas plataformas de 15cm, a língua descomunal do Gene, cabelos desgrenhados, roupas provocantes e afins... Em 1973 na cidade de Nova York rolaria o primeiro show do KISS de grande porte, foi uma trabalheira só pra chamar a atenção da mídia vigente e os agentes de gravadoras, mas valeu a pena, sente só: camisetas exclusivas em todos os assentos da primeira fila, essa camiseta vinha em um portfólio com release e tudo o mais; a abertura do show foi feita por uma banda de grande fama na época, The Brats, convites vips pra toda imprensa e todos os escritórios de empresariamento da região, e pra completar, sem grana nenhuma em caixa alugaram uma limousine preta enorme para levá-los até o hotel Diplomat, onde rolou o show!

     Dezenas de jornalistas e produtores apareceram para ver a festa dos desconhecidos...entre eles um cara chamado Neil Bogart, dono do selo recém-inaugurado Casablanca Rec. que procurava uma atração de peso para divulgar o selo, rolou um contrato e em 73 mesmo gravaram o primeiro disco, "Kiss" que sai em 74 com uma capa chupada do "Meet the Beatles" dos Fab-Four de Liverpool. O disco trazia petardos absolutos como "Deuce", "Strutter" e "Black Diamond" com o batera Peter Criss no vocal, mas o disco encalhou. O esquema era gravar outro no mesmo ano, "Hotter Than Hell"  trazia caracteres japoneses na capa, uma falsa alusão de que eles eram famosos na terra do sol nascente, também não deu certo, os show rolavam bem e cheios, mas resolvem soltar mais um disco em 75 chamado "Dressed To Kill"com uma capa inusitada, a banda literalmente estava "vestida para matar", só que era de rir, trajados em paletós ( o do Gene era mais curto que o usual ) e maquiados no centro de NY, esse disco trouxe o hino "Rock and Roll All Nite".

  A gravadora gastava 'pra caramba' em divulgação e marketing com o KISS e o retorno era aquém do esperado, aí, apelaram, resolveram dar o tiro de misericórdia: como o KISS era famoso pelos shows ao vivo, lançaram um disco ao vivo chamado "Alive!" que salvou a gravadora e o KISS, a grana começou a aparecer o surgiu o KISS ARMY, um fã clube, hoje mundial que mantém o KISS nas alturas. É considerado o maior fã-clube do mundo! E segue até hoje uma "lenda urbana" que relata sobre o KISS ARMY ter em caixa uma fortuna imensurável ( resultado da gigantesca venda de quinquilharias com a marca do clube ) que, quando os membros da banda morrerem essa fortuna será distribuída à todos os fãs através do mundo, claro que é pura balela, mas... se tratando de KISS... nada é impossível!

     "Alive!" chega a alcançar o 9º lugar da Billboard e recebeu 3 discos de platina e um de ouro, também, além do KISS ter se tornado "A Banda Mais Quente do Mundo Ao Vivo!", esse play foi produzido por Eddie Kramer, famoso por ter produzido Led Zeppelin  e Jimi Hendrix, entre outros. Mesmo com a grana surgindo, o KISS não lançava mão de seus truques de palco, como usar um monte de caixas de madeiras ocas com frente de amplificadores, criando assim uma "falsa parede de Marshall's" em cima do palco na hora do show!

    Com 4 discos lançados num prazo de 2 anos e a grana entrando a rodo, a Casablanca tava longe da falência graças ao KISS, sendo assim contratam o renomado produtor Bob Ezrin (trabalhou com Alice Cooper, Pink Floyd, etc...) para produzir o próximo disco do KISS, que prometia ser o melhor de todos, e não decepcionou. Em 15 de março de 76 surgia à luz do dia "Destroyer", o disco que trazia 6 clássicos entre 9 faixas, entre elas a que levou o KISS às rádios do mundo todo, "Beth", uma baladona pianística cantada e escrita pelo batera Peter Criss que, segundo consta, a banda relegou-a a lado B do single "Detroit Rock City", pois não tinha nada a ver com a proposta da banda, mas, um dia um disc-jockey de uma rádio errou ao colocar o disco e ao invés de colocar "Detroit Rock City" no ar, tocou "Beth". A surpresa disso foi que todo mundo queria ouví-la de novo e de novo transformando o KISS na banda da vez e rendendo a eles mais 3 discos de platina!

