Shadowside - Theatre Of Shadows
 12 músicas - Seven Music
Universal Music - 2006

    Quando ouvimos um cd cuja vocalista é uma mulher, já fica a impressão que teremos uma banda que siga os moldes do Nightwish. Neste álbum do Shadowside encontramos exatamente o oposto disso, o que temos é um heavy metal puro. A formação da banda conta com a bela Dani Nolden, dotada de uma forte e poderosa voz, além dos vigorosos guitarristas Bill Shadow e Ricky Slater, e fechando o quinteto, a competente cozinha de Lucas de Santis no baixo e Fábio Buitvidas, na bateria.  

     O Shadowside teve sua origem na cidade litorânea de Santos/SP e  já está na ativa desde 2001. Após algum tempo de ensaios lançaram um EP auto-intitulado com seis músicas ( presentes aqui neste disco ) que levou a banda a ser conhecida no cenário nacional e abriu o campo para que fossem convidados a abrir os shows de bandas como Nightwish, Primal Fear e Shaaman.

     O álbum Theatre Of Shadows foi lançado no final de 2005, precisamente em dezembro e mostra uma alta qualidade e competência de uma banda coesa, em um som de muito heavy metal com uma mistura de Dio, Judas Priest e Helloween, além de algumas pitadas de hard rock e thrash metal. Esta ótima obra dos santistas contou com gente competente trabalhando ao lado deles, afinal Fábio Haddad assina a produção feita no LCM Studio em São Paulo/SP, Santiago Ferraz fez a mixagem ( lembrando que ele é responsável pelo trabalho do DVD de Paul McCartney e Silverchair ) e a masterização ficou a cargo de nada menos que Tommy Hansen ( que já trabalhou com o Helloween, TNT, Jorn Lande )  feita no Jailhouse Studio na Dinamarca.

    Nas doze músicas de Theathe Of Shadows, a abertura é feita pela excelente canção instrumental Enter The Shadowside, que é uma ótima introdução com influências de rock progressivo nos teclados de Dani Nolden ( além de compor as faixas,  é ela também comanda os teclados meus amigos e amigas ), que abrem espaço para veloz porrada Vampire Hunter ( que pode abrir os shows da banda com seu punch ), onde tenho que destacar os vocais rápidos e nervosos de Dani Nolden, além dos solos pesados e velozes da dupla Bill Shadow e Ricky Slater.    

    Guitarras pesadas e cadenciadas somadas a toques cheios de grooves na bateria de Fábio Buitvidas, marcam o início de Highlight, que possui melodias excelentes e um ótimo refrão. A seguinte é We Want A Miracle iniciada com um peso quase de thrash metal com a distorção de guitarra. Essa música Dani Nolden mostra uma grande versatilidade em sua voz alternando de grave para agudo com personalidade e novamente o refrão possui uma ótima melodia nos dizendo: “ nós precisamos de um milagre para viver num mundo perfeito, venha e pegue minha mão e nós ficaremos felizes...”  - letra simples, eficaz num heavy vigoroso e viajante.

    A seguinte é Illusions, iniciada com um riff rápido e matador na guitarra de Ricky, mostrando influências de power metal com excelentes solos de guitarra, além da já citada Dani Nolden fazendo excelentes vocalizes. Vale lembrar que ela faz um solo de teclado quase progressivo nesta canção. Em Queen Of The Sky, que novamente temos teclados bem viajantes, ouvimos é uma canção melódica do Shadowside que é uma das melhores do disco. Para isso, basta notar a notável inversão de ritmos no refrão e toda emoção passada pelos vocais de Dani ao cantar cada verso, além ainda da ótima distorção nos solos de guitarra de Ricky Slater ( além de um encerramento fantástico no piano, ouça e me fale ). Believe In Yourself, a faixa seguinte, é iniciada no melhor estilo de Painkiller do Judas Priest ( pelo menos a bateria e as guitarras mostram bastante isso ), o resultado é que temos uma canção com guitarras rápidas e pesadas. Destaque para a letra, que pede para acreditar nos nossos sonhos e enfrentar e vencer os problemas.

    Tonight é um heavão mais na linha do Helloween, possuindo ótimos solos da guitarra de Ricky. Em Kingdom Of Life, com seu cavalgante solo inicial e passagens de thrash metal, temos a voz de Dani bem grave para uma canção que se torna bem melódica, cuja letra é sobre ter a última chance de mudar de vida. O destaque aqui fica para o riff de guitarra, ideal para banguear. A mais pesada e quase um thrash é Red Storm, que possui distorções de guitarra que marcam logo de cara, ótima melodia, grandes evoluções nos vocais de Dani e na bateria de Fábio, enfim, aponto como outro destaque individual de Theatre Of Shadows.   

    Muitas vezes o melhor fica para o final, e é isso que a mini-suíte Theatre Of Shadows ( que intitula o trabalho dos santistas ) dividida em dois atos nos mostra. Com um andamento mais épico, temos act.1 Shadowdance mostrando riffs cavalgantes de guitarra e onde toda a versatilidade da garganta de Dani Nolden são postos a prova ( e tanto ela quanto os demais músicos passam com louvor ). Preste atenção nos solos metralhantes das guitarras de Bill e Ricky, além da incessante cozinha de Lucas de Santis e Fábio  Buitvidas e sinta toda a coesão do Shadowside. No  segundo Act.2 Here To Stay, com claras influências de prog metal em uma letra autobiográfica é a canção que o Shadowside mostra que veio mesmo para ficar marcado no heavy metal nacional. Destaque para o baixo de Lucas de Santis, os solos de guitarras e os agudos finais de Dani ( note a potência deles, tendo momentos que não parece voz de uma mulher ).

       Pelo que pude sentir neste excelente álbum Theatre Of Shadows, o Shadowside já possui toda a bagagem necessária para alçar vôos cada vez maiores, como já anda fazendo ao abrir a Keeper The Seven Keys - The Legacy World Tour do Helloween em três cidades brasileiras ( Santos, Rio de Janeiro e Curitiba ). Em resumo, eles conseguiram fundir e sintetizar nestas doze composições um puro heavy metal que resultaram em canções acima da média e mostram que vieram mesmo para ficar ( como nos versos de Here To Stay ), então caro leitor(a), pressinto que você deverá que incluir este álbum em sua coleção.

Leia entrevista com Dani Nolden aqui no Rock on Stage
Site: www.shadowside.ws
Gravadora: www.sevenmusic.com.br

Por Fernando R. R. Júnior

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