Graveyard - Peace
10 Faixas - Shinigami Records - 2018

    A banda sueca Graveyard surgiu na cidade de Gotemburgo na Suécia em 2006 e logo em seu primeiro álbum de estúdio autointitulado de 2007 chamou a atenção pelo seu mergulho no Rock'n'Roll Clássico inspirado por nomes como Thin Lizzy, Black Sabbath, Led Zeppelin e até Frank Zappa. Isto prosseguiu em Hising Blues ( leia resenha ) de 2011 e também nos discos Lights Out de 2012 e Innocence & Decadence de 2015.

   Entretanto, este sucesso e boa repercussão inicial não evitou que uma parada nas atividades da banda acontecesse entre 2016 e 2017, quando Joakim Nilsson ( vocal e guitarra ), Jonatan La Rocca Ramm ( guitarra ), Truls Mörck ( vocal e baixo ) e Oskar Bergenheim ( substituto de Axel Sjöberg na bateria e estreante em cd/disco ) decidiram em  janeiro de 2017, que deveriam voltar com a banda e registrar um novo trabalho, que recebeu o singelo e importante nome de Peace, que é definido pelo quarteto da seguinte forma: "O mundo está uma confusão. Talvez mais do que nunca e, para ser honesto, não temos nem ideia do que fazer sobre isso. O que uma banda Rock ‘n’Roll pode fazer para melhorar o estado das coisas? Talvez não muito, mas talvez alguma coisa. Enquanto descobrimos isso, vamos continuar fazendo o que fazemos de melhor: tocar música e enviar boas vibrações para todos. Nós só queremos dizer PAZ!".

    A produção é de Chips Kiesbye ( The Hellacopters e Michael Monroe ) enquanto que os processos de engenharia e mixagem são assinados por Stefan Bomane foram realizadas no Park Studio em Estocolmo na Suécia entre dezembro de 2017 a fevereiro de 2018. Algumas gravações adicionais aconteceram no Music-a-Matic Studios em Gotemburgo em janeiro de 2018 aos cuidados de Chips Kiesbye e Henrik Lipp. Já a masterização é assinada por Sören Von Malmborg e foi realizada no Cosmos Mastering também em Estocolmo. A capa que exibe a surrealidade e a fragilidade de uma fonte sustentando o logotipo do Graveyard é um desenho do artista Ulf Ludén.

    Sobre as gravações e a forma que registrou o álbum, o produtor Chips Kiesbye disse: "Eu queria capturar o poder e a energia que a banda tem ao vivo. Então resolvemos gravar o álbum da maneira como todos os antigos clássicos foram gravados: sem metrônomo, bateria programada, playbacks ou truques de estúdio. O plano era mantê-lo simples e puro, apenas a banda e sua música. Tudo o que adicionamos a uma música tinha um motivo para estar lá e não apenas preencher um espaço". Então chegou a hora de descobrir se eles conseguiram.

    De uma forma pesada, ácida, envolvente e frenética, a explosiva It Ain't Over Yet toma de assalto com suas guitarras distorcidas e com toneladas de voltagem em um Heavy Rock empolgante, que é vocalizado com destreza por Joakim Nilsson.

    Depois, a potente adrenalina sonora continua com Cold Love, que mantém seu peso através de um ritmo pulsante e um tanto que viajante, devidamente largado, especialmente pela forma de cantar de Joakim Nilsson com ênfase aos toques feitos pelo baixista Trulls Mörck, que trazem uma linhagem ácida para a composição em que percebe-se os aromas saborosos praticados aos toques do baterista Oskar Bergenheim, além também da melodia executada no piano elétrico sempre comandado pelo convidado Nils Dahl.

    A lenta e até nostálgica See The Day é cantada com muita emoção pelo baixista Truls Mörck em meio a toques entristecidos na guitarra, que produzem um momento para uma reflexão e também para uma ótima viagem. A intensa Please Don't é a quarta de Peace e aparece com um ritmo denso e cadenciado, que é vocalizado com um tanto de agressividade por Joakim Nilsson capturando o ouvinte facilmente, pois, desperta o desejo de socar o ar em sua audição, especialmente nos seus faiscantes solos de guitarras. Outro ponto forte é como o Graveyard deixa a música elevar-se e aumentar o prazer de curti-la durante suas evoluções instrumentais. The Fox mistura um andamento excelente com vocais repletos de carisma em uma linha mais Rock de solos puramente eletrificados, que são puramente setentistas e que tornarão esta uma canção que deverá frequentar os shows da banda.

    Para Walk On, sentimos em suas linhas de baixo e de bateria uma atmosfera que traz para a mente o lendário Uriah Heep que aliadas às suas vocalizações exibem um aspecto mais 'sujo' que fazem desta música um momento ímpar neste álbum Peace, cujo crescente vai suspendendo-se de uma maneira vibrante através de caprichosos riffs de guitarras feitos por Joakim Nilsson e Jonatan La Rocca Ramm, que mostram um potencial enorme para que a canção flua livremente em muitos momentos de improvisos, principalmente, nas execuções ao vivo, se assim o Graveyard quiser.

    Se a ideia do quarteto é relaxar ou mandar sua mente para longe... isso é algo que Del Manic poderá alcançar, pois, os suecos nos expõem a um Blues lento e elétrico, que é vocalizado em um formato cheio de feeling em que as dosagens de Psicodelia ganham os holofotes nos enviando para outro ponto no tempo. O baixista Truks Morck volta aos vocais principais na emblemática Birds In Paradise, onde os toques mais leves e os mais robustos criaram uma harmonia marcante que evolui e interage tranquilamente com os solos de guitarras de Joakim Nilsson e Jonatan La Rocca Ramm, que estão devidamente centrados no Blues Rock e bastante cativantes.

    Com um ritmo mais rápido e pesado, que é dotado de um estilo inflamável, A Sign Of Peace é a penúltima ( mas, já?!?!? sim ouça o disco e entenda como você também pensará assim ) de Peace e aqui Joakim Nilsson canta seus versos com uma quantidade grande de raiva, onde eles modificam o andamento da música mais ao final de um jeito único. Por fim, os suecos disparam a Low ( I Wouldn't Mind ), uma canção de variações contagiantes em seu Rock'n'Roll épico em que habilmente percebe-se como o quarteto libera a música para que ela caminhe por viagens só imagináveis por quem conhece do que se fazia nos anos 70. É ouvir e sair pulando pela turbulência executada por eles em que sentem-se as guitarras conversando entre si, além é claro dos vocais sempre acentuados até que em seu final eles expandam seu ritmo ao máximo para terminar em uma viagem surreal.

    Como já era a minha expectativa desde quando recebi este álbum lançado pela Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast, o Graveyard não só conseguiu o que se propôs a fazer em Peace como se superou e nos colocou diante de dez grandiosas composições em pouco mais de quarenta minutos, que deixam claro porque o Rock Clássico nunca não irá morrer. Em suma, é tempo de se ligar nesta sonzeira.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Maio/2019

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