Exodus - Persona Non Grata
12 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2021

    Há quatro décadas, o Exodus, que foi originado na Bay Area de São Francisco nos Estados Unidos galgou e consolidou-se com uma das melhores, mais famosas e mais importantes instituições do Thrash Metal Mundial influenciando incontáveis outros nomes pelo planeta com a sua vigorosa, acelerada e eficaz sonoridade.

    E novamente provando a todos essa sua capacidade de lançar álbuns detonadores, eis que no dia 19 de novembro de 2021 somos bombardeados com Persona Non Grata, o décimo primeiro disco de estúdio após um hiato sete anos com relação ao último disco ( o Blood In, Bloud Out de 2014 ). Persona Non Grata é traduzido como pessoa não bem vinda, ou inaceitável e em sua temática são abordadas assuntos que revoltam e provocam enjoos na sociedade, conforme explica o guitarrista Gary Holt: "Corte as pessoas que te dão nojo como [você corta] um tumor. Quem é essa pessoa? Pode ser qualquer um. Isso é com o ouvinte. Quem é a 'Persona Non Grata' para eles?"

    Este conceito implícito na maioria das músicas demonstra a necessidade de nos unirmos segundo o guitarrista, porém, de uma forma irônica, conforme salienta em sua declaração: "Enquanto estávamos trabalhando nas músicas, começaram a acontecer várias coisas ao redor do mundo que acabaram se conectando a tudo e nós nem sabíamos disso! Com a divisão geral do país [ E.U.A.] hoje e todos tendo direto a dar sua opinião. Eu não concordo com muitas delas, mas não estou aqui para ser um pregador. Queremos que as pessoas ouçam as letras e encontrem seus próprios significados".

    Aliás, como temos 'Personas Non Grata' em nossa sociedade no momento, algumas até ocupando cargos importantes e que jamais poderiam estarem lá, mas, enfim... Bem a capa do disco é o artista sueco Par Olofsson, que pela terceira vez exibiu seu talento em um álbum do Exodus e desta vez com um ser alado de três cabeças sentado em uma pilha de mortos e moribundos em um mundo repleto de sangue enquanto que os policiais mortos-vivos espancam sem motivo nenhum os poucos sobreviventes doentes e apodrecidos tentando a piedade da horrenda criatura, que na visão de Gary Holt simboliza o seguinte: "É um anjo, é um demônio? Você realmente não sabe se o mundo está sendo criado ou destruído". Detalhe... na parte interna do cd essa criatura sumiu... deixando no ar a pergunta para onde ela foi?

    Por conta da famigerada pandemia, Persona Non Grata foi gravado nos estúdios caseiros de Steve "Zetro" Souza ( vocais ), Lee Altus e Gary Holt ( guitarras ), Jack Gibson ( baixo ) e Tom Hunting ( bateria ) com a ajuda do experiente Andy Sneap ( Judas Priest, Megadeth, Testament, Accept, entre tantos outros ), sendo que ele também cuidou da mixagem e da masterização, que foi realizada no Backstage Studios em Derbyshire na Inglaterra. Vale dizer também que Steve Lagudi foi o engenheiro de som e fez o seu trabalho no Tom's Garage em Lake Almanor na Califórnia nos Estados Unidos. E informados destes detalhes, vamos aprofundar nas doze pedradas deste Persona Non Grata.

    E é justamente com a sua faixa título, a Persona Non Grata, que este petardo do Exodus é aberto e nos expõe ao seu Thrash Metal incendiário e de solos de guitarras vibrantes, que além da sua bateria pulsante, tudo está devidamente sincronizado para que Steve "Zetro" Souza vocifere com muita fúria cada um de seus versos desta veloz e impactante composição, que apresenta com habilidade os seus momentos cadenciados. E não tenho como deixar de evidenciar o brilho contido nos solos de guitarras feitos por Gary Holt e Lee Altus, que acertam em cheio o fã de Heavy Metal ( tente ouvir e conseguir ficar sem banguear ). Depois desta marcante avalanche, o quinteto dispara R.E.M.F. ( cujo significado é 'Rear Echelon Motherfuckers' ), que possui um andamento carregado e completamente contagiante com uma linhagem instrumental do mais puro Thrash Metal com o baixo de Jack Gibson e com a bateria de Tom Hunting fazendo a diferença para que os solos da dupla de guitarristas e os vocais possam juntos despertar o desejo de ir para a roda imediatamente pela incansável intensidade aplicada por eles.

    De ares cadenciados em seu início, Slipping Into Madness ganha rapidamente em velocidade e também em peso assim que Steve "Zetro" Souza começa a cantar seus versos com a sua tradicional violência, que captura a sua atenção, sendo que naturalmente acabaremos berrando seu refrão com ele, além de nos esbaldar nos incríveis solos de Gary Holt e Lee Altus em suas guitarras. Para Elitist, o Exodus se revelou portador de mais cólera nesta composição inquietante e não tão acelerada, que também ganha seu lugar no coração dos fãs com facilidade, onde a ordem da banda foi de trazer um som dilacerante em cada um de seus minutos.

