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Com uma pegada Rock e Blues bastante forte e de ares sulistas ( Southern Rock ) devidamente contagiantes, a faixa título Terra em Transe abre o cd com Vander Bourbon soltando o vozeirão em uma canção de letra em português e longos solos de guitarras em que a força do Power Trio é colocada à prova e cumprida com louvor através de altas viagens eletrificadas. Em Segunda Feira, o Capitão Bourbon envia uma composição onde os metais contracenam com igualdade de importância com o ritmo pesado verificado no início da música, que em seu decorrer promove incursões psicodélicas e inesperadas modificações de andamento através de uma letra deveras motivadora lembrando o jeito de cantar do saudoso mestre Raul Seixas. Com os fortes toques feitos pelo baixista Edu Osmédio clamando por uma evidência maior, sentimos um chamado do estilo utilizado pelo The Doors, que está presente em Quebrar as Regras, pois, o Power Trio exibiu uma canção em que o Hammond tocado pelo baterista Uly Nogueira ambienta e potencializa os solos de guitarra, bem como os toques de bateria criando uma vibração mais Stoner.
Tal qual seu título, Blues Man é um Blues envolvente e repleto de voltagem a cada nota, que tem sua história cantada de forma suja e vibrante por Vander Bourbon, que basicamente sintetiza o que aconteceu com a maioria dos grandes nomes dos músicos do estilo norte-americanos tal qual uma breve biografia, que influenciaram ( e influenciam ) gerações. Aliás, a forma que os instrumentos 'conversam' entre si garantem a esta quarta música de Terra em Transe o status de uma das melhores do cd e que pode caminhar livremente por muitos minutos. Com o órgão novamente diante dos holofotes produzindo uma atmosfera setentista, O Preço da Loucura é para fechar os olhos e sentir sua ácida viagem em que o baterista Uly Nogueira comanda com seus toques a intensidade da canção, que é vocalizada com firmeza por Vander Bourbon. De alma puramente Rock'n'Roll, Ulisses Perdido é uma criação mais acelerada em que gosta-se logo em sua primeira audição, pois, é centrada no padrão dos anos 50 com letra simples, é de fácil assimilação, é divertida e conta com toda a garra da guitarra e da bateria expostas com muita eficiência pelos músicos do Capitão Bourbon, que os fãs do Made In Brazil sentirão a linhagem tipicamente paulistana em sua melodia e letra.
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Carandiru Blues alterna longos solos de guitarra e toques emocionantes no violão em um andamento vagaroso e entristecido narrando o sentimento dramático de um preso sofrendo na famosa prisão paulistana e clamando por um perdão de Deus. Um Blues neste nível é impossível não apreciar instantaneamente. A última do cd é a robusta e distante Sombras da Noite de linhagem mais Psicodélica e obviamente, um tanto que viajante, onde a junção da sua melodia com a sua letra seguem o estilo largado utilizado em seus solos de guitarra conferem a eletricidade necessária. Após o final existe uma versão de Não Fosse o Cabral do Raul Seixas ( versão dele para Slippin' and Slidin' do Little Richard, que faltou pouco para ser censurada ) mais 'acidificada' e tão relevante em sua letra quanto a sua gravação original, ainda mais se pensarmos no caso do ex-governador do Rio de Janeiro/RJ que está preso por tantas besteiras fez e tem o sobrenome Cabral...
O Capitão Bourbon trouxe no seu primeiro álbum de estúdio completo aquela energia contida no Blues, no Psicodelismo e no Rock'n'Roll nas movimentações e eletrificações que só acontecem com um Power Trio ( agora quarteto ), que desafiam seus limites e conseguem ir além. Neste Terra em Transe, eles não recriaram apenas o formato, mas souberam utilizá-lo com habilidade nestas onze marcantes composições. Para os fãs de nomes como Marcelo Nova, Raul Seixas, Made In Brazil e Golpe de Estado, podem ouvirem sem medo este disco e aguardarem pelos shows da banda e por um novo álbum. Inclusive, eles são responsáveis pela Jardim Psicodélico Produções e realizam festivais como o Nome A Idade Da Terra em Transe na Vídeo Clube Charada, Doces Tardes De Domingo no Komb Bar Z/L, Festival Mosca Branca no Menino Muquito Bar, Festival Ervilha da Fantasia no Rock And Blues Bar levando muitos artistas plásticos e músicos a mostrarem seus trabalhos na cidade de São Paulo comprovando que o Rock'n'Roll brazuka vai muito bem, obrigado, só falta o público conhecer mais e consumir as ótimas bandas que temos por aqui.
Nota: 10,0.Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2019
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