Metal Church - XI
 15 Faixas - Shinigami Records - 2016

    A veterana banda de Heavy Metal chamada Metal Church, que teve sua origem em Aberdeen/Washington nos Estados Unidos em 1981, lançou seu primeiro álbum em 1984 e viveu seu auge durante a década de 80, graças aos álbuns Metal Church e The Dark ( 1986 ), ambos com o vocalista David Wayne. Porém, após a sua saída, outro excelente vocalista assumiu o posto, Mike Howe até quando a banda foi encerrada pela primeira vez em 1994.

    O hiato durou até 1998 e entre mudanças de integrantes, dentre elas a volta de David Wayne ( que faleceu em 2005 ), seguiu até 2009, quando terminou novamente para que o guitarrista fundador Kurdt Vanderhoof se recuperasse de um problema de saúde. O retorno aconteceu em outubro de 2012 e em abril de 2013, eles foram uma das atrações do festival Live´n´Louder Rock Fest no Brasil ( confira matéria ) e no ano seguinte anunciam a demissão do então vocalista Ronny Munroe.

    E o décimo primeiro disco de estúdio dos norte americanos e assunto desta resenha - cujo título é simplesmente XI - marca a volta do imponente Mike Howe nos vocais do quinteto. Isso começou a ser definido em julho de 2014 quando o vocalista estava trabalhando com o guitarrista e líder do Metal Church, Kurdt Vanderhoof em um projeto com Nigel Glockler do Saxon, e depois muitas conversas, Mike Howe acertou seu retorno com a intenção de retomar a mística dos álbuns clássicos que gravou com a banda, tais como Blessing In Disguise ( 1989 ), The Human Factor ( 1991 ) e Hanging In The Balance ( 1993 ). E neste objetivo, XI foi concebido pelos citados Kurdt Vanderhoof e Mike Howe, além  de Steve Unger no baixo, Jeff Plate na bateria e Rick Van Zandt na outra guitarra. Inclusive, o fundador Kurdt Vanderhoof assina também a produção, a mixagem e a masterização ( essa última ao lado de Chris "Wizard" Collier ), além de ter feito também a bela e direta capa do cd ( cujo encarte é simples e merecia mais páginas ). Sabendo destas informações é hora de descobrir o porque da importância da volta Mike Howe ao Metal Church.

    Aberto com os sempre eletrizantes riffs de guitarras da entrosada dupla Kurdt Vanderhoof e Rick Van Zandt, que trazem o 'Metalzão' de Reset, o Metal Church já deixa claro a sonzeira que seremos expostos neste cd e que a escolha de Mike Howe para o posto de vocalista foi correta, pois, temos uma canção muito contagiante de vocais com aquele estilo oitentista de vocais raivosos logo de cara. Depois, a garra e a vibração contidas nos solos 'cavalgantes' de guitarras nos levam para Killing Your Time, que é vocalizada com destreza por Mike Howe e no refrão somos convidados para gritar seus versos com ele. E já te antecipo caro leitor(a)... faz muito bem ouvir um álbum assim, que está repleto de solos de guitarras e também uma atuação marcante do baterista Jeff Plate.

    Na terceira, a No Tomorrow, temos dedilhados mais calmos, que posteriormente se tornam mais rápidos ao receberem mais peso ao passar de seus minutos, onde vocalista Mike Howe te conquista com facilidade e esclarece porque esta foi escolhida como o primeiro clipe de XI. Em suma, estamos diante a um Heavy Metal sensacional que possui bases oitentistas, mas que olha e mostra o caminho para o futuro.

    Novamente expondo belos e introspectivos dedilhados, que ficam mais pesados e melodiosos, o Metal Church ataca com a eficaz Signal Path, outra que gostei de imediato e que é para cantar com Mike Howe, além é claro, de sacudir a cabeça em sua execução. Aliás, sinta as modificações no ritmo da música e nos vocais, que se elevam e diminuem seu peso no ponto certo e me fale se não é realmente de primeira.

    Em Sky Falls In temos linhas mais Bluesadas, que se solidificam para um Hard´n´Heavy cadenciado e cantado com vigor por Mike Howe, que está sempre envolto por uma significativa e habilidosa base instrumental, a qual posso apontar como exemplo os toques do baixista Steve Unger e do baterista Jeff Plate ( que faz cada virada em contratempos, que recomendo ficar com os ouvidos atentos ) e isso, sem mencionar os reluzentes solos de guitarras. A acelerada e deveras envolvente Needle And Suture é a sexta de XI e através de um andamento mais encorpado - próximo ao Thrash - segue mantendo a voltagem do cd lá no alto, sendo que ficamos focados em seus riffs galopantes, nos toques de bateria e no vozeirão de Mike Howe, que torna-se um pouco agressivo nos momentos corretos.

    Na próxima, que é a Shadow, o baixista Steve Unger traça junto aos guitarristas Kurdt Vanderhoof e Rick Van Zandt, os caminhos relativamente mais sombrios e totalmente Heavy Metal para que o vocalista passe muito 'feeling' em seus versos, que ora estão em um estilo mais cadenciado, ora em outro mais melodioso. De princípio mais obscuro e linhas instrumentais épicas, que ao tilintar dos solos de guitarras nos evidenciam um Heavy robusto, Blow Your Mind é a oitava cativante canção de XI, que percorre trilhas eficientes que apreciamos instantaneamente, pois, sua aura é puramente no estilo do Judas Priest.

 

   Após uma introdução com dedilhados mais leves, o Metal Church aumenta a velocidade com a impactante Soul Eating Machine, que está lotada de vocais marcantes e um ritmo Rock´n´Roll pesado delicioso de curtir, especialmente, durante os solos dos guitarristas. Antes de prosseguir quero enfatizar que tanto o baterista Jeff Plate quanto o baixista Steve Unger atuaram com grande brilho durante todo o cd, mas, em It Waits, os dois ditam o ritmo meio sombrio e meio introspectivo da canção até que os solos de guitarras estourem e a eletricidade Heavy Metal tradicional se faça presente e ecoe em parceria perfeita ante aos vocais do versátil Mike Howe.

    No encerramento de XI temos a certeira Suffer Fools, que é dotada de um andamento de muita adrenalina, seja na sua parte instrumental ou nos vocais, que literalmente te puxam para junto da canção e te fazem querer socar o ar, além de desejar cantar ou ainda 'banguear' enquanto a ouve. Não deixe de perceber também a 'rifflerama' que Kurdt Vanderhoof e Rick Van Zandt cravaram em seu decorrer.

    Na maioria das músicas de XI, você sente que elas não terminam, o que abre o espaço para imaginar os improvisos que podem serem realizados em suas execuções ao vivo, ou seja, um considerável aumento dos solos de guitarras, baixo e bateria de forma que somente poucos nomes na história são capazes de fazer, e o Metal Church é seguramente um deles. Fãs de Accept, W.A.S.P. e Judas Priest fiquem atentos neste disco, que é um dos mais empolgantes do ano.
Nota: 10,0.

Sites: http://metalchurchofficial.com/ e https://www.facebook.com/OfficialMetalChurch.

Por Fernando R. R. Júnior
Setembro/2016

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