Nightwish - Endless Forms Most Beatiful
11 Faixas - Dynamo Brasil - 2015

    Foi durante os shows nos Estados Unidos da ambiciosa turnê do álbum Imaginaerum em 2012, precisamente no dia 28 de setembro, que a então atual vocalista Anette Olzon do Nightwish sentiu-se mal e foi internada, sendo substituída a 'toque de caixa' por Elize Ryd ( do Amaranthe ) e Alissa White Gluz ( atual Arch Enemy e na época The Agonist ). Anette Olzon não gostou da substituição e dias depois foi anunciado sua saída em definitivo em um comum acordo entre as partes.

    Porém, a Imaginaerum World Tour deveria continuar e para seu lugar foi chamada diretamente de sua casa na Holanda, a brilhante vocalista Floor Jansen, que encarou o desafio e realizou todas as datas da turnê deste ano ( que passou no Brasil em dezembro, confira como foi o show em São Paulo/SP neste link ) e do ano seguinte, tendo inclusive registrado o DVD Showtime, Storytime ao vivo no Wacken Open Air na Alemanha totalizando mais de quarenta apresentações à frente da banda.

    Após as férias, no dia 9 de outubro de 2013, o líder Tuomas Holopainen ( teclados ) anunciou que tanto ela, quanto o músico de apoio Troy Donockley ( gaita irlandesa, flauta, tin whistle ) seriam membros oficiais do Nightwish ao lado de Marco Hietala ( baixo e vocais ), Emppu Vuorinen ( guitarra e violão ), Jukka Nevalainen ( bateria - que devido à problemas de saúde foi temporariamente substituído por Kai Hahto do Wintersun ). E para 2014, a banda iria começar os trabalhos de seu oitavo álbum de estúdio, que foi lançado em março de 2015 com o título de Endless Forms Most Beatiful e o primeiro da banda com o formato de sexteto. Suas gravações aconteceram no Röskö Campsite em Kitee entre agosto e setembro de 2014 e no Petrax Studio em Hollola em outubro de 2014, com os cuidados de  Tero "TeeCee" Kinnunen e o renomado Mikko Karmila. O processo de mixagem foi realizado Finnvox Studios em Helsinque na Finlândia também por Mikko Karmila entre outubro e dezembro de 2014 e sua masterização feita em janeiro de 2015 é do mestre Mika Jussila no Finnvox. As orquestrações foram todas conduzidas por Pip Willians ( que já trabalhou nas trilhas do filme Senhor dos Anéis ) e cravou aqui um reluzente trabalho.

    Endless Forms Most Beatiful teve seu título extraído do livro A Origem das Espécies de Charles Darwin, seu conceito lírico e a maioria de suas letras são baseadas nos livros do professor Richard Dawkins, que abordam as ideias do biólogo e naturalista britânico Charles Darwin e do cientista, astrobiólogo, astrônomo, astrofísico, cosmólogo norte americano Carl Sagan em suas teorias evolucionistas. Inclusive o professor Richard Dawkins foi convidado a participar do cd com trechos falados que foram gravados no Hats Off Studios em Oxford por Michael Taylor nas faixas Shudder Before Beatiful e The Greatest Show On Earth. A capa e encartes de Endless Forms Most Beatiful são de autoria de Janne e Gina Pitkänen e já impactam pela sua formidável arte.

    Com as narrativas do professor Richard Dawkins em seus primeiros versos somos conduzidos a Shudder Before The Beatiful, que ficou correta como música de abertura do cd em um clima orquestrado e que transmite um tanto de tensão que o Nightwish está adotando nestes últimos álbuns de estúdio em excelentes melodias instrumentais. Adicionando a isso temos a cativante voz de Floor Jansen, que está à vontade na banda entre os solos de guitarra, que passam toda a categoria de Emppu Vuorinen atravessando os caminhos de grandiosas orquestrações e contamos também com a caprichosa presença dos teclados de Tuomas Holopainen nos minutos desta primeira faixa.

    Depois é a vez de Weak Fantasy, onde os coros do The Metro Voices ganham um destaque em seu princípio e a banda nos expõe a boas sensações comandadas pela versátil vocalista em um crescente instrumental altamente insinuante, que tece algumas viagens progressivas destacando o multi-instrumentista Troy Donockley culminando com a primeira incursão dos vocais agressivos de Marco Hietala. Mesmo com a canção já enfeitiçando o ouvinte, Floor Jansen retorna na parte final para cantar seu vibrante refrão mais uma vez.

    O primeiro clipe e single do cd, a Élan continua Endless Forms Most Beatiful e seu ritmo é totalmente envolvente graças as suas harmonias mais suaves, cujo fio condutor torna a se elevar e difundir muita positividade a maneira que é vocalizada e produz aquela vontade de cantar junto com o Nightwish cada um de seus versos pela maneira encorpada que são cantados, especialmente no final.

    Como um rompante em linhas orquestradas bastante cinematográficas, Emppu Vuorinen nos envia solos de guitarra mais vigorosos para Yours In An Empty Hope entrar com seu estilo mais sobrecarregado, ou seja, uma produtiva imersão dentro do Metal Sinfônico, porém, deveras imponente com Floor Jansen e Marco Hietala dividindo os vocais. Só até aí já seria uma marcante canção, mas ainda temos mais, pois, o Nightwish aplica também trechos mais progressivos com perfeição em uma atmosfera levemente sombria até regressar com seu andamento pesado.

    Com a intervenção dos coros infantis e com Floor Jansen cantando de forma introspectiva e muito emocionante, a balada Our Decades In The Sun conquista o ouvinte logo em seu início, mas não pense que o sexteto esqueceu-se do peso... pois, quando a guitarra aparece temos atraentes solos, que junto aos teclados de Tuomas Holopainen conduzem a música a dimensões maiores até que o ritmo primordial reapareça e nota-se que ela funcionará muito bem ao vivo seduzindo a todos.

