Decapitated - Cancer Culture
10 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast Records - 2022

    Com mais de 25 anos dedicados ao Technical Death Metal, os poloneses do Decapitated da cidade de Krosno chegaram com o álbum Cancer Culture ( de 2022 ) ao seu oitavo de estúdio na carreira e este disco que sucede o destruidor Anticult ( leia resenha ), que levou a Metalhammer declarar: "um sério sucessor de nomes como Pantera e Lamb Of God. Uma banda que pode atrair novas legiões para o mundo do Metal como um novo campeão".

    Para Waclaw "Vogg" Kieltyka ( baixo, guitarra, acordeon e vocais ), o disco pode ser sintetizado como: "É tudo orgânico, puro e claro, mostrando a verdadeira face da banda". E tal qual Carnival Is Forever de 2011, as letras foram escritas pelo jornalista e vocalista Jarek Szubrycht ( do Lux Occulta, banda de Metal Avant Garde, que Waclaw "Vogg" Kieltyka é guitarrista ).

    Sobre isso, o líder do Decapitated se pronunciou: "Ele escreveu as letras para nós pela segunda vez e essas letras são incríveis. Ele não é um escritor típico. É tudo sobre o que estamos fazendo como pessoas, os tempos atuais, como parece que nunca aprendemos com nossos erros".

    E Jarek Szubrycht complementou: "Estas são músicas sobre a desproporção entre os sonhos, ambições e aspirações da humanidade ( e das pessoas como indivíduos ) e as reais capacidades humanas. Sobre o fato de que todo poder e todo triunfo são inatamente fadados ao fracasso. E também, como a religião é uma mentira sofisticada que tanto queremos acreditar porque temos medo do nada. Somos tão estúpidos e míopes que destruímos tudo o que tocamos, incluindo a Terra que nos deu à luz e nos nutre".

    Ainda sobre as letras de Cancer Culture, Jarek Szubrycht concluiu sua tese: "abordam as questões relativas à Internet, uma grande invenção ( e mais amplamente, a tecnologia ), como o espaço onde principalmente derramamos frustrações, espalhamos superstições e mentiras, alimentamos o ódio e alimentamos nossa baixa autoestima. Todos os tropeços do poder nas mídias sociais e as explosões de raiva não valem nada porque somos apenas uma aberração temporária, um micro erro na escala cósmica. Não restará nenhum rastro depois de alguns segundos. São letras coloridas com decepção, pessimismo e falta de ilusão"

    Além do citado Waclaw "Vogg" Kieltyka, o Decapitated conta com Rafal "Rasta" Piotrowski nos vocais, Paweł Pasek no baixo e James Stewart na bateria e Cancer Culture foi gravado no Prusiewicz Studio em Owczary e no Zed Studio em Chechlo, ambos localizados na Polônia com o produtor Tomasz Zed Zalewski.

    A mixagem é assinada por David Castillo e feita no Fascination Street Studios em Örebro na Suécia e no Studio Grondahl enquanto que a masterização é de Ted Jensen em um processo que aconteceu no renomado Sterling Sound nos Estados Unidos. Para a sombria capa temos uma figura sinistra segurando um livro e estranhos itens em volta da sua cabeça em uma arte de Fabio Timpanaro e nas linhas seguintes vejamos se o Decapitated com este Cancer Culture pode mesmo ocupar o lugar do Pantera e do Lamb Of God, conforme a Metalhammer apontou.

    O álbum começa aos repiques de bateria e solos de guitarra, que ganham força elevando seu ritmo com From The Nothingness With Love, uma breve canção instrumental que parece te preparar para a batalha que teremos na feroz música título Cancer Culture, onde Rafal "Rasta" Piotrowski vocifera seus guturais com todo o ódio que sua garganta lhe concede resultando em um Death Metal matador e bastante envolvente em seus solos de guitarras longos, habilidosos e melodiosos.

    Na carregada Just A Cigarette, eles mantém sua cólera e técnica com uma composição acelerada e que exibe trechos melódicos, paradas certeiras e solos deveras interessantes ( pelas viagens realizadas por  Waclaw "Vogg" Kieltyka ) entre os seus incontáveis urros obtidos através de sua letra.

