Skinlepsy - Dissolved
10 Faixas - Shinigami Records - 2017

        Em 2013, o Skinlepsy já chamou a atenção pelo seu primeiro álbum, o ótimo Condenning The Empty Souls ( leia resenha ) e agora quatro anos depois, os paulistanos mostram o seu segundo cd, cujo título é Dissolved e composto por 10 novos petardos, que caminham pelo Death/Thrash Metal e ainda mais visceral que anteriormente.

    Na gravação deste disco, o Skinlepsy era um trio formado por André Gubber na guitarra, vocal e baixo, Leonardo Melgaço na guitarra e Evandro Júnior na bateria, sendo que mais uma vez, eles foram ao Estúdio 44 em São Paulo/SP entre março e setembro de 2016, onde também foram realizados os processos de mixagem e masterização aos cuidados de Roberto Toledo ( ocorridos em outubro de 2016 ). A única exceção são os vocais, que foram captados no Estúdio Dual Noise em julho de 2016 também na capital paulista.

    As composições são de Evandro Júnior que explicou: "Em 2015 nos concentramos na composição desse novo trabalho, sem prazo para conclusão e deixando fluir com naturalidade as nossas influências musicais que são fortemente calcadas no Death e no Thrash Metal Old School" e seus temas estão relacionados com assuntos atuais como guerras, refugiados, terrorismo, exploração realizada por religiões e as consequências psíquicas dos usuários de drogas pesadas. Para a capa - desenhada por Jean Michel da Designations Artwork - vemos um ser bizarro e atormentado em uma floresta sombria representando o isolamento autodestrutivo que o Skinlepsy aplicou nas músicas e letras do disco.

    Após sons que parecem tiros disparados ao fundo, o Thrash/Death Metal eclode rápido e avassalador conforme o esperado pelos fãs do Skinlepsy na primeira faixa, a Perfect Plan, que é uma pedrada urrada com fúria por André Gubber e que durante o passar de seus minutos, o trio não só mostra muita técnica como também aplica poderosos trechos cadenciados, onde as pancadas na bateria e os solos de guitarra se destacam e impulsionam nossa empolgação. A 'surra' continua na feroz The Mentor e o trio eleva significativamente o nível de sua cólera, seja nos vocais ou nos toques de baixo, bateria e guitarra tanto que chamo sua atenção para as viradas que são executadas e como isso é deveras convidativo para abrir uma roda e em casa sacudir o pescoço ou mesmo desferir socos no ar. Sempre furioso, o Skinlepsy ataca agora com uma canção mais cadenciada e com urros deveras agressivos, porém, isso dura até que Ask To Diablo receba mais velocidade e linhas pesadíssimas, que exibem um estilo mais Thrash e a deixam simplesmente aterrorizante.

    E a destruição continua com a matadora The Hate Remains The Same, onde os vocais de André Gubber estão mais coléricos e urrados do que nunca enquanto que na sua condução instrumental, os músicos alternam trechos rápidos com outros mais cadenciados com muita habilidade provocando assim, uma enorme vontade de 'banguear' em sua execução, pois martelam impiedosamente até o final.

    Sempre com uma esmagadora linhagem de guitarra, baixo e bateria, o Skinlepsy nos mostra a Caustic Honor, a quinta canção de Dissolved e a ordem aqui e manter a intensidade de sua verdadeira 'aniquilação sonora' intacta, sendo que o trio faz isso torpedeando nossas cabeças com o caos gerado pelos velozes solos de guitarras de Andre Gubber e Leonardo Melgaço. Dissolved, a faixa título do cd explode em nossos ouvidos tal como um extermínio, isso através de mais uma atuação eficaz do baterista Evandro Júnior, que ao receber os vocais guturais e os solos sempre incansáveis de guitarras, temos a sensação de parecer ainda mais cortante que as anteriores. E mais uma recomendação.... olhos atentos à sua letra.

    Mais violenta e promovendo um verdadeiro rito de espancamento Blood And Oil parece que foi criada para não deixar sobreviventes, sendo que só pode se tentar respirar em seus breves momentos cadenciados, mas... atenção: a insanidade de seus vocais não para por nada, ou seja, são urros fortíssimos por todos os lados proliferando o 'pandemonio' desejado pelo Skinlepsy. Na sequencia vem a curta e dilacerante Insomnia, que mesmo sendo instrumental é tão brutal como as outras canções do cd. A New Chance Of Life prossegue com o rolo compressor desenfreado do Skinlepsy sempre com os violentos vocais urrados de André Gubber exalando a cada nota um envolvente caos sonoro em sua parte instrumental, que está repleto de técnica tornando difícil destacar um dos membros da banda, ou seja, é ouvir e sentir a 'bordoada'. Por fim, um cover do Siegrid Ingrid para Murder, que ficou tão demolidora quanto a original e o Skinlepsy presta assim, uma homenagem para a banda que André Gubber e Evandro Júnior tocaram juntos nos anos 90, enfim, temos aqui um puro Death visceral e urrado até a enésima potência.

    Aos fãs do Skinlepsy que desde que ouviram o Condemning The Empty Souls e ansiavam pelo seu sucessor já fica o recado: a banda se superou e disponibilizou um álbum ainda mais brutal com este Dissolved, que já ocupa seu lugar dentre os mais avassaladores discos que ouvi em 2017, não deixe de conferir.
Nota: 9,5.

Sites: www.skinlepsy.com e www.myspace.com/skinlepsy.

Por Fernando R. R. Júnior
Outubro/2017

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