    Para My Walden, o Nightwish nos apresenta uma canção onde a suavidade dos vocais de Floor Jansen e as linhas folclóricas estão em alta, que pela forma que são conduzidas te causam uma grande vontade de dançar e acompanhá-la, especialmente o seu refrão. Mesmo com a competente base de teclados, baixo, guitarra e bateria, são os instrumentos de Folk tocados por Troy Donockley que fazem a diferença nesta música e te convido a reparar no mergulho Progressivo que eles criaram. Tente segurar sua vontade de fechar os olhos e viajar levando a uma exclamação para defini-la: que sonzeira!!!.

    De volta as linhas mais tensas e pesadas chegamos na faixa título, a Endless Forms Most Beatiful, que exibe seus versos vocalizados de forma serena por Floor Jansen, que controla a intensidade de sua voz aumentando sua potência conforme o estilo sinfônico da canção solicita em uma atuação magnífica dos demais membros da banda, que mantém o fã ligado em sua harmonia a cada um de seus minutos.

    De certa forma acalmando um pouco, Edema Ruh traz versos encantadores, que são cantados com formosura pela bela vocalista até que recebam suas dosagens de peso, onde o destaque fica para os solos de guitarra de Emppu Vuorinen e a fortificada base de teclados, baixo e bateria, de Tuomas Holopainen, Marco Hietala e Kai Hahto, respectivamente em admiráveis evoluções, que contam também com as intervenções de Troy Donockley e seus instrumentos exóticos em seus pontos certeiros. Alpenglow já começa angustiada em suas linhas instrumentais, mas assim que Floor Jansen canta somos surpreendidos por seus vocais ternos e comoventes, que alternam-se para momentos mais irados e outros que somam-se ao coro do The Metro Voices tornando esta nona música de Endless Forms Most Beatiful outro significativo momento do cd, graças as suas viradas de andamento que mergulham em linhas sinfônicas.

    Na instrumental The Eyes Of Sharbat Gula, o Nigthwish nos leva a uma progressiva, deslumbrante e adorável viagem com os holofotes direcionados para as belíssimas e charmosas melodias conduzidas por Tuomas Holopainen em seus teclados com a participação do coro infantil, que concebem a atmosfera e se ligam na épica suíte 'Darwinista' de mais de 20 minutos, que fecha o álbum.

     The Greatest Show On Earth é dividida em cinco partes, sendo a primeira a Chapter I: Four Point Six mais melancólica e possuidora de ares heróicos com alguns poucos versos que produzem um crescimento esplendoroso, onde Floor Jansen canta de forma mais lírica a origem dos primeiros seres vivos em uma linha de piano majestosa em que Tuomas Holopainen se superou.

     Depois, o professor Richard Dawkins narra em meio a uma melodia belíssima progressiva alguns versos de Chapter II: Life, que apresenta alguns momentos mais coléricos de Endless Forms Most Beatiful com direito a Floor Jansen soltando alguns vocais mais agressivos, além da característica do Heavy Metal mais sinfônico densamente explorada pelo Nightwish ao longo dos anos e aqui versando de forma mais direta a evolução do planeta até a chegada dos humanos. Essa linhagem vai continuar em Chapter III: The Toolmaster, onde eles incluíram sons de diversos animais com um andamento mais sombrio e bastante pesado, onde destacam-se os ótimos riffs de guitarra de Emppu Vuorinen e também Marco Hietala dividindo os vocais com Floor Jansen, porém, expressando mais raiva ao cantar.

    A jornada prossegue com a Chapter IV: The Understanding, que é instrumental e nos exibe linhas mais tristes através dos teclados de Tuomas Holopainen, que ambientam as narrações do professor Richard Dawkins sobre nossa existência com um aspecto orquestral fabuloso que chega a arrepiar e atinge a última parte, a Chapter V: Sea Worn Driftwood com mais narrações, agora com a célebre frase de Charles Darwin sobre a evolução das espécies(*) em meio a barulhos do mar que deixam Endless Forms Most Beatiful ainda mais cinematográfico e garboso.

    O Nightwish lançou um dos seus melhores discos da carreira, que superou o ótimo Imaginearum e está de igual para igual aos primeiros e já clássicos álbuns como Century Child, Wishmaster e Once. Endless Forms Most Beatiful, que aqui saiu pela Dynamo Brasil é disparado um dos melhores de 2015, comprovou que a escolha de Floor Jansen nos vocais e a entrada de Troy Donockley foram devidamente acertadas para que o crescimento da banda fosse ainda maior e continuasse a surpreender sua imensa legião de fãs, que está levando aos shows serem decretados como "sold out" em praticamente todos os lugares onde se apresentam.
Nota: 10,0.

Site: www.nightwish.com, http://www.facebook.com/nightwish
e http://www.youtube.com/Nightwishofficial

Por Fernando R. R. Júnior 
Setembro/2015
 

(*) "There is grandeur in this view of life, with its several powers, having originally Been Breathed into a few forms or into one; and que, whilst this planet has gone cycling on According to the fixed law of gravity, from so simple a beginning endless forms most beautiful and most wonderful Have Been, and are being, evolved. "

"Não há uma verdadeira grandeza nesta forma de considerar a vida, com os seus poderes diversos atribuídos primitivamente pelo Criador a um pequeno número de formas, ou mesmo a uma só? Ora, enquanto que o nosso planeta, obedecendo à lei fixa da gravitação, continua a girar na sua órbita, uma quantidade infinita de belas e admiráveis formas, saídas de um começo tão simples, não têm cessado de se desenvolver e desenvolvem-se ainda!".

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