    A esmagadora No Cure é a quarta de Cancer Culture e aqui o Decapitated disparou um Death Metal com a intenção que seus fãs fiquem com os seus pescoços doendo e que abram rodas em suas execuções ao vivo, entretanto, tenho que destacar o que James Stuart faz em sua bateria ante o caos imposto pelos demais com modificações habilidosas em seu andamento até que voltem a estraçalhar novamente.

    Em Hello Death, o Decapitated decidiu realmente despedaçar tudo, pois temos uma faixa que é ainda mais veloz e raivosa que a anterior, exceção feita apenas aos momentos em que temos os vocais limpos e melódicos da convidada Tatiana Shmayluk, que fazem uma contraposição aos insanos e coléricos de Rafal "Rasta" Piotrowski. Aliás, sobre a participação da vocalista da banda ucraniana Jinjer, o líder do Decapitated falou: "Jinjer é uma das bandas mais interessantes do Metal dos últimos anos. E os vocais da Tatiana na música vão surpreender algumas pessoas". E cá entre nós... ele está certo... ela causou  um certo espanto ao cantar de forma limpa aqui.

    A sessão de destruição do Decapitated prossegue com fulminante Iconoclast, onde a banda recebe Robb Flynn do Machine Head fazendo os vocais limpos, o que é de se admirar em se tratando de um nome tão violento como o Decapitated colocar duas faixas com vocais limpos e em seguida. Entretanto, esta novidade não diminuiu o peso e muito menos a intensidade de Iconoclast como poderia pressupor-se, pois, os poloneses souberam manter o grau de sua fúria na atuação de Rafal "Rasta" Piotrowski e nos impressionar com as alternações instrumentais. A sétima é a Suicidal Space Programme e após um início bastante elaborado, o extermínio chega através de seus vocais, de suas variações de andamento e principalmente, na atuação do baterista James Stewart ( que não para de martelar seu kit por nada ) e também nos solos de Waclaw "Vogg" Kieltyka em sua guitarra.

    Procurando atingir níveis de brutalidade ainda maiores em seu Death Metal ( e conseguindo, conforme Waclaw "Vogg" Kieltyka salientou: "Sempre há algo novo para esse tipo de música mas, ao mesmo tempo, será baseado em minhas raízes. Bandas de Death Metal da Flórida, Thrash Metal da Bay Area, Death e Thrash polonês; tudo o que eu amava ouvir enquanto crescia" ); a oitava de Cancer Culture é a Locked e temos aqui uma pedrada sonora quase inconcebível, porém, o Decapitated exibiu essa novidade mencionada pelo guitarrista para nós com muito primor.

    Se aproximando do final temos a ira mortal presente em Hours As Battlegrounds, que é cadenciada, cheia de 'triggers', possuidora de um ritmo intrigante e até inesperado ( por conta de suas robustas viagens ), além de criativos solos de guitarra e vocais devidamente atormentados.

    Para finalizar o álbum Cancer Culture, os poloneses enviaram a Last Supper, que começa encorpada e sente-se eles elevarem a sua potência até que tudo desabe com a sua dilacerante avalanche Death Metal em nossos ouvidos, e isso, feito sem piedade nenhuma com Rafal "Rasta" Piotrowski não perdoando ninguém através de seus vocais guturais em uma atuação excelente do quarteto a cada momento da composição.

    Bastaram poucos mais de 30 minutos para que o Decapitated com o seu Death Metal nos colocasse diante de um dos mais devastadores discos de 2022 com este Cancer Culture, que mesmo possuindo vocais limpos em duas canções, ainda é detentor de uma violência incontrolável em músicas amplamente técnicas que agradará facilmente aos seguidores das bandas extremas. E este disco, que no Brasil saiu pela parceria da da Shinigami Records com a Nuclear Blast Records, pode levar o Decapitated reinar ao lado de nomes como o Lamb Of God e o Pantera.
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Agosto/2023

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