Megadeth - Dystopia
 11 Faixas - Universal Music - 2016

    Depois do ótimo álbum Super Collider - que o líder do Megadeth o considerou abaixo de suas expectativas - foi tentada uma reunião do line-up do álbum Rust In Peace, porém, embora a amizade entre os músicos estivesse mantida, a química para retornarem a trabalharem juntos não aconteceu da forma esperada e para completar... Dave Mustaine ( vocais e guitarra ) e David Ellefson ( baixo e vocais ) não contavam mais com Cris Broderick ( guitarra ) e Shawn Drover ( bateria ), que descontentes com esta história decidiram sair e montaram o Act Of Defiance.

    Todavia, a mente criativa de Dave Mustaine não parou... e mesmo enfrentando o falecimento de sua sogra de uma forma muito triste, ele foi começando a criar as músicas do 15º cd de estúdio do Megadeth, entretanto, precisava de um guitarrista e um baterista. Em novembro de 2014, David Ellefson se apresentou no Metal All Stars ao lado do brasileiro Kiko Loureiro do Angra ( confira como foi ) e graças à sua performance, habilidade, capacidade de ser um "cara de banda", o chefão do Megadeth acatou a indicação do baixista para um teste com o guitarrista brasileiro, que o levou para o posto. Kiko Loureiro até ficou um tempo no Angra, mas, agora é membro permanente da banda americana e temporariamente fora da brasileira. Faltava ainda o baterista e o escolhido foi Chris Adler do Lamb Of God.

    Desta forma, Dystopia foi produzido por Dave Mustaine e Chris Rakestraw e gravado no Lattitude Studio South And Southern em Leiper's Fork no Tennessee/EUA entre abril e julho de 2015. A masterização é de Ted Jensen no conceituado Sterling Sound e a mixagem é de Josh Wilbur. A presença de Kiko Loureiro é tão grande, que ele participou na composição de três faixas do cd.

    Na capa de Dystopia temos uma visão do mundo pós-apocalíptica com o mascote Vic Rattlehead na ponte Sydney Harbour lembrando um cyborgue com fones de ouvido e óculos de realidade virtual no lugar da tradicional viseira rebitada segurando a cabeça de um outro cyborgue, que se assemelha a Estátua da Liberdade e uma katana ( homenageando ao filme Sete Samurais ). E o desenho de Brent Elliot White vai além e ainda tece homenagens ao filme 12 Macacos ( pela cidade deserta e destruída ), à Mad Max e à personagem Michonne do seriado The Walking Dead com os drones prendidos por cabos, tais como os zumbis escravizados por ela em alguns episódios.

    Com uma atmosfera toda própria, riffs que são dilacerantes e impactantes, que entram na cabeça e nos mostram o poderio de fogo do Megadeth, The Threat Is Real abre o cd com uma pegada que enaltecida a marca do Heavy/Thrash da banda e também porque o disco tem sido tão bem recebido ( com 49.000 cópias vendidas na primeira semana e garantindo a terceira posição no Top 200 da Billboard, superando os álbuns Super Collider - 2013, TH1RT3EN - 2011, Endgame - 2009, United Abominations - 2007, The System Has Failed - 2004 e The World Needs A Hero - 2001 e por incrível que pareça, também o clássico Countdown To Extinction - 1992 ).

     Antes de Dave Mustaine cantar esta primeira música exibindo toda a sua insatisfação com o mundo, temos a participação de Farah Siraj em algumas vozes sendo que também há de se destacar como as guitarras 'conversam' entre si em solos fabulosos e o peso agregado pelo baterista Chris Adler.

    Mais rápida e vigorosa, Dystopia entra pulverizando em um andamento deveras contagiante, que intima ao fã cantar com Dave Mustaine e sentir a contestação de seus vocais. Agora, a virada repleta de solos de guitarras incríveis e a bateria - que está literalmente explosiva - são um saboroso deleite à parte, onde registro os meus parabéns aos 'novatos' Kiko Loureiro e Chris Adler. Primeiro single a ser divulgado de Dystopia, Fatal Illusion entra com uma pegada destrutiva e infectante, além de um solo de baixo único de David Ellefson e 'licks' metralhantes na bateria de Chris Adler para que Dave Mustaine dispare seus indignados vocais em meio a 'riffleramas' que ficam mais aceleradas elevando significativamente o potencial desta terceira faixa a transformando em um Thrash simplesmente visceral.

