Marcelo Niero - Apocalipse
 10 Faixas - Independente - 2016

    Conhecido por conta de seus trabalhos ao lado da banda soteropolitana Scarabeus, que lançou os álbuns Escaravelho Metálico e Nenhum Paraíso Te Espera ( leia resenha ) e por atuar no comando das baquetas do Barbaria, o meu amigo e pinhalense Marcelo Niero disponibilizou de forma independente o seu primeiro trabalho solo com o título de Apocalipse em julho de 2016, o qual pude acompanhar seu show de lançamento aqui no nono Garagem do Rock de Espírito Santo do Pinhal/SP ( relembre como foi ) ao lado do renomado produtor e exímio baixista Joel Moncorvo e do excelente guitarrista Guilherme Zucherato do Bandog.

    Algumas músicas do álbum Apocalipse foram apresentadas ao público nesta data e foram muito bem recebidas, porém, nesta resenha saberemos mais detalhadamente porque desta aceitação. Embalado no formato de 'digipack', que sempre valoriza a aquisição física do trabalho, Apocalipse mostra em sua capa uma excelente foto de Marcelo Niero atrás de sua enorme bateria e foi baseada no conceito de Draco Louback ( vocalista do Barbaria ) e contou com a ajuda de JM Produções.

    As gravações do cd Apocalipse foram divididas em duas etapas, sendo a bateria registrada por Cássio Martins no Pro Studio em São Paulo/SP ( com exceção para as músicas "Gabriel" e "Hard Rock", que foram gravadas em Campinas/SP no Estúdio 601 por Victor Marcellus ) e a guitarra e também o baixo no JM Estúdio em Salvador/BA pelo mestre Joel Moncorvo, que assina também a produção, mixagem e masterização. Inclusive, nestes trabalhos estiveram ao lado de Marcelo Niero na bateria, Joel Moncorvo no baixo e Ricardo Caldas na guitarra, que juntos deram vida para as dez composições instrumentais de Apocalipse, sendo que cada uma delas tiveram o motivo de seu nome comentados pelo seu criador e desta maneira, vamos agora aos seus detalhes.

    Definida pelo próprio Marcelo Niero com a mais complexa música, a faixa título Apocalipse abre o cd com o baixo, a guitarra e a bateria dialogando entre si em uma linhagem robusta e técnica com várias 'paradinhas' e momentos que são mais acelerados e melodiosos flertando até mesmo com o Prog Metal, porém, sem esquecer da veia mais Rock do baterista em suas evoluções.

    Com um estilo mais rápido, onde a bateria vai atrás dos velozes toques do baixo empunhado por Joel Moncorvo em um ritmo contagiante, Alta Tensão contou com Marcelo Niero utilizando o seu pedal duplo e realizando ótimas mudanças ao acompanhar a praticamente implacável combinação, que percebemos no baixo e na guitarra, que estão sempre rápidos e detalhe, em uma música gostosa de se ouvir onde até dá vontade de sacudir o pescoço em sua audição, pois, aqui sentimos a magia do Heavy Metal aparecer.

    Dotada de uma pegada claramente mais Heavy Metal, que faz o baterista realizar um ótimo trabalho, Hodierno segue o cd por caminhos acelerados e com muita habilidade, especialmente, no que percebemos nas linhas de baixo feitas por Joel Moncorvo. Entretanto, é no solo mais calmo de guitarra feito por Ricardo Caldas, que aparecem algumas alterações mais significativas na bateria, particularmente no que se refere aos toques nos pratos.

    Referenciando o livro Bateria e Concepções - um outro lançamento de Marcelo Niero - e com produção do parceiro de longa data Joel Moncorvo, Pajé é uma música guarnecida de um ritmo acelerado em algumas partes, porém, com uma animada melodia, que atravessa variações rítmicas complexas e que se aproximam novamente a um Prog Metal ( dos rápidos ) com fatores que a tornam uma das minhas favoritas do cd, ouça e me fale se concorda. Balada de guitarra nós conhecemos e estamos acostumados a ouvir, mas, e de bateria? É isto que o trio nos oferece em Maria Rita, canção dedicada à esposa de Marcelo Niero, onde o baixo e a guitarra evoluem em crescentes positivos, que transmitem sentimentos de amor e paz para quem ouve a composição ( que recomendo que seja de olhos fechados para uma percepção maior ). Entretanto, temos alguns pontos mais Heavy, que servem para aumentar o sabor desta quinta canção de Apocalipse também são notados.

 

   Para Jornada notamos um andamento dotado de mais velocidade com os toques na bateria sincronizados aos de guitarra até que ecloda um momento quase Thrash e então, voltem ao seu jeito cheio de habilidade, onde os pratos foram muito utilizados junto a riffs mais melódicos na guitarra.

    Em No Groove tanto a guitarra de Ricardo Caldas quanto o baixo de Joel Moncorvo se evidenciam em mais outra canção deliciosa de se ouvir por conta de suavidade em que a bateria tocada por Marcelo Niero parece estar mais discreta, mas, repare bem e me fale. Com uma pegada denunciada pelo seu título, a oitava de Apocalipse é a Hard Rock e mostra o baterista exibindo uma de suas principais influências musicais realizando as tradicionais, conhecidas e esperadas viradas nos pontos corretos em uma bela harmonia de baixo e guitarra.

    Com linhas rápidas e homenageando o projeto Garagem do Rock de Espírito Santo do Pinhal/SP, a canção Garagem do Rock tem uma linhagem mais densa e envolvente em seu breve tempo no cd, que dá vontade de ouvir novamente. No encerramento de Apocalipse, Marcelo Niero presta uma outra homenagem, agora para seu afilhado Gabriel, que empresta seu nome para a composição Gabriel, que apresenta um andamento tranquilo, porém, encorpado, que atravessa melodias voltadas para um Rock Progressivo e que ficam enaltecidas com a presença dos belos toques de Bel Reis nos teclados em mais outro ponto para se apreciar de olhos fechados.

    Para quem não é acostumado com trabalhos instrumentais saiba que Apocalipse é um álbum muito agradável em suas melodias, habilmente construídas, que mesmo cravando a capacidade dos músicos envolvidos te faz passar pouco mais de trinta confortáveis minutos transitando por estilos musicais que crescemos ouvindo e que certamente desejamos curtir em discos assim. Parabéns Marcelão!!!
Nota: 9,0.

Sites: www.marceloniero.com.br e https://www.facebook.com/mnierodrums.

Por Fernando R. R. Júnior
Maio/2017

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