    Em 1976 o KISS era a maior banda de rock and roll do planeta, nem o Led batia eles...os palcos eram imensuráveis, Gene Simmons vomitava sangue, cuspia fogo, Ace fazia sua guitarra se incendiar na hora de seu solo particular soltando vários mísseis ao final do ato e a bateria de Peter levitava a 8 metros de altura no final do show, entre tantas outras loucuras imbatíveis que só o KISS poderia oferecer! 1 milhão de discos já haviam sido vendidos, 15 mil fãs era a média dos shows, sucesso total no Japão, o que rendeu o lançamento duma caixa reunindo os 3 primeiros discos chamado "The Originals", mas só por lá. É nessa época que firmam parceria com o produtor Bill Alcoin e lançam o play "Rock And Roll Over" em 11 de novembro, com mais uma pancada de hits e uma capa, que pode ser considerada a mais maravilhosa até então ( foi usada no chão do palco do MTV Unplugged em 95 ). Eles já comercializavam de tudo, lancheiras, bottoms, bonecos, máquinas de fliperama, revistas em quadrinhos da Marvel onde eles eram super-heróis e que, foi lançada em 78 uma edição a qual as primeiras 300 cópias traziam o sangue dos 4 misturado na tinta da impressão, isso é fato, pois foi documentado em vídeo e tudo!

   Em 77 vinha mais um discasso chamado "Love Gun" que, entre os hits, tinha um som chamado "Shock Me" que era cantado pelo guitarrista Ace Frehley, pela primeira vez atuando como vocalista. A repercussão foi tão boa que desde então Ace sempre cantou pelo menos uma música nos discos seguintes do KISS, inclusive nesta época Ace e Peter estavam de saco cheio de serem sufocados pela dupla Simmons/Stanley que resolveram cada um gravar um disco solo, e, de comum acordo entre os 4 cada um gravaria um solo para não dar problema! Enquanto eles gravavam seus solos, saía o segundo ao vivo "Alive II" que ( na época do vinil) sendo duplo, trazia os 3 primeiros lados ao vivo, e o lado B do disco II era completo por músicas inéditas de estúdio, eram elas 2 cantadas por Paul Stanley: "All American Man" e o cover de Dave Clarck Five "Any Way You Want it" ( era para ser "Jailhouse Rock" de Elvis Presley, mas como ele morrera naquele ano, desistiram dela ), duas do Gene, "Larger Than Life" e "Rockinín The USA" e a única cantada e gravada por Ace "Rocket Ride" ( as outras faixas tiveram a guitarra gravada por Bob Kulick, lembram dele? ).

    Em 78 gravam um filme para a TV, com produção e roteiro pra lá de duvidosos, "KISS Meet the Phamton of the Park" se tornou cult por ser muito ruim, se você é daqueles que gosta de assistir "Sessão Corujão" na madrugada, talvez tenha a infelicidade de se deparar com essa tosqueira que só não é pior porquê tem uma versão de "Beth" tocada no filme ao som de um violão que ficou linda, mas é só! E foi nas gravações deste filme que as coisas começaram a piorar entre o Peter Criss e a banda. Logo no fim do ano sairiam os 4 discos solos ao mesmo tempo, o melhor sem dúvida foi o de Ace Frehley que mandou um Hard/Heavy na medida certa, destaques para "Rip it Out" e o cover de "New York Groove". O de Paul Stanley também é magnífico, bem próximo ao som do KISS, os de Gene Simmons ( com participação de Joey Perry do Aerosmith ) e de Peter Criss, esqueça!

     23 de maio de 1979 sai o primeiro disco da fase polêmico/decadente do KISS, "Dynasty" é um belo álbum sim, mas meio dançante, herança da disco (shit)music que imperava aqueles anos, "I Was Made For Lovin'You" é a culpada pela perda de muitos fãs radicais do KISS e também pelo surgimento de mais uma legião que os seguiria, uma música disco que colocou o KISS de volta às paradas de sucesso e fez parte da trilha do filme "mela-cueca" "Endeless Love". Um destaque legal desse disco é a versão que Ace fez e cantou de "2000 Man" dos Rolling Stones. A turnê de divulgação desse disco foi a primeira a dar prejuízo. Mesmo assim a banda não para de flertar com o pop, e em 80 ( já sem o batera Peter Criss que só apareceu na capa por motivos contratuais, quem gravou as baterias foi Anton Fig ) vem o disco "Unmasked" que tem uma capa bem legal, uma HQ contando uma pequena historinha do KISS! Esse disco tem músicas ótimas como "Shandi", "Is That You" e 3 cantadas pelo Ace, mas só recomendado para fanáticos! Se o KISS não mudasse agora, morreria na praia. A primeira mudança veio na bateria, com a saída de Peter, o KISS trouxe o desconhecido Paul Charles Caravello ( nascido em 12 de julho de 1953 em NY ) que adotou o pseudônimo de Eric Carr, "The Fox". Uma bela dica de aquisição para sua videoteca é a biografia visual "Tales of the Fox" que conta tudo sobre esse que é considerado até hoje o melhor baterista da KISS-tória!

 

Por Alexandre Wild Shark
 

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