    Em Death From Within temos alguns solos mais introspectivos, que estouram em uma fortificada canção, que prossegue Dystopia de forma marcante, seja nos raivosos vocais ou na artilharia correlata dos toques de baixo e de bateria. Se não fosse suficiente, o refrão é para se cantar junto e também se deliciar nos solos de Kiko Loureiro e de Dave Mustaine.

    Com repiques na bateria e envolventes dedilhados, que abrem o campo para eletrizantes riffs de guitarras, a enfurecida Bullet To The Brain marca a quinta do cd em um ritmo cadenciado, que favorece ao brilho dos solos da dupla de guitarristas, que se entrosou com facilidade. Inclusive, o líder da banda canta muito empolgado seus versos e comanda no refrão o tamanho da potência que a composição nos passa.

   Sempre com a aura das máquinas do futuro, que dominam a humanidade e estão implícitas na capa de Dystopia, a pedrada certeira Post American World ( a segunda que Kiko Loureiro divide os créditos da composição ) possui um estilo incontido mais cadenciado em sua maior parte e dedilhados mais calmos, que chamam o seu andamento aniquilador transbordando nos vorazes solos de guitarras e não posso deixar de comentar também a forma em que Dave Mustaine canta seus versos te conectando ainda mais à canção.

    E a mistura de Dave Mustaine e Kiko Loureiro nas composições fez bem ao Megadeth, pois, em Poisonus Shadows ( a segunda faixa onde ele participou da criação ) começa dedilhados mais suaves com arranjos orquestrais de Charlie Judge, que se exponenciam a robustos solos em um andamento de média velocidade, que destacam o brasileiro solando com muita habilidade e trazem as vocalizações emocionantes em um ambiente muito criativo dos quatro músicos. O término acontece com versos sussurrados por Dave Mustaine e com Kiko Loureiro ao piano em uma linda linha sombria, que é até um tanto triste. A instrumental Conquer Or Die! segue essa linha mais intimista no violão até seus solos mais encorpados tomarem conta da música em mais outra combinação de Dave Mustaine e Kiko Loureiro na composição, que certamente ocupará uma lugar em sua memória por conta da sua beleza, que em seus instantes finais ouvimos a voz de Miles Doleac promovendo a interação com a seguinte.

    Entretanto, mesmo com o peso, notamos um estilo mais melancólico no ar, que se ligam na furiosa Lying In State, que veio para devastar em seu ritmo matador passando sua enorme voltagem diretamente na cabeça do ouvinte, que absorve os seus solos e os seus vocais agressivos de muita aversão do ruivo Dave Mustaine instantaneamente, tanto que isso nos leva a exclamar: que discão!!!

    The Emperor mantém o força de seu Thrash Metal em alta e seu refrão será facilmente guardado te cativando e fazendo querer sacudir o pescoço, além de provocar aquela vontade natural de socar o ar, seja por conta vibração causada pelos solos de guitarras ou pelos toques de Chris Adler na sua bateria. É espantoso como sempre o Megadeth nos entrega ano após ano tantas músicas soberbas, afinal, Dave Mustaine é uma usina inesgotável de ideias mesmo. No fim de Dystopia, eles incluíram um cover cheio de 'dinamite' para Foreign Policy do Fear, que é para abrir roda, além de coroar este grandioso álbum com seus solos e ritmo quase alucinantes, que me levam a concluir o seguinte: dizer que é sonzeira é pouco!!!.

    Dystopia é disparado um dos melhores discos do ano, um 'Thrahsão' intenso e nervoso, que seguramente será lembrando nas listas de muita gente e que pode e deve ser considerado como um dos melhores da carreira do Megadeth, pois, foi recriada a atmosfera qualitativa da década de 90 com olhos voltados para o futuro, não ouse deixar de incluir esta pérola em sua coleção. Entretanto, Chris Adler que tocou em várias datas da turnê teve que se dedicar ao Lamb Of God ( sua banda principal ) e deu lugar ao belga Dirk Verbeuren, que deixou o Soilwork para se tornar o baterista oficial do Megadeth.
Nota: 10,0.

Sites: http://www.megadeth.com/home, https://www.facebook.com/Megadeth, https://www.facebook.com/RustInPage, http://www.youtube.com/Megadeth e https://twitter.com/Megadeth.

Por Fernando R. R. Júnior
Agosto/2016

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