    A quinta inicia-se com um estilo sombrio, que é suplantado pelos solos de guitarras e pela bateria produzindo um ritmo opaco, que fazem de Prescribing Horror ser detentora de uma quantidade de ira significativa através de uma letra que é merecedora de uma atenção maior, pois, desta forma você entenderá o porque dos choros dos bebês que pode-se notar em seu decorrer. Sobre a matadora e praticamente Punk Rock The Beatings Will Continue ( Until Morale Improves ), Gary Holt disse: "Sem parecer insensível às manifestações, a música é irônica sobre o que as pessoas que batiam nos manifestantes esperavam que acontecesse. Você achou que iria colocar um sorriso em seu rosto. Com três minutos de duração, é provavelmente a menor música do Exodus que já fizemos. Ele chega, sai e é esmagadora." E posso acrescentar que temos aqui uma criação altamente alucinante que também causa a vontade de agitar no mesmo instante e perceber a beleza dos solos de guitarra dele e de Lee Altus.

     A sétima é a cadenciada The Years Of Death And Dying, que no refrão ganha em melodia e conta com uma atuação impecável de Steve "Zetro" Souza destilando muito ódio a cada instante, que mantém Persona Non Grata com a pulsação sempre no alto com referências à grandes nomes que nos deixaram ( confira e descubra quais são ), onde eu te conclamo caro leitor(a).... confira a maestria de seus solos de guitarras na crueza maravilhosa de seu Thrash Metal.

    Tom Hunting e Jack Gibson entregam um padrão aniquilador para a seguinte, que é a Clickbait e que chega como um raio estourando em nossos ouvidos de forma que Steve "Zetro" Souza conte em sua letra das armadilhas sensacionalistas tendenciosas com a intenção de garantir mais "views'" para os sites ou mesmo manipular as massas, uma 'maldição' que realmente existem aos montes na Internet. Sobre a parte rítmica da música tenho que dizer que... além de ser arrasadora, ela conta com solos fulminantes de Gary Holt e de Lee Altus fazendo que você ou soque o ar ou vá direto para a roda querendo trucidar com tudo.

    Em seguida temos os excelentes dedilhados acústicos de Cosa Del Pantano, que fazem uma quebra da aniquilação das anteriores e nos preparam para o próximo massacre, que está presente em Lunatic-Liar-Lord, pois, o Exodus novamente envia outro Thrash Metal acelerado de vocais raivosos e de ritmo intenso e avassalador. Entretanto, não é só isso, pois, após os momentos relativamente calmos da música, os caras se manifestaram ainda mais implacáveis na parte final desta faixa,  que conta com Rick Hunolt ( ex-Exodus e atual Die Humane ) e  e Kragen Lum do Heathen nos solos caóticos de guitarras juntos à dupla do Exodus antes do refrão reaparecer para um término simplesmente épico me levando a berrar: "Que Sonzeira explosiva!!!!"

    Se Persona Non Grata acabasse na anterior já estaria plenamente satisfeito com o que ouvi, mas, o quinteto tinha outras bordoadas na manga como são os casos de The Fires Of Division e Antiseed.

    A primeira, The Fires Of Division, é um Thrash revoltado, que está lotado de solos inflamáveis, vocais selvagens contento muito fel e com Tom Hunting metralhando seu kit de bateria elevando consideravelmente a potência desta penúltima canção. E assim, Antiseed entra com seu rolo compressor sonoro se preparando para vir impiedosamente para cima de nós e quando isso acontece... já sabemos que é hora de outra roda com o Exodus atirando seu fortificado Thrash Metal em nossas cabeças sem preocupar-se com o estrago que fará. E quando você pensa que acabou mesmo, eles ainda contam com outro desmoronamento de solos eletrizantes para disparar e assim fechar o cd com bravura.

    Terminando esta resenha quero que você leia esta reflexão de Gary Holt: "Como banda, estou super grato. Eu vi muitas coisas ao redor do mundo e ainda somos uma banda que se ama, apoiamos um ao outro e realmente gostamos de sair um com o outro. Pense o que quiser, mas eu sou o maior fã desta banda. Nós escrevemos músicas que são projetadas para nos fazer sentir animados e é por isso que ainda é pesado". E eu aqui posso afirmar que Gary Holt está certo e junto aos demais colegas do Exodus cravou um dos melhores discos de 2021 ( confira a minha lista ) e -  indiscutivelmente - o melhor de Thrash Metal com este Persona Non Grata, que no Brasil foi lançado graças à parceria da Shinigami Records com a Nuclear Blast.

    Aliás, das doze canções presentes neste álbum não existem favoritas, todas de Persona Non Grata são igualmente trituradoras. E se você, caro leitor(a) do Rock On Stage acompanha a banda e não ouviu ou mesmo não adquiriu este fabuloso disco... saiba que você poderá ser considerado(a) como uma Persona Non Grata também.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Maio